Mordomia Cristã
Introdução
“A verdade fundamental da mordomia é que tudo o que tocamos pertence a Deus.” [J. Blanchard]
“Mordomia é o que o homem faz depois de dizer: “creio”.
[W. H. Greaves]
“Mordomia não é o ato de deixar uma gorjeta sobre a mesa de Deus; é a confissão de uma dívida impagável contraída no Calvário.” [ Paul S. Rees]
“O uso de nossas posses mostra quem realmente somos.”
[Charles Caldwell Ryrie]
I. A DOUTRINA DA MORDOMIA CRITÃ
1. Significado do Termo.
propriedades e os bens de outrem. É o administrador, a quem o senhor entrega aquilo que possui, para ser cuidado e desenvolvido.
Em linguagem bíblica, isso quer dizer não só terras, dinheiro e os bens materiais, de modo geral, mas também o cuidado da esposa e dos filhos, a reputação do senhor e até sua própria vida. Daí se depreende o que o Senhor espera de nós, ao nos constituir mordomos seus.
2. As Bases da Mordomia.
(1) O Universo Pertence a Deus (Gên. 1:1; 14:22; Deut. 10:14;Sal. 24:1; Sal. 89:11).
(2) O Homem Pertence a Deus
1) Por Direito de Criação. (Gên. 1:27; Is. 43:1; Is. 45:12; Ezeq. 18:4).
2) Por Direito de Preservação (Atos 14:17; Atos 17:28; Col. 1:17)
“Deus não somente nos criou, ele também nos sustenta na sua providência. Não criou o mundo e o abandonou à sua própria sorte. Pelo contrário, está profundamente interessado em tudo que se passa entre os homens, acompanhando o desenrolar da história e orientando-a para atingir seus propósitos eternos. Não fora um Deus sustentador do Universo e este mundo e a vida humana seriam uma impossibilidade.”
3) Por Direito de Redenção (I Cor. 6:20; Tito 2:14; Apoc. 5:9).
“Assim nós pertencemos a Deus por direito de criação, por direito de preservação e por direito de redenção.”
3. A Importância da Doutrina.
(1) Elimina a diferença artificial, que geralmente se faz entre atividade religiosa e atividade secular.
1) O Nosso tempo passa a ser consagrado totalmente a Deus.
2) Tudo que nos cerca passa a ser santificado para Deus.
Ao despertar do sono, exclamou: Na verdade o Senhor está nesse lugar e eu não o sabia. Gên. 28:16
O mordomo fiel, despertado por uma visão nova e mais ampla, verá Deus e sua mão em lugares e coisas que lhe pareciam despidas de caráter religioso. Não só a Igreja, mas o lar e a oficina de trabalho participam dessa esfera sagrada, porque Deus está em toda parte como criador e preservador. Não haverá mais coisas lícitas aqui e ilícitas acolá, por¬que todo o lugar que a planta do nosso pé pisar será terra santa (Êxodo 3:1-5).
(2) Faz crescer o senso de Responsabilidade.
(3) Cientes de nossa fragilidade e incapacidade para bem desempenhar nossa mordomia somos levados a depender do Espírito Santo.
4. O Supremo Exemplo.
Jesus não só ensina a doutrina da mordomia, como também a ilustra de modo muito claro, e sobre¬modo inspirador, em sua própria vida. Ele se reconhecia mordomo de Deus, encarregado da tarefa suprema de alcançar a reconciliação da raça humana. Sua vida toda, viveu-a ele orientada por esse propósito. Seu desejo constante era fazer a vontade daquele a cujo serviço se encontrava na terra. Como mordomos de Deus não estamos palmilhando uma estrada virgem. Ela já foi percorrida por alguém que é o supremo modelo dos que desejam ser fiéis despenseiros. Ele nos deixou o exemplo, para que sigamos os seus passos (I Pedro 2:21).
