EVANGELIZAÇÃO, MISSÃO PRIMORDIAL DA IGREJA
1. O Imperativo da evangelização.
A ordem de fazer discípulos inclui pelo menos quatro elementos:
(1) Ir, ou seja, tomar a iniciativa de buscar as pessoas que não tenham sido alcançadas – vamos a elas, não esperamos que elas venham a nós.
(2) Apresentar o Evangelho, a mensagem da cruz, com todas as suas implicações do senhorio de Cristo, da expiação, da graça, do arrependimento e da fé.
“Recentemente, tem havido entre pastores e igrejas a tendência de diluir o Evangelho. Num esforço para conseguir mais convertidos, os pregadores têm recorrido a um evangelho diluído, desprovido de elementos salvíficos. Têm recorrido ao ‘outro evangelho’ e o resultado inferior é evidente.”
(3) Batizar, isto é, convocar os pecadores a uma declaração pública de sua fé em Cristo e arrependimento do pecado. Matriculando discípulos de todas as nações.
(4) Ensinar, isto é, colocar os convertidos numa assembléia em que seja possível um processo contínuo de ensino. A palavra “ensinai” (v.19) é matheteusate (discipular ou matricular) e no versículo 20 é “didascontes” (instruir). Depois de ser matriculado pelo batismo, o discípulo, precisa ser instruído.
Um processo contínuo de geração de testemunhas (2Tm 2.2):
“Os homens que se qualificam para a obra são aqueles que conseguem manter a tocha do evangelho acesa, de modo que possam passá-la (inalterada) aos que vêm depois”[...] - Adams
2. A evangelização como fator de crescimento.
“A letargia, o desinteresse e a atitude de conivência na igreja moderna são responsáveis por sua condição anêmica e estagnada.”
(1) Evangelismo: Exposição sistemática da doutrina e dos métodos da proclamação do Evangelho de Cristo, de conformidade com o espírito e a urgência da Grande Comissão.
Quatro paredes:
“Porque a igreja está trancada dentro de quatro paredes
No Evangelho segundo João 20.19,21,22 encontramos os discípulos reunidos com as portas trancadas, com medo dos judeus. Eles estavam acuados, acovardados, paralisados e sem nenhuma ousadia para sair pelas ruas. Haviam perdido a coragem para testemunhar.
Não queriam assumir os riscos do discipulado. Eles não tiveram coragem de assumir que eram de Jesus. Intimidaram-se diante das pressões e da perseguição iminente. Arriaram as armas; enfiaram-se na caverna; enjaularam-se no cenáculo. Eles se encolheram sob o manto do medo.
Esse é um retrato da igreja hoje. Muitas igrejas têm conteúdo, mas lhes falta ousadia. São ortodoxas, mas não têm paixão pelas almas. Têm conhecimento, mas não têm ardor evangelístico. Têm pro¬grama e organização, mas não saem das quatro paredes. Outras igrejas têm conteúdo, boa teologia e excelente música, mas toda a sua atividade é voltada para dentro. Elas não transpiram, não reverberam sua influência para o mundo. São verdadeiros guetos. São sal no saleiro. Nada fazem e pouca ou nenhuma influência exercem na sociedade em que estão inseridas.
Noventa por cento das atividades da maioria das igrejas destinam-se à própria igreja. São igrejas enroscadas e sufocadas pelo próprio cordão umbilical; igrejas narcisistas, igrejas com a síndrome do mar Morto, que só recebem, só engordam; igrejas que alumiam a si mesmas e sonegam a sua luz para o mundo, deixando-o em densas trevas. E, ao contrário da mulher da parábola da moeda perdida, essas igrejas, em vez de buscar a moeda que se perdeu, passam o tempo todo polindo as moedas que têm nas mãos. Realizam conferências, congressos, encontros, palestras e seminários apenas para polir moedas. Os crentes dessas igrejas reciclam-se em todos os congressos, participam de conferências missionárias a mil quilômetros de distância. São capazes de sair de casa mil vezes para ir ao templo, mas não têm coragem de atravessar a rua e falar de Jesus para o vizinho. São igrejas tímidas para investir na salvação dos perdidos. Pescam sem¬pre em águas rasas e jamais lançam as redes em alto-mar. Os poucos peixes que pegam tornam-se peixes combatentes que exaurem suas forças guerreando com outros peixes, numa luta titânica de aquário.
