O SERMÃO DA MONTANHA
O Manifesto do Rei
INTRODUÇÃO
- O Que é O Sermão da Montanha? É o manifesto do Rei, no qual se diz quem são os súditos do reino, quais as suas verdades fundamentais, e como se entra nele.
- Ocasião do Sermão: Mateus coloca o Sermão do Monte no princípio da história do ministério da Galiléia, embora pareça que foi proferido alguns meses depois, ao tempo da escolha dos doze (Lc 6.12-20), se com efeito em Lucas se relata ao mesmo sermão. Podia ser que Mateus considerasse o Sermão do Monte um epítome do ensino de Jesus, do qual todo o Seu ministério foi uma ilustração.
- O Estilo do Sermão do Monte:
- Duas de suas partes (5.17-48) e (6.1-18), parecem ser desenvolvimento regulares de dois temas distintos: a relação de Jesus para com a Lei, e os motivos íntimos da vida religiosa.
- O resto assemelha-se mais a um aglomerado de declarações proverbiais sobre vários assuntos, cuja repetição constante era o método favorito de ensino entre os orientais.
- Sua beleza literária, assim como seu ensino incomparável, não têm igual na literatura.
- O Local: O monte de onde este sermão foi proferido não se menciona pelo nome. Diz a tradição que foram os picos de Hatim.
- A Versão de Lucas: Admite-se geralmente que em Lucas temos um resumo do mesmo Sermão:
- Em Mt 5.1 se diz que ele “subiu ao monte e assentou-se”. Em Lc 6.17: “descendo com eles, parou numa planura”, isto é, desceu de um lugar mais alto. Pode ter feito as duas coisas, visto que os fatos envolvidos tomaram tempo considerável.
- Os dois registros são diferentes. Não temos certeza se se trata de dois registros diferentes do mesmo sermão, ou se é substancialmente o mesmo sermão, pronunciado em ocasiões diferentes. Jesus ensinava, continuamente, e é provável que Ele proferisse algumas destas palavras sob variadas formas, centenas de vezes. Pode ser isto, então uma coletânea de Suas expressões costumeiras, uma espécie de sumário dos Seus principais ensinos.
- Lucas registra este Sermão, mas dos 107 versículos citados por Mateus ele menciona apenas 30.
- Os “Quatro Ais” não aparecem em Mateus. Referem-se aos ricos, predicado que, em si, não é pecado, mas quando a riqueza impede de buscarem a Deus, passa a ser um pecado.
- Outros estudiosos gostam de pensar que o Senhor repetiu o “Sermão da Montanha” em diversas ocasiões, e com variações para diferentes auditórios. “O homem bom tira do bom tesouro do seu coração coisas novas e velhas” (Mt 13.52)
“Os súditos do reino, seu caráter e sua influência (Mt 5.3-16). Caráter e influência são intimamente ligados, pois a influência não pode ser melhor do que seu caráter. O que somos é sempre mais importante do que o que fazemos”.
- A Aplicação do Sermão da Montanha:
- Literalmente incorporar-se-ão todas as leis do célebre discurso, na constituição do reino dos céus, estabelecido na terra. O Sermão do Monte transfere a ofensa do próprio ato para o motivo do ato (Mt 5.21)
- Há uma aplicação prática e preciosa do Sermão do Monte para nós na dispensação da Igreja. Alguns crentes, para evitarem a responsabilidade de observar os preceitos do sermão do Monte insistem em que foi dado somente aos judeus. Ao findar o sermão Jesus declarou explicitamente que é para todos os que ouvem (Mt 7.24).
