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O PROFESSOR CRISTÃO

O PROFESSOR CRISTÃO

I O Professor e o ensino.
1. O professor:
(1) O que é o professor:
a) Etimologia
O significado etimológico do vocábulo professor é bastante curioso. Trazido da palavra latina professore, denota aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina.

b) Definição
Professor é a pessoa perita, ou adestrada, para, não somente transmitir conhecimentos, mas principalmente formar o caráter de seus pupilos.

c) Conceito pedagógico
Sempre admirável em suas proposições, Aguayo dá-nos esta belíssima definição: Professor é quem conscientemente, e com um propósito determinado, influi sobre a educação de uma comunidade. Educadores e professores são, pois, o sacerdote, o filósofo, o estadista, o magistrado, os pais, os grandes escritores e, em geral, toda pessoa que se propõe estimular, guiar e dirigir o pensamento, a conduta ou a vida dos seus semelhantes.

d) O professor como intermediário
Devem os professores atuar como os reais intermediários entre os especialistas e os alunos. Esta função do mestre foi muito bem entendida pelo admirável escritor Monteiro Lobato: A função do mestre profissional fez-se cara. Tinha de ser o intermediário entre o especialista e o povo, tinha de aprender a linguagem do especialista, como este aprendia a linguagem da natureza, e desse modo romper as barreiras erguidas entre o conhecimento e a necessidade de aprender, descobrindo meios de expressar as novas verdades em termos velhos que toda gente entendesse. Isso porque se o conhecimento se desenvolve demais, a ponto de perder o contato como homem comum, degenera em escolástica e na imposição do magister; o gênero humano encaminhar-se-ia para uma nova era de fé, adoração e distanciamento respeitoso dos novos sacerdotes; e a civilização, que desejava erguer-se sobre uma larga disseminação da cultura, ficaria, precariamente, baseada sobre uma erudição técnica, monopólio duma classe fechada e monasticamente separada do mundo pelo orgulho aristocrático da terminologia.

e) A importância do professor da Escola Dominical
É justamente com esse elemento tão importante da educação que os superintendentes estamos lidando. Não podemos ignorá-lo, nem lhe subestimar o valor. De nosso relacionamento com ele, dependerá todo o nosso êxito como responsáveis pelo mais importante departamento da igreja. Além disso, são os professores os intermediários entre os doutores e o povo.
Na Antigüidade, professor era aquele que, publicamente, professava a sua fé. Que os professores e superintendentes de Escola Dominical jamais nos esqueçamos desse sacratíssimo dever de nosso ministério! Professemos sempre a fé no Cordeiro de Deus.

(2) Os professores como intermediários e intérpretes de nossos currículos.
São os professores os intermediários entre os especialistas e os alunos. Devem eles atuar como os intérpretes e os adaptadores de currículos.
Estejamos atentos aos professores que, rejeitando temerariamente as lições que lhes prescreve a Igreja local em consonância com a orientação dos órgãos convencionais competentes, põem-se a escrever lições por conta própria, cometendo não raro aleijões doutrinários e aberrações teológicas.

(3.) Os requisitos básicos do professor.
Theobaldo Miranda Santos afirmou, certa ocasião, que o professor não é somente aquele que educa por profissão. É aquele que, por vocação, ensina. Quem pode contestar o ilustre pedagogo brasileiro? Ora, se assim deve agir o professor secular, o que não diremos acerca do professor que tem como missão ensinar a Palavra de Deus?
Vejamos, a seguir, os requisitos exigidos daquele que se propõe a ensinar:

1) Vocação
É o ato de chamar. É o pendor, a disposição e a pendência para alguma coisa. Paulo comparou o ensino a uma chamada divina: De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é ensinar, haja dedicação ao ensino (Rm 12.7).
A vocação ao ensino da Palavra de Deus, por conseguinte, é algo sagrado.

2) Amor ao ensino
Não basta ser vocacionado ao ensino; é necessário que se tenha pelo ensino um sacrificado amor. Os que, no magistério, vêem apenas uma fonte de renda, sentir-se-ão continuamente frustrados. Antes de mais nada, consideremos: o ensino, como todo o sacerdócio, não foi instituído para enriquecer quem o pratica, e, sim, aqueles a quem ele se destina. Jamais deve o professor esquecer-se do que disse Platão: Os que levam fachos de luz devem passá-los a outros.