Quando olhamos para o texto de João 20.19-22, descobrimos quatro razões pelas quais a igreja estava trancada dentro de quatro paredes:
1. Medo - Alguns crentes têm medo das críticas, medo do preconceito, medo da perseguição, medo de ser zombados, medo de assumir que são de Jesus. Por isso, acovardam-se como Pedro. Mesmo assim, são crentes cheios de uma autoconfiança arrogante. Têm alto conceito de si mesmos. Julgam os outros e supervalorizam a si mesmos. Como Pedro, começam a seguir a Jesus de longe. Não têm coragem de abandonar a fé nem disposição de ir de vez para o mundo, mas também não têm fibra para andar perto de Jesus. Andam esgueirando-se na penumbra. Mergulham em caminhos cheios de escuridão. São discípulos covardes. Como Pedro, também se unem a companhias que são um tropeço para a fé. Começam a se juntar a gente que escarnece e zomba de Jesus. Finalmente, como Pedro, negam a Jesus. Juram que não o conhecem e até praguejam, falando impropérios e negando todo o seu envolvimento com o Senhor da vida. Sim, há muitos que, por medo, preferiram ficar enquartelados dentro do templo a vida inteira, no conforto do ninho, vivendo um cristianismo de estufa, apenas tomando mamadeira e engordando, fazendo da igreja um berçário e orfanato, não um exército equipado para sair pelo mundo anunciando a salvação em Cristo.
2. Ausência da centralidade de Jesus na vida - Eles estavam com medo porque Jesus estava ausente naquela reunião. Como Jesus não estava presente, as portas estavam trancadas. Aquilo era uma antítese de todo o ministério terreno de Jesus. Jesus nunca ficou encastelado dentro do templo, empoleirado numa cátedra. Seu ministério foi itinerante, foi na rua, nas cidades, nas casas, nas estradas. Jesus ia ao encontro das multidões. Onde estava o pecador, aí estava o campo missionário de Jesus. Hoje queremos inverter as coisas. Queremos apenas que os pecadores venham à igreja, mas a igreja não quer ir ao mundo, onde os pecadores estão. A igreja não quer sair do ninho. Não quer o desconforto de descer aos vales, onde as pessoas padecem os tormentos de uma vida sem Deus e sem esperança. Quando Jesus, porém, se faz presente na igreja, ela se torna ousada. Ela sai das quatro paredes. Deixa de ser auto-satisfeita como a igreja de Laodicéia, que se considerava abastada e rica, mas era miserável, porque Jesus não estava dentro dela.
3. Ausência de comunhão - Aquele grupo amontoado no cenáculo estava em grande conflito. Alguns talvez nem ousassem levantar os olhos por causa da vergonha de terem fugido na hora em que Jesus foi preso no Getsêmani. Talvez estivessem ruminando a erva amarga de suas fraquezas e mazelas. Talvez estivessem culpando a si mesmos e uns aos outros pelo fracasso de fugir escandalizados com Cristo na hora de seu suplício horrendo. Uma igreja sem comunhão não tem vez nem voz. Não tem autoridade para pregar. Não tem credibilidade para anunciar boas novas. Uma igreja sem comunhão está doente, precisa de cura, por isso está inapta para sair das quatro paredes.
