GRANDES AVIVAMENTOS - PÓS REFORMA

GRANDES AVIVAMENTOS
PÓS REFORMA:
Nos séculos depois da Reforma (ou era da Pós-Reforma), os indivíduos e as organizações têm seguido direções as mais variadas na tentativa de aplicar sua interpretação do cristianismo neotestamentário. Infelizmente, alguns têm repetido erros do passado, enfatizando os rituais e o formalismo da Igreja Institucional, às custas da ênfase que a Bíblia dá à salvação pela graça mediante a fé e à vida no Espírito.
O LIBERALISMO TEOLÓGICO:
O racionalismo do século XVIII ajudou a montar o palco para muitos dos ensinos modernistas e às vezes anti-sobrenaturais dos séculos XIX e XX. Louis Berkhof declara muito acertadamente que semelhantes movimentos têm levado “ao conceito liberal moderno de Igreja como um mero centro social, uma instituição humana, ao invés de plantio de Deus”.
O MOVIMENTO PENTECOSTAL:
De uma perspectiva mais positiva, no entanto, a era Pós-reforma também têm presenciado reações contra essas tendências sufocantes e liberalizantes. As reações surgiram de movimentos que têm ansiado por uma experiência genuína com Deus e a têm recebido. O movimento pietista (século XVII), os movimentos morávios e metodista (século XVIII) e os grandes despertamentos, o movimento da Santidade e o movimento Pentecostal (séculos XVIII-XX), todos são indícios de que a Igreja fundada por Jesus Cristo (cf. Mt16.18) ainda está com vida e saúde, e que continuará a progredir até sua segunda vinda.
OS PRECURSORES DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
SÍNTESE DA HISTÓRIA DOS GRANDES AVIVAMENTOS
Uma intensa sede espiritual, em razão da qual se efetuaram reuniões de oração entre grupos de crentes de várias denominações, foi uma das características que se evidenciaram nas igrejas, no fim do século passado. Como resultado das atividades desses grupos de crentes, produziram-se avivamentos em vários lugares nos Estados Unidos e na Europa. Caracterizavam-se esses avivamentos por um intenso fervor de evangelização e um profundo espírito de oração. Da mesma forma dava-se ênfase aos dons espirituais e à sua operação, inclusive cura divina, e falar em outras línguas, como sinal da recepção do batismo do Espírito Santo. (Atos 2:4.) Predominava também entre eles o zelo missionário baseado na profunda convicção relacionada com a vinda iminente do Senhor Jesus Cristo e bem assim a consciência da responsabilidade que cabia aos crentes batizados com o Espírito Santo, no sentido de obedecer à última ordem de Jesus.
A origem do movimento pentecostal não se pode atribuir a determinada pessoa, pois existem evidências do derramamento simultâneo do Espírito Santo em vários lugares.
IGNÁCIO:
Revivendo a expansão da mensagem cristã em seus primórdios, Ignácio fala dos pastores que, não obstante as perseguições que lhes moviam as autoridades romanas, foram abrindo igrejas até aos confins da terra. Que força os movia? A mesma que, efundida no Pentecostes, levou os primeiros discípulos a evangelizar a Judéia, a odiada Samaria, a cosmopolita Antioquia e a orgulhosa Roma.
TERTULIANO (160):
Nascido em Cartago, no Norte da África, por volta de 160, teve ele uma esmerada educação. Vivendo intensamente a promessa da efusão do Espírito Santo, fez-se arauto da mensagem pentecostal. Testemunha ele que, entre os cristãos daquela época, não eram poucos os que falavam línguas, interpretavam-nas e profetizavam.
Tertuliano, que também foi um brilhante advogado, discorre sobre o avanço da Igreja aos potentados de Roma: “Embora sejamos noviços de não longa data, temos enchido todos os lugares de vossos domínios, cidades, ilhas, comunidades, concílio, exércitos, tribos, senado, o palácio, as cortes de justiça. E se os crentes tivessem espírito de vingança, seu grande número seria ameaçador, pois á apreciável, não só nessa ou naquela província, mas em todas as regiões do mundo.
AGOSTINHO (354-430):
Bispo de Cartago, Agostinho é considerado um dos maiores teólogos de todos os tempos. Sua influência estende-se tanto aos católicos quanto aos protestantes. Acerca da doutrina pentecostal, estava ele suficientemente seguro quanto à atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais: “Nós faremos o que os apóstolos quando impuseram as mãos sobre os samaritanos, pedindo que o Espírito Santo caísse sobre eles:esperamos que os convertidos falem novas línguas”.
