ESCATOLOGIA - A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

 

ESCATOLOGIA – A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

INTRODUÇÃO

Ao contrário do que muita gente pensa, a Doutrina das Últimas Coisas não constitui um emaranhado de enigmas, ou um quebra-cabeças. Ela é um conjunto de verdades cristalinas e bem estabelecidas a respeito do que Deus está para fazer nestes últimos dias.

 

O profeta Daniel não ousou desvendar por conta própria os mistérios escatológicos; eis sua confissão: “Eu, pois ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: “Senhor meu, qual será o fim dessas coisas?” (Dn 12.8). Semelhantemente, Paulo, confessou: “Agora, conheço em parte” (1 Co 13.12). Assim não devemos pensar, que esgotaremos esse assunto. Há muito o que aprender, só estamos iniciando a jornada.

A palavra “escatologia” refere-se tradicionalmente ao estudo ou à Doutrina das Últimas Coisas.

A escatologia trata das questões que dizem respeito à consumação da história e à conclusão da obra de Deus no mundo. Portanto, a escatologia costuma se dividir em questões relacionadas com os indivíduos e com o mundo.

 

Maranata! Ora vem, Senhor Jesus!

 

Texto Bíblico: “E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mateus 24.3)

 

O QUE É ESCATOLOGIA

Termo no Original – ESCHATON gr.: É a doutrina que diz respeito ao fim do mundo presente e ao mundo vindouro. Em grego significa literalmente “estudo das últimas coisas”

 

Definição teológica:

 

A Doutrina das Últimas Coisas, são as verdades da Bíblia Sagrada referentes aos derradeiros dias da história humana.

 

Estudo sistemático e lógico das doutrinas concernentes às últimas coisas. Compreendida como um dos capítulos da dogmática cristã, a escatologia tem por objeto os seguintes temas: Estado Intermediário, Arrebatamento da Igreja, Grande tribulação, Milênio, Julgamento Final e o Estado Perfeito Eterno.

 

“Os Últimos Dias”. Essa expressão bíblica aponta para:

 

A descida do Espírito Santo (Jl 2.28; At 2.17).

Para a época do Evangelho de Cristo (Hb 1.1)

Para os últimos dias maus (1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1; 2 Pe 3.3).

 

Outros termos relacionados ao assunto:

Escatologia cósmica: Conhecida também como escatologia futura, trata dos acontecimentos que estão por suceder nestes últimos dias: Os Sinais da Parousia, O Arrebatamento da Igreja, A Grande Tribulação, O Milênio etc. A escatologia cósmica segue o esquema traçado pelos profetas e apóstolos.

 

Escatologia de reportagem: Concepção ortodoxa e fideísta que vê as profecias bíblicas como registros fidedignos que nos fornecem um relatório formal sobre a ordem exta dos acontecimentos que hão de ocorrer no final dos tempos.

 

Escatologia individual: É a parte da escatologia bíblica que se aplica ao indivíduo, envolvendo os seguintes temas: a morte física, o estado intermediário, e a ressurreição corporal. Ela é assim chamada, pois independe dos acontecimentos derradeiros previstos pelos profetas e pelos apóstolos. Ela acontece na vida de todos os que recebem a Cristo como Salvador.

 

Diferentes abordagens de tratar a escatologia:

Escatofobia: Pavor mórbido de se estudar, discutir ou pregar a doutrina das últimas coisas. Medo do final dos tempos. Por que tal pavor? Eis algumas razões:

Falta de comunhão com Deus.

Afastamento dos padrões bíblicos.

Pretensas dificuldades concernentes

 

Escatologia atemporal: Também conhecida como “escatologia vertical”. O teólogo Karl Barth, ensinou que o mais importante para o cristão não é aguardar a vinda de Cristo, mas viver uma vida de arrependimento e profunda piedade. Segundo a escatologia barthiana, a escatologia na vida do filho de Deus acontece toda a vez que este busca a comunhão com o Pai. Entendemos, que não podemos ficar apenas numa profunda contemplação das últimas coisas. Porém, é certo que Jesus voltará pessoalmente, para buscar a sua igreja, e esta esperança deve ser aguardada com amor.

 

Escatologia consequente: Termo criado por Albert Schweitzer para contraditar a escatologia bíblica. Segundo Schweitzer, a escatologia acontece quando os ensinos de Cristo fazem-se realidade na vida de seus seguidores.

 

Escatologia existencialista: Doutrina elaborada por Rudolf Bultmann, segundo a qual “o ponto essencial acerca da mensagem escatológica é a ideia do Deus que nela opera e a ideia de existência humana que ela contém – não a crença de que o fim do mundo está logo à frente”. Nesta escatologia, onde a existência humana torna-se mais importante que o mundo futuro, as profecias bíblicas quanto aos últimos dias são tidas como míticas e alegóricas.