II. A MORDOMIA DA PERSONALIDADE
1. Definição. Podemos definir personalidade como sendo aquilo que caracteriza uma pessoa e a distingue de outra ou, analiticamente, como o conjunto das qualidades físicas, intelectuais, sociais e espirituais de uma pessoa. Com efeito, cada um de nós tem uma aparência física diferente, ao ponto de gêmeos não serem absolutamente iguais; temos modos diferentes de pensar e de agir em relação ao próximo e a Deus. Essas atitudes e atividades variadas nos caracterizam como indivíduos e ao mesmo tempo nos distinguem uns dos outros. Este mundo é o jardim de Deus e as personalidades que nele existem são flores nesse jardim. Aqui, como em nenhum outro, encontramos uma variedade infinita de flores e perfumes, pois o Divino Jardineiro não deseja a monotonia, e a glória de cada flor, no seu colorido vário e perfume diverso, é crescer e encher-se da beleza que agrada ao Senhor de todas elas. Personalidade é algo vivo capaz de constante crescimento e desenvolvimento, tendo por modelo aquele que assim nos criou à sua imagem e semelhança. Personalidade é, pois, tudo quanto o indivíduo é e tudo que ele poderá vir a ser, pela graça e assistência de Deus. Como mordomos da nossa personalidade, nosso alvo deve ser o seu desenvolvimento continuado, com o fim de progredirmos ao máximo no serviço daquele que nos distinguiu com a honra de sermos despenseiros seus.
2. Mordomia do Corpo.
(1) O Corpo Humano é Maravilhoso. Só mesmo Deus poderia ter criado coisa tão perfeita e completa. O Salmista, extasiado, exclama: Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem. Sal. 139:14
(2) O Corpo Humano, Uma Figura da Igreja (I Cor. 12. 12-31).
(3) O Corpo Humano, Templo do Espírito Santo (I Cor. 6. 19, 20).
(4) O Corpo Humano deve Ser Mantido em Bom Funcionamento.
1) A Alimentação deve ser saudável.
2) Os pais devem criar bons hábitos alimentares nos filhos.
3) Devemos evitar os excessos... O descanso é necessário, mas o sedentarismo é prejudicial.
4) Devemos fazer exames periódicos conforme orientação médica...
3. Mordomia da Mente.
(1) A mente é uns dos tesouros mais preciosos que possuímos.
(2) Devemos exercitar a nossa memória.
(3) A mente deve ser ocupada com coisas boas, o cristão deve estudar regularmente e Palavra de Deus e adquirir conhecimento. “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto... pensai nas coisas lá do alto” (Col. 3:1, 2)
“É bom ter a mente aberta, desde que ela não esteja aberta em ambas as extremidades.” [Doug Barnett]
“Nossos maiores pecados são os da mente.” [Thomas Goodwin]
“Nunca nos esqueçamos de que a mensagem da Bíblia dirige-se em primeiro lugar à mente, ao entendimento.” [D. Martyn Lloyd-Jones]
“O segredo do viver santo está na mente.” [John R. W. Stott]
“A mente é boa - Deus a criou. Ele nos deu uma cabeça e não era sua intenção que ela servisse apenas como lugar para o chapéu.”
[A. W. Tozer]
4. Mordomia do Espírito.
(1) A Predominância do Espírito. No incrédulo domina o corpo, no crente é o espírito.
(2) Nosso dever de crescer (2 Pd. 3:18).
(3) Recursos à nossa disposição.
1) A Bíblia.
2) A Oração.
3) O Serviço.
(4) Saúde Espiritual.
Examine a lista abaixo, veja qual a sua carência e tome diariamente as vitaminas que Deus lhe indicar, através da oração.
A mor Rom. 13:8
B ondade Rom. 12:20
C onsagração Rom. 12:1
D iligência Prov. 22:29
E ntusiasmo Is. 41:6
F é Marc. 11:22
G ratidão Sal. 116:12
H umildade I Ped. 5:6
I ntegridade Dan. 1:8
J ovialidade Fil. 4:4
L ealdade I Cor. 4:2
M ansidão Sal. 37:11
N obreza Atos 17:11
O bediência I Sam. 15:22
P ureza Prov. 22:11
R etidão Sal. 119:1
S antidade Heb. 12:9, 10
T rabalho Mat. 21:28
U nião Col. 2:2
V isão Joel 2:28
Z êlo II Cor. 9:2
III. A MORDOMIA DA INFLUÊNCIA
“Tocamos em poucas coisas, mas deixamos sempre as impressões digitais.” [Richard Baxter]
“Nenhum homem é uma ilha ou um ser completo em si mesmo; todo homem é um pedaço do continente.” [John Donne]
“Ser cristão é ser uma personalidade-chave nas condições mundiais de hoje.” [Geoffrey King]
“Quando penso nos que influenciaram mais a minha vida, não penso nos grandes, mas nos bons.” [John Knox]
“Não existe pessoa que não exerça influência.” [J. A. Motyer]
“A beleza serena e silenciosa de uma vida santa é a influência mais poderosa do mundo, depois do poder do Espírito de Deus.” [C. H. Spurgeon]
“A influência é o exalar do caráter.” [W. M. Taylor]
“A coisa mais séria em todo o mundo é essa questão de influência pessoal.”
