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GEOGRAFIA BÍBLICA

GEOGRAFIA BÍBLICA
A História situa o drama humano no tempo. Pelas asas da cronologia, leva-nos a acompanhar os passos de nossos ancestrais até os nossos dias. Possuímos, porém, uma exigente concepção espacial. Curiosos, de quando em quando, indagamos: "Onde, exatamente, deu-se tal fato?" A Historiografia, por ser documental e limitar-se às crôni¬cas, não pode responder-nos tais questões com precisão.
Recorremos, então, à Geografia.
Situando-nos nos palcos da tragédia humana, dá-nos uma idéia mais ampla e mais clara do nosso passado. Atra¬vés dessa ciência, trilhamos os caminhos de nossos pais e demarcamos os raios de ação de nossos filhos.
Mas, qual a afinidade entre a História e a Geografia?
Afrânio Peixoto responde: "A Geografia será assim a ciência do presente, explicada pelo passado; a História, a ciência do passado, que explica o presente. "
Conscientes dos reclamos temporais e espaciais do es¬tudioso das Sagradas Escrituras, escrevemos esta obra. Unindo a História à Geografia, possibilitamos ao leitor lo¬calizar os fatos no tempo e no espaço, desde os primeiros representantes da raça humana até os apóstolos de Cristo.
Faremos uma fascinante viagem da Mesopotâmia à Europa. Percorreremos os caminhos antigos, para com¬preendermos por que a nossa fé é tão atual. A Bíblia fornecer-nos-á o roteiro. Ás informações geográficas contidas nas Sagradas Escrituras são exatas e reconstituem, com fi¬delidade e riqueza de detalhes, a topografia e as divisões políticas da antigüidade. O Estado de Israel, a propósito, com base em informações bíblicas, redescobriu várias mi¬nas exploradas pelo rei Salomão que, hoje, continuam a produzir divisas à essa jovem nação.
Entretanto, vejamos como se desenvolveu essa ciência chamada Geografia. Comecemos por defini-la.
I - O QUE É A GEOGRAFIA?
Segundo a etimologia da palavra, "geo" terra; "graphein" descrever, a Geografia limitou-se, de fato, du¬rante séculos, a descrever a Terra. Entretanto, a partir do Século XIX, assumiu um caráter científico. Não mais li¬mitou-se à descrição; passou, também, a explicar os fatos.
No entanto, as definições variam de autor para autor.
Para o alemão Alfred Hettner, Geografia é o ramo de estudos da diferenciação regional da superfície da Terra e das causas dessa diferenciação.
Richard Hartshorne declara ser o objetivo da Geogra¬fia "proporcionar a descrição e a interpretação, de maneira precisa, ordenada e racional, do caráter variável da su¬perfície da Terra".
Ambas as definições, porém, "carecem de consenso sobre o que se entende por superfície da Terra". A Enciclo¬pédia Mirador Internacional pondera: "Tomar como tal apenas a face exterior da camada sólida e líquida, ilumina¬da pela luz do Sol, eqüivale a suprimir do campo de interesse geográfico as minas e a atmosfera. Nesta ocorrem os fenômenos meteorológicos e se configuram os tipos climá¬ticos de profunda influência na vida de todos os seres e, particularmente, na atividade humana.
II - A GEOGRAFIA ATRAVÉS DA HISTÓRIA
1.1 Na Antigüidade
Os conhecimentos geográficos dos egípcios limitavam-se ao Nordeste da África, à Ásia Ocidental e à Assíria. Os fenícios e gregos foram mais longe. Estimulados por inten¬sas transações comerciais, vasculharam o mar Mediterrâ¬neo. Afoitos e aventureiros por natureza, fundaram Cartago, em 800 a.C, transpuseram o estreito de Gibraltar e chegaram às ilhas britânicas. Eles, afirmam alguns estu¬diosos, aportaram, inclusive, nas costas brasileiras, onde deixaram inscrições em vários monolitos.
Mais comedidos, os gregos limitaram-se à região do Mediterrâneo. Fundaram diversas cidades, entre as quais Massília (atual Marselha). Alexandre Magno foi quem alargou os conhecimentos geográficos dos helenos, em vir¬tude de suas rápidas, fulminantes e dilatadas conquistas. Saindo da Macedônia, na Europa Oriental, ele alcançou a índia, no Extremo Oriente.