- O Padrão de Justiça do Sermão da Montanha. Os eruditos entre os judeus o Sermão do Monte dizendo que o padrão é demasiado alto para a natureza humana. Certo escritor israelita escreveu que somente anjos podem guardar tais preceitos. Outro escreveu: “Os ensinamentos de Jesus estão em alto grau que não produziram resultado permanente nem prático. O arco está entesado até arrebentar”. Ainda outro escritor judaico escreveu: “É contra a natureza humana, para um homem de juízo, amar ao próximo que aborrece por causa de sua conduta infame”. A súmula das críticas judaicas é que os ensinamentos de Cristo são demasiado elevados para os homens. De fato o padrão da justiça salientado no Sermão do Monte é tão elevado que mesmo alguns dos crentes o consideram como a lei. Mas Deus não pode exigir menos. Mesmo sob a graça o padrão da justiça não é menos exigentes. “A graça de Deus se manifestou... ensinando-nos, a fim de que,... vivamos... sóbria, retamente e piamente” (Ti 2.11,12). Vede 1 Jo 3.10. Todo o Sermão do Monte está baseado sobre a graça. Verdade é que a graça de Deus se revela mais plenamente depois do Sermão do Monte, mas não para que possamos viver em um nível mais baixo, ou para que possamos evitar obedecer a Deus. Para os que não sentem falta de nada na sua vida, para os que confiam na sua própria justiça, para os indiferentes, para os que não tem vontade de servir a Deus; para os insubordinados, o Sermão do Monte não oferece esperança ou bênção – nem qualquer outra Escritura as oferece. Os ensinamentos são demasiado altos para a natureza humana, antes de ser regenerada, mas não o são para a natureza transformada pelo Espírito de Deus. O que os homens não adquirirem por força de vontade é efetuado nos crentes pelo Espírito Santo (Gl 5.22,23)
AS BEM-AVENTURANÇAS (Mt 5.1-12)
INTRODUÇÃO:
- Um monte anônimo, à beira do mar da Galiléia, é para com a Nova Aliança o que o monte Sinai era para com a Antiga Aliança. Mas notemos o grande contraste: O povo de Deus no monte Sinai chegou: “ao fogo palpável e ardente, à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao clangor de trombetas” (Hb 12.18,19). Ao contrário o povo da Nova Aliança chegou não a um tremendo deserto (Dt 1.19), mas a uma ladeira verdejante em uma região habitada. O Senhor desceu sobre o monte Sinai em fogo, do qual a fumaça subiu como de uma fornalha, enquanto todo o monte tremia. Mas o Senhor Jesus subiu a um monte e assentou-se para falar face a face com Seu povo. Enquanto no monte Sinai, até um animal que tocasse no monte seria apedrejado e as palavras eram tais que o povo suplicou que não lhe falasse mais, os recém-convertidos subiram o monte, na Galiléia, e aproximaram-se de Jesus para ouvir as Suas palavras de graça.
- A primeira palavra, da boca do Grande Mestre, no Novo Testamento, é “bem-aventurados”, em contraste com as últimas palavras do Antigo testamento que Ele ferirá a terra com maldição.
- Antes de enunciar os preceitos do reino, Jesus aponta os que poderão gozar do seu governo.
- DEFINIÇÃO:
- A palavra “bem-aventurado” repete-se nove vezes. Não quer dizer apenas “feliz”, mas antes útil, prestável, bem-sucedido na vida espiritual. Podemos tomar estas “Bem-Aventuranças” como quadro do progresso espiritual de uma alma.
- Bem-Aventurado significa ser enriquecido por Deus, e esse enriquecimento é no caráter, não nas possessões. É “o que sou”, e não “o que tenho”, que me torna verdadeiramente enriquecido ou bem-aventurado.
- É a felicidade do coração que está em paz com Deus.
- “Bem aventurados”, quer dizer “felizes” ou “alegres”, indicando o transcendente alvo do reino dos céus; o de chamar os homens para uma vida verdadeiramente feliz. Não é uma vida de alegria superficial, mas de gozo profundo e que perdura.
