HABACUQUE – O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ
A Invasão de Judá
A Condenação dos Caldeus
“O Justo Viverá pela Sua Fé”
Esta profecia pertence ao período entre 625 e 605 a.C., provavelmente mais ou menos 607 a.C., no começo do reinado de Jeoaquim. Os caldeus (babilônios) investiam na direção do Oeste (1.6), mas ainda não haviam alcançado Judá (3.16).
O Profeta-filósofo sentia-se perturbado acerca da imensa impiedade de Judá. Mas em contraste com seu contemporâneo, Jeremias, preocupava-se mais com a aparente relutância de Deus em julgar, do que com a falta de arrependimento do povo. Destruição, violência, e desconsideração para com a lei de Deus floresciam desenfreadamente (1.2-4) a despeito dos ardentes apelos do profeta para a intervenção de Deus. O profeta procurou um lugar solitário para esperar pela resposta de Deus.
- Habacuque. Como Naum predisse a destruição da nação assíria e Obadias a de Edom, assim Habacuque profetizou a queda do império caldeu. Sendo que ele fala do poder crescente da última nação mencionada, e da iminência da sua invasão de Judá, conclui-se que Habacuque que profetizou durante os reinados de Jeoacaz e Jeoiaquim.
- (1) Nome: Significa “Abraçado”
- (2) Função: Alguns têm deduzido da sua oração-salmo (capítulo 3), e da instrução ao “diretor de música”, que o profeta era um cantor no templo. Esta dedução, contudo não passa de conjectura.
- 607 a.C (?). Indeterminada. O profeta evidentemente viveu no período babilônico (caldeu). Muitos eruditos fixam o tempo da profecia durante o reinado de Jeoiaquim.
- Época. Embora nada se saiba sobre o próprio profeta (cujo nome significa “abraçador” talvez expressando seu amor a Deus), sabemos algo sobre a época em que profetizou. Seu ministério ocorreu pouco antes da primeira invasão de Judá por Nabucodonosor em 606-605 a.C. (quando Daniel e outros foram levados para Babilônia). Habacuque foi comissionado a anunciar a intenção divina de punir Judá com a vindoura deportação para Babilônia. O rei de Judá da época, Joaquim, é descrito pelo profeta Jeremias com as seguintes palavras: “os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua ganância, e para derramar sangue inocente, e para levar a efeito a violência e a extorsão” (Jr 22.17; cf. Hc 2.1-4 e 2 Rs 23.34 - 24.5)
A CRONOLOGIA DO PERÍODO |
|
A.C |
Fatos |
630 |
A Assíria grandemente enfraquecida pela invasão dos citas |
626 |
A Babilônia declarou-se independente da Assíria |
612 |
Os babilônios destruíram Nínive |
609 |
Jeoacaz reinou 3 meses. Levado para o Egito. |
609-597 |
Jeoaquim. Reinado muito perverso. Habacuque (?) |
605 |
Os babilônios invadiram Judá. Levaram cativos. |
605 |
Os babilônios derrotaram os egípcios em Carquemis |
597 |
Jeoaquim reinou 3 meses. Levado para Babilônia. |
597-587 |
Zedequias. Rei fraco e perverso. Levado para babilônia. |
587 |
Jerusalém é queimada. Assolação do país. |
- Tema Principal. Os mistérios da providência.O livro de Habacuque apresenta o quadro de um homem de Deus, embaraçado com a aparente tolerância de Deus pela iniqüidade. O profeta está rodeado por todos os lados da injustiça, triunfante e não castigada. A princípio seu clamor pelo julgamento, aparentemente não é ouvido por Deus. Quando, finalmente, é respondida a sua oração e pronunciado o julgamento, ele fica ainda mais surpreso, porque os agentes do julgamento de Deus, os caldeus, são mais ímpios e mais dignos de castigo do que suas vítimas. Habacuque está cheio de dúvidas. Mas, felizmente ele leva a sua inquietação a Deus que logo a dissipa, e apresenta uma solução dos seus problemas resumida na declaração que é o coração do livro – “O justo viverá pela fé” (2.4). Isso quer dizer que, por mais tenebroso que se apresente o futuro e por mais triunfante que pareça o mal, o justo não deve julgar pelas aparências, mas sim pela Palavra de Deus. Embora os ímpios vivam e prosperem nas suas impiedades e os justos sofram, estes últimos devem viver uma vida de fidelidade e confiança. O profeta muito aprendeu com esta lição, porque, embora sua profecia comece com mistérios, perguntas e dúvidas, termina com certeza e afirmações de fé..O tema pode ser assim resumido: “O conflito e triunfo final da fé”
- Texto Chave:3
- As perguntas de Habacuque: O livro nos apresenta o quadro de um homem que confiava em Deus, mas que estava perplexo diante da vida. As perguntas de Habacuque foram duas:
- (1) Por que Deus permitia que o mal crescente em Judá permanecesse impune (1.2-4)? A resposta encontra-se em 1.5-11.