4. Ausência do sopro do Espírito - Aqueles discípulos estavam sem paz, sem alegria, sem ousadia, sem unção. Estavam secos, murchos, vazios. Estavam amontoados, mas não tinham comunhão. Estavam congregados, mas Jesus estava ausente. Estavam juntos, mas com medo. Era uma comunidade cristã, mas sem o sopro do Espírito, por isso estavam trancados, com medo dos judeus. Quando perdemos o sopro do Espírito, tornamo-nos crentes medrosos. Quando a igreja deixa de ser irrigada pelo óleo do Espírito, ela míngua murcha, se encolhe. Quando falta óleo na engrenagem, a máquina bate pino. Quando a igreja perde a plenitude do Espírito San¬to, intimida-se e fecha-se entre quatro paredes. Não há avivamento intramuros. Avivamento que não leva a igreja a transpirar, a sair do seu comodismo, não é avivamento bíblico. Avivamento que não empurra a igreja para fora do ninho é apenas um movimento superficial de conseqüências miúdas. A Bíblia fala que, quando Paulo chegou a Tessalônica, a mensagem do Evangelho vazou pelos poros da igreja e alcançou todo o mundo. Quando Paulo chegou a Éfeso, a partir dali, o Evangelho irradiou-se por toda a Ásia Menor. Sempre que Deus visitou o seu povo em poderosos derramamentos do Espírito, a igreja avançou para conquistar os perdidos lá fora, no mundo, onde eles estavam. Eis por que precisamos de um Pentecoste nestes dias, para tirar a igreja detrás dos muros de concreto e levá-la para as ruas, para as praças, para o meio da multidão, a fim de ser sal, luz e portadora de boas novas de salvação.” – Hernandes Dias Lopes
(2) Porque evangelizar.
Porque é a nossa obrigação. O crente na qualidade de um atalaia tem responsabilidade em relação às almas (Ez 3.16-21). Paulo também tinha esse entendimento (1 Co 9.16).
Porque quem ganha almas sábio é! (PV 11.30)
Porque o nosso Senhor ordenou (Mc 16.15)
Para muitos cristãos, Jesus é apenas o Salvador de suas almas, mas não Senhor e Rei de suas vidas. O evangelho integral apresenta Jesus não só como Salvador, mas também como Senhor (At 16.31). A ordem de evangelizar vem do Senhor para os seus súditos. Não é um convite: é um mandamento do nosso Senhor. Mas não devemos evangelizar só por¬que é um mandamento, mas porque amamos a Jesus e queremos ser-lhe gratos.
Porque temos recebido de Deus talentos, e assim temos uma mordomia para dar conta (Mt 25.14-30; Lc 16.2; 19.13) O dia da prestação de contas com o nosso Senhor está perto (Rm 14.10; 1 Co 3.13-15; 2 Co 5.10).
Porque Deus nos concedeu o privilégio de participar do seu trabalho
Servir ao Senhor não é apenas um dever cristão, é também um grande privilégio. Deus podia usar outros meios para levar a mensagem de salvação ao pecador. Ele assim faz quando lhe apraz, mas isto não é regra geral; é exceção. Seu método é usar homens para falar a homens. O trabalho de ganhar al¬mas para Deus é um privilégio que Ele nos concede para obtermos galardão no dia de Cristo (Fp 2.16). Há, neste sentido, uma solene declaração da Bíblia em Pv 11. 30. A salvação é dádiva de Deus, mas galardão é recompensa que o crente obtém mediante sua atividade na obra do Senhor. Anjos desejam pregar o Evangelho e não podem (I Pd.1.12). Os mortos pregariam o Evangelho se fossem permitidos (Lc 16.27-31). Deus nos legou tamanha honra! (Is 6.8)