- SÍNTESE: Bem-aventurados, ou felizes, os descoroçoados, os que sofrem, os humildes, deprimidos de espíritos, os misericordiosos, os intimamente puros, os de ânimos pacífico e os perseguidos. Cristo ensinava, nas bem-aventuranças, que a felicidade não depende do que possuamos, nem do que façamos, mas do que somos. Tal felicidade não é importada de fora mas nasce na alma de todos os verdadeiros filhos de Deus.
- UM PARADOXO: Todas as bem-aventuranças de Cristo são paradoxos. Todas são contrárias à opinião comum. É exatamente o oposto dos padrões do mundo, segundo parece. O conceito dos homens é que são felizes os ricos, os honrados no mundo: os que passam sua vida aqui alegres; os que comem gulodices e vestem-se de bem. Mas o Senhor veio corrigir esse erro fundamental; veio para chamar os homens à felicidade que é permanente e verdadeira. Em cada caso a felicidade não está propriamente no infortúnio, mas nas recompensas gloriosas do futuro. O céu, para Jesus que o conhecia, era tão infinitamente superior à vida terrena, que Ele considerava uma bênção qualquer condição que tornasse mais vivo o desejo de entrar no céu.
- ANÁLISE:
- Os Humildes de Espíritos (Mt 5.3):
- Talvez nem sempre fosse assim antes de ter conhecimento de Cristo, mas tendo-se comparado com Ele, perdeu seu orgulho próprio, reconheceu seu pecado, e arrependeu-se.
- Os “Pobres de Espírito” são os que, em vez de reagir quando o “eu” é ofendido, ocupam-se mais com a honra do Rei.
- Os verdadeiros humildes, não sendo a simples falta de bens materiais que produz a humildade.
- É a humildade que troca os bens mundanos pela herança incorruptível de Cristo (Fp 3.7,8; 1 Pe 1.3-9)
- Em várias versões: “Bem-aventurados os pobres de espírito”. Isto é, são felizes aqueles que reconhecem que estão falidos espiritualmente, sem recursos espirituais. Todos os homens são pobres de espírito, mas poucos os reconhecem (Ap 3.17). A palavra “pobre” neste versículo, tem mais a ideia de “mendigo” e não somente de riquezas espirituais, mas sentem-se inteiramente dependentes da graça de Deus. Reconhecer a verdadeira pobreza de espírito é a primeira das graças. Os filósofos não consideram a humildade uma virtude moral; Cristo colocou-a em primeiro lugar. Aqueles que querem construir alto, devem começar baixo.
- Os que Choram (v.4):
- Vai mais além: chora o mal, e então experimenta as consolações do Evangelho de Cristo.
- “Os que choram”: A ideia popular é que os bem-aventurados são os que não tem qualquer motivo para chorar.
- Os que lamentam, não tanto os prejuízos pessoais, mas a perversidade que há no mundo. “Se Deus livrou o justo Ló, que vivia oprimido com o procedimento corrupto e libertino daqueles incrédulos. Porque este justo, pelo que via e ouvia diariamente, quando habitava entre eles, sentia sua alma atormentada por causa das muitas obras iníquas dessas pessoas” (2 Pe 2.7,8 KJA)
- O arrependimento que lamenta o pecado ao ponto de abandoná-lo (2 Tm 2.19).
- Mas todos os que choram são felizes? É claro que não. A tristeza do mundo produz morte (2 Co 7.10). O inferno será repleto de choro e ranger de dentes (Mt 8.12). O choro de que Jesus falou não é o que vem:
- De desânimo e queixa.
- Das aflições.
- De interesse ou compaixão próprios.
- Do castigo por causa de pecado cometido.
- É evidente que a segunda bem-aventurança é o complemento da primeira; os que sentem a sua pobreza de espírito, até o ponto de chorá-las, são bem-aventurados. Tais se chamam “os que choram em Sião” (Is 61.1-13).