[George Truett]
1. Características da Influência.
(1) Inevitabilidade. O homem é um ser social. Nesse contacto social constante, os indivíduos exercem uns sobre os outros uma certa força, que denominamos influência Paulo fala sobre essa inevitabilidade da influência. Diz ele que ninguém pode eximir-se de exercê-la ou sofrê-la. Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Rom. 14:7. Jesus falou da influência como poder irreprimível: Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte... Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. Mat. 5:14, 16
(2) Durabilidade. Nossa vida é limitada a um número reduzido de anos na terra. Devemos, porém, vivê-la de tal maneira que essa influência se prolongue pelas gerações futuras, como perfume suave. O homem não deve deixar de viver quando morre e sim continuar vivendo, ainda mais intensamente, nas vidas abençoadas pela sua influência.Como Abel, alcancemos a verdadeira imortalidade, pela fé. Dele se diz que, pela fé, mesmo depois de morto, ainda fala. Heb. 11:4. Por gerações ininterruptas, a vida de Abel tem sido e continuará sendo um sermão eloqüente. Sejamos mordomos tais de nossa influência que, ao descansarmos de nossos trabalhos, as nossas obras nos sigam (Apoc. 14:13). Que, como no caso de Dorcas (Atos 9:36-39), haja aqueles que possam testificar do valor de nossa influência cristã sobre suas vidas.
2. Esferas de Influência. Todos exercemos influência, uns mais, outros menos, de acordo com o círculo de nossas relações. Quanto maior a esfera de nossa influência, tanto maior a nossa responsabilidade. Quanto mais largo o âmbito de nossas relações, tanto maior a nossa oportunidade de servir a Deus e ao próximo. O crente deve procurar alargar o círculo de sua vida, para que assim possa exercer sua influência iluminadora de luz e preservadora de sal sobre o maior número possível de indivíduos.
(1) O Lar. A vida do crente deve ser tal que não haja discrepância entre sua vida em família e a vida na sociedade.
(2) A Escola. Que oportunidade magnífica tem cada um deles de exercer sua influência evangélica sobre os seus companheiros de estudos!
(3) O Trabalho.A influência do crente no seu negócio, no cumprimento de suas obrigações diárias, é, talvez, a mais poderosa, e aquela em que ele tem melhor oportunidade de exercer sua mordomia.
(4) A Igreja. Nossas atitudes no culto estão influenciando outros.
(5) A Sociedade (Mat. 13:33.) Nosso ideal constante deve ser introduzir mais e mais do fermento do evangelho na massa da sociedade para que ela seja levedada, a ponto de se confundir com o reino dos céus mesmo. Como crentes não devemos ser ascetas ou isolacionistas, que se segregam do mundo. Cristo mesmo não pediu isso ao Pai: Não peço que os tires do mundo orou Jesus e, sim, que os guardes do mal. João 17:15.
3. Retratos de Jesus (2 Cor. 3:2): porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo; tanto nos que são salvos, como nos que se perdem. (2 Cor. 2:15) Sadhu Sundar Sing, o grande cristão da Índia, foi visitar certo pastor em Londres. A criadinha pergun¬tou a quem devia anunciar. "Sadhu Sundar Sing", disse ele. A menina não conseguiu guardar o nome e, dirigindo-se ao escritório do pastor, disse: "Está aí um senhor que deseja vê-lo". "Como se chama?" — indagou o pastor. "Desculpe-me", disse a criadinha, "não consigo recordar o seu nome, mas é um cavalheiro muito parecido com Cristo."
IV. A MORDOMIA DAS OPORTUNIDADES
1. Introdução. (Ver a Parábola dos Talentos)
2. Espécies de Oportunidades.
(1) Oportunidades Espontâneas. Elas são mais comuns do que pensamos. Estão ao nosso redor, à espera de que delas nos utilizemos, e constituem um desafio constante para o bom uso de nossas possibilidades latentes. Uma razão por que não vemos as oportunidades ao redor é a nossa miopia espiritual. (2Reis 6:17).