3) Dedicação ao ensino
Os chineses têm um ditado: Cem livros não valem um bom professor. Basta um instante de reflexão para se concluir: cem livros não valem um professor desde que este seja dedicado ao ensino. Superintendente, tem você ajudado seus professores a se dedicarem ao ensino? Incentive-os; é a sua missão.

4) Exemplaridade moral
João Batista de La Salle, impressionado com a decadência do ensino em sua época, resolveu fundar uma escola que educasse dignamente as crianças, e cujos professores se destacassem, acima de tudo, pelo exemplo moral.
Como carecemos de pessoas moralmente sadias! Se não tivermos mestres que sejam doutores na conduta, jamais poderemos alistar cristãos que sejam graduados no agir, adestrados no pensar e aptos a servir a Deus.
Eis o que certa vez recomendou Raul Ferrero: Dentro e fora da escola, o mestre deve ser um paradigma de correção e de boa conduta porque a virtude se irradia sobre os demais como um exemplo vivificador. Enobrece o espírito e concede ao homem um traço de incontestável respeitabilidade. Requer, pois, o educador sólidos princípios morais e religiosos, severamente observados. Como só se pode transmitir o que se possui, o mestre, ensinando a moral, tem de vivê-la com sóbrio orgulho e inculcá-la com paternal solicitude.

5) Vida espiritual
Precisamos de professores que se dediquem amorosa e sacrificialmente ao Senhor Jesus. Não basta ter vocação ao ensino; é imprescindível o devotado amor ao Divino Mestre. Como podemos ensinar o amor a Cristo, se desconhecemos o sentido do amor divino? Leciona o pastor Antonio Gilberto:O professor espiritual e preparado completa o trabalho do evangelista ou pregador. O ensino da Palavra deve ser em toda igreja uma seqüência da pregação.

6) Preparo físico
Tendo em vista as dificuldades inerentes ao ensino, é fundamental que o professor esteja preparado fisicamente. Terá ele, afinal, de ministrar aulas que, em média, duram de quarenta minutos a uma hora. Recomenda-se, pois, ao professor que cuide bem de sua saúde, alimente-se na hora certa e não sacrifique as horas de sono.
Tem os seus professores esses requisitos? Se os têm, é mister que os desenvolvam plenamente.

(4) Os principais deveres do professor:
Como em toda a escola, cabe ao superintendente levar o corpo docente a cumprir fielmente as suas obrigações. Doutra forma, o grande projeto, que é a Escola Dominical, jamais alcançará seus objetivos.

1) Preparo da lição
Que cada professor gaste pelo menos uma hora por dia no preparo de sua lição. Aqueles que só lêem a lição no domingo, minutos antes de ir à Escola Dominical, estão fadados ao fracasso.

2) Pontualidade
Incentivemos o professor a chegar à Escola Dominical com, pelo menos, trinta minutos de antecedência. Ele poderá, assim, verificar se a sua sala está devidamente preparada. Além disso, poderá dispor de alguns minutos para orar a fim de que Deus o abençoe na ministração da matéria.

3) Visitar os alunos
O professor não deve permitir que os faltosos fiquem sem a devida assistência espiritual. Visitando-os em suas lutas e provações, os mestres muito nos ajudarão a viver um grande avivamento espiritual.

4) Orar pela classe
Leve seus professores a intercederem por suas respectivas classes e pela Escola Dominical como um todo. Sem oração, não pode haver progresso. Aconselho que toda a semana o superintendente se reúna com os professores e a diretoria da
Escola Dominical a fim de interceder por esta junto a Deus. Aí está a chave da vitória.

5) Freqüentar a reunião dos professores
Leve seus professores a freqüentarem regularmente a reunião dos professores. É a oportunidade de que você dispõe para incutir nos mestres o espírito de corpo (unidade espiritual) de que deve haver em cada Escola Dominical. Além disso, precisarão observar as orientações didáticas e pedagógicas concernentes às lições a serem ministradas.
Ajude os professores a cumprirem os seus deveres. Fale com aqueles que estejam enfrentando dificuldades para observar as normas estabelecidas pela Escola Dominical. Seja compreensivo; todavia, jamais negocie a sua autoridade como superintendente. Seja paciente, porém, nunca perca de vista os grandes objetivos do Reino de Deus.
Embora pareça difícil e até doloroso substituir um professor, às vezes é imperioso fazê-lo. Se este vier a perder o alvo do ensino cristão e não mais contemplar suas urgências, exorte-o. Se não houver mudança de atitude, não relute em proceder a substituição. Mas não deixe de orar pelo mestre que está sendo substituído; amanhã poderá voltar devidamente reciclado.