- “Serão consolados” (Mt 5.4): Enquanto no riso leviano e vão, o coração é triste, “os que choram em Sião” sentem um gozo escondido e desconhecido pelo mundo. Eles são como o “Homem de dores, acerca de Quem nunca se ouviu que riu, mas diversas vezes chorou”. Estão munidos contra as muitas tentações que acompanham a alegria leviana e vã e sentem grande gozo e paz no íntimo. Tais serão consolados por fim, num sentido ainda mais maravilhoso, como Lázaro (Lc 16.25). “Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” (Ap 7.17). Para os que semearam em lágrimas, será o tempo de colher com alegria (Sl 126.5,6). Nesse tempo o Senhor nos dirá: “Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteastes” (Is 66.10).
- Os Mansos (v.5):
- O ideal do mundo, e dos crentes carnais, e dos crentes carnais, é na maior parte, inteiramente diferente do modelo ensinado e exemplificado por Cristo. Os homens preferem as virtudes mais conspícuas; querem os que julgam de mais heroísmo. Preferem o grande e deslumbrante girassol antes da pequena violeta que se descobre entre a erva somente por seu perfume. “Bem-aventurados os que defendem energicamente os seus direitos”; diz o mundo. “Bem-aventurados os mansos” diz Jesus Cristo. A ideia dos carnais é que a mansidão é o mesmo que fraqueza. Os que andam no Espírito sabem que as duas são opostas. Moisés era o mais manso de todos os homens (Nm 12.3). Ao mesmo tempo era um dos maiores líderes e legisladores de todos os tempos.
- Os mansos: Vemo-lo depois revestido de Cristo, e “manso e humilde de coração”. Cresce em graça e no conhecimento de Deus.
- Os mansos, os que em vez de se ofenderem, sabem responder brandamente.
- Eles se dobram à vontade de Deus.
- A mansidão é a graça que enfrenta o ódio, a calúnia e a inimizade com toda a cortesia. É o contrário da inveja, da ira, do interesse e da vingança. Os corações verdadeiramente mansos não se irritam, seja qual for a provocação. Os mansos tornam o bem pelo mal, não lamentam o fato do próximo desprezar seus esforços e nem exigem grandes coisas dos seus semelhantes (1 Co 6.7; Rm 12.16-21)
- A mansidão para com Deus consiste em aceitar todas as Suas providências sem murmurar, sem mostrar mau humor e nem dar lugar a qualquer ato de oposição.
- Os que amam a Justiça (v.6):
- Progride ainda na vida espiritual. Aprecia os valores verdadeiros: ambiciona, não prazeres, riquezas, comodidades, mas a justiça na sua própria vida e em redor de si.
- Fome e desse de justiça, é o que têm os que buscam a santidade que vem de Deus. A ideia quase geral é que as bem-aventuranças são simplesmente uma coleção de ditados, sem conexão. Mas cada uma tem relação com a que precede. O Mestre não deixou essas joias caírem em uma pilha desordenada. Todas, na ordem que foram pronunciadas perfazem “um colar de graça para o teu pescoço”
- A fome que valoriza o Pão do Céu bem mais do que o alimento físico (Lc 4.4; Jo 6.35). Felizes são aqueles que desejam mais ser bons do que comer e beber; mais do que ser ricos, sábios, estimados pelo povo, ou qualquer outra coisa. Não se deve pensar que essa justiça é recebida uma vez para sempre. Aqueles que continuam a sentir fome e sede de justiça continuam a abundar nessa graça. Ninguém pode sentir-se farto e continuar a receber. É outro paradoxo das Escrituras que o único meio para continuar a receber a justiça é o de sentir falta dela. Lembremo-nos de que o apóstolo Paulo escreveu: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Tm 1.15). Não disse: “dos quais eu era o principal”
- Os Misericordiosos (7):
- Ainda mais: pratica o bem, é misericordioso, é altruísta como era Cristo.
- Que se compadecem do seu próximo.