IGREJA BRITÂNICA PRIMITIVA (500):
No ano 500, enquanto a Europa Ocidental mergulhava na Idade Média, a Obra de Deus expandia-se nos territórios que passariam a ser conhecidos como as ilhas Britânicas. Gildas, um ´sabio missionário de origem galesa, dá este testemunho, confirmando o pentecostes que varria aquela região: “A Igreja está espalhada pela nação inteira. Além disso, ela se espalhará na Irlanda e Escócia. Era também uma Igreja instruída; tinha sua própria versão das Sagradas Escrituras e a sua própria liturgia.
Patrício, que dedicará trinta anos de sua vida a evangelizar a Irlanda, confirma o quanto crescia a Igreja: “Eu fui formado de novo pelo Senhor, e ele me capacitou a ser nesse dia o que antes estava muito longe do meu alcance, para que eu me interessasse pela salvação dos outros, quando eu costumava não pensar nem mesmo na minha própria salvação”.
Ia o Senhor, assim, levantando obreiros fervorosos e plenos de ousadia, a fim de encher aquelas ilhas do Evangelho de Cristo. O irlandês Columba, por exemplo, foi a Iona onde fundou uma igreja que, em pouco tempo, se faria missionária. Ele estabeleceu congregações desde Orkneys e Sul das Hébridas até o Humter.
VALDENSES (1170):
Esta confissão de fé evangélica, iniciada por Pedro Valdez em 1170, no território abrangido pela moderna cidade francesa de Lyon, tinha como ideal pregar a mensagem de Cristo em toda a sua pureza. A princípio, foram os valdenses favorecidos pelo papa Alexandre III. Todavia, devido à sua independência em relação ao clero romano e à sua fidelidade às Sagradas Escrituras, tornaram-se abomináveis ao sistema papal que acabaria por interditá-los.
De tal forma viviam os valdenses o pentecostes que, até mesmo em sua morte, propagavam a mensagem do cenáculo; eis o que relata um historiador: “Não há uma rocha que não seja um monumento, uma campina que não tenha presenciado uma execução, nem uma vila que não registre os seus mártires”. O avivamento, comandado pelo próprio Valdo, abalou a Europa do Século XII. Escreve o pastor Clarke: “Os valdenses espalharam-se com extraordinária rapidez e estenderam-se desde Aragon à Pomerânia e Boêmia, embora mais numerosos no Sul da França. Alçácia e nos bairros mais montanhosos de Savóia, Suíça e Norte da Itália”.
Não foram poucos os avivamentos que surgiram na Idade Média. A Igreja Romana, porém, não somente buscou abafá-los, quer através da infâmia e da calúnia, que por meio da tortura e da espada, como também esforçou-se por apagar qualquer indício histórico da existência desses movimentos do Espírito. Felizmente, a verdade sempre acaba prevalecendo.
JOÃO HUSS (1369-1415):
João Huss, da Boêmia (nascido em 1369 e martirizado em 1445), foi um dos leitores dos escritos de Wyclif, pregou as mesmas doutrinas, e especialmente proclamou a necessidade de se libertarem da autoridade papal. Chegou a ser reitor da Universidade de Praga, e durante algum tempo exerceu influência atuante em toda a Boêmia. O papa excomungou João Huss, e determinou que a cidade de Praga ficasse sujeita à censura eclesiástica enquanto ele morasse ali. Huss, então retirou-se para lugar ignorado. Porém, de seu esconderijo enviava cartas confirmando suas idéias. Ao fim de dois anos consentiu em comparecer ao concílio da igreja católico-romana de Constança, que se realizou em Badem, na fronteira da Suíça, havendo para isso recebido um salvo-conduto do imperador Sigismundo. Entretanto, o acordo foi violado, não respeitaram o salvo-conduto sob a alegação de que "Não se deve ser fiel a hereges". Assim foi Huss condenado e queimado em 1415. Porém sua atividade e sua condenação foram elementos decisivos na Reforma de sua terra natal, e influenciaram a Boêmia, por muitos séculos, desde esse tempo.