Fonte: Pr. Claudionor Corrêa de Andrade – CPAD

(5.) O professor e os princípios de ensino.
Numa perspectiva progressista, ensinar não significa repassar conteúdos, mas sim quando há evidências de transformação na conduta dos alunos.
Quando Jesus ensinava, ele o fazia cheio do espírito Santo, mas ao mesmo tempo observava coerentemente as leis do ensino que Deus havia estabelecido na mente humana.
Devemos seguir o exemplo de Jesus e adotar os princípios da lei do ensino em nosso ministério.
• A abordagem do professor deve começar por aquilo que os alunos já conhecem;
• O professor deve partir do conhecido para o desconhecido. (Is 28.10);
• O professor deve sempre pensar que o aluno pode melhorar;
• O professor deve relacionar a lição às necessidades dos alunos;
• O professor deve ensinar através do próprio exemplo e de palavras.

(6). O professor Cristão e a sua chamada.
Ser chamado por Deus para ensinar a sua Palavra está entre os mais altos chamados que uma pessoa pode ter. O ensinador da Palavra de Deus tem a santa responsabilidade de conhecer e entender as escrituras, conforme Deus lhe conceder. (2Tm 2.2).
O Professor Cristão deve ser exemplo em tudo, O Apóstolo Paulo instruindo Timóteo para exercitar o ministério do ensino, disse-lhe que ele deveria ser “padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” (I Tm 4.12).

(7).O papel do professor

Sendo a Didática a arte e a técnica de transmitir o ensino ou os conhecimentos, o professor tem papel fundamental, no sentido de "estimular, dirigir e auxiliar a aprendizagem..."(CGADB, P. 11). O Professor cristão deve ser um instrumento nas mãos do Espírito Santo, para transmitir a Palavra de Deus. Jesus disse: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 19.28).

Segundo GRIGGS (p. 18-20), o professor cristão deve ser amigo, procurando relacionar-se bem com os alunos; deve ser intérprete, traduzindo para os alunos aquilo que lhes é ensinado; planejador, procurando adaptar as lições, os currículos às necessidades dos alunos; aprendiz, estando disposto a colocar-se no lugar dos que querem sempre aprender mais para ensinar melhor.

Além disso, o professor cristão deve ser um EXEMPLO para seus alunos. "Assim falai, assim procedei..."(Tg 2.12). Na escola secular, o professor pode ser um mero transmissor de conhecimentos. Na Igreja, é diferente. O professor tem que ser didático e exemplar.

(8). O professor espiritual e preparado.
É a nossa maior necessidade.
O êxito de nossas Escolas Dominicais depende disso.
O professor espiritual e preparado completa o trabalho do evangelista ou pregador. O Ensino da Palavra deve ser em toda igreja uma seqüência da pregação.
É melhor um professor com pouco preparo, mas espiritual, do que o contrário. Somente o preparo não realiza.
O professor da Escola Dominical precisa ensinar tão bem a lição bíblica do dia, quanto o professor de matemática ensina sua matéria.

A PREPARAÇÃO DO PROFESSOR:

1. Espiritual:
• Ter convicção de sua chamada específica para o ministério do ensino.
• Ter um relacionamento vital e real com o Senhor Jesus.
• Esforçar-se em seguir o exemplo de Jesus.
• Disposição e humildade para aprender.
• Liderança positiva.
• Reconhecer a envergadura da sua missão e encará-la com seriedade.
2. Intelectual:
• Conhecimentos bíblicos essenciais.
• Conhecimento didático-pedagógicos básicos.
• Conhecimento de Psicologia Educacional.

(9). O ensino do ponto de vista do professor
1) Por que ensino?

• Satisfação: O Professor tem a satisfação, desconhecida em outras profissões, de contribuir para o crescimento do individuo, fazendo-o progredir.

• Segurança: A cátedra é uma profissão muito requisitada. A flexibilidade da profissão, somada a uma necessidade constante de bons professores, faz com que o ensino seja um campo de trabalho realmente seguro.

• Por amor e gratidão a Deus.
• Em obediência
Concluímos tomando de empréstimo as palavras de La Torre:

“O modelo de ensino atualmente tem que ser holístico em suas metas, integrado em suas propostas, adaptado em seu contexto, polivalente nas estratégias e na avaliação. Este modelo vai além do conhecimento, pois educar não é meramente um ato transmitido; mas criativo, construtivo, transformador”.