- Se quiseres que o próximo use de misericórdia para contigo, deves tratá-lo com a mesma misericórdia (Mt 7.1,2). Se tratarmos o próximo com misericórdia, Deus nos mostrará, a mesma misericórdia (Mt 18.23-35)
- Ser misericordioso quer dizer ter espírito bondoso e compassivo, pronto a perdoar e livre de censura. Se nos lembrarmos de nossas faltas, de nossos pecados, de nossas fraquezas e de como nós, portanto, carecemos de misericórdia de Deus, torna-se fácil sermos misericordiosos (Gl 6.1-3).
- A misericórdia triunfa sobre o julgamento (Ef 4.32; Cl 3.12,13; Tg 2.13). A misericórdia não exige o castigo merecido.
- Os Puros de Coração (v.8):
- Há entre os filhos de Deus um que tenha caráter que o qualifique para ver a Deus? Se há, pode o tal, realmente olhar para Aquele que “ninguém jamais viu?”. A resposta deve ser que Cristo, no Seu amor, nunca oferece aos homens o que é impossível obter, nunca marca para nós um alvo que não podemos alcançar. Ele nos fala acerca de coração limpo porque isto nos é possível; fala-nos acerca de ver a Deus porque isto é motivo de sublime gozo para nós. Esta bem-aventurança, sem as outras, nos enche de desespero; junto com as outras, e em ordem, nos enche da maior esperança. Mas “pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas”? (Jr 13.23). Não as podem mudar; mas Deus pode. Igualmente dá a entender que, enquanto o homem não pode limpar seu coração, Deus o pode. Deus purifica os nossos corações pela fé (At 15.9). “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Foi dita acerca de certa moça: “Como é linda a sua alma!” É comum dizer: O seu vestido é bonito, ou os seus cabelos são bonitos. É ainda mais nobre o alvo “de adornarem... a doutrina de Deus” (Tt 2.10). “Não seja o adorno... o que é exterior... Seja, porém, o homem interior” (1 Pe 3.3-5).
- No íntimo de sua vida, ele é puro em desejo, pensamentos e palavras.
- Os que podem esperar mais clara compreensão de Deus.
- Têm uma santidade no íntimo.
- Há um sentido em que podemos ver a Deus agora (Gn 5.24; 6.9; Êx 33.11; Is 6.5). “Bem-aventurados os que oram e que tomam parte em todos os cultos domésticos, e nos da igreja, com o alvo de ver a Deus”. É como céu aqui na terra, para os limpos de coração verem, “como em espelho obscuramente”, a Deus. Mas será como o céu dos céus contemplarem a Sua face (Ap 22.4), como Ele é. Contudo, os impuros de coração clamarão aos montes e aos rochedos rogando que caíam sobre eles, para os esconderem da face dAquele que se assenta sobre o trono (Ap 6.16). Como Ele não suportará olhar para a impureza deles, assim eles não suportarão a glória da Sua pureza. “Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; satisfar-me-ei da tua semelhança quando acordar” (Sl 17.15)
- Os Pacificadores (v.9):
- Os pacificadores, os que sabem acalmar as contendas.
- Têm paz com Deus e a semeiam.
- Além disso, é ativo em promover a harmonia entre seus semelhantes, não olhando apenas os interesses próprios, mas cuidando dos interesses de Deus.
- Esses não somente promovem a paz em tudo que dizem mas em tudo que fazem; a sua própria vida é uma grande influência para evitar brigas, contendas, e divisões. A sabedoria de cima, em contraste com a sabedoria carnal, é primeiramente pura; depois é pacífica (Tg 3.13-18). Deus espera que seus filhos sigam a paz (Hb 12.14), os filhos de Deus têm a Sua natureza, Deus é o Deus de paz (Rm 16.20). O Filho de Deus é o Príncipe da paz (Is 9.6). O Espírito Santo é o Espírito da paz (Gl 5.22,23).