Renomados pensadores gregos dedicaram-se ao estudo da Geografia: Píteas, Heródoto, Hipócrates, Anaximandro, Tales, Eratóstenes e Aristóteles. Concebiam os ocea¬nos unidos em uma só massa líquida e os continentes em uma só massa de terra. O primeiro conceito seria corrobo¬rado por navegadores europeus dos séculos XV e XVI.
1.2 - Em Roma
Pragmáticos, os romanos não se limitaram ao mundo conhecido pelos gregos. Foram além. Em virtude de suas vastíssimas conquistas, alargaram, sobremaneira, os co¬nhecimentos geográficos de então. Seus generais, durante as guerras expansionistas, elaboraram minuciosos relató¬rios acerca das novas possessões romanas. Júlio César, por exemplo, escreveu "Comentários sobre a guerra contra os gauleses", obra riquíssima em informações geográficas.
Políbio e Estrabão deixaram importantes tratados geográficos. Os trabalhos de Estrabão, aliás, são tão abali¬zados que foi chamado o pai da Geografia. Sem os seus apontamentos, os geógrafos posteriores encontrariam enor¬mes dificuldades para elaborar descrições mais acuradas da Terra.
1.3 - Na Idade Média
A Geografia não progrediu na Europa durante a Idade Média. Detentor do monopólio cultural, o clero só transmi¬tia ao povo as informações que, segundo seu critério, esti¬vessem de conformidade com os textos sagrados e com as tradições católicas. Apesar das Cruzadas à Terra Santa, não houve progresso sensível nas informações geográficas.
Muitos conceitos bíblicos foram deturpados nessa é-poca pela "Santa" Sé. Os padres ensinavam ser a Terra plana, em uma despropositada alusão à mesa do Taberná-culo. Afirmavam, também, ser o Sol o centro do Universo, ao interpretar, erroneamente, uma passagem do livro de Josué.
Censurados, os escritos de Marco Polo em nada con¬tribuíram para o desenvolvimento da Geografia. Os povos pagãos, entretanto, livres dos tentáculos de Roma, apre¬sentaram notáveis progressos nessa ciência, notadamente os víquingues.
Com o islamismo, os conhecimentos geográficos foram dilatados. Os árabes chegaram à China, embrenharam-se na Rússia e dominaram a África. Ibn Haw'qal deixou im¬portante obra, contendo preciosas descrições das terras conquistadas pelos maometanos. A Geografia, para o Islã, é uma ciência agradável a Deus, por facilitar a peregrina¬ção dos fiéis a Meca.
1.4 - Tempos Modernos
Com as descobertas de novos continentes, Portugal e Espanha deram inestimável contribuição à Geografia. 0 capitalismo mercantilista do Século XV, XVI e XVII, le¬vou ambos esses povos ibéricos às mais remotas regiões do Globo. O descobrimento do Novo Mundo marcou, de for¬ma definitiva, o fim de uma era de obscurantismo. Finalmente, o homem redescobria uma verdade elementar dita no Século VIII a.C. pelo profeta Isaías: a Terra é esférica. Galileu. enfim, tinha razão.
A partir dos feitos de Colombo. Vasco da (lama e Cabral, começaram a ser produzidas, com mais regulari¬dade, obras geográficas especializadas. 0 jovem alemão Varenius. notável pela sua genialidade, escreveu dois tra¬tados: Geografia generalis e Geografia specialis. O segundo trabalho, aliás, não pôde ser completado, por causa da morte prematura do autor.
Kant empreendeu vários estudos geográficos, objeti¬vando conhecer empiricamente o mundo.
III - A ESTRUTURAÇÃO CIENTÍFICA DA GEO¬GRAFIA
Deve-se a dois sábios alemães, a estruturação da Geo¬grafia como ciência. Ambos viveram na mesma época é. durante algumas décadas, em Berlim. Alexander von Humboldt (1769-1859) e Carl Kitter (1779-1859). Influen¬ciados por Varenius e Kant, traçaram novos métodos e ru¬mos para a Geografia.