Porque o pecador sem Jesus está perdido (Rm 5.12) A palavra perdido, significa perdido mesmo, isto é, sem solução, desenganado, extraviado, desgarrado, arruinado. Jesus usou esta palavra em Lc 19.10. Precisamos compreender que esta é a situação atual do pecador não-salvo. Jesus não usou termos menores, nem arrodeios. Aqui, entre nós, quando desaparece um avião, um navio, uma expedição ou mesmo uma pessoa, todos os recursos disponíveis são mobilizados para salvar o que está perdido. Vamos nós fazer menos, ou cruzar os braços ante o perdido pecador, que se não aceitar Jesus como seu Salvador, irá para o Inferno eterno? Se, como parte de um curso de evangelismo pessoal, tivéssemos de passar 24 horas no Inferno, para ver o que se passa lá entre os perdidos, ao voltarmos, toda nossa vida giraria em torno da obra de evangelizar e ganhar almas perdidas, e também desviados, e jamais pôr tropeço na vida de alguém. Uma alma vale mais do que todo o mundo (Mc 8.36,37). O amor que Jesus demonstrou por nós no Calvário deve nos constranger (2 Co 5.14). A visão deste sublime amor de Jesus torna-se mais real quando meditamos a respeito do seu suor de sangue, da traição de Judas, das vergastadas, do esbofeteamento, dos pregos nas mãos e nos pés; na sede, na zombaria; sim, quando sentimos seu coração rasgado de dor; quando vemos seu rosto desfigura¬do pelos maus-tratos; quando ouvimos seu brado pungente nas trevas e contemplamos a sua cabeça pendente na cruz! Na mensagem ao profeta Isaías, Deus dirige-se a todos nós: "A quem enviarei eu? E quem irá por nós?" (Is 6.8). O irmão já teve a visão horrível das almas condenadas caminhando nas trevas para o abismo? Lembre-se de que está agora salvo porque alguém duma maneira ou de outra o levou a Cristo, meu caro irmão! Queremos somente receber e não dar também?
Porque Cristo o quer. “Ide por todo o mudo e pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mar 16.15). Pode o crente lavado no precioso sangue do Calvário recusar-se a este pedido? Só queremos receber ou estamos também prontos a dar? Abrimos os nossos corações para as maravilhas de João 3.16, e fechamo-lo às responsabilidades em 1 João 3.16? Dizemos que estamos ocupados ou enfadados? Estavam ocupados nos céus, de forma que Jesus não pudesse descer e nos redimir? Estava Jesus cansado em demasia, sentado a pé da fonte de Jacó, para falar a palavra que levou o povo, de uma vila, a Deus? Estava ocupado demais com a multidão, a ponto de não ouvir o clamor do cego Bartimeu? Estava com muita pressa para não responder ao desejo da mulher que O tocou, entre o povo? Estava com pressa demais para não ouvir aos dez leprosos, na estrada? Nós, que já O recebemos, estamos fazendo como os nove que não voltaram para glorificar-lhe? Mesmo na cruz, pagando por nossos pecados, não estava ocupado demais para atender a um pobre salteador.
Porque somos devedores. “O que toma emprestado e não paga, é iníquo” (Sl 37.21). Muitos têm uma consciência sensível a pagar toda a dívida, mas esquecem que todos os crentes devem ao próximo. “Eu sou devedor a gregos e a bárbaros, a sábios e a ignorantes; assim, quanto é em mim, estou pronto para anunciar o Evangelho” (Rm 1.14-15). Quando recebemos o Evangelho, tornamo-nos devedores e devemos entregar o mesmo Evangelho. (Atos 20.26-27. Compare Ez 3.18; 1 Cor 9.16; Mat 25.26-30)
(3) Vantagens do evangelismo pessoal
• Adapta-se às condições espirituais de qual¬quer pessoa
O que o sermão não consegue fazer no auditório, na evangelização coletiva, o evangelismo pessoal o faz. Na evangelização em massa, a pregação não satisfaz a todos, porque cada um tem problemas espirituais diferentes. No evangelismo pessoal, a mensagem é direta, incisiva. Muitas vezes, a prega¬ção apenas inicia a evangelização, que será complementada com o contato pessoal do ganhador de al¬mas.