- Os que Sofrem Perseguições (v.10):
- A última das oito bem-aventuranças está repetida, como o sonho de Faraó, porque é de difícil aceitação e porque a aplicação é certa. Parece incrível que os humildes que choram em Sião, os mansos, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores sejam odiados pela maioria dos homens. Por que razão não são grandemente estimados? “Todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz e não se chega à luz, a fim de não serem arguidas as suas obras” (Jo 3.20) “Não pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más” (Jo 7.7), “Não sois do mundo... por isso o mundo vos odeia” (Jo 15.19). O testemunho dos verdadeiros crentes, e mesmo a sua própria vida, é como repreensão contínua à consciência dos homens carnais (Hb 11.37) “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3.12). As bênçãos dos céus são para aqueles que demonstram uma vida tão justa que Satanás se encoleriza.
- Os perseguidos e injuriados por amor de Cristo, são os que nada têm aqui, mas esperam um futuro galardão.
- E mesmo quando mal-entendido, perseguido pelos maus, ele não deixa de ser bem-aventurado; e se a perseguição chegar ao extremo e ele for morto, conta que o resultado será uma “melhor ressurreição” (Hb 11.35), a qual será a consumação da sua bem-aventurança.
- Sofrem qualquer sacrifício para permanecer dentro da vontade de Cristo.
- “Regozijai-vos e exultai” (5.12): Sentimos pena dos perseguidos, mas eles alegram-se com grande júbilo.
Certo crente foi sentenciado à tortura de um torno usado para apertar os dedos polegares das vítimas. Observou um amigo: “Não sei como o senhor sofreu tanta agonia sem gritar”. Replicou o crente: “Quase desmaiei de gozo!”
- H Jowett relata como visitou certo homem no leito de morte. Ao ver o rosto pálido e o vulto definhado, disse-lhe profundamente comovido: “Irmão, estarás brevemente no céu”. O moribundo não podia mais falar, mas em um pedaço de papel escreveu: “Faz sete anos que estou no céu”.
Rutherford encarcerado em Aberdeen, escreveu para um amigo: “O Senhor está comigo; não me importa o que façam os homens. Ninguém é melhor abastado do que eu. As minhas cadeias são de ouro. Não há pena, não há palavras, não há nada que sirva para descrever a beleza de Cristo”.
Madame Guyon escreveu da prisão em Vincennes: “O gozo do meu coração é tal que brilham os objetos em redor de mim. As próprias paredes da prisão, são diante de meus olhos como rubis”.
Os perseguidos regozijam-se e exultam porque a presença do Senhor é grande realidade. “Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.56). “Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me” (2 Tm 4.16,17).
“Todos temos força suficiente para aguentar os infortúnios dos outros” – La Rochefoucauld
“A dor e a adoração frequentemente andam juntas”
“A vida é a professora mais implacável. Primeiro dá a prova e depois a lição”
“O amor pequeno se mostra grande nas catástrofes. O amor grande se prova todos os dias nas coisas pequenas”.
“Todo mundo é capaz de dominar uma dor e exceto quem a sente”- Shakespeare
“Os tristes dizem que os ventos gemem, os alegres acham que cantam”
“O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos”.
“Não merece o doce quem não provou o amargo” – Provérbio Latino.
“As flores chegam até a perfumar a mão que as esmaga” – V. Ghilka
“Não se agarre à dor como um pretexto para sofrer. Use-a para crescer” – Edith Vaz
“Nunca são esquecidas as lições aprendidas na dor” – Provérbio Africano.
“Deus nunca explicou a Jó porque Ele permite que coisas ruins aconteçam no mundo” ... “Deus não explica. Ele explode... Tentar explicar as coisas que Jó queria entender, seria como tentar explicar as teorias de Einstein a um pequeno mexilhão de casca grossa” – Frederick Buechner.
Todo sacrifício pela causa de Cristo terá seu galardão neste mundo.
CONCLUSÃO:
O Rei anunciou a proximidade do seu reino, e agora pronuncia as suas leis. Estas têm dupla aplicação: futuramente: depois do reino estabelecido; e agora: de algum modo, ao cristão da atualidade.
Wilson de Jesus Alves