A cronologia bíblica é quase toda incerta, aliás toda a cronologia antiga. As data eram contadas tomando-se por base eventos importantes da época, e isso dentro de cada povo. Não havia, é óbvio, uma base geral para cômputo do tempo.
• Os hebreus, durante alguns anos, datavam os eventos começando com a sua saída do Egito (Êx 16.1; Nm 9.1)
• Os romanos datavam tudo, começando a contagem com a fundação da cidade de Roma. (As iniciais "AUC" são três palavras latinas "Anno Urbis Conditae" que significam: "O ano em que a cida¬de foi fundada". A alusão é à cidade de Ro¬ma. A era romana começa em 1 AUC.). Mas iniciaram esse costume somente alguns séculos depois.
• Os gregos usavam o sistema das olimpíadas. Uma Olimpíada correspondia a quatro anos. O ponto de partida desse sistema, que foi empregado até o século IV de nossa era, foi o amo 776 a.C., marcado pela vitória do atleta Coroebus.
• Os maometanos começaram sua era com o Hégira, isto é, a fuga de Maomé de Meca, em 16 de julho de 622 a.C.
• Os judeus empregavam uma era datando da criação.
• As nações cristãs adotaram o sistema do nascimento de Cristo. Porém adotaram só no ano 526 d.C., baseando o sistema sobre o cálculo (errado) do abade romano, Dionysius Exiguus.
Quanto à Bíblia, seus escritores não tinham preocupação com datas. Apenas registravam os fatos. As datas, quando mencionadas, tinham por base eventos particulares, como construção de cidades, coroação de reis etc.
As descobertas arqueológicas e o estudo murejante de dedicados eruditos no assunto, vêm melhorando e precisando a cronologia em geral, inclusive a bíblica.
As datas que aparecem às margens de certas edições da Bíblia não pertencem ao texto original (Algumas Bíblias começaram em 1701, a trazer datas marginais, segundo os cálculos do arcebispo Ussher. Não se usa, atualmente, esse sistema, depois de 250 anos de serviço útil, porque foram descobertos alguns casos de inexatidão). Foram calculadas em 1650 pelo arcebispo anglicano Ussher (1580-1656). É conhecida por Cronologia Aceita. A cronologia de Ussher vem enfrentando severa crítica. Há dovergência quanto a muitas de suas datas, isso em face do progresso do estudo de assuntos orientais, através de contínuas pesquisas e descobertas arqueológicas. Quanto a Bíblia não se ocupar de um exato sistema de cronologia, lembremo-nos que ela é acima de tudo a revelação de Deus à humanidade, expondo o completo plano da redenção.
1. A utilidade da cronologia bíblica. Ela fornece pontos de referência na progressão da mensagem e fatos da Bíblia, situando-os no tempo.
2. Dificuldades no estudo da cronologia bíblica. Uma das dificuldades no estudo da cronologia bíblica está no próprio texto bíblico. Há, especialmente na época dos Juízes, do reino Dividido, e dos Profetas, muitos períodos coincidentes em parte, reinados associados, intervalos de anarquia, arrendondamento de números, etc. Para a busca da solução dessas dificuldades é mister um profundo exame dos textos envolvidos.
3. A era antes de Cristo (a era a. C.)
A contagem do tempo que vai de Adão a Cristo é feita no sentido regressivo, isto é, o cômputo parte de Cristo para Adão, e não ao contrário. Noutras palavras, partindo de Adão para Cristo, os anos diminuem até chegarmos a 1 a.C. Portanto, de cristo para Adão (o normal) os anos aumentam até chegarmos ao ano 4004 a.C., tido como a da Criação Adâmica. É que Jesus é o centro de tudo. Ele é também o marco divisório e central do tempo. (Hb 11.3)
4. O erro existente em nosso calendário atual
A ORIGEM DOS CALENDÁRIOS
"Quando teve início a Era Cristã? E qual a origem dos calendários, mormente do nosso?"
(1) "Era" é um acontecimento marcante, que serve de partida de um sistema cronológico. No que tange à Era Cristã, ela teve início no nascimento de Jesus Cristo. É comumente escrita em forma abreviada "AD"do latim "Anno Domini" que signifi¬ca Ano do Senhor. Para as datas antes do nascimento de Jesus, usa-se a abreviatura "AC" que se refere às palavras Antes de Cristo. A contagem do tempo que vai de Adão a Cristo é feita no sentido regressivo, isto é, o cômputo de Cristo para Adão. Noutras palavras, partindo de Adão para Cristo, os anos diminuem até chegar à Era Cristã, portanto de Cristo para Adão (o normal), os anos aumentam. É que Jesus é o centro de tudo, e também do marco divi¬sório e central do tempo.
Quando Jesus nasceu, o Império Roma¬no dominava o mundo. Os romanos datavam seus acontecimentos tomando por base o ano da fundação de Roma: o ano 753 antes de Cristo. Para os romanos, esse ano era o "1 AUC". As iniciais "AUC" são três palavras latinas "Anno Urbis Conditae" que significam: "O ano em que a cida¬de foi fundada". A alusão é à cidade de Ro¬ma. A era romana começa em 1 AUC.
A palavra calendário vem do latim "calenda" primeiro dia de cada mês entre os romanos. Seu uso é tão antigo quanto a própria humanidade. Ao que se sabe, os primeiros povos a usarem calendário foram os egípcios.
Há calendários diversos:
(2) O Calendário romano. Foi organizado por Rômulo, que, segundo a história, foi o primeiro rei de Roma, então cidade-reino. Reinou em 753-715 a.C. Esse calendário tinha dez meses de trinta dias. Numa Pompílio, o sucessor de Rômulo, reformou-o, acrescentando-lhe dois meses, passando o a-no então a ter 355 dias.
(3) O Calendário Juliano. Júlio César refor¬mou o Calendário romano em 46 a.C. atra¬vés de seu astrônomo, Sosignes de Alexan¬dria. A partir de então, esse calendário passou a chamar-se juliano. César come¬teu um pequeno erro, ao considerar o ano solar como tendo 365 dias e 6 horas, quan¬do ele tem 365 dias, 5 horas e 49 minutos. Esses minutos acumulados anualmente, somaram 10 dias em 1582, o que motivou o papa Gregório XII a reformar outra vez o calendário. Falaremos desse calendário mais adiante.
(4) O Calendário de Dionísio. Em 526 d.C, o imperador romano do Oriente, Justiano I, decidiu organizar um calendário original partindo do ano do nascimento de Jesus. A tarefa foi entregue ao abade dominicano Dionysius Exigiuus, que fixou o ano 1 d.C, isto é, o ano 1 da Era Cristã. Como mais tarde ficou comprovado, ele devia ter fixado o ano 1 d.C. cinco anos antes, isto é, em 749 AUC, e não 753. Seu erro foi um atraso de 5 anos na fixação do ano 1 da Era Cris¬tã. Uma vez concluído, esse calendário passou a ser adotado em todo o mundo onde quer que o cristianismo se pregava.
Tempos depois, os doutos na matéria encontraram erros no calendário de Dionísio. Davis, citando o historiador judeu Flávio Josefo, mostra que Herodes mor¬reu depois do nascimento de Jesus, logo o calendário de Dionísio está errado quan¬do afirma que Jesus nasceu em 753 ÂUC. Se Herodes morreu em 750, então Jesus nasceu em 749 AUC, isto é, quatro a-nos antes do ano 1 da Era Cristã (?). No¬temos que de 753 a 749 há quatro anos, e não cinco como parece à primeira vista, por causa dos meses que ultrapassaram de quatro anos. Conforme os estudos dos eru¬ditos, arrendonda-se o número de anos para cinco, para facilidade de cálculo.
Eis aí a razão por que livros e publica¬ções em geral afirmam que Jesus nasceu em "5 a.C", isto é, 5 anos antes da Era Cristã, o que é um contra-senso se não houver uma explicação. Como poderia Je¬sus nascer 5 anos antes do seu nascimento? A explicação já demos acima. E, por qual razão perpetuou-se o erro em vez de corri¬gi-lo? É que uma vez descoberto o erro (um atraso de cinco anos), sua correção no ca¬lendário acarretaria problemas seríssimos nas atividades humanas. Portanto, as da¬tas atuais estão atrasadas quase 5 anos.
(5) O Calendário gregoriano. Em 1582 o papa Gregório XIII aconselhado pelo astrô¬nomo Calabrês Líbio, alterou num ponto o calendário de Dionísio. Gregório tirou 10 dias do ano 1582 a fim de corrigir a diferen¬ça de dias devido ao acúmulo de minutos a partir de 46 a.C. quando César reformulou o calendário. Por causa dessa pequena alteração o calendário atual é denominado gregoriano. A Grécia e a Turquia ainda observam o Calendário juliano, o qual está 13 dias adiante em relação ao nosso.
As datas exatas do nascimento e morte de Jesus não se sabe com precisão. O que se tem é apenas uma idéia aproximada. A primeira comemoração do Natal de Jesus em 25 de dezembro deu-se em 325, em Ro¬ma, mediante o imperador Constantino. Até hoje a Igreja Ortodoxa observa o Natal em 6 de janeiro, e os armenianos em 19 de janeiro. A data não importa muito, e sim o propósito e o espírito da comemoração.
(6) As divisões do tempo:
• O dia. Entre os judeus, o dia ia de um pôr-do-sol a outro. Entre os romanos, ia de uma meia-noite a outra. As horas do dia e da noite eram computadas separadamente, isto é, doze e doze, isto entre os ro¬manos: Jo 11.9; At 23.23. Entre os judeus, no entanto, a hora primeira do dia era às seis da manhã. O mesmo ocorria em rela¬ção à noite.
• A semana. Entre os hebreus, os dias da semana não tinham nomes e sim núme¬ros, com exceção do 6? e 79 dias, que tam¬bém tinham nomes: Lc 23.54. (Trad. Brás.)
• Os meses. Eram lunares. A lua nova marcava o início de cada mês, sendo esse dia festivo e santificado: Nm 28.11-15; 1 Cr 23.31. Tinham 29 e 30 dias, alternadamente. Antes do exílio babilônico eram desig¬nados por números. Depois disso, passa¬ram a ter nomes e números.
• Os anos. Tinham 12 meses de 29 e 30 dias. Os judeus observavam dois diferentes anos: o religioso, que começava em Abibe (mais ou menos o nosso abril), e o civil, que começava em Tisri (mais ou menos o nosso outubro).
(7) Os séculos. Sua computação:
Século I. Compreende os anos 1 a 100d.C.
Século II. Compreende os anos 101 a 200 d.C.
Século III. Compreende os anos 201 a 300 d.C, e assim por diante.