Eles não objetivavam contrariar os postulados de seus antecessores. Apôs seus estudos, porém, tornou-se possí¬vel, por exemplo, fazer a correlação dos fenômenos carac¬terísticos de uma região. A Geografia deixou de ser um mero acervo de dissertações e descrições á disposição de militares e administradores, para tornar-se uma ciência madura e dinâmica. Hoje. aliás, lançamos mão de seus métodos, inclusive, para confirmarmos a veracidade e a exatidão das informações bíblicas.
IV - A GEOGRAFIA BÍBLICA E A SUA IMPORTÂN¬CIA
Farte da Geografia Geral, a Geografia Bíblica tem por objetivo o conhecimento das diferentes áreas da Terra re¬lacionadas com as Sagradas Escrituras. Descrevendo e de¬limitando os relatos sagrados, dá-lhes mais consistência e autenticidade e auxilia-nos na interpretação e compreen¬são dos fatos bíblicos.
A Geografia Bíblica, definida por Mackee Adams como o "painel bíblico em que o Reino de Deus teve o seu início e onde experimentou seus triunfos". é indispensável a todos os estudiosos da Bíblia.
Primeira Parte
A cosmogonia hebraica
Sumário: Introdução. I - A matéria original. II - A esfericidade da Terra. III - Heliocentrismo ou geocentrismo? IV - O Supremo Comandante do Universo.
INTRODUÇÃO
Apesar de não ser um livro científico, a Bíblia não emite nenhum conceito errôneo acerca da formação do Universo. Sua doutrina cosmogônica tem sido corroborada por cientistas das mais diferentes especialidades.
Podemos confiar sem reservas nas Sagradas Escritu¬ras.
Por causa das absurdas interpretações do catolicismo romano, a Bíblia sofreu impiedosas investidas de muitos "sábios segundo o mundo". Tacharam-na de retrógrada e alienígena. Iluministas e renascentistas, dando excessiva ênfase à razão, consideraram-na um livro anacrônico.
O Livro dos livros, entretanto, continua atual, mos¬trando, em todas as épocas, sua contemporaneidade, seus conceitos, imbatíveis, sua cosmogonia lógica e plausível.
I - A MATÉRIA ORIGINAL
Existiu, realmente, o que os gregos denominaram de matéria original? Caso tenha existido, como podemos identificá-la? Como a Bíblia se posiciona a respeito?
Vejamos, em primeiro lugar, como os helenos encara¬vam a questão da matéria original.
Anaximandro, pertencente à Escola Jônica, defende que o mundo teve origem a partir de uma substância inde¬finida: o "apeiron" em grego, sem fim.
Para Tales de Mileto, era a água o elemento do qual todos os demais são originários. Ele foi levado a posicionar-se, dessa forma, explica Aristóteles, depois de observar a presença da água em todas as coisas.
Anaxímenes de Mileto afirma ser o ar o princípio de tudo. Até o fogo, argumenta, depende do ar. O que dizer da água em estado gasoso? Tivéssemos, entretanto, oportuni¬dade de questioná-lo, perguntar-lhe-íamos: "Qual a ori¬gem do ar?" Será que ele poderia responder-nos? Não bas¬ta asseverar ser este ou aquele elemento a matriz da ordem cósmica. Interessa-nos saber, acima de tudo, como surgiu o Universo.
Acreditava Heráclito estarem todas as coisas em cons¬tante devenir. Tudo corre, tudo flui, ensinava. Se o Cosmo transmuta-se sem parar, para onde caminhamos? Se a or¬dem física altera-se indefinidamente, em um futuro próxi¬mo seremos precipitados em um imensurável abismo. A teoria heraclitiana em vão tenta explicar-nos o surgimento do mundo.
Cria Empédocles serem quatro os elementos originais: ar, água, terra e fogo. Mais tarde, essa tese seria esposada por Aristóteles e, por mais de vinte séculos, foi tida como dogmática. Platão não a aceitava: Diz ele: "Os quatro ele¬mentos parecem contar um mito, cada um o seu, como faríamos às crianças".