Se a igreja católica pensava que, com a morte de Huss, o grande avivamento da Boêmia iria gorar, enganaram-se. Quando da Reforma Protestante, havia no país quatrocentas igrejas e uma versão completa da Bíblia em língua Checa. A Obra de João Huss sobreviveu através da Igreja dos Irmãos Unidos.
Conta-se que João Huss, no momento de sua morte, proferiu uma das mais famosas elocuções proféticas da Igreja Cristã: “Hoje, vós quemais um ganso. Daqui a cem anos, porém, nascerá um cisne; contra ele nada podereis fazer” Huss, cujo significado em língua checa é “ganso” havia de fati profetizado;um século depois de sua morte, Martinho Lutero deflagrava a reforma Protestante; não houve quem calasse a voz do cisne alemão.
JOÃO WIKCLIFFE (130-1384):
João Wyclif iniciou um movimento na Inglaterra a favor da libertação do domínio do poder romano e da reforma da igreja. Wyclif nasceu em 1324, educou-se na Universidade de Oxford, onde alcançou o lugar de doutor em teologia e chefe dos conselhos que dirigiam aquela instituição. Atacava os frades mendicantes e o sistema do monacato. Recusava-se a reconhecer a autoridade do papa e opunha-se a ela na Inglaterra. Escreveu contra a doutrina da transubstanciação, considerando o pão e o vinho meros símbolos. Insistia em que os serviços divinos na igreja fossem mais simples, isto é, de acordo com o modelo do Novo Testamento. Se ele fizesse isso em outro país, certamente teria sido logo martirizado. Porém, na Inglaterra, era protegido pelos nobres mais influentes. Mesmo depois que algumas de suas doutrinas foram condenadas pela Universidade, ainda assim lhe foi permitido voltar à sua paróquia em Lutterworth, e a continuar como clérigo, sem ser molestado. Seu maior trabalho foi a tradução do Novo Testamento para o inglês, terminado em 1380. O Antigo Testamento, no qual foi ajudado por alguns amigos, foi publicado em 1384, ano de sua morte. Os discípulos de Wyclif foram chamados "lolardos", e chegaram a ser numerosos. Porém, no tempo de Henrique IV e Henrique V foram intensamente perseguidos e, por fim, exterminados. A pregação de Wyclif e sua tradução da Bíblia sem dúvida, prepararam o caminho para a Reforma.
JERÔNIMO DE SAVONAROLA (1452-1498):
Certo dia, ao dirigir-se a uma feira, viu, repentinamente, em visão, os céus abertos e passando perante seus olhos todas as calamidades que sobrevirão à igreja. Então lhe pareceu ouvir uma voz do Céu ordenando-lhe anunciar estas coisas ao povo.
Convicto de que a visão era do Senhor, começou novamente a pregar com voz de trovão. Sob a nova unção do Espírito Santo a sua condenação ao pecado era feita com tanto ímpeto, que muitos dos ouvintes depois andavam atordoados sem falar, nas ruas. Era coisa comum, durante seus sermões, homens e mulheres de todas as idades e de todas as classes romperem em veemente choro.
O ardor de Savonarola na oração aumentava dia após dia e sua fé crescia na mesma proporção. Freqüentemente, ao orar, caía em êxtase. Certa vez, enquanto sentado no púlpito, sobreveio-lhe uma visão, durante a qual ficou imóvel por cinco horas, quando o seu rosto brilhava, e os ouvintes na igreja o contemplavam.
Em toda a parte onde Savonarola pregava, seus sermões contra o pecado produziam profundo terror. Os homens mais cultos começaram então a assistir às pregações em Florença; foi necessário realizar as reuniões na Duomo, famosa catedral, onde continuou a pregar durante oito anos. O povo se levantava à meia-noite e esperava na rua até a hora de abrir a catedral.
O corrupto regente de Florença, Lorenzo Medici, experimentou todas as formas: a bajulação, as peitas, as ameaças, e os rogos, para induzir Savonarola a desistir de pregar contra o pecado, e especialmente contra a perversidade do regente. Por fim, vendo que tudo era debalde, contratou o famoso pregador, Frei Mariano, para pregar contra Savonarola. Frei Mariano pregou um sermão, mas o povo não prestou atenção à sua eloqüência e astúcia, e ele não ousou mais pregar.
Nessa altura, Savonarola profetizou que Lorenzo, o Papa e o rei de Nápoles morreriam dentro de um ano, e assim sucedeu.