• Promove o crescimento da igreja
A igreja dos dias primitivos cresceu muito de¬pressa porque os crentes, cheios do Espírito Santo, evangelizavam sem parar (At 5.42; 8.4). O resulta¬do foi o maravilhoso crescimento registrado no livro de Atos dos Apóstolos. Hoje, também, a igreja que tiver um número regular de ganhadores de almas, seu crescimento será notório. A semeadura da Palavra de Deus promove o crescimento e a edificação da igreja. (Ver At 2.41,47; 4.4; 5.14; 9.31, e principalmente em 21.20.) A maior e melhor maneira de ajudar o pastor no crescimento do rebanho de Deus é ganhar almas individualmente. O irmão tem feito assim? Está fazendo assim? Se hoje, na igreja, cada um ganhasse outro, qual seria o resultado? Se todos ganhassem almas como você, qual seria o cresci¬mento da igreja?
• Vence todos os preconceitos
Há casos e ocasiões em que somente o evangelismo pessoal alcança o pecador. Há pessoas que ja¬mais assistiriam reuniões evangelísticas em templos, ou seja onde for, devido a preconceitos, falsa concepção, ignorância, ordens recebidas, imposições religiosas, falsas informações, falsas idéias, etc. É aí que o evangelismo pessoal presta seus ser¬viços de modo ímpar. Há inúmeras grandes igrejas por toda parte, que começaram através do evangelismo pessoal. A origem foi uma alma ganha, cultos em sua casa e em seguida uma congregação forma¬da. O pioneirismo missionário na América Latina e o estabelecimento da obra das Sociedades Bíblicas também foi assim - através do evangelismo pessoal.
(4) Local de evangelismo: Nem em todos os locais podemos fazer cultos de pregação, mas ganhar almas individualmente, sim. Vejamos alguns locais onde isso pode suceder:
• Nos cultos: Os crentes ganhadores de almas devem ficar alerta nos cultos de pregação, especialmente quando estes chegam ao término. Há pecadores que, mesmo depois de convencidos pelo Espírito Santo, precisam de ajuda para fazer sua decisão. Muitos têm dúvidas, temores e dificuldades internas. Nessas horas, uma palavra de encorajamento da parte de Deus é decisiva. Há pessoas que nunca entraram num templo. Acham tudo estranho. Uma voz amiga vence tais barreiras. Quantos milhares de peca¬dores fizeram sua decisão porque alguém os conduziu à frente. Não convém insistir demais nem também forçar. Deixe o Espírito Santo dirigir as coisas. Muitas almas se extraviam por falta de uma palavra amiga, portanto, dê atenção pessoal a elas. Nos cultos ao ar livre, o trabalho pessoal com os circunstantes é valiosíssimo. Muitos frutos têm sido colhidos assim.
• Nos lares: O lar pode ser o nosso. Muitas vezes o campo de trabalho não é o interior do país nem o exterior, mas a nossa própria casa, isto é, pais, irmãos, fi¬lhos, parentes. Jesus disse que o campo é o mundo (Mt 13.38); ora, o mundo começa à nossa porta. Os crentes primitivos evangelizavam de casa em casa (Mc. 5.19; At 5.42; 20.20). Muitas grandes igrejas de hoje, começaram em casas particulares. O lar foi a primeira instituição divina, e Deus tem em mira a salvação de todos no lar (Gn 19.12; Êx 12.3; Js 6.23-25; Al 11.14; 16.31).
• Em público: Aqui, há muitos locais a considerar. O apóstolo Paulo pregou em praças (At 17.17). À beira de rios (At 16.13). Na parábola das bodas, o Senhor Jesus fez menção disso (Lc 14.21). Há pessoas de tal temperamento e formação; de tais superstições e preconceitos, que jamais entrarão num templo evangélico. Muitas vezes há também proibição. Tais pessoas só poderão ser atingidas pelo evangelismo pessoal em público. Evangelizar é ir ao encontro do povo. Jesus não disse: "Venha todo o povo ouvir a pregação do Evangelho", mas, "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura".