Anaxágoras declara o seu credo. O Universo é formado por diminutas partículas. Para o pensador de Clazomena. elas podem estar em estado inanimado ou não. Aristóteles denominou-as de hemeomerias. A semelhança dos outros sábios gregos, deixou-nos na ignorância. 20
Leucipo, principal representante da Escola Atomística, aperfeiçoada por Demócrito, apregoa serem todas as coisas, inclusive a alma, compostas por corpúsculos, in¬visíveis a olho nu. Esses corpúsculos são conhecidos como átomos.
Alguns pensadores gregos, todavia, aproximaram-se timidamente do criacionismo bíblico.
Pitágoras de Samos, em seu cego devotamento pela matemática, aponta Deus como a Cirande Unidade e o Nú¬mero Perfeito. Dele, aduz, nasceram os mundos e o ho¬mem.
Fundador da Escola Eleática, Xenófanes mostra-se monoteísta. Não hesita em desprezar a mitologia helena, por crer que o Universo é obra de Deus, do único Deus.
O que diz a Bíblia acerca da matéria original?
O autor da Epístola aos Hebreus escreve: "Pela fé en¬tendemos que foi o Universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem" (Hb 11.23).
Pela fé, apenas pela fé. Ousaria alguém fazer seme¬lhante afirmação? É-nos impossível, por causa de nossas limitações, entender como Deus criou o Cosmo do nada. Os escritores sagrados descartam, radicalmente, a existên¬cia de uma matéria original. Para eles, todas as coisas fo¬ram criadas, simplesmente, pela palavra de Deus.
Não há explicação mais plausível e convincente!
No Areópago, Paulo mostra-se convicto ante os filóso¬fos epicureus e estóicos: "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe..." (At 17.24). Homem de fé, assevera aos exigentes helenos que, do nada, do não-ser, o Todo-poderoso fez os céus e a Terra.
Os gregos, durante séculos, receberam de seus sábios as mais desencontradas e absurdas idéias acerca do apare¬cimento do Universo. O apóstolo, contudo, rejeita-as e ex¬põe-lhes as mais cristalinas verdades concernentes à gêne¬se do Universo.
É muito importante ao homem saber sua origem e a de seu habitai. Mostremos, pois, aos que jazem em trevas ser Deus o Criador do Universo. Mostremos, acima de tudo, ser Deus rico em misericórdia e que, não obstante seu imenso poder, está pronto a receber-nos por intermédio de -Jesus!
II - A ESFERICIDADE DA TERRA
Alguns sábios egípcios acreditavam estar a Terra sus¬pensa sobre cinco colunas. Outros admitiam haver sido o nosso mundo chocado de um descomunal ovo cósmico. Os mais desvairados diziam estar a linda esfera azul librando-se no infinito com um magnífico par de asas.
Moisés, embora fosse educado em toda a ciência do Egito, jamais transportou para seus escritos quaisquer res¬quícios da mitologia e da cosmogonia egípcias. Inspirado pelo Espírito Santo, revela-nos a verdadeira gênese dos céus e da Terra.
Os gregos, não obstante seu espírito inquiridor e apego ao saber, só descobririam as verdades reveladas aos santos do Antigo Testamento concernentes à esfericidade e ao movimento da Terra, séculos mais tarde.
Cognominado de o "pai da ciência", Tales de Mileto, que viveu um século após Isaías, desconhecia a forma da Terra. Ele a imaginava com o formato de um pires.
Anaxágoras, contemporâneo de Tales, ensinava ter o nosso habitat forma cilíndrica e que se mantinha centrado no espaço, em virtude da pressão atmosférica.
Insuperável em seus conhecimentos, Pitágoras, depois da Bíblia, foi o primeiro a declarar ser a Terra uma esfera em constante movimento. Seus postulados só seriam ultra¬passados por Copérnico, que nasceria quase dois milênios após sua morte.
Aproximando-se da moderna astronomia, Aristarco conclui, no Século III a.C, ser a Terra muito menor do que o Sol. Descobriu, também, estar o nosso planeta movendo-se em redor do astro-rei.
A forma da Terra é, realmente, esférica?