 

Escatologia idealista: Corrente doutrinária que relaciona a Escatologia Bíblica às verdades infinitas. Os que defendem tal posicionamento, alegam que a doutrina das Últimas Coisas não terá qualquer efeito prático sobre a história da humanidade. Relegam-na, pois, à condição de utopia. Mas o que dirão eles, por exemplo, acerca das profecias já cumpridas? Será que estas não referendam as que estão por se cumprirem? Não nos esqueçamos pois, ser a profecia a essência da Bíblia. Se descrermos daquela, não podermos crer nesta.

 

Escatologia realizada: Ponto de vista defendido por C.H. Dodd, segundo a qual as previsões escatológicas das sagradas Escrituras foram todas cumpridas nos tempos bíblicos. Atualmente, portanto, já não nos resta nenhuma expectativa profética, de acordo com o que ensina Dodd.

 

OBJETIVO DA DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

Mostrar o que está prestes a acontecer (Ap 22.6)

 

Preparar o crente para encontra-se com Deus (1 Jo 3.3).

 

Tranquilizar o povo de Deus quanto aos últimos acontecimentos (Jo 14.1,2).

 

Alertar a todos que o noivo está chegando (Ap 22.17-22).

 

AS FONTES DA DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

A Bíblia Sagrada: É a Bíblia Sagrada a principal fonte da Escatologia Bíblica. É o tribunal supremo onde são julgados todos os enunciados teológicos (Is 8.20; 46.10; Ap 22.18,19). Sua autoridade é inquestionável.

 

Os Credos e as Declarações Doutrinárias da Igreja: Serão aceitos desde que estejam em conformidade absoluta com a Bíblia Sagrada.

 

A Teologia:  Se bíblica, conservadora e ortodoxa, haverá de ser acatada como fonte auxiliar da Doutrina das Últimas Coisas.

 

A história: Comandada por Deus, mostra-nos a história, de forma clara e concludente, que Deus encaminha todas as coisas, visando o estabelecimento pleno de seu Reino. Deus está no controle de todos os fatos históricos e cotidianos.

 

O testemunho do Espírito Santo: O Espírito Santo atesta-nos que o Senhor Jesus está prestes a vir buscar a sua Igreja (Ap 22.17).

 

 

PROBLEMAS ESCATOLÓGICOS

Questões referentes às doutrinas das Últimas Coisas que vem dividindo à comunidade teológica. Se por um lado os problemas escatológicos geram desconforto entre os fiéis, por outro, fazem com que tais assuntos estejam sempre em evidência. Dessa forma, os crentes veem-se constrangidos a se manterem sempre alertas quanto à iminência da bem-aventurada esperança da Igreja – a volta de Cristo. Em todas as igrejas verdadeiramente avivadas, há um sadio desassossego quanto à escatologia. Não há cristão que não deseje saber como se dará exatamente a volta de Cristo. Triste seria se tais questões jamais viessem à tona. Tal apatia haveria de representar a morte da esperança numa comunidade que deve ser caracterizada pela esperança.

 

Estes são os principais problemas escatológicos:

 

Como se dará a vinda de Cristo. Será em uma ou duas etapas? A primeira será realmente invisível?

 

A igreja será arrebatada antes, durante ou depois da Grande Tribulação?

 

O Arrebatamento se dará antes do Milênio?

 

 

Como se dará a implantação do Milênio? A igreja participará ativamente desse evento?

 

De que forma será tratado Israel quando da volta de Cristo?

 

Que implicações terá a Septuagésima Semana de Daniel em relação à igreja?

 

O Milênio será alegórico ou real?

 

COMO ESTUDAR A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

Recorrendo primeiro à Bíblia. Em perseverante oração a Deus, busque prioritariamente as respostas de que você necessita nas Sagradas Escrituras. Que a sua preocupação não seja um mero exercício futurologia; que seja a de preparar-se melhor para a vinda do Senhor Jesus (Am 4.12).

 

Orando constantemente em profunda reverência: Como costumava fazer o profeta Daniel (Dn 9.20-27).

 

Evitando as especulações e as vãs sutilezas da falsa hermenêutica: Lembre-se! Há um severíssimo castigo àqueles que, desprezando a palavra de Deus, torcem-na e entregam-se às apostasias (Ap 22.18,19). Atente também para a observação em Tiago 3.1. Hodge afirmou: “É preciso ter em mente que teologia não é filosofia. A teologia não pretende descobrir a verdade nem conciliar o que ensina como verdadeiro com todas as outras verdades. Seu papel é simplesmente declarar o que Deus revelou em sua Palavra, e vindicar tais declarações até onde é possível em face de equívocos e objeções. E é especialmente necessário ter em mente este limitado e humilde ofício da teologia, quando nos propomos a falar dos atos e propósitos de Deus”

 

Esperando com alegria a manifestação do Senhor da glória: Acima de tudo, atenhamo-nos à Doutrina das Últimas Coisas com indizível alegria, aguardando a chegada do Noivo Amado.

 

 

OS PRINCIPAIS EVENTOS ESCATOLÓGICOS

O Arrebatamento da Igreja. Nos ares; antes da Grande Tribulação (1 Ts 4.16,17; 1.10). Esse rapto dos salvos desencadeará uma série de eventos.