Depois da morte de Lorenzo, Carlos VIII, da França, invadiu a Itália e a influência de Savonarola aumentou ainda mais. O povo abandonou a literatura torpe e mundana para ler os sermões do famoso pregador. Os ricos socorriam os pobres em vez de oprimi-los. Foi neste tempo que o povo fez a grande fogueira, na "piazza" de Florença e queimou grande quantidade de artigos usados para alimentar vícios e vaidade. Não cabia mais, na grande Duomo, o seu imenso auditório.
Contudo, o sucesso de Savonarola foi muito curto. O pregador foi ameaçado, excomungado e, por fim, no ano de 1498, por ordem do Papa, foi queimado em praça pública. Com as palavras: "O Senhor sofreu tanto por mim!", terminou a vida terrestre de um dos maiores e mais dedicados mártires de todos os tempos.
MARTINHO LUTERO (1483-1546):
A maior obra de toda a sua vida, sem dúvida, fora a de dar ao povo alemão a Bíblia na sua própria língua - depois de voltar a Wittenberg. Já havia outras traduções, mas escritas em uma forma de alemão latinizado que o povo não compreendia. A língua alemã desse tempo era um agregado de dialetos, mas Lutero, ao traduzir a Bíblia, deu ao povo a língua que serviu depois a homens como Goethe e Schiler para escreverem as suas obras. O seu êxito em traduzir as Sagradas Escrituras para o uso dos mais humildes, verifica-se no fato de que, depois de quatro séculos, a sua tradução permanece como a principal.
Outra coisa que contribuiu para o êxito da tradução de Lutero, é que ele era erudito em hebraico e grego e traduziu direto das línguas originais. Contudo, o valor da sua obra não se baseia tão-somente sobre seus indiscutíveis dotes literários. O que lhe deu realidade é que ele conhecia a Bíblia, como ninguém podia conhecê-la, sem primeiro sentir a angústia eterna e achar nas Escrituras a verdadeira e profunda consolação. Lutero conhecia intimamente e amava sinceramente o autor do Livro. O resultado foi que o seu coração abrasou-se com o fogo e poder do Espírito Santo. Foi esse o segredo de ele traduzir tudo para o alemão em tão pouco tempo. (...)Encontra-se o seguinte na História da Igreja Cristã, por Souer, Vol. 3, pág. 406: "Martinho Lutero profetizava, evangelizava, falava línguas e interpretava; revestido de todos os dons do Espírito".
JOÃO CALVINO (1509-1564):
João Calvino, o maior teólogo do Cristianismo depois de Agostinho, bispo de Hipona, nasceu em Noyo, França, a 10 de julho de 1509 e morreu em Genebra, Suíça, a 27 de maio de 1564. Estudou em Paris, Orleans e Bourges. Aceitou os princípios de Reforma em 1528 e foi expulso de Paris. Em 1536, em Basiléia, publicou "Instituições da Religão Cristã" obra que se tornou a base da doutrina de todas as igrejas protestantes, menos a luterana. Em 1536, Calvino refugiou-se em Genebra, onde viveu até à morte, com exceção de alguns anos de exílio. A Academia Protestante que Calvino fundou, juntamente com Teodoro Beza e outros reformadores, transformou-se no centro principal do protestantismo na Europa. As teologias calvinista e luterana possuem características racionais e radicais que inspiraram os movimentos liberais dos tempos modernos, tanto no que se refere ao Estado como também à igreja, e contribuíram poderosamente para o progresso e para a democracia em todo o mundo.
JOÃO KNOX (1513):
João Knox foi o fundador da igreja escocesa e mui justamente o chamaram de "pai da Escócia". Nasceu no ano de 1505, mais ou menos, na Baixa Escócia. Foi educado na Universidade de Sto. André, a fim de ser sacerdote; mas, em lugar de aceitar o sacerdócio, tornou-se professor. Somente no ano de 1547 João Knox abraçou a causa da Reforma. Foi preso, juntamente com outros reformadores, pelos franceses aliados da rainha regente e enviado à França onde serviu nas galés. Mais tarde foi libertado e voltou à Inglaterra, onde esteve alguns anos exilado, no reinado de Eduardo VI; depois da ascensão da rainha Maria, foi exilado no Continente. Em Genebra, Knox conheceu João Calvino e adotou sua idéias, tanto no que se refere à doutrina, como também ao governo da igreja. Em 1559 Knox voltou à Escócia e logo a seguir tornou-se o dirigente quase absoluto da Reforma em seu país. Conseguiu que a fé e a ordem presbiterianas alcançassem importância suprema na Escócia. Ali dirigiu a mais radical reforma que se verificou em qualquer país da Europa. Knox morreu no ano de 1572. Quando seu corpo baixava à sepultura, Morton, o regente da Escócia, apontou para a cova e disse: "Aqui jaz um homem que jamais conheceu o medo."