“Não devemos, de modo nenhum, desprezar o dia das coisas pequenas, porque ele é a véspera do dia das coisas grandes.”
(2) Oportunidades Criadas. Quem quiser realizar alguma coisa na vida tem de multiplicar as ocasiões pelo seu trabalho diligente, tem de transformar as coisas vulgares em coisas notáveis pelo seu engenho e iniciativa. Somente os que sabem criar oportunidades poderão esperar êxito na vida.
3. A Vocação como Oportunidade.
A vida é a mais preciosa oportunidade que Deus deu ao homem. Dependendo do uso que dela fizermos, poderemos torná-la uma bênção ou um fracasso.O crente está interessado em tornar a sua vida um elemento de valor para o reino de Deus e para a sociedade em que vive.
V. A MORDOMIA DO TEMPO
1. Introdução.
O crente deve lembrar a cada momento que sua vida é sumamente preciosa e que tem o dever de ser um mordomo cuidadoso no dispêndio do seu tempo.
“Deus pede estrita conta do meu tempo,
É forçoso desse tempo já dar conta,
Mas, oh! como dar em tempo tanta conta,
Eu que gastei sem conta tanto tempo.
Para ter minha conta feita a tempo,
Dado me foi bom tempo e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta
Hoje quero fazer conta e falta tempo.
Oh! vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis o vosso tempo em passatempo,
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta.
Mas ah! se os que contam com esse tempo
Fizessem desse tempo alguma conta
Não chorariam sem conta o não ter tempo.”
2. A Preciosidade do Tempo. Possuidores que somos de uma enorme riqueza, que são os minutos, dias e anos que temos para viver, saibamos aproveitá-la de modo a não termos de chorar, no futuro, dias mal gastos e horas perdidas. Transformemos cada minuto em jóia de valor real no serviço do Mestre!
“O ano é composto de minutos. Que estes sejam cuidados como tendo sido dedicados a Deus. É a santificação do pouco que torna segura a santidade do todo.” [G. Campbell Morgan]
“O amanhã é um cheque pré-datado. O hoje é dinheiro vivo.” [Anônimo]
“O tempo não é mercadoria que se possa armazenar para uso futuro. Ele precisa ser aproveitado momento a momento; senão, vai-se para sempre.” [Thomas Edison]
“O tempo é o depósito que cada pessoa tem no banco de Deus, mas ninguém sabe qual é seu saldo.” [Ralph W. Sockman]
“Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes? (Mat. 6:25)”
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e, sim, como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus.” (Ef. 5:15-16)
3. Nosso Tempo Pertence a Deus. Devemos organizar nossa vida de tal maneira que possamos dar o máximo possível do nosso tempo as coisas espirituais e de valor permanente, e o mínimo indispensável às coisas materiais e de valor transitório.
“A vida é curta demais para que façamos tudo o que queremos, mas é longa o bastante para que façamos tudo o que Deus quer que façamos.” [Anônimo]
4. O Tempo Desperdiçado.
"Não me tires aquilo que não me podes dar."
“Não gaste seu tempo em nada de que venha a se arrepender mais tarde; em nada acerca de que não possa orar pedindo a bênção de Deus; em nada que você não consiga recordar com uma consciência tranqüila em seu leito de morte; em nada em que você não possa ser encontrado a fazer, com toda segurança e propriedade, se a morte o surpreender no ato.” [Richard Baxter]
“Falamos de gastar tempo; a Bíblia fala de adquiri-lo.” [J. Blanchard]
“Não cabe a você dispor de seu tempo conforme seu agrado; ele é um talento glorioso de que os homens precisarão dar contas, tanto quanto qualquer outro talento.” [Thomas Brooks]
“Considero perdida a hora em que não pratiquei nenhum bem com minha pena ou com minha língua.” [John Bradford]
(1) Em conversas fúteis e inúteis. Conversas frívolas degeneram em mexericos destruidores.
(2) Em leituras sem proveito. Nosso tempo é escasso e extremamente valioso. Procuremos selecionar cuidadosamente o que lemos.
(3) Em atividades não essenciais. Precisamos de momentos para nos distrair, toda¬via, não devemos permitir que eles se tornem a parte mais importante de nossa vida.