• No trabalho (indústrias, profissões particulares, etc.) Jesus chamou vários discípulos quando ocupa¬dos em seus trabalhos habituais (Mt 9.9; Mc 1.16-19). O grande evangelista D.L. Moody foi salvo quando trabalhava no interior duma sapataria. Há ocasiões em que a melhor maneira de falar de Jesus em .tais lugares é através da própria vida, vivendo diante dos patrões, empregados e colegas como um verdadeiro filho de Deus, deixando a luz brilhar nas trevas. Uma vida assim atrai os outros para Cristo. "A única Bíblia que muitas pessoas lêem é a vida de um crente" (D.V. Hurst). É como se fosse o "Evangelho Segundo Fulano de Tal". É preciso prudência para falar nos locais acima mencionados, de modo que não haja violação de rotinas, quebra de instruções, etc. A hora de almoço e. o tempo de descanso podem ser as ocasiões apropriadas. Não é preciso um sermão. Muita gente pode ser alcançada em público: barbeiros, ascensoristas, engraxates, comerciantes, comerciários, em¬pregados em geral, balconistas etc.
• Nos transportes em geral (trens, navios, aviões, ônibus, etc): Em viagem, normalmente as pessoas estão dis¬postas: gostam de conversar e ler. Outras ficam apreensivas. O transporte em que viajamos diariamente pode ser o meio de ganharmos muitas al¬mas para o reino de Deus. Peça, irmão, ardentemente ao Senhor que o dirija a falar aos pecadores. Às vezes, quando não é possível falar, podemos entre¬gar um folheto apropriado.
• Nas instituições públicas (hospitais, prisões, abrigos, penitenciárias, institutos, etc): Aqui, a primeira providência é obter a devida permissão para o serviço que se pretende fazer. É um ato nobre e cristão levar alegria e prazer aos in¬ternos de tais instituições. Muitos deles, dali não voltarão mais ao convívio dos seus. A única oportunidade que terão de ouvir o Evangelho será pelo testemunho pessoal, pelo rádio ou pela página impressa. "Estando enfermo e na prisão, não me visitaste" (Mt 25.43). Paulo ganhou o carcereiro dentro da prisão (At 16.23,24). Há pessoas que em são estado de saúde e em plena liberdade, jamais ouviriam o Evangelho, mas nas instituições de internamento podem ouvir de boa mente. O campo é vasto nas organizações deste tipo. Milhares têm aceitado Cristo nas prisões, sanatórios, abrigos, etc. Outros estão a espera que alguém lhes leve a mensagem da salvação. (Lede Hb 13.3.)
• Nos trens. Aqueles que estão viajando nos trens nos vapores e nos bondes, estão geralmente desocupados e prontos para conversar ou a ler. Como é grande a oportunidade de achar alguém com quem podemos falar e levar a considerar o assunto principal.
• Nos hospitais encontramos doentes, cansados, fracos e desanimados em grande número.
Geralmente estão prontos a ouvir e a ler. Que oportunidade para falar dAquele que “andou por toda a parte, fazendo o bem e sarando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com Ele”. Ele “é o mesmo ontem, hoje e para sempre”! que oportunidade a apresentar perante seus olhos a bem aventurada esperança da igreja verdadeira, deixando este mundo de dor e morte, para ser “arrebatados ao encontro do Senhor nos ares” onde Deus enxugará toda a lágrima dos olhos! Podemos pedir um lugar de maior necessidade ou de maior oportunidade para ganhar almas do que um hospital?
• Nas prisões encontramos um grande numero que conhece a sua necessidade e, sendo desocupados podem escutar e meditar sobre a mensagem. Que lugar para apresentar Aquele que amou ao desprezado, Aquele que, “quando éramos ainda pecadores, morreu por nós”, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”!