                                                                  

O Tribunal de Cristo. Ainda nos ares (Ap 22.12; 1 Pe 5.4).

 

A Grande Tribulação. Na Terra, por sete anos (Dn 9.25-27);

 

As Bodas do Cordeiro, no Céu (Ap 19.1-9).

 

A Vinda de Jesus à Terra. Em poder e glória, para a batalha do Armagedom (Zc 14.1-4; Jl 3,2; Ap 16.13-16; 17.14).

 

O Fim do Império do Anticristo (Ap 19.19-21).

 

O Julgamento das Nações (Jl 3.12-14; Mt 25.31-46).

 

O Milênio. Após a prisão de Satanás (Ap 20.1-6).

 

A Revolta do Diabo e seu Julgamento. Após o Milênio, o Inimigo será solto por pouco tempo, pois logo ele – em última instância – e suas hostes serão julgados (Ap 20.7-10; Jo 16.8-11; Rm 16.20).

 

O Juízo Final (Ap 20.11-15)

 

Novos Céus e Nova Terra (Ap 21 – 22; 2 Pe 3.7).

 

A ESCATOLOGIA E A PALAVRA PROFÉTICA

A palavra profética constitui uma revelação de Deus sobre o futuro:  Deus é onisciente, e pela palavra profética participa ao homem algo sobre “os tempos e estações que Ele mesmo estabeleceu pelo seu próprio poder” (At 1.7). Essas revelações proféticas de Deus são como “a história antecipada”, pois revelam “as coisas que em breve hão de acontecer” (Ap 22.6).

                                      

 

Aspectos da palavra profética:

 

A palavra profética é, assim como toda a Bíblia, inspirada pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21). O próprio Jesus falou muito sobre os acontecimentos no futuro, às vezes usando parábolas (Lc 17.24; Mt 25.1-13; 14-19). Outras vezes falando abertamente, sem usar parábolas (cf. Jo 16.29; 14.1-3). O Espírito Santo tem, através dos tempos, falado pelos profetas e pelos apóstolos sobre as coisas que estão por vir. Embora nem sempre entendessem aquilo que profetizavam (1 Pe 1.9-12), escreveram sempre sob a inspiração do Espírito Santo (Mc 12.36; 2 Sm 23.3).

 

A palavra profética é a única fonte de conhecimento real sobre o futuro. O conhecimento do futuro pertence somente a Deus, que o vê como se fosse hoje (2 Pe 3.8; Sl 90.4). Todos os homens são limitados! Nenhum de nós consegue ver nem o que sucederá amanhã, pois existe um véu impenetrável, que impede a visão do futuro. Porém, por meio da palavra profética, podermos conhecer algo sobre as coisas do futuro.

 

A palavra profética, por ser inspirada pelo Espírito Santo, é uma revelação perfeita e completa, da qual não se pode tirar, ou à qual nada se pode acrescentar (Ap 22.18,19; Dt 4.2; 12.32; Pv 30.6).

 

A palavra profética é “como uma luz que alumia” (2 Pe 1.19). A palavra profética ilumina-nos quando nos adverte: “É já hora de despertarmos do sono” (Rm 13.11), e afirma que devemos tomar as providencias necessárias para que nos preparemos, porque “a noite é passada, e o dia é chegado” (Rm 13.12). A própria Bíblia salienta que “bem fazeis em estar atentos [à palavra dos profetas], como a uma luz que alumia” (2 Pe 1.19), e registra que nós devemos lembrar das palavras que foram ditas pelos santos profetas (2 Pe 3.2).

 

Para alguém obter segurança no estudo sobre os acontecimentos dos últimos tempos, seja para base de suas próprias opiniões seja para ensino, é imprescindível “não ir além do que está escrito” (1 Co 4.6; Dt 29.29). Sendo assim, não convém procurar explicar as coisas que a Bíblia não revela, aquilo que Jesus disse: “não vos pertence saber” (At 1.7).

 

Divisão das profecias quanto ao seu assunto:

Profecias sobre a Pessoa e Obra de Jesus:

O Antigo Testamento é cheio de profecias que relatam minuciosamente os acontecimentos da vida, da morte, e da ressurreição de Jesus.

 

Existem ainda profecias sobre a “glória que se lhes havia de seguir” (1 Pe 1.11).

 

Profecias sobre o povo de Israel:

Há profecias sobre o país de seu nascimento.

Sobre a saída do Egito e a entrada em Canaã.

Sobre as vitórias e derrotas, sobre o exílio para a Assíria e para a Babilônia.

Sobre a dispersão do povo entre as nações e sobre o seu retorno à Palestina.

Sobre a restauração de Israel no Milênio.

 

Profecias sobre a sequência dos últimos acontecimentos:

Os “Sinais dos tempos”

A vinda de Jesus nas nuvens.

O anticristo, seu reinado, o falso Profeta.

A Grande Tribulação.

O estabelecimento do Milênio.

O Triunfo Glorioso de Cristo.

As ressurreição dos mortos.

O julgamento final diante do trono branco.

E Eternidade.