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QUATRO CHIFRES E QUATRO FERREIROS

ANÁLISE DE ZACARIAS 1.18-21
INTRODUÇÃO
Oito visões estão registradas nos caps.1 – 6. Cada uma delas se constitui em parte de um quadro maior que precisa ser visto como um todo.
As visões de Zacarias têm um significado histórico para o seu tempo, mas têm também um significado para todos os tempos. Deus salvará o seu povo e julgará os ímpios.
1. O Homem e os Cavalos (1.8): O Senhor será novamente misericordioso para com Jerusalém (1.14, 16-17).
2. Quatro Chifres, quatro ferreiros (1.18-20): Aqueles que dispersaram Judá serão expulsos (1.21).
3. O Homem com uma Corda de Medir (2.1): Deus será uma barreira de fogo protetora ao redor de Jerusalém (2.3-5)
4. A Purificação de Josué (3.4): O Renovo, o Servo, vem para salvar (3.8-9).
5. O Candelabro de Ouro e Duas Oliveiras (4.2,3): Pelo seu Espírito o Senhor autoriza Israel (4.6)
6. O Rolo Voante (5.1): A desonestidade é amaldiçoada (5.3).
7. A Mulher no Efa (5.6-7): A fraqueza será extirpada (5.8,9)
8. Quatro Carros (6.1): Os ventos do céu realizam o julgamento de toda a terra (6.5,7)

I. “Quatro chifres” (v.18): No Antigo Oriente Próximo:
1. O chifre é símbolo (Sl 75.4,5):
• De poder.
• De hostilidade.
• De orgulho.
• De força (1 Rs 22.11)
• De poder divino.
• De fertilidade.
• De prosperidade e saúde.
2. Trombetas de Chifres: Uma espécie de trombeta também era feita pelos antigos, mediante o uso de um chifre. Essa trombeta era usada para alertar as pessoas à ação, para fazer anúncios, etc. Além disso, muitos acreditavam que o sonido da trombeta de chifres era capaz de espantar maus espíritos e outros perigos incluindo enfermidades.
3. O Tema dos “chifres” aparece em (Dt 33.17; Sl 75.10; Is 54.16-17) e descrevem os trabalhadores usados por Deus. A palavra no hebraico é “queren”. Ocorre por setenta e oito vezes de Gênesis 22.13 até Zacarias 1.21. O termo aramaico “querem” ocorre por sete vezes, sempre no sétimo capítulo de Daniel (vs. 7, 8, 11, 20, 21,24). No grego “Kéras”, “chifre”, aparece onze vezes no Novo Testamento (Lc 1.69; Ap 5.6; 9.13; 12.3; 13.1,11; 17.3,7, 12, 16).
4. O chifre de um animal servia de símbolo de sua força física. O touro com a sua enorme força física, domesticado pelo homem desde tempos tão remotos, fornecia um bom exemplo disso. E muitos animais selvagens uns seus chifres como sua principal arma de defesa e ataque. Visto que os chifres simbolizam poder, muitas divindades do Oriente Médio eram retratadas como se fossem dotadas de chifres. Além disso, os capacetes dos reis, sacerdotes e guerreiros com frequência tinham chifres.
5. Usos Bíblicos:
(1) Na antiga nação de Israel, os chifres de boi eram usados como receptáculos para o azeite empregado nas unções cerimoniais (1 Sm 16.1, 13; 1 Rs 1.39).
(2) Um chifre de carneiro era usado como instrumento musical (Js 6.5)
(3) Os chifres do altar são mencionados em Êx. 27.3 e Le. 4.7,18, 25, 30,34; 8. 15; 9.9; 16.18.
(4) Os hebreus besuntavam-nos de sangue, porquanto é no poder da expiação que encontramos a proteção divina.
(5) O fato de que esses chifres eram lugares de proteção e refúgio é mencionado em 1 Re 1.50 ss; 2.28.
6. Aqui, talvez, chifres de animais vivos, embora estes não façam parte da visão. Cortados, como podem estar aqui, representam o espólio da vitória (Sl 75.10) ou são expostos como símbolo de vitória nos escritos poéticos (Sl 132.17). Aqui, além disso, significam potências mundiais específicas (Dn 7.7ss, 20,21; 8.9-13; Ap 13.1).
7. O número quatro:
(1) Refere-se aos quatro pontos da bússola, o que inclui cada direção possível e representa assim todos os possíveis inimigos (Ap 20.8).
(2) Corresponde ao que se vê na primeira visão (Zc 1.17-17) e na última (Zc 6.1-8)
(3) Um número que indica plenitude.
8. O poder das nações gentílicas (Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma – esta reviverá no final dos tempos) que oprimiram e dispersaram Israel.
9. “Judá, Israel e Jerusalém” (v.19): Dispostos dessa forma aqui representam a totalidade do povo de Deus unida em único local de adoração (alguns manuscritos da Septuaginta omitem “Jerusalém”).