- (2) Como podia um Deus santo justificar o uso dos babilônios (caldeus), um povo ainda mais ímpio que os judeus, para punir Judá (1.12 -2.1)? A resposta encontra-se em 2.2-20.
Assim o livro consiste de uma teodicéia, uma defesa da bondade de Deus, em vista da existência do mal.
- O Livro:
- (1) O Livro é chamado “sentença”, que pode também ser traduzido por peso, conforme são chamados alguns outros livros ou trechos deles.
- (2) O seu livro parece ser o fruto de reflexão religiosa; apresenta as indagações da sua própria alma com Deus, e recorda a resposta que o Espírito de Deus lhe ensinou para ser conforto e o de almas provadas em todos os tempos. Essas indagações eram provavelmente distribuídas por bastante tempo. Não é de pensar que a luz lhe tenha vindo repentinamente.
- (3) O livro parece ser mais o resultado de um prolongado exercício espiritual. O começo é uma ousada expostulação com Jeová. Habacuque contempla com consternação o reinado da desobediência em volta dele, em Judá. Por muito tempo tem rogado a Deus que intervenha, mas nenhuma resposta tem vindo. Afinal vem a resposta da boca de Deus (1.5-11). Mesmo agora Ele está levantando os caldeus para serem os instrumentos dos seus juízos. Nunca igualado e incrível é o desenvolvimento dessa nação. É feroz e desassossegada, e marcha através da terra numa carreira de conquista. Contudo – embora ela considere a sua própria força como divina, passará como a tempestade que ela parece ser, e perecerá, sem ser jamais vista.
- (4) A posição de Habacuque nos Profetas Menores, após Naum e antes de Sofonias, é adequada. Ele trata do desapontamento dos habitantes de Judá e Israel, dispersos no exílio, pelo fato de a queda de Nínive não ter gerado alívio imediato e restauração para Judá e Israel. Antes, o período que se estendeu por quase três décadas trouxe maior repreensão e o colapso definitivo. Passaram-se mais cinqüenta anos sob a Babilônia, até que a Pérsia sucedesse a Babilônia e levasse nova esperança a Israel e Jerusalém. O livro de Habacuque trata das frustrações desse período e ensina como é possível manter a fé e a esperança num período longo de adversidade e problemas.
- (5) O versículo mais conhecido de Habacuque é 2.4 (citado em Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38), não apenas por ser o coração da resposta de Deus a Habacuque e suas perguntas, mas porque o Novo Testamento demonstra que sua verdade é central para a doutrina da justificação pela fé.
- (6) Outro versículo favorito é 2.20.
- (7) O capítulo 3 é um grande salmo de louvor, dificilmente igualado em sua majestade por qualquer outra passagem do Antigo Testamento.
- Passagens Notáveis:
- A estrela da manhã da Reforma Protestante (Hc 2.4; Rm 1.17; Hb 10.38)
- O triunfo das missões (2.14)
- A maldição aos que embriagam a outros (2.15)
- Uma fé que conquista tudo (3.17,18)
- O Valor Ético e Teológico: O livro de Habacuque representa o tipo de fé que se tornou norma para o judaísmo e, mais tarde, para o cristianismo. Israel já não tinha meios para tentar moldar o seu próprio destino. Dominados pelos impérios, os israelitas recebiam passivamente o bem ou o mal que os poderosos resolvessem lhes dar. Mas pela fé, podiam crer que Deus, por meio daqueles a quem permitira governar, providenciaria o necessário para que seu povo o servisse. Crer e esperar tornaram-se elementos essenciais na vida do povo. E isso continua valendo hoje.