JEREMIAS - O PROFETA DAS LÁGRIMAS
Contém a biografia e a mensagem de “O Profeta Chorão”.
O Esforço Final de Deus por Salvar a Jerusalém.
Jeremias foi chamado para o ofício profético em 627 a.C. Jerusalém foi parcialmente destruída em 605 a.C; outra vez devastada em 597 a.C.; finalmente incendiada e assolada em 587 a.C. Jeremias assistiu às agruras desses terríveis quarenta anos, “o fim da monarquia”, a “agonia de morte da nação”. Vulto patético e solitário, último mensageiro de Deus, à Cidade Santa, que se apegara desesperada e fanaticamente aos ídolos.; Bradava incessantemente que se arrependesse, Deus os salvaria da Babilônia. De modo que, assim, como a Assíria servira de cena de fundo ao ministério de Isaías, assim também a Babilônia serviu ao ministério de Jeremias.
- Vida de Jeremias. Freqüentemente chamado “o profeta chorão” (9.1; 13.17) ou o “profeta solitário” (por ter recebido a ordem de não se casar 16.2), Jeremias foi também o “profeta relutante” (1.6). No entanto, por mais de 40 anos ele proclamou fielmente o julgamento divino contra o reino apóstata de Judá, suportando durante todo esse tempo oposição, espancamentos e aprisionamentos (11.18-23; 12.6; 18.18; 20.1-3; 26.1-24; 37.11 – 38.28). Jeremias começou seu ministério (com cerca de 20 anos de idade) no reinado do bom rei Josias, com quem o profeta matinha relações cordiais. Depois da morte de Josias a oposição ao profeta ganhou ímpeto. Ele escapou por pouco à prisão, foi proibido de ir ao templo, e teve de comissionar Baruque, seu secretário, para anunciar suas profecias. O rei Jeoaquim destruiu as profecias escritas de Jeremias (que foram, depois, reescritas pelo profeta 36.22ss). O rei Zedequias permitiu que nobres de tendências nacionalistas prendessem Jeremias, e depois reduziu a pena. Quando as forças de Nabucodonosor conquistaram Jerusalém em 586 a.C., Jeremias foi libertado e recebeu o direito de escolher entre is para a Babilônia ou permanecer em Jerusalém. Preferiu a segunda opção, mas pouco depois foi raptado e levado para o Egito por alguns judeus que preferiram fugir a enfrentar a ira de Nabucodonosor. No Egito, Jeremias profetizou ainda anos e ali, ao que tudo indica, morreu.
- (1) Sua Família (1.1) Era filho de Hilquias, um sacerdote na Anatote na terra de Benjamim.
- (2) Seu Nascimento e sua eleição divina como profeta (1.5)
- (3) A Chamada em Sua Juventude, no ano décimo-terceiro do rei Josias (1.2-6), mais ou menos setenta anos depois da morte de Isaias.
- (4) Cheio do Poder Divino (1.9)
- (5) A Ousadia de Jeremias.
- (6) Sua Comissão (1.10)
- (7) A Promessa da Presença Divina (1.19)
- (8) Foi Pressionado pelo Dever (20.9)
- (9) Foi Sustentado pela Palavra de Deus (15.16)
- (10) Sua Perseguição Profetizada (1.19). Teve que deixar Anatote e ir para Jerusalém, por causa da perseguição de seus patrícios e de sua própria família (11.21; 12.6). Ali e em outras cidades de Judá, exerceu seu ministério por cerca de quarenta anos. Nos reinados de Josias e Jeoacaz, foi lhe permitido continuar seu ministério sem embaraços, mas nos reinados de Jeoiaquim, Joaquim e Zedequias, sofreu perseguição severa. No reinado de Joaquim foi aprisionado pela audácia em profetizar a desolação de Jerusalém. No reinado de Zedequias, foi preso como desertor, e permaneceu na prisão até a tomada da cidade, época em que foi posto em liberdade por Nabucodonosor que lhe permitiu voltar a Jerusalém. Quando de seu regresso procurou dissuadir o povo de voltar para o Egito a fim de escapar do que acreditavam ser um perigo iminente. Recusaram seus apelos e emigraram para o Egito levando consigo Jeremias. No Egito continuou os seus esforços para levar o povo de volta ao Senhor. Antiga tradição conta que, encolerizados por suas contínuas admoestações e repreensões, os judeus mataram-no no Egito.
- (11) Foi Colocado no Cepo (20.2)
- (12) Também numa Cisterna Cheia de Lama (38.6)
- (13) Foi Levado ao Egito (43.5-7)
- Temas principais. A reincidência, a escravidão e a restauração dos judeus. Tanto Isaías como Jeremias levaram mensagens de condenação ao Israel apóstata. Enquanto que o tom de Isaías é vigoroso e severo, o de Jeremias é moderado e suave. O primeiro leva uma expressão da ira de Jeová contra o pecado de Israel; o último, uma expressão de seu pesar por causa dele. Ao repreender Israel, Isaias imergiu sua pena no fogo e Jeremias, nas lágrimas. Isaias, depois de denunciar a iniqüidade de Israel, prorrompe em êxtase de alegria ao ver a antecipação da independência vindoura. Jeremias teve um vislumbre do mesmo acontecimento feliz, mas esse vislumbre não foi suficiente para enxugar-lhe as lágrimas ou dissipar a névoa de seu pesar pelo pecado de Israel. Por causa deste último fato Jeremias é conhecido como “o profeta das lágrimas”.