(4) Matando o tempo. Muitas pessoas passam grande parte do tempo sem fazer nada de útil e produtivo. Lembram-nos certa senhora a quem perguntaram o que fazia do seu tempo: "Às vezes estou sentada, pensando, e outras vezes simplesmente sentada," respondeu ela.
5. Recomendações Para o Bom Uso do Tempo.
(1) Procuremos ser metódicos. Um indivíduo que tem método na vida, vive no mesmo período de tempo duas vezes mais. Aprendamos a organizar nossas atividades de tal maneira que cada minuto valha seus sessenta segundos. Tenhamos planejada com antecedência a nossa vida rotineira, já que não podemos planejar para os imprevistos. Um indivíduo que sabe o que vai fazer, quando inicia o seu trabalho, já tem metade do trabalho feito.
(2) Pontualidade. Ser pontual não é ser escravo do relógio, e sim não querer roubar aos outros aquilo que não lhes podemos dar. Se eu tiver de falar a um grupo de sessenta pessoas e me atrasar um minuto, terei lesado aquele grupo em sessenta minutos. Poderá alguém dizer-me que um minuto não tem importância, mas é de minutos que a vida é feita. Formemos o hábito da pontualidade.
(3) Equilíbrio no uso do tempo. Devemos sabiamente distribuir nosso tempo, com o objetivo de desenvolver uma personalidade em que cada coisa é feita e usada considerando o seu valor em relação à vida e à eternidade.
(4) O tempo melhor empregado. É aquele que gastamos em favor de outrem. Cada minuto usado em socorrer um necessitado, em apontar o caminho da vida eterna ao viajor desanimado, em levantar alguém caído, é uma jóia inestimável. Tais minutos são muito bem contados nos relógios divinos.
VI. A MORDOMIA DOS BENS
1. Introdução. É ensino claro da Palavra de Deus que toda a riqueza a ele pertence, enquanto nós somos simples despenseiros dela. Só Deus tem o direito de propriedade e o cristão somente o direito de posse, isto é, o direito de usar os bens materiais enquanto estiver neste mundo. O cristão verdadeiro reconhece que Deus é quem lhe dá forças para adquirir riquezas (Deut. 8:18).
2. O que o Dinheiro Representa. O homem trabalha certo número de horas por dia e recebe em troca certo número de cruzeiros. Esse dinheiro representa uma porção de sua energia física e mental, transformada em dinheiro, com o qual ele pode adquirir o necessário para o seu sustento. É o resultado do seu trabalho por determinado tempo, é parte da sua vida gasta numa certa atividade, que visa diretamente contribuir para o desenvolvimento da coletividade. Não exageramos, portanto, quando dizemos que o dinheiro é personalidade armazenada ou, por assim dizer, parte da vida transformada em moedas e papel.
“Poucas coisas testam mais profundamente a espiritualidade de uma pessoa do que a maneira como ela usa o dinheiro.” [J. Blanchard]
“Aquele que serve a Deus por dinheiro servirá ao diabo por salário melhor.” [Roger L'Estrange]
“O homem mais pobre que conheço é aquele que não tem nada mais do que dinheiro.” [John D. Rockefeller]
“O dinheiro ainda não deixou ninguém rico.” [Sêneca]
“Dinheiro - o maior deus debaixo do céu.” [Herbert Spencer]
“Nada do que é de Deus é obtido com dinheiro.” [Tertuliano]
3. A Mordomia no Ganhar.
(1) A arte de ganhar dinheiro. A Bíblia em lugar nenhum condena a aquisição de dinheiro, muito ao contrário, procura estimular esse dom, que nos vem de Deus mesmo. Nas parábolas dos talentos e das minas Jesus deixou claro que ganhar dinheiro é uma capacidade que Deus deu ao homem e que ele deve procurar desenvolvê-la. Ganhar dinheiro é uma arte que todo crente deve cultivar. Uma das nossas necessidades é a de maior número de crentes genuínos que se esforcem por desenvolver sua capacidade aquisitiva. Não façam disso, entretanto, o fim de sua vida. Se o fizerem, estarão cometendo um pecado grave. É pelo amor do dinheiro, raiz de todos os males, que muitos têm sido levados à ruína espiritual (I Tim. 6:7-10).
