A EPÍSTOLA DE PAULO AOS EFÉSIOS
A Epístola dos Lugares Celestiais.
A Epístola aos Efésios leva-nos às maiores alturas da posição cristã.
INTRODUÇÃO
Paulo dedicou a vida a ensinar aos gentios que eles podiam ser cristãos sem se tornar prosélitos dos judeus. Em geral isto desagradava a estes porquanto, na sua concepção, a Lei mosaica obrigava a todos, e tinham profundos preconceitos contra os gentios
1. Autor. Paulo
2. Data e Ocasião. Éfeso foi escrita de Roma em 64 d.C. É a primeira em ordem das cartas escritas durante o encarceramento romano, e foi enviada, junto com Colossenses e Filemom, por mão de Tíquico. Os judeus nas igrejas primitivas se inclinavam a ser exclusivos e a separar-se de seus irmãos gentios. Esta situação na igreja de Éfeso pode ter motivado o apóstolo a escrever esta carta, cuja idéia fundamental é a unidade cristã.
3. Tema: O assunto da epístola é: “A História, a Unidade, a Glória e o Destino da Igreja de Deus. “Paulo se empenhou tanto pela Unidade da Igreja, hoje muitos querem dividi-la a qualquer custo e pretexto”.
4. Características da Epístola aos Efésios.
• É a carta mais impessoal de Paulo.
• Faz parte das 4 Epístolas da Prisão (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom)
• É a Epístola da Eclesiologia.
• Ela contém a mais elevada verdade da Igreja, mas nada diz sobre a ordem na Igreja. Igreja aqui é a verdadeira Igreja, não a igreja local.
• Há 6 capítulos nesta epístola, 3 doutrinários e 3 exortativos.
• Encíclica: É uma epístola circular.
5. A Cidade de Éfeso. Éfeso era uma poderosa fortaleza da idolatria e viveiro de superstição. Paulo realizou um grande evangelismo naquela cidade – como resultado direto das suas pregações os cidadãos de Éfeso queimaram seus livros de ocultismo, o valor dos livros queimados chegou a 50 mil peças de prata! Foi uma grande perda financeira, mas podemos ter a certeza de que os efésios receberam recompensa abundante quando Paulo mandou-lhes esta epístola de valor incalculável, que é considerada uma das mais profundas de todo o Novo Testamento.
6. As Condições Espirituais e Morais da Cidade de Éfeso:
(1) Os divertimentos daqueles dias eram brutais e degradantes.
(2) Baixos padrões de comportamento eram ensinados nos teatros.
(3) Nos anfiteatros, escravos, cativos e criminosos lutavam entre si até a morte, para satisfazer o desejo do povo – ver sangue.
(4) O casamento perdera a sua santidade.
(5) Crianças malformadas ou doentias eram abandonadas e expostas para morrer.
(6) A sociedade era indulgente para com o vício.
7. A Igreja de Éfeso: Leia a narrativa da fundação da igreja em Éfeso (At 10)
8. Síntese: Escrita à igreja de Éfeso. É uma exposição do glorioso plano de salvação. Enfatiza especialmente o fato de que foram derrubadas todas as barreiras entre judeus e gentios.
9. Análise:
SEÇÃOTEOLÓGICA
• Cap 1.
1) A Saudação (1,2)
2) A Origem divina da Igreja (3-6)
3) O Plano de Salvação.
1- Por meio da obra redentora de Cristo (7-8)
2- Seu alcance é universal (9-10)
3- Garante uma rica herança espiritual (11-14)
4- Oração para que os crentes possam ser iluminados quanto às riquezas de suas provisões (15-23)
• Cap 2.
1) O plano provê uma ressurreição espiritual longe do pecado, e exaltação do crente aos lugares celestiais (1-6)
2) Esta exaltação depende inteiramente da graça, e não das obras (7-10)
3) Inclui os gentios, que estavam apartados de Deus, mas que foram aproximados por causa do sangue de Cristo (11-13)
4) Remove todas as barreiras entre judeus e gentios, e os une em um corpo para habitação do Espírito (14-22)
• Cap 3.
1) Os mistérios do propósito divino são revelados a Paulo, e sua designação como apóstolo aos gentios (1-12)
2) A segunda oração de Paulo pela plenitude espiritual da igreja e sua iluminação acerca do amor incomparável de Cristo (14-21)
SEÇÃO PRÁTICA
• Cap.4
1) A unidade dos crentes (1-16)
a) No Espírito (1-3)
b) As sete unidades mencionadas (4-6)
c) A diversidade de dons e a unidade do corpo de Cristo (7-16)
2) A vida cristã conseqüente (17-32), o andar dos crentes:
a) Não como os pecadores (17-21)
b) Em uma nova vida, abandonando os pecados passados (22-32).