Responde-nos a Bíblia, por intermédio do profeta Isaías: "Ele |Deus| é o que está assentado sobre o globo da Terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos: ele é o que estende os céus como tenda para neles habitar..." (Is 40.22.) Essa verdade foi dita no Século VIII a.C e conti¬nua atual. Não pode ser contestada!
III - HELIOCENTRISMO OU GEOCENTRISMO?
Ensinadas, principalmente por Ptolomeu, as teorias geocêntricas eram a base do ensino astronômico medieval. Todos (com raras exceções) criam ser a Terra o centro do Universo. Em torno dela, giravam os demais planetas e o próprio Sol. A Igreja Romana tinha o geocentrismo como dogma. Ai de quem ousasse pensar de outra maneira! So¬freria todos os rigores do "Santo" Ofício e da insana e bes¬tial "Santa" Inquisição.
Nicolau Copérnico (1473-1583), entretanto, instigado pelos ares renascentistas da cultura greco-romana, volta-se às idéias de Pitágoras, Heráclites do Ponto e Aristarco de Samos. Inconformado com as complicações do geocen¬trismo, admite a hipótese heliocêntrica, segundo a qual é o Sol, e não a Terra, o centro do Universo.
Formado em Medicina, Matemática, Leis e Astrono¬mia, afirma Copérnico, esse padre ilustre, em seu famoso tratado De Revolutiones Orbium: "Não me envergonho de sustentar que tudo que está debaixo da Lua, inclusive a própria Terra, descreve, com outros planetas, uma grande órbita em redor do Sol, que é o centro do mundo ... E sus¬tento que é mais fácil admitir o que acabo de afirmar, do que deixar o espírito perturbado por uma quantidade qua¬se infinita de círculos, coisa a que são forçados aqueles que retém a Terra fixa no centro do mundo."
A teoria do renomado polonês, confirmada pela ciên¬cia, foi uma das principais causas da crise científico-religiosa iniciada no Século XVI. A Igreja Romana opôs-se ferozmente ao posicionamento coperniano. A obra do in-signe cônego foi condenada pela Santa Sé e incluída no In¬dex. Até mesmo o progressista Lutero, referindo-se ao grande astrônomo, teria afirmado: "O imbecil queria con¬turbar toda a ciência astronômica".
Caberia a Galileu (1564-1633), todavia, o desferimen-to de um contundente golpe nesssa crença da teologia tradicional. Em sua obra intitulada Dialoghi sopra idue Massa-ni Sistemi dei Mondo Tolomaico e Coperniano, que se tor¬nou célebre rapidamente, execra, com energia, os ultrapas¬sados conceitos astronômicos existentes até Copérnico.
Acusado de heresia pela fanática e reticente Igreja Ro¬mana, o grande físico, já com 70 anos, foi obrigado a com¬parecer ante o Tribunal da Inquisição, em Roma. Para sal¬var sua vida, teve de ajoelhar-se ante seus inimigos, admi¬tir seus "erros" e renegar suas descobertas.
Galileu, no entanto, não cria em um conflito entre a ciência e a Bíblia. Diz ele: "A Santa Escritura não pode ja¬mais mentir, desde que, todavia, penetre-se seu verdadeiro sentido, o qual - não creio possível negá-lo - está muitas vezes escondido e muito diferente do que parece indicar a simples significação das palavras".
Em conseqüência das absurdas posições da "Santa" Sé quanto à evolução científica, conforme já dissemos, iluministas e renascentistas voltam-se contra a Bíblia, consi¬derando-a incompatível com a razão e o bom-senso. A Pa¬lavra de Deus, contudo, é inerrante, absolutamente inerrante. Nunca cometeu um disparate sequer.
A Bíblia, a propósito, jamais afirmou ser a Terra o centro do Universo. Os incréus, não obstante, apresentam o relato de -Josué como prova da falibilidade bíblica. Es¬quecem-se, porém, de que o autor sagrado, ao registrar o fato, fê-lo em linguagem comum, por desconhecer a no¬menclatura cientifica. Era ele, afinal de contas, militar e não cientista.
Levemos em conta, também, as circunstâncias. O grande general hebreu encontrava-se em renhida batalha. Acossado pelos inimigos e tendo de agir depressa, não po¬deria perder tempo a escolher palavras, apenas para satis¬fazer os tolos que. sob quaisquer pretextos, tentam des¬prestigiar a Bíblia.