OS PURITANOS, THOMAS CARTWRIGHT (1535-1603):
Desejavam purificar a igreja, o culto, a família, a universidade e o governo à luz da Escrituras.
OS SEPARITISTAS, ROBERT BROWNE (1550-1633):
Ansiavam por uma igreja avivada sem as tradições mecânicas da liturgia católica e anglicana.
OS QUAKERS, GEORGE FOX (1624-1691):
Clamaram por um cristianismo mais espiritual e atacaram a superficialidade das igrejas na Inglaterra.
OS PIETISTAS, PHILIPP JAKOB SPENER ( 1635-1705):
Movimento contrário ao racionalismo que dominava a igreja. Ensinavam a necessidade da santidade e de renunciar o mundo.
OS MORÁVIOS, NICOLAU VON ZINZEDORF (1700-1760):
Um dos maiores avivamentos espirituais da história da Igreja começou num ensaio de um coro infantil. Como é comum numa reunião de crianças, elas estavam irrequietas: não queriam obedecer ao regente. Em determinado momento, um incidente se verificou: Sentiram algo diferente, como a presença de alguém. O dirigente começou a chorar. As crianças espantadas, ficaram em profundo silêncio. "Um sentimento de convicção de pecado tomou conta de todos e, uma a uma, as crianças confessaram seus pecados de desobediência.
O tempo foi passando...
Os pais, aflitos pela ausência dos filhos, dirigiram-se à igreja e, à medida que iam chegando, iam sendo "cativados pelo mesmo sentimento", todos, com uma profunda convicção de pecados.
Desse evento nasceu uma reunião de oração que durou cem anos, e um trabalho missionário como nunca antes visto.
O Conde Zinzendorf tinha 27 anos de idade quando passou por uma experiência extraordinária, fruto de sua vida consagrada à oração.
Os moravianos são descendentes espirituais do famoso reformador João Huss, e eram conhecidos pelo nome de "Os Irmãos". Muitos, para fugir à sanha dos perseguidores, refugiavam-se na Alemanha e na Saxônia, e encontravam asilo nas propriedades do Conde. Ali se reuniam os crentes de diversas correntes evangélicas: batistas, luteranos, "os irmãos", etc.
"Os irmãos" formavam um grupo de mais ou menos 300 pessoas.
A princípio, como era de se esperar, as questões doutrinárias não os deixavam em paz: o batismo, a predestinação, a santidade, e tantas outras... Esse fato deixou seriamente preocupado o jovem Conde.
Além do aconselhamento de líder do grupo, passou a dedicar-se seriamente à oração.
Nas memórias dos moravianos se diz que no dia 16 de julho de 1727 o Conde orou com tanto fervor e lágrimas, que foi o princípio das maravilhas ali operadas por Deus. Fizeram, então, os componentes do grupo, um pacto de se reunirem muitas vezes em Hutberg, a fim de orarem. Mas no dia 13 de agosto foi que aconteceu "O Pentecoste dos Moravianos". Um dos seus historiadores assim descreve:
"Vimos à mão de Deus e as suas maravilhas, e todos estiveram sob a nuvem de nossos pais, e fomos batizados com o Espírito Santo".
A partir daí, as missões moravianas se estenderam por todo o mundo. O historiador, doutor Werneck, diz:
"Esta pequena igreja, em vinte anos, trouxe à existência mais missões evangélicas do que qualquer outro grupo evangélico o fez em dois séculos".
Foram os primeiros a proclamar a evangelização dos pagãos como missão da igreja. Davam ênfase à paixão de Cristo e a necessidade de uma vida disciplinada, segundo a Bíblia.