• Cap.5
a) Andar em amor e pureza (1-7)
b) Andar na luz (8-14)
c) Andar com cuidado, cheios do Espírito (15-21)
3) A vida no lar:
a) Deveres dos esposos e das esposas (22-23)
• Cap.6
b) Deveres dos filhos, dos pais, dos servos, e dos senhores (1-9)
4) A Luta Espiritual:
a) A Fonte de Fortaleza (10)
b) A Armadura e os Inimigos (11-18)
5) Palavras finais e bênçãos. (19-24)
SAUDAÇÕES
I. A POSIÇÃO DOS CRENTES (1.3-3.21)
1. Escolhidos e Selados. (1.3-23)
(1) Louvor à Deus. Paulo bendiz a Deus por tudo o que tem feito por seu povo.
1- Ele nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo. “Em Lugares Celestiais” é uma expressão que se repete 4vezes nesta epístola (1.3; 2.6; 3.10; 6.12). Significa: A esfera espiritual em que somos introduzidos.
2- Os crentes são escolhidos (4). Predestinados (5), e aceitos, tudo no Amado (6). Um corpo escolhido, mas a escolha é feita de acordo com a presciência de Deus (1 Pe 1.2)
Adoção: (Gr.huithesia)
3- Estes crentes têm:
• Redenção.
• Perdão.
• Sabedoria.
• Prudência.
• Conhecimento da vontade de Deus. (7-9)
Lutroo: “Soltar mediante pagamento” (1.7; 1 Pe 1.18; Rm 3.24)
4- O Sangue Redentor.
• Redenção do Juízo.
• Redenção da Morte.
• Redenção do Inferno.
5- O propósito de Deus é “Congregar em Cristo todas as coisas” e fazer uma criação inteiramente nova, da qual o Senhor Jesus é a cabeça e a Igreja, o corpo em que Ele manifesta sua plenitude e glória (22,23)
6- Deus já nos deu seu Espírito: Que é o sinal e penhor de que Ele completará a obra. Que perspectiva gloriosa.
(2) Oração à Deus. Temos aqui a primeira das duas grandes orações do apóstolo nesta carta. A primeira pede Luz, a segunda Amor.
1- A Ocasião da Oração (15,16). Esta em tudo que precede “por esta causa (15)
2- O Objetivo da Oração (17-19a) É duplo:
• Preparativo (17,18a): Que os crentes tenham o pleno Conhecimento de Deus, como resultado de uma iluminação espiritual.
• Progressivo. O Objetivo Progressivo é triplo.
3- A Perspectiva da Oração (19b-23) Depois segue a respectiva da oração, na qual brilha a verdade da ressurreição, entronização e autoridade de Cristo.
“Deus chama atenção do universo àquele que está orando”
– Orlando Boyer
2. Salvos pela Graça. (2.1-10)
“Não sãos as boas obras que fazem o homem bom, mas o homem bom faz as boas obras”
(1) Descrição dos Descrentes:
1- Mortos em pecados:
• Insensíveis.
• Impotentes como cadáveres.
• Corruptos.
• Mortos espiritualmente.
2- Andando segundo o curso deste mundo. Um andar não necessariamente imoral ou irreligioso, mas um andar mundano: “sem Deus no mundo” (12)
3- Levados por satanás. O espírito do mal, que dirige o curso deste mundo e determina as ações dos filhos da desobediência.
4- Vivendo em concupiscências carnais. Entregues aos prazeres do corpo e da mente.
5- Longe de Deus: Nós antes estávamos:
• Sem Cristo:
• Sem Igreja. Separados da comunidade de Israel. (Rm 9.4,5)
• Sem Aliança. “Estranhos aos concertos da promessa”
• Sem Esperança. Nenhuma esperança de tempos melhores, nenhuma esperança de satisfação espiritual, nenhuma esperança de felicidade futura, só tinham no futuro deles a escuridão da sepultura e o terror do juízo.
• Sem Deus. Crendo na sua realidade – negando-o através do nosso modo de viver.
(2) Um Novo Quadro: Depois de pintar este quadro tão negro, o apóstolo apresenta outro, cheio de formosura, com as palavras “MAS DEUS”, e fala, entusiasmado:
1- Do seu Grande Amor. Que se manifesta em misericórdia, e que se manifestará no porvir nas abundantes riquezas da sua graça (7).