(2) Seu Perigo. Certa senhora pediu, numa reunião de oração, que se lembrassem de seu filho porque estava ganhando muito dinheiro. A aquisição de uma fortuna rápida torna-se um perigo na vida do crente. Se ele, porém, acompanhar o desenvolvimento de sua fortuna com o joelho em terra e os olhos voltados para os céus, poderá torná-la uma bênção para o mundo e para o reino de Deus (Deut. 8:11-18).
(3) Princípio Básico: Na mordomia do ganhar, uma coisa se faz absolutamente essencial, e esta é a honestidade. No pouco ou no muito, devemos fazer dela a regra número um das nossas transações comerciais. Se o negócio em que estamos como empregados ou patrões fere, de algum modo, a nossa consciência cristã, abandonemo-lo sem demora.
Há muitas maneiras solertes de furtar, contra as quais o crente deve prevenir-se, como por exemplo:
• Tomar dinheiro emprestado sem intenção de pagar ou sem ter para isso possibilidade;
• Tirar vantagem de um negócio, aproveitando-se da ignorância do próximo;
• Pagar a alguém menos do que o valor do seu trabalho;
• Faltar ao trabalho sem motivo de força maior;
• Usar o dinheiro destinado a um fim para fim diverso;
4. A Mordomia no Usar.
(1) Responsabilidade. Não é fácil ganhar dinheiro honesta e cristã¬mente. Creio, porém, que é ainda mais difícil usar com sabedoria aquilo que ganhamos. (1 Tim. 6:17-19)
(2) Economia. A palavra economia vem da mesma raiz que a palavra mordomia, no grego. O mordomo é uma pessoa que sabe praticar a economia na administração dos bens que Deus lhe deu, por insignificantes que eles sejam. Se os membros das nossas igrejas fossem mais econômicos, seu dinheiro iria mais longe. O mal de muitos é não saberem distribuir, é não terem método no gastar. Se têm muito, gastam tudo; quando não tem bastante, tomam emprestado. Por isso a vida financeira de muitos evangélicos é uma pedra de tropeço diante dos incrédulos. Um bom hábito na vida financeira é ter um orçamento para as despesas mensais. Os jovens, pensando em estabelecer o seu lar, aprendam desde já a fazê-lo. Vivam dentro daquele orçamento e, se for possível, reservem um pouco para imprevistos, que sempre aparecem. A questão do dinheiro é muito importante na vida do crente e revela seu caráter. O dinheiro é a pedra de toque que nos permite descobrir o quilate do cristão. A maneira de agirmos com respeito a ele, revela de modo saliente os traços essenciais da nossa personalidade.
5. Nosso Modelo. No milagre da multiplicação dos pães Jesus nos ensinou preciosa lição de economia, quando disse: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. João 6:12Ao ser-lhe cobrado o imposto do templo (Mat. 17:24-27), ainda que não se sentisse obrigado a pagá-lo, mandou Pedro pescar um peixe em que se encontrava uma moeda e ordenou-lhe que o pagasse por si e por ele. A fim de não escandalizar o povo, ao ser-lhe cobrada uma dívida, Jesus fez esse milagre. Nisso ele revela seu escrúpulo em questões financeiras. Que os seus seguidores lhe imitem o exemplo!
VII. A MORDOMIA DA CONTRIBUIÇÃO CRISTÃ
“Devemos ganhar não apenas para ter, mas para dar.”
[Anônimo]
“A má mordomia resulta em nada menos do que reter de Deus aquilo que lhe pertence.” [Frank Gabelein]
1. Princípios Gerais da Contribuição Cristã.
(1) Princípios da contribuição econômico-financeira preconizados atualmente.
a) A Contribuição Cristã deve Ser Pessoal.
b) A Contribuição Cristã deve Ser Voluntária.
c) A Contribuição Cristã deve Ser Periódica.
d) A Contribuição Cristã deve Ser Premeditada.
e) A Contribuição Cristã deve Ser Metódica.
f) A Contribuição Cristã deve Ser Uma Responsabilidade de Todos.
g) A Contribuição Cristã deve Ser Santificada.
h) A Contribuição Cristã deve Ser Aplicada com Fidelidade.
i) A Contribuição Cristã deve Ser Conforme o Prometido.
j) A Contribuição Cristã deve Ser Proporcional à Renda.
k) A Contribuição Cristã deve Ser com Generosidade.
l) A Contribuição Cristã deve Ser com Sacrifício. (Ex. de Davi)
m) A Contribuição Cristã deve Ser com Alegria.
n) A Contribuição Cristã deve Ser com Amor.
o) A Contribuição Cristã deve Ser com Gratidão.