OS METODISTAS, JOHN WESLEY (1703-1791):
Enfatizavam cultos com cânticos vibrantes, o estudo e a pregação bíblica por leigos, a ação social, e a santidade de vida. A pregação e a obra de J. Wesley inspiram-se no movimento “revivalista” inglês imbuído no pietismo e no puritanismo da época. O Movimento “revivalista” de Wesley influiu muito nas chamadas Igreja Livres da Inglaterra: presbiterianos, congregacionalistas e batistas. A própria Igreja Anglicana, embora oposta à prédica metodista, sofreu sua influência. A vida inglesa passou por uma profunda transformação em sua moral privada e pública. O nome de Wesley ficará para sempre como o do grande pregador que “revitalizou a vida religiosa e moral dos ingleses.”
O evangelista João Wesley é considerado um dos mais autênticos pais do pentecostalismo.
MOVIMENTO DE TRADIÇÃO DE FRONTEIRAS (SÉCULO XVIII):
Tradição de Reavivamento a oeste dos montes Apalaches formado por várias denominações. Movimento avivalista de fronteira caracterizado por biblicismo simples, autonomia da igreja local, vida cristã, liturgia evangélica, batismo no Espírito Santo com evidência inicial de línguas e dons espirituais.
O GRANDE DESPERTAMENTO, JÔNATAS EDWARDS E JORGE WHITEFIELD (1735):
JÔNATAS EDWARDS:
Alguém assim se referiu a Jônatas: "Sua constante e solene comunhão com Deus, em secreto, fazia com que o rosto dele brilhasse perante o próximo, e sua aparência, semblante, palavras e todo o seu comportamento eram acompanhados por seriedade, gravidade e solenidade". Certo é que na Nova Inglaterra começou, em 1740, um dos maiores avivamentos dos tempos modernos. É igualmente certo que este movimento se iniciou, não com os sermões célebres de Edwards, mas com a firme convicção deste, de que há uma "obra direta que o Espírito divino faz na alma humana". Note-se bem: Não foram seus sermões monótonos, nem a eloqüência extraordinária de alguns, como Jorge Whitefield, mas, sim, a obra do Espírito Santo no coração dos mortos espiritualmente, que, "começando em Northampton, espalhou-se por toda a Nova Inglaterra e pelas colônias da América do Norte, chegando até a Escócia e a Inglaterra".
JORGE WHITEFIELD
Havia "como um fogo ardente encerrado nos ossos" deste pregador, que era Jorge Whitefield. Ardia nele um zelo santo de ver todas as pessoas libertas da escravidão do pecado. Durante um período de vinte e oito dias fez a incrível façanha de pregar a 10 mil pessoas diariamente. Sua voz se ouvia perfeitamente a mais de um quilômetro de distância, apesar de fraco de físico e de sofrer dos pulmões.Não havia prédio no qual coubessem os auditórios e, nos países onde pregou, armava seu púlpito nos campos, fora das cidades. Whitefield merece o título de príncipe dos pregadores ao ar livre, porque pregava em média dez vezes por semana, e isso fez durante um período de trinta e quatro anos, em grande parte sob o teto construído por Deus -os céus.
BRAINERD (1745):
O desejo veemente da vida de Davi Brainerd era o de arder como uma chama, por Deus, até o último momento, como ele mesmo dizia: "Anelo ser uma chama de fogo, constantemente ardendo no serviço divino, até o último momento, o momento de falecer."
Brainerd findou a sua carreira terrestre aos vinte e nove anos. Contudo apesar de sua grande fraqueza física, fez mais que a maioria dos homens faz em setenta anos.
Sua biografia, escrita por Jônatas Edwards e revisada por João Wesley, teve mais influência sobre a vida de A. J. Gordon do que qualquer outro livro, exceto a Bíblia. Guilherme Carey leu a história da sua obra e consagrou a sua vida ao serviço de Cristo, e nas trevas da Índia! Roberto McCheyne leu o seu diário e gastou a sua vida entre os judeus. Henrique Martyn leu a sua biografia e se entregou para consumir-se dentro de um período de seis anos e meio no serviço de seu Mestre, na Pérsia.
O que Davi escreveu a seu irmão, Israel Brainerd, é para nós um desafio à obra missionária: "Digo, agora, morrendo, não teria gasto a minha vida de outra forma, nem por tudo que há no mundo."
NO MINISTÉRIO DE EDWARD IRVING (1830)
Um reavivamento ocorreu na Inglaterra, em torno de 1830, durante o ministério de Edward Irving.
OS IRMÃOS DE PLYMOUTH (1860)
Outro despertamento notório aconteceu no extremo sul da Índia, por volta de 1860, mediante a influência da teologia dos irmãos de Plymouth e sob a liderança do leigo indiano J. Aroolappen. Documentos contemporâneos a repseito de ambos os movimentos incluíam referências ao falar noutras línguas e à profecia.
DANIEL AWREY (1890)
Um ministro evangélico chamado Daniel Awrey recebeu o batismo do Espírito Santo, em sua plenitude pentecostal, em janeiro de 1890, na cidade de Delaware, Estado de Ohio, América do Norte.
OUTROS EXEMPLOS:
Um grupo de crentes pentecostais realizou uma convenção em 1897, na Nova Inglaterra. Mais ou menos na mesma época, manifestou-se um avivamento no estado de Carolina do Norte. No estado de Tennessee, segundo testemunho de Clara Smith, que mais tarde foi missionária no Egito, havia no ano de 1900 cerca de quarenta ou cinquenta pessoas batizadas com o Espírito Santo. No mesmo ano manifestou-se um avivamento pentecostal entre um grupo de crentes de nacionalidade sueca na cidade de Moorhead, Estado de Minnesota, cujos resultados são notáveis ainda na atualidade.
Muitas das pessoas que participaram desses avivamentos participam, atualmente, do Concílio Geral das Assembléias de Deus. Contudo, essa organização religiosa deve sua existência primeiramente ao derramamento do Espírito Santo sobre um grupo de crentes sinceros na cidade de Topeka, estado de Kansas, no ano de 1901. Pequenos grupos de obreiros cristãos, procedentes desse avivamento, espalharam-se pelos estados de Kansas, Oklahoma, e posteriormente Texas.
Em os que esperavam o recebimento do poder do Espírito para evangelizar rapidamente o mundo, achava-se o pregador da Santidade, em Kansas, Charles Fox Parham e seus seguidores. Convencido pelos seus próprios estudos de Atos dos Apóstolos, e influenciado por Irving e Sandford, Testemunhou Parham um reavivamento notável na Escola Bíblica Bethel, em Topeka, Kansas, em janeiro de 1901. A maioria dos alunos, bem como o próprio Parham, regozijaram-se por terem sidos batizados no Espírito Santo e de haverem falado noutras línguas (xenolália). Assim como Deus concedera a plenitude do Espírito Santo aos 120 no Dia (At 2.39). E, na realidade, a “fé apostólica” da igreja do Novo Testamento foi, finalmente, restaurada de forma plena.
Topeka contribuiu para o reavivamento ( que passou a ter imprtância internacional) da rua Azusa, em Los Angeles, Califórnia (1906-1909). Seu líder principal era o afro-americano William J. Seymour. As notícias das “chuvas serôdias” (cf. Jl 2.23) espalharam-se rapidamente por outros países através do jornal de Seymour, Apostolic Faith, e mediante os esforços dos que saíram das reuniões da Rua Azusa às várias partes do Norte e ao estrangeiros.
A distintiva contribuição teológica de Parham ao movimento acha-se na sua insistência de que o falar noutras línguas representa a “evidência bíblica” vital da terceira obra da graça: o batismo no Espírito Santo, claramente ilustrada nos capítulos 2, 10 e 19 de Atos dos Apóstolos.
O Movimento da Santidade:
A ênfase voltada à vida santificada, mas sem mencionar o falar noutras línguas, registrado nas Escrituras (“derramamento do Espírito”, “batismo no Espírito Santo”, “língua de fogo”), tornou-se “marca registrada” da literatura e hinódia do Movimento da Santidade. A teologia da santidade, com sua crença na purificação instantânea do pecado ou no revestimento de poder do espírito Santo, produziu um ambiente receptivo aos ensinos da cura imediata através da fé.
As características cada vez mais “pentecostais” do Movimento da Santidade deixavam seus adeptos dispostos a considerar os dons do Espírito Santo na vida da Igreja.
Na virada do século, o Movimento da Santidade passava a preocupar-se com a “reforma pentecostal da doutrina wesleyana”, bem com os quatros temas do evangelho integral. Mas quando do início do Movimento Pentecostal, poucos anos mais tarde, a prioridade foi dada ao dom de línguas, distinguindo-o teologicamente do Movimento da Santidade.