2- Do seu Poder Vivificador. Que chama à vida os mortos e os assenta juntamente com Cristo nos lugares celestiais (5,6)
3- Da Natureza da Salvação. Podemos indagar se apreciamos devidamente tudo, que a graça de Deus deve significar para nós mesmos, e se temos provado todo seu poder salvador?
“Uma igreja morta, nunca vai evangelizar um mundo perdido”
“A salvação foi preparada para todas as pessoas, o problema é que nem todas as pessoas estão preparadas para a salvação”
- Raimundo de Oliveira.
Os Três Níveis de Vida:
1) O Nível do Instinto: Aqueles que vivem nesse nível fazem exatamente o que querem.
2) O Nível da Consciência: Aqueles que vivem nesse plano fazem aquilo que devem. Agem impulsionados por um sentido de dever.
3) O Nível da Graça: Aqueles que vivem nesse nível gostam de fazer aquilo que devem fazer
4- Do Verdadeiro Lugar das Obras. Primeiro salvos, depois trabalhando. Aqui temos 3 referências às obras:
• A Salvação não provém das obras (8).
• Não podemos merecê-la. Deus opera (10).
• Somente Ele pode salvar. “para as boas obras (10).
3. Unidos em um Corpo (2.11-22) – Agora Cristo é a nossa paz (14). Isto é, quem fez a paz entre judeu e gentio. Como é Ele a paz? Ele é a paz:
(1) Salvando o judeu das suas ordenanças (15) Elas não o podem salvar, e apenas o condenavam como transgressor, porque os judeus nas as guardava. Assim o Senhor tirou essas ordenanças abolindo-as como meio de salvação.
(2) Morrendo pó judeu e gentio. Dando-lhes uma salvação comum. Assim foram reconciliados, não somente com Deus, mas um com o outro, na sua morte. Não há mais diferença entre eles: judeus e gentios formam “um corpo” (16).
(3) Pregando a paz na mesma base (17).
(4) Dando o mesmo Espírito (18). Por quem eles têm acesso ao Pai. Assim há agora um santo Templo, edificado de pedras vivas – a Igreja de Deus – que é a morada de Deus pelo Espírito (21,22)
(5) O Fundamento (20). Os apóstolos e profetas não são o fundamento, mas puseram o fundamento. “Outro fundamento ninguém pode pôr além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo (1 Co3.11)
4. Iguais no Corpo – O Mistério – (3.1-21)
(1) A Igreja – Um Segredo Escondido Durante os Tempos Antigos. (1-13) Não podemos compreender todo o alcance dessa revelação sem entender o exclusivismo dos judeus, pois julgavam que, fora da nação escolhida, não havia salvação.
1- Não fora revelado em outras gerações. Os judeus nem ao menos sonharam em semelhante coisa; os profetas nunca disseram; não é referido no V.T.
2- Paulo aprendeu esse segredo por uma revelação especial. Ele o chama de “O Mistério” (3,4), isto é, O Segredo de Deus.
3- Paulo recebeu graça especial para pregar esse segredo (7). Chamou-o “as riquezas incompreensíveis de Cristo” (8). Riquezas de graça e misericórdia, transbordando em bênçãos para pecadores gentios.
(2) A Segunda Oração (14-21)
1- Que sejam fortalecidos espiritualmente. Necessitamos ser fortes espiritualmente para sermos arraigados e fundados em amor (17)
2- Que Cristo habite nos seus corações pela fé. O coração tão constantemente ocupado com Cristo, que governe todo o nosso pensamento.
3- Que sejam arraigados e fundados em amor. Para que o amor seja o motivo e a força de todas as ações.
4- Que compreendam o amor de Cristo na sua quádrupla medida:
• Sua largura: O mundo inteiro.
• Seu cumprimento. Para eternidade.
• Sua profundidade. Faz pensar na Cruz, amor até a morte.
• Sua altura: Sugere o Céu, a consumação do amor de Cristo será ter-nos com Ele na Casa do Pai.
5- O apóstolo afirma que esse amor ultrapassará o conhecimento.