Cristo irá dizer a alguns de nós, “Era...enfermo e preso e não me visitastes?” (Mt 25.43)
• Aproveitando as ocasiões: Pessoas atingidas por infortúnios, desgraças, catástrofes, etc, ouvindo do poder salvador de Cristo, poderão render-se a Ele. Quando uma pessoa acha-se no centro de tais acontecimentos, esvaem-se-lhe a vaidade, o egoísmo, os pontos de vista, os preconceitos, etc. Numa situação assim, o Evangelho deve ser indicado como a felicidade eterna. Há pessoas que em situações normais não dão qualquer importância ao assunto da salvação, mas atingidas pela adversidade, tornam-se receptivas. Muitos têm sido salvos em tais circunstâncias. Por exemplo: ali está um homem morrendo sem salvação. Ele treme ao enfrentar a eternidade sem Deus. Em tais momentos o testemunho de Jesus pode ser vital e decisivo. Quantos já estão na glória, tendo sido salvos nos últimos momentos de vida? O mal¬feitor ao lado de Cristo, foi salvo assim (Lc 23.42,43). Momentos de decisões importantes também são ocasiões próprias para se falar de Jesus.
Cinco características de uma boa oportunidade em público:
(1) Quando a pessoa está só
(2) Quando desocupada
(3) Quando de bom humor
(4) Quando comunicativa
(5) Quando em atitude séria. _ R.A. Torrey
ONDE podemos ganhar almas? Em toda a parte! Em todos os lugares se encontram pessoas tristes,chorando, sofrendo, desanimadas, almas perdidas sem a mensagem. Temos a mensagem que salva. “Erguei os vossos olhos e contemplai esses campos, que estão brancos para a ceifa” (Jo 4.35)
(5) Quando evangelizar A única resposta é: AGORA! Como os pecadores crerão agora, se eu não falar agora? (Ml 1.9; At 17.30; Hb 3.7). As almas precisam ser ganhas para Jesus agora, porque: AGORA é que estamos vivos. Em Lucas 16 teemos a história de um homem que se interessou pela salvação dos outros, mas só depois de morto, quando nada mais podia fazer. AGORA temos pouco tempo. Jesus não tarda a vir. Se no tempo do apóstolo João, sua vinda já estava próxima (Ap 22.20), que diremos nós hoje? Urge atentar para Jo 9.4. Nosso tempo também pode ser pouco no sentido de a liberdade religiosa ser cerceada ou mesmo cassada, como já aconteceu e está acontecendo em certos países. Quanto à idade daqueles a quem devemos evangelizar, a resposta sempre será - agora. Crianças, jovens e velhos podem ser ganhos para Jesus agora. Na igreja, um dos grandes setores de evangelização das crianças é a Escola Dominical, quando devida¬mente aparelhada. Nela, o professor de crianças tanto pode levar as crianças a Cristo, como ensiná-las a viver para Cristo. Quem ganha uma criança para Jesus salva uma vida inteira. Quem ganha um adulto, salva apenas meia vida, pois a outra meta¬de o mundo já levou. Cuidado, pois! Uma oportunidade perdida pode nunca mais voltar. Um coração hoje aberto pode amanhã estar fechado, e... para sempre.
(6) Resultados do evangelismo.
• Crescimento da obra do Senhor Quem ganha almas está ajudando a edificar a Igreja. Ela na Bíblia é comparada a um edifício que se completa pela edificação. A igreja no seu início, cresceu depressa porque os crentes evangelizavam sem cessar. Isto é visto nos primeiros oito capítulos do livro de Atos, que é o livro histórico da Igreja. Uma igreja local que possui um grupo de crentes cheios de zelo e paixão pelas almas crescerá sempre. E se toda uma igreja for despertada para evangelizar o crescimento será tal, que despertará uma região, um estado, um país e mesmo o mundo.
• Maior paixão pelas almas Isso tem acontecido com os servos de Deus através dos tempos:
Knox, assim rogava a Deus: “Dá-me a Escócia ou eu morro!”
Whitefield, implorava: “Se não queres dar-me almas, retira a minha!”
Diz-se de Aleine: “Era insaciavelmente desejoso de conversão de almas, e para este fim derramava seu coração em oração e pregação”
João Bunyan, disse: “Na pregação não podia contentar-me sem ver o fruto do meu trabalho”.
Assim dizia Mateus Henry: “Sinto maior gozo em ganhar uma alma para Cristo, do que em ganhar montanhas de ouro e prata, para mim mesmo”.
D. L. Moody: “Usa-me, então, meu Salvador, para qualquer alvo e em qualquer maneira que precisares. Aqui está meu pobre coração, uma vasilha vazia, enche-me com a Tua graça”.
Henrique Martyn, ajoelhado na praia da Índia, onde fora como missionário, dizia: “Aqui quero ser inteiramente gasto por Deus”.
João Hunt, missionário entre os antropófagos, nas ilhas de Fidji, no leito de morte, orava: “Senhor, salva Fidji, salva Fidji, salva este povo. Ó Senhor, tem misericórdia de Fidji, salva Fidji!”
João McKenzie, ajoelhado à beira do Lossie, clamava: “Ó Senhor, manda-me para o lugar mais escuro da terra!”
Praying Hyde, missionário na Índia, suplicava: “Ó Deus, dá-me almas ou morrerei!”
Quando aqueles que assistiam a morte de Davi Stoner, pensavam que seu espírito já tivesse voado, ele se levantou na cama, e clamou: “Ó Senhor, salva pecadores! Salva-os as centenas e salva-os aos milhares!”, e findou a sua obra na terra. O desejo ardente da sua vida, dominava-o até a morte.
Davi Brainerd falava: “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me a mim! Envia-me até os confins da terra: envia-me aos bárbaros habitantes das selvas; envia-me para longe de tudo que tem o nome de conforto, na terra; envia-me mesmo para a morte, se for no Teu serviço e para o progresso do Teu reino”.
Encontrava-se João Welsh, nas noites mais frias prostrado no chão, chorando e lutando com o Senhor, por seu povo. Quando sua esposa implorava que explicasse a razão de sua ânsia, respondia: “Tenho que dar conta de três mil almas e não sei como estão”.
O profeta Jeremias: “Se eu disser: Não farei menção dele, nem falarei mais em Seu nome, há no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos, e estou cansado de sofrer, e não posso conter-me”. (Jer 20.9)
O apóstolo Paulo - o grande ganhador de almas, após 25 anos de labor constante, sua paixão pelos perdidos era tal, que exclamou certa vez: "Tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos" (Rm 9.2,3). Tal amor e paixão pelos perdidos não encontra palavras para descrever-se. “Tornei-me tudo para todos, para de todo e qualquer modo salvar alguns.”(1 Cor 9.22)
O sentimento do Filho de Deus: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores”. (2 Tim 1.15)
O desejo do Pai celestial: “Pois assim amou Deus ao mundo, que deu Seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João 3.16)
• Fortalecimento na fé Nossa fé é fortalecida quando testemunhamos Deus cumprir sua Palavra. É maravilhoso e edificante ver como Deus cumpre o que está escrito no que tange à salvação das almas, quando as condições exigidas por Ele são satisfeitas. Paulo dizia com confiança nesse sentido: "Não me envergonho do evangelho" (Rm 1.16). Isto significa que por onde quer que ele falasse a Palavra, Deus confirmava a pregação com salvação de pecadores e demais bênçãos.
• Estímulo a outros irmãos A prática de ganhar almas e as bênçãos daí decorrentes estimulam outros a se renderem ao Senhor para que Ele os use de igual modo. Crentes inflamados pela salvação dos pecadores transmitem influência aos descuidados e indiferentes.Tendo apreciado o porquê, quando, onde, como e os resultados da evangelização dos pecadores, peçamos a Deus que nos revele e ajude a deixar tudo aquilo que impede a nossa participação efetiva na evangelização das almas perdidas, e que Ele derrame sobre nós o seu Espírito, dotando-nos, assim, de poder para a tarefa de evangelizar e ganhar os perdidos para Ele. Que Ele nos faça homens e mulheres segundo o seu coração.Você, irmão, está sinceramente disposto a orar assim? Oh! que Deus desperte seu povo enquanto é tempo de falar aos perdidos, do seu amor e da sua salvação, antes que entrem no Inferno!