Consideremos que, ainda hoje, após três milênios da memorável batalha de -Josué, mesmo os cientistas não con¬seguem desvencilharem-se da linguagem comum e, natu¬ralmente, dizem: "O Sol está nascendo" ou "O Sol está se pondo". Apesar de não ser exato, esse corriqueiro modo de falar não é errado por causa da aparência.
O grande astrônomo Kepler, ao fazer a apologia das palavras usadas para descrever o prodígio do sucessor de Moisés, afirmou: "Nós dizemos com o povo: os planetas param, voltam ... o Sol nasce e põe-se, sobe para o meio do céu, etc. Falamos com o povo e exprimimos o que parece passar-se diante dos nossos olhos, posto que nada de tudo. isso seja verdadeiro. Entretanto, todos os astrônomos estão nisso de acordo. Devemos tanto menos exigir da Escritura sobre este ponto, quanto é certo que ela, se abandonasse a linguagem ordinária para tomar a da ciência e falar em termos obscuros, que não seriam compreendidos por aque¬les a quem ela quer instruir, confundiria os fiéis simples e não conseguiria o fim sublime a que se propõe".
Abraão de Almeida, em seu livro Deus, a Bíblia e o Universo, reafirma a inerrância das Sagradas Escrituras: "...a oração de Josué, segundo o sentido original, pode tra¬duzir-se por 'Sol, cala-te', ou 'aquieta-te'. E os cientistas informam-nos que a luz é vocal, ou seja, o Sol, ao enviar suas irradiações sobre este mundo, provoca um som musi¬cal pelas rápidas vibrações das ondas do éter. Esta música, contudo, não pode ser ouvida pelos nossos ouvidos. Admi¬te-se, também, que a ação do Sol sobre a Terra é a causa de sua evolução em torno do seu próprio eixo. Assim, as palavras de Josué demonstrariam uma tremenda exatidão científica, e a Terra teria diminuído a velocidade de seu movimento de rotação, em virtude de um temporário en¬fraquecimento da ação do Sol sobre ela. O grande Newton demonstrou quão rapidamente a velocidade da Terra po¬deria ser diminuída sem choque apreciável para seus habi¬tantes".
IV - O SUPREMO COMANDANTE DO UNIVERSO
O Universo funciona com uma perfeição assustadora. Milênio após milênio, astros e estrelas descrevem suas ór¬bitas com absoluta exatidão. Essa maravilha leva-nos a concluir: Há um Deus no Céu, a comandar e a preservar o Cosmo.
O grande físico inglês, sir Isaac Newton, escreve: "Es¬se Ser governa todas as coisas, não como a alma do mundo, mas como o Senhor de tudo; e, por causa de seu domínio, costuma-se chamá-lo de Senhor, Pantocrátor, ou Soberano Universal, pois Deus é uma palavra relativa e tem uma re¬ferência a servidores; e Deidade é o domínio de Deus, não sobre seu próprio corpo, como imaginam aqueles que su¬põem que Deus é a alma do mundo, mas sobre os serven¬tes."
Os gregos, entretanto, acreditavam estar a soberania do Universo dividida entre vários deuses, sendo Zeus o principal deles. Como estavam errados! O apóstolo Paulo, todavia, ao visitar Atenas, afirmou-lhes: "...sendo [Deus| Senhor do céu e da terra ..." (At 17.24b). Em outras pala¬vras, disse-lhes o grande campeão do Evangelho: "Há um só Deus que sobre todos domina, porque tudo dele pro¬vém".
João Calvino compreendeu perfeitamente o universal senhorio de Deus: "...que no solamente habiendo creado una vez el mundo, lo sustenta con su inmensa potência, lo rige con su sabiduria, lo conserva con su bondad, y sobre todo cuida de regir el gênero humano com justicia y equidad, lo suporta con misericórdia, lo defiende com su am¬paro..."
Quanto a nós, falíveis seres humanos, devemos dirigir-nos a Deus: "...teu é o reino, o poder e a glória, para sem¬pre. Amém."
Extraído de Geografia Bíblica – Claudionor de Andrade CPAD