6- Que sejam cheios de toda a plenitude de Deus. (ver 4.13)
II. A PRÁTICA DOS CRENTES (4.1-6.9)
1. Em Relação a Outros Crentes– A Nossa Vocação. (4.1-6)
(1) As 5 Características de Um Andar Digno de Nossa Alta Vocação (1-3)
(2) A Sétupla Unidade do Espírito (4-6)
2. Em Relação aos Dons Ministeriais (4.7-16). Podemos notar que são distribuídos entre diversas pessoas, de maneira que na Igreja de Deus, cada membro do Corpo tem o seu préstimo individual. O versículo 13 expressa o sublime fim proposto mediante os variados dons dado à Igreja de Cristo: “até que todos cheguemos...à medida da estatura completa de Cristo” Nenhum crente pode individualmente expressar entre seus vizinhos toda a graça de Cristo – somente o Corpo todo poderá manifestar completamente todo o caráter da sua divina Cabeça, mas cada crente deve expressar alguma coisa de Cristo, de maneira que quem lida com o crente possa aprender ao menos um pouco do que Cristo é.O aperfeiçoamento dos santos, sendo os santos membros do Corpo de Cristo, seria evidentemente o colocar cada um deles no seu lugar; esse lugar é de ministério. Cada membro do Corpo deve prestar algum serviço para o bem geral. Alguns membros ficam mais ocultos do que outros. Mas cada membro do Corpo é um contribuinte, e, se tem saúde, terá atividade.
(1) Poimenas kai didas kalous gr. “pastores e mestres” (4.11)
“Quando começamos como aprendizes, somos solicitados como mestres”
3. Em Relação à Vida Anterior – A Santidade Cristã (4.17-32)
(1) O Homem Velho é o que eu era por natureza; o novo o que sou pela graça de Deus.
(2) O Novo Homem – Suas Características:
1- Abnegação: (4.22) O Cristão deve lançar os desejos ruins, fora, assim como alguém tira uma roupa suja.
2- O Pensar Correto (4.23). Como alguém pensa no coração, assim é. Devemos ter “a mente de Cristo”.
3- A Vida Santa. (4.24)
4- A Verdade no Falar (4.25) A palavra de um Cristão, deve ser a sua obrigação firme.
5- Bom Humor. “Irai-vos e não pequeis” (26). O crente deve indignar-se na presença do mal, mas precisa cuidado para que uma justa indignação não degenere em pecado. E, em todo caso, não deve guardar o seu ressentimento – Nem toda a ira é pecaminosa.
Quando a ira é pecaminosa?
1) Quando é incapaz de ser governada.
2) Quando interfere com o amor.
3) Quando é permanente.
4) Quando é egoísta.
5) Quando dá a satanás uma oportunidade para trabalhar.
6- Honestidade. (4.28)
7- Conversação santa (4.29,30)
8- Bondade (4.31-5.2)
4. Em Relação ao Mal (5.1-17)
5. Em Relação ao Espírito Santo (5.18-21)
6. Em Relação à Vida Familiar (5.22-6.4)
7. Em Relação a Senhores e Escravos (6.5-9)
III. A PROTEÇÃO AOS CRENTES
Este trecho trata do poder da armadura e dos inimigos do guerreiro cristão. O poder do crente está “no Senhor”, à semelhança de um menino que, quando perseguido pelos companheiros, se anda de mãos dadas com seu pai, enfrenta-os confiadamente.
1. A Natureza da Nossa Batalha (6.10-12)
A armadura de Deus é relatada nos versículos 13-18:
2. As Armas da Nossa Batalha (6.13-24)
(1) O Cinto da Verdade. Verdade, em tudo, é uma proteção importante na nossa vida espiritual.
(2) A Couraça da Justiça. O crente que não anda com justiça será facilmente derrotado pelo inimigo.
(3) O Calçado do Evangelho da paz. Por onde o crente anda deve deixar um rasto do Evangelho e sinais que ele pertence a “gente de paz”. Um cristão contencioso é uma contradição, uma anomalia.
(4) O Escudo da Fé. Notemos o artigo definido. Significa aqui a Palavra de Deus para nossa defesa. Cristo serviu-se deste escudo 3 vezes quando resistiu ao Diabo.
(5) O Capacete da Salvação. Isaías 59.17 diz: “Pós o elmo de salvação sobre sua cabeça” A idéia parece ser da certeza da salvação de Deus... a esperança segura e certa guarda mente das incertezas e dúvidas.
(6) A Espada do Espírito. A saber, a Palavra de Deus empregada pelo Espírito para convencer e assegurar.
(7) A Oração. Alguns poderes (12) somente podem ser vencidos pela oração.
SAUDAÇÕES FINAIS.
1. A oração deve ser constante. Dirigida pelo Espírito Santo, e feita “por todos os santos”, perseverante, e contento súplicas-[rogos urgentes]
2. O servo de Deus deve e pode contar com as orações dos crentes seus conhecidos.
3. Um crente pode ser: “irmão amado” e também “fiel ministro”
4. Paz, amor e fé podem resultar da nossa comunhão com Deus.
EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS