RUTE – UM MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA EM TEMPOS DE CRISE.
Origem da Família Messiânica
Como uma mulher gentia se converteu em um dos antepassados de Cristo.
INTRODUÇÃO
A bela história de Rute é considerada uma gema literária.
Esta graciosa história de uma graciosa mulher, seguindo-se às cenas de turbulência do livro de Juízes como calmaria depois de tempestade, é um retrato delicioso e encantador da vida doméstica em tempos de anarquia e aflição.
Mil anos antes, Abraão tinha sido chamado por Deus para fundar uma nação, com o propósito de um dia trazer um Salvador para a humanidade. Neste livro de Rute temos a constituição da família, dentro dessa nação, que traia o Salvador. Rute foi bisavó do rei Davi. Daqui por diante, através do resto do Antigo Testamento, o interesse gravita principalmente em torno da família de Davi.
É um dos dois livros da Bíblia em que uma mulher é a personagem principal – Rute, uma moabita que se casou com um hebreu, e Ester, uma judia que se casou com um rei não-judeu.
- Desconhecido, possivelmente Samuel. A maneira como o autor descreve acerca de Davi, em 4.17 e a genealogia de 4.18-22 demonstram que o autor conheceu o esplendor do reinado de Davi.
- Tema: O livro de Juízes fornece, como se vê, um quadro muito triste de Israel, sob o ponto de vista nacional; Rute apresenta-nos um quadro luminoso desse período em relação à fidelidade e beleza do caráter de certos indivíduos. A história, uma das mais formosas da Bíblia, é duplamente interessante pelo fato de ser uma gentia a sua heroína. A última palavra do livro – Davi – revelará seu valor principal. Seu propósito é traçar a linhagem de Davi, o progenitor do Messias. O livro inteiro tem seu clímax na genealogia que se encontra no último capítulo.
- Época dos Juízes. (1322 a.C?)
- Esfera de Ação: O livro abrange um período de dez anos, provavelmente durante a época de Gideão.
- Contexto Histórico. O período dos juízes abrangeu anos extremamente difíceis, terminando com a evidência de que a anarquia reinava. Ninguém se sujeitava a ninguém. O livro de Rute mostra um lado diferente da época, sendo incluída, sem dúvida, para oferecer algum alívio à situação negativa em quase todos os aspectos. Ele descreve um período de fome que levou Elimeleque, sua mulher Noemi e sua família a saírem de Belém e se estabelecerem em Moabe. Uma Jovem moabita, chamada Rute, casou-se com um dos filhos de Elimeleque e, ao enviuvar-se, recusou-se a permanecer na sua terra natal, porque a sogra Noemi, também viúva, voltou para casa. Suas belíssimas palavras: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (1.16), inspiraram gerações de sofredores. Um ato de bondade de um parente, Boaz, é registrado, propiciando um herdeiro para a família de Elimeleque. Boaz viria a ser um ancestral do rei Davi e também de Jesus. É significativo o fato de Rute, embora nascida pagã, fazer parte da linhagem de Cristo.
- Rute no Novo Testamento: Rute é uma das quatro mulheres na genealogia do Messias (Mt 1). A seleção destes nomes ilustra em grau notável a soberania e o ministério da graça divina.
- A Tipologia de Rute. Podemos acreditar que tudo isto é escrito com um sentido típico, para podermos achar na narrativa uma semelhança com o nosso Parente-Redentor, o Senhor Jesus Cristo... que se deu para remir-nos de toda iniqüidade e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras (Tt 2.14)
- Síntese. O livro de Rute descreve a orientação providencial de Deus na vida de uma família israelita.
- Rute Decidindo (cap.1)
- Rute Servindo (cap. 2)
- Rute Descansando (cap.3)
- Rute Recompensada (cap.4)
- A Classificação do Livro de Rute: Na tradução grega e em outras traduções posteriores, o livro de Rute vem depois de Juízes. Na Bíblia hebraica, porém o livro faz parte dos chamados Escritos (Hagiographa), uma das subdivisões dos cinco rolos lidos publicamente nos grandes dias de festa de Israel. Visto que o clímax da história de Rute surge no tempo da colheita, essa narrativa era costumeiramente lida na Festa das Semanas, ou da Colheita do trigo posteriormente chamada de Pentecostes.
- A Mensagem de Rute:
Este é um dos dois livros da Bíblia que têm por título nomes de mulheres, e as duas mulheres apresentam notáveis contrastes. Rute é uma gentia levada para o meio de Israel, onde passa toda a sua vida. Ester, uma judia levada para o meio dos gentios, onde com igual fidelidade, desempenha o que lhe é destinado por Deus.
Este livro brilha com várias e importantes verdades com referência a todos os aspectos da nossa vida. Vem ainda com mais aceitação depois de Juízes. passar da atmosfera pesada de juízes para o ar puro de Rute, é como passar de um bairro indigente para um a beira-mar.
Mas devemos nos lembrar de que Rute pertence ao tempo dos juízes. é semelhante a uma Lina flor num, jardim abandonado, ou uma luz clara que aparece na escuridão da noite. Os períodos mais tenebrosos da história nunca têm estado sem alguma fragrância, algum raio de esperança, algum córrego cristalino, porque Deus nunca se deixa sem testemunho.
A mensagem principal deste livro parece ser as relações e propósitos de Deus para com os gentios. Rute era moabita, pertencente a um grupo que se originou de um ato impuro e indigno relatado na história do Velho Testamento (Gn 19), um povo que foi sempre inimigo ferrenho do povo escolhido, recusando-lhe pão e água quando saiu de Beor (Nm 22-25.3; 31.16; Dt 23.3,4). foi uma mulher dessa nação má a escolhida para ser a bisavó de Davi, de cuja descendência havia de vir o Cristo. O povo escolhido bem compreendeu que Deus se revelara a ele, mas não entendeu porque Deus fez isso; consideravam seus privilégios como direito exclusivo. Privilégios que não podiam ser gozados por qualquer outra nação. Mas durante toda a sua história, Deus estava corrigindo esse erro. mandou Melquisedeque, um gentio, para o revelar a Abrão como Deus Altíssimo (Gn 14). Empregou Raabe, a prostituta gentílica para ajudar na destruição de uma fortaleza iníqua, para depois casar-se com um judeu e ser a mãe de Boaz, que neste livro se casa com Rute, a gentia.
Há outros caos que tornam claros os propósitos de Deus para com os gentios séculos antes de o povo escolhido ser rejeitado e o apóstolo Paulo ser enviado aos gentios. A graça divina é mais vasta do que costumamos pensar, e algum dia, quando seu povo todo for manifestado, muitas surpresas nos esperam.
Também devemos notar que a história de Rute aparece no momento em que Israel se afasta do culto a Jeová. Isto vem a ser uma figura da chamada dos gentios para formarem, junto com os israelitas crentes, a Igreja de Deus, o Corpo de Cristo. Esta vocação lhes veio quando a nação escolhida rejeitou o Messias (At 13.46; 18.6). Então aqueles que estavam longe foram trazidos para perto e chegaram a ser co herdeiros, e membros da família da fé. Esta história em todos os seus detalhes e na sua interpretação geral está muito cheia de ensino espiritual e de auxílio para os que tal ensino procuram mediante a oração.
As verdades religiosas encontradas neste livro estão mais ligadas à vida prática que à teologia abstrata. Lealdade, amor, bondade, valor das pessoas e necessidade de compreensão mútua se destacam. Em meio ao caos que reinava naquela época, um significado poderia ser descoberto, se voltássemos aos primeiros princípios da simples verdade. O Livro de Rute nos ensina que, apesar das grandes dificuldades, a bondade pode existir, se estivermos dispostos a nos esforçar.
Seguem aqui alguns pensamentos sobre assuntos para estudo:
- O Assunto da Escolha e as Sua Conseqüências (1.14): Cada um tem de escolher de vez em quando: Ló (Gn 13); Israel (Js 24.13)
- O Assunto da reincidência (Caps. 1 e 2): Elimeleque e Noemi não podiam confiar em Deus para o pão em tempo de fome. Nem podiam Abraão (Gn 12) nem Isaque (Gn 26). Aqueles que confiaram em Deus com respeito ao futuro, não podiam confiar nele no presente. Então Noemi lançou a culpa sobre Deus (1.20,21), como já fizera Abraão (Gn 12). Um passado errado, não sendo corrigido imediatamente leva a outro. Foram a Moabe para “peregrinar” (1.1), mas ali ficaram morando, e ali três deles morreram (1.3-5). (Veja-se Oséias 14).
- O Assunto da providência (2.3): A vida de Rute foi transformada pela “sorte”, conforme este versículo. Grandes conseqüências podem resultar de pequenos incidentes. Uma noite sem sono salvou os judeus do cativeiro (Et 6.1); A espera de um amigo resultou em Atenas ouvir o Evangelho (At 17.16). Coisas insignificantes podem melhorar ou prejudicar a nossa vida. Entregue o crente as coisas insignificantes!
- O Assunto de Boaz como Tipo de Cristo:
- Como Senhor da seara (2.2).
- Como provedor de pão (3.15).
- Como parente redentor (2.20).
- Como doador de descanso (3.1).
- Como homem de riqueza (2.1)
- O Assunto do sentido dos Nomes:
- Elimeleque: “Meu Deus é Rei” Associar uma criança com o nome de Deus denotava uma relação mais estreita com a Divindade.
- Noemi: “Agradável”
- Rute: “Satisfeita ou Amizade” Nome que corresponde perfeitamente com o tema deste livro.
- Boaz: “Forte”
- Malom: “Canção” ou “fraqueza” talvez fosse criança fraca e doentia.
- Quiliom: “Falho” ou “aniquilação”.
- Obede: “Servo” (do Senhor). Sua fama reside no fato de ter sido avô do maior rei de Israel, Davi.