2) Qual meu propósito no ensino?
• Salvar pecadores.
• Edificar os crentes
• Treinar futuros obreiros. A Escola Dominical representa um seminário teológico de currículo variado, flexível e permanente. Dwight L. Moody, o maior evangelista de todos os tempos, converteu-se e iniciou sua formação teológica na Escola Dominical: Quando seu pai faleceu, aos 41 anos, Moody tinha somente quatro anos. Jovem, mudou-se para Boston, indo trabalhar com seu tio em uma sapataria. Uma das exigências de seu tio era que Moody freqüentasse uma igreja. Fez isso, mas sem uma decisão real para Jesus. No dia 21 de abril de 1855, Kimball, seu professor de Escola Dominical, achou que era hora de pedir que Moody assumisse um compromisso real com Cristo. Ele foi até a loja onde trabalhava, encontrou Moody empacotando sapatos e colocando-os nas prateleiras. O jovem já estava pronto para ouvir. Naquele dia, Moody tornou-se cristão.

3) Que ensinarei? – A Bíblia, por excelência (Mt 28.20)
4) A quem ensinarei? – A grupo de alunos de diferentes idades (Dt 31.12), o que implica conhecimento de suas características psicológicas.
5) Como ensinarei? – Capacitado por Deus e preparado no que depender de mim (2 Tm 2.2,15- ARA; 1 Pe 3.15).

(10).O Novo Perfil Do Ensinador Cristão Em Tempos Pós - Modernos
Isto posto, atualmente não podemos dar ao luxo de prescindir de quaisquer desses conhecimentos, pois um não é melhor do que o outro; antes se completam e não temos como negar que de algum modo eles estão presentes em nossa vida cotidianas.

Por muito tempo o professor centrou a sua preocupação apenas na seguinte pergunta: “O que vou ensinar?” Esta pergunta deve sim estar sempre contida no plano de aula do professor, mas a esta ele ainda deve acrescentar outra que é vital no processo ensino – aprendizagem: “O que vão aprender?” É este o perfil do professor atual: Levar seus alunos pensar e sentir.

Os Principais Traços do Novo Perfil do Professor

• Idade: Atualmente, este é um grande problema em muitas áreas profissionais, menos na Educação. Bons professores sempre estarão em evidência, independente da idade.

• Conhecimento Teórico: Sem fórmulas mágicas, truques ou rodeios. O professor deverá apresentar o conteúdo de forma clara e didática.

• Capacidade de Ouvir. Neste novo relacionamento professor-aluno já não há mais espaço para o arcaico estilo “chefe X subordinado”. O professor deverá se habituar a ouvir o que o aluno tem a dizer, pois não raras vezes este sempre tem algo a contribuir e feliz o professor que souber canalizar o conhecimento pré-existente em seu aluno a favor de sua aula.

• Capacidade de Expressão: Saber organizar os pensamentos e expressá-lo com clareza. O aluno sempre saberá detectar quando o professor domina o assunto ou se este está “perdido”.

• Cultura Geral. O professor precisa ser uma pessoa atualizada, pois ter ciência dos acontecimentos cotidiano muito ajuda no enriquecimento de suas aulas e os alunos estão muito mais predispostos a ouvir um professor que demonstra conhecimento.

• Qualificações: Acadêmica e Pedagógica. Quando isto não for possível, este deve fazer a devida compensação com muita leitura especializada, tanto teórica quanto didática, buscando dominar o assunto a fim de evitar vexames.

O Professor Ideal

• Que Busque Qualidade. Não se limitando a fazer as coisas, mas fazê-las bem. A qualidade conduz a excelência, e tanto uma quanto a outra requer hábito, esforço, persistência.

• Formador de Opiniões. E mais: que respeite as opiniões, persuadindo seus ouvintes a rever seus conceitos, confrontando-os com a verdade, levando-os a mudar.

• Um Agente Transformador e Construtor do Conhecimento.

• O Professor Construindo Competências

O objetivo agora não é só passar conteúdo, mas preparar todos para a vida na sociedade moderna. O professor precisa encontrar uma aplicabilidade para o que foi teorizado em sala de aula.

“O aluno acumula saber, passa por exames, mas não consegue usar o que aprendeu em situações reais” (Philippe Pierre Nound).