(2) Fundamentos do princípio da alegria plena e incondicional
a) Seja Fiel, Mesmo na Crise.
b) Adversidades Também Fazem Parte da Vida Cristã.
c) Não Deixe que a Crise Externa Afete Seu Regozijo Interno e Sua Alegria Contagiante.
d) O Exemplo das Igrejas da Macedônia:
2. O Dízimo.
“O dízimo não deve ser um teto em que paramos de contribuir, mas um piso a partir do qual começamos.” [J. Blanchard]
“Dar um décimo não é algo digno de vanglória.” [Samuel Chadwick]
“Deus requer o dízimo, merece as ofertas, defende as economias e orienta as despesas.” [Stephen Olford]
(1) O Dízimo na Bíblia.
1) O Dízimo de Abraão. É a primeira referência bíblica ao dízimo. Vejamos as características do dízimo de Abraão:
• Foi voluntário. Não foi pedido por Melquisedeque, nem exigido por lei...
• Foi dado em reconhecimento da sua mordomia. (Gên. 14:22)
• Foi um tributo de gratidão pela sua vitória (Gên. 14:20).
• Foi um ato de adoração.
2) O Dízimo de Jacó: O fato de o dízimo de Jacó se revestir das mesmas características do de Abraão, demonstra clara¬mente que ele havia recebido no lar instruções cuidadosas sobre o assunto. Feliz do lar em que os pais instruem seus filhos nos deveres religiosos!
3) O Dízimo foi incorporado na Lei:
Examinemos rapidamente três das principais referências.
• A primeira delas encontra-se em Levítico 27:30-32.
Os judeus deviam dar o dízimo de tudo que a lavoura produzisse.
• A segunda referência achamos em Números 18:20-32.
Aqui se esclarece a finalidade do dízimo, que era para o sustento do sacerdócio.
• A terceira referência encontramos em Deut. 14:22-29. Aqui se acrescenta a idéia de que o dízimo era também para o amparo dos necessitados:os estrangeiros, os órfãos e as viúvas.
4) O Dízimo na História de Israel:
1- Um Tipo de Termômetro da Vida Espiritual: O dízimo era uma espécie de termômetro da vida espiritual do povo de Deus. Nos tempos em que se mantinham fiéis a Deus, davam também o dízimo. Quando, porém, vinham períodos de pecado e desobediência, negligenciavam o pagamento do dízimo.
2- As Grandes Reformas: As grandes reformas do Velho Testamento, em que o povo se voltava para Deus em arrependimento de pecados, traziam consigo também um retorno à contribuição do dízimo. (2 Crôn. 31:6; Neem. 10:35-38; 13:10-13)
3- A Clássica Passagem de Malaquias:
• Temos aqui uma ordem: Trazei. É para todos os servos do Senhor trazerem todo o dízimo. Ninguém fica de fora, nem mesmo o mais pobre. A ordem é para trazer à casa do tesouro, que é a casa de Deus.
• Temos aqui um motivo: Para que haja mantimento na minha casa. Se a igreja há de rea¬lizar a sua obra como deve, precisa dos dízimos de todos os seus membros. Só assim poderá sustentar integral e condignamente o ministério e realizar a obra missionária.
• Temos aqui uma promessa: Se eu não vos abrir as janelas do céu. Deus nunca falhou em suas promessas.
5) O Dízimo no Novo Testamento:
Há os que afirmam que o dízimo pertence ao Velho Testamento, e que não temos nenhuma obrigação de pagá-lo. O dízimo, entretanto, permanece na dispensação da graça.
Há três referências ao dízimo no Novo Testamento. Duas delas, paralelas, se referem à recomendação de Jesus aos fariseus quanto ao dízimo (Mat. 23:23; Luc. 11:42). A terceira é a de Heb. 7:1-10, em que Melquisedeque aparece como figura de Cristo.
O último argumento a favor do dízimo no Novo Testamento é o do sustento do ministério sagrado.
Paulo em I Cor. 9, declara que o princípio do sustento do ministério, na dispensação da graça, é o mesmo que o da dispensação da lei. Ele está discutindo aqui o seu direito de sustento por parte das igrejas.
Fala do dever das igrejas de sustentar seus obreiros, usando várias figuras para ilustrá-lo, entre elas a do boi, que debulha.
Pergunta em seguida: Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais? (v. 11)
No versículo 13 usa a ilustração do templo e do serviço dos levitas no altar, dizendo que eles tira¬vam do altar o seu sustento. Qual era esse sustento? O dízimo, não há dúvida nenhuma.
Vem agora a conclusão do apóstolo, em que estabelece o princípio paralelo nas duas dispensações. Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho. I Cor. 9:14
Note a palavra assim. Quer dizer que do mesmo modo como eram sustentados os sacerdotes, assim de¬vem ser sustentados os ministros do evangelho, isto é, com os dízimos entregues pelo povo de Deus.
É importante também o verbo: ordenou. Trata-se de uma ordem de Cristo, cuja autoridade merece ser respeitada. É um dever do crente, como era do judeu, entregar os dízimos para o sustento do ministério.
6) Exemplos de Contribuição no Novo Testamento:
• Tomemos o caso da viúva pobre. Ela não deu um dízimo, mas dez dízimos — deu tudo (Marc. 12:11-44).
• Zaqueu, depois de convertido, se dispôs a dar metade dos seus bens aos pobres, portanto, cinco dízimos (Luc. 19:8).
• Os crentes da Igreja em Jerusalém ofereceram tudo quanto tinham (At. 2:44, 45; 4:32-37).
• Os crentes da Macedônia deram com sacrifício, muito acima das suas possibilidades, ao ponto de surpreenderem o apóstolo por sua liberalidade (II Cor. 8:15).
• Os Coríntios foram convidados à contribuir conforme a sua prosperidade (I Cor. 16:2). Isto não poderia significar, em hipótese alguma, menos do que o dízimo.
(2) O Dízimo na Experiência Cristã.
1) Razões por que o crente deve dar o dízimo.
1- O cristão deve dar o dízimo porque os pagãos o faziam, e não quereríamos que eles fossem mais liberais para os seus deuses de barro do que nós para com o Deus infinito, Criador dos céus e da terra.
2- O cristão deve dar o dízimo porque os judeus o faziam. Se eles, obrigados pela lei dizimavam e faziam ofertas alçadas, eu, constrangido pelo amor de Cristo, devo fazê-lo também. O dízimo cristão deve, todavia, ser diferente da¬quele que o judeu dava. Ele dava um dízimo obrigatório, movido pelas exigências da lei; o crente dá um dizimo espontâneo, movido pelo seu amor a Deus e sua Causa. (II Cor. 9:7).
3- O crente deve dar o dízimo porque essa é uma boa norma de contribuição. Todo membro de igreja deve ser sistemático e proporcional na sua contribuição. Se ele há de adotar algum outro plano, fará melhor adotando o plano que o Senhor colocou para o povo de Israel. O dízimo deve ser, todavia, considerado como um mínimo recomendável de contribuição e não como limite máximo de sua responsabilidade.O crente não se sentirá satisfeito em parar onde o judeu parou, mas quererá ir mais adiante. Visto que o cristianismo é superior ao judaísmo deve produzir resultados superiores na vida dos seus adeptos. O dízimo deve ser o primeiro degrau da escada, o ponto de partida para uma contribuição liberal que atinja as raias do sacrifício.
4- O crente deve dar o dízimo como expressão do seu reconhecimento da propriedade divina. (Lev. 25:23; Ageu 2:8; Sal. 104:14; Sal. 50:10, 11; I Crôn. 29:14)
5- O crente deve dar o dízimo porque esse sistema de contribuição, como um mínimo, é o único capaz de resolver o problema financeiro das igrejas. Se cada membro de igreja fosse dizimista, o trabalho do Senhor não estaria sofrendo, nem os campos missionários clamando por reforço. Haveria bastante para todas as causas e o evangelho se espalharia rapidamente pelos quatro cantos da terra, apressando assim o dia da volta de nosso Salvador amado.
2) Resultados da obediência quanto ao dízimo:
1- Traz bênçãos à nossa vida
2- Torna o crente mais interessado e ativo no trabalho.
Em geral, os membros mais ativos da igreja são os que mais contribuem.
3- Desperta seu zelo missionário
4- Traz alegria ao crente
MORDOMIA CRISTÃ