II. “Ferreiros” ou “Artífices”.
1. Termos em Hebraico:
(1) “Charash”, “artífice”, “gravador”. Palavra hebraica que ocorre por vinte e nove vezes; como por exemplo, em 1 Sm 13.19 e Is. 54.16.
(2) “Charash Barzel”, “trabalho em ferro”, que aparece quatro vezes em Is. 44.12.
(3) “Masger”, “ferreiro”. Esse termo aparece por quatro vezes com esse sentido em 2 Rs 24.15,16; Jr 24.1,2.

2. O Originador deste Ofício: Foi Tubal-Caim (Gn 4.22)
3. O contexto de 1 Sm 13.19 refere-se aos ferreiros filisteus, que foram os primeiros a trazer para a Palestina a arte de trabalhar com o ferro. O profeta Isaías fornece-nos uma boa descrição do trabalho de um ferreiro em Is 44.12; mas a passagem encontra-se em meio a um trecho que descreve o fabrico de ídolos, mas nenhum ídolo de ferro foi encontrado até hoje. O trecho de Is. 54.16 refere-se ao fabrico de certos artefatos de ferro, embora esse artefato não seja especificado de modo definido.
4. Eles são os agentes da intervenção divina.
5. Os povos e nações que Deus usou para derrotar os inimigos de Israel.
6. Para cada chifre havia um ferreiro para derrubá-lo. Deus providenciaria a vitória sobre cada inimigo (2 Co 2.14)
7. Seu poder seria esmagado por quatro artesãos, quatro ferreiros que supostamente os malham na bigorna.
8. Três deles (Medo-Persa, Grécia e Roma) eram chifres que se transformaram em ferreiros. O quarto ferreiro é o reino estabelecido pela volta do Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16), que destrói a confederação de dez reinos do final dos tempos (Dn 2.44).
9. Simboliza o julgamento de Deus que vem sobre as nações que perseguiram o povo escolhido
10. Esta visão é um retrato vívido da destruição das potências hostis que havia arrasado o povo de Deus.

III. A visão reforça a advertência e a promessa encontradas em Gn 12.3.
1. Um cumprimento da promessa de Deus a Abraão de que ele amaldiçoaria aqueles que amaldiçoassem os descendentes de Abraão.
2. Tanto a Babilônia (Jr 25.9; 27.6; 43.10) quanto a Pérsia (Is 44.28 – 45.1) além da potência Greco-macedônia (Zc 9.34), eram controladas pelo Altíssimo regendo no reino dos homens. Ele as usou primeiro como chifre para castigar seu povo, e mais tarde como ferreiro para destruir o chifre, quando seu propósito divino já, fora realizado.
CONCLUSÃO
Esta visão se acha em continuidade com a primeira: Sião será reconstruída e as nações destruídas.
Os chifres e quatro ferreiros (1.18-21). Os chifres são os impérios que têm perseguido e espalhado o povo escolhido, mas hão de ser derrubados por poderes representados por ferreiros que o Senhor há de levantar para pôr termo ao poder dos gentios.
BIBLIOGRAFIA
Bíblia Anotada – Mundo Cristão.
Bíblia Shedd
Bíblia Explicada.
Bíblia de Genebra
Manual Bíblico – Vida Nova
Manual Bíblico SBB
Comentário Bíblico NVI
Enciclopédia de Teologia e Filosofia Vol. 1 e 2 – R.N. Champlin