- Esfera de Ação: Desde o ano 13 de Josias até a primeira parte do cativeiro da Babilônia, cobrindo um período de mais ou menos 40 anos.
- Profetas Contemporâneos. Jeremias sobressaiu na brilhante constelação de profetas agrupados à volta do evento da destruição de Jerusalém.
- Ezequiel, seu colega de sacerdócio, algo mais moço do que ele, pregava na Babilônia, no meio dos cativos, a mesma mensagem que ele, Jeremias, pregava em Jerusalém.
- Daniel, de sangue real, influente no paço de Nabucodonosor.
- Habacuque e Sofonias, que ajudavam Jeremias em Jerusalém.
- Naum, ao mesmo tempo predizia a queda de Nínive.
- Obadias, simultaneamente predizia a ruína de Edom.
- Cronologia do Livro de Jeremias. Algumas de suas mensagens têm datas. Outras não. Vê-se que o livro não é arranjado em ordem cronológica. Algumas mensagens posteriores vêm no princípio do livro, a algumas do princípio vêm depois. Tais mensagens foram proferidas oral e talvez repetidamente, durante anos, possivelmente, antes que Jeremias as escrevesse. A redação de um tal livro foi tarefa longa e afanosa. Pergaminhos de escrever, feitos de peles de carneiro ou de cabra, eram escassos e caros. Deles faziam-se longos rolos, tendo como eixo uma vara. Isto pode explicar, em parte, a falta de ordem no livro de Jeremias. Após redigir um incidente ou discurso, alguma outra alocução, proferida anos antes, seria lembrada, e ele passaria a escrevê-la, em alguns casos, sem data, enchendo assim o pergaminho, à proporção que o desenrolava.
DISPOSIÇÃO CRONOLÓGICA DAS PROFECIAS DE JEREMIAS |
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Josias |
Capítulos 1- 6 |
Jeoacaz (Salum) |
Capítulo 22.10-12 |
Jeoaquim |
Capítulos 7-20; 25-26; 35-36; 45; 46.1-12; 47-49 |
Joaquim (Jeconias, Conias) |
Capítulos 22-23 |
Zedequias |
Capítulos 21; 24;27-34; 37-39 |
Gedalias |
Capítulos 40-44 |
- Cenário Histórico. Os dias os dias obscuros do reino de Judá, a partir do ano décimo terceiro de Josias (último dos reis bons)
- (1) Situação Interna. O reino do Norte havia caído, assim como grande parte de Judá. Haviam sofrido reveses sobre reveses, até que Jerusalém fora deixada só. Continuaram não prestando atenção aos avisos incessantes dos profetas, obstinando-se cada vez mais na idolatria. A hora da condenação estava prestes a soar.
- (2) Situação Internacional. Continuava a porfia, partida de três lados, pela supremacia mundial: a Assíria, a Babilônia e o Egito. Por 300 anos a assíria, no vale do Norte do Eufrates, capital Nínive, havia dominado o mundo, mas agora ia se enfraquecendo. Babilônia, no vale do Sul do Eufrates, tornava-se poderosa. O Egito, no vale do Nilo, que 1000 anos antes fora uma potência mundial e decaíra, outra vez enchia-se de ambição. Babilônia venceu, lá pelo meado do ministério de Jeremias. Quebrou a força da Assíria, 609 a.C., e 4 anos depois esmagou o Egito na Batalha de Carquemis, 605 a.C., e por 70 anos regeu o mundo, os mesmos 70 anos do cativeiro dos judeus.
Uma Cronologia da Época de Jeremias |
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Data a.C |
Fato Histórico |
627 |
Jeremias é chamado por Deus. Judá paga tributo à Assíria, cujo poder começava a declinar |
612 |
Nínive, capital da Assíria é saqueada. |
609 |
O rei Josias é morto em Megido, combatendo Neco, faraó do Egito que lutava para auxiliar a Assíria (2 Rs 23.29-30) |
609 |
Jeoacaz reina em Judá por três meses antes de ser deposto por Neco e levado em cadeias ao Egito (2 Rs23.32-33; cf. Jr 22.13-17) |
609-598 |
Jeoaquim reina em Judá como vassalo do Egito (Jr 22.13-17) |
605 |
Batalha de Carquemis, onde Nabucodonosor derrotou as forças egípcias (Jr 46.2).Nabuco invade a Palestina e leva reféns judeus para a Babilônia inclusive Daniel, (cf. 2 Rs24.1). Jeoaquim abandona a suserania do Egito e torna-se vassalo de Babilônia. |
601 |
Jeoaquim alia-se novamente ao Egito contra as advertências de Jeremias (JR 22.13-19). |
597 |
Morte de Jeoaquim (no fim de 598 ou começo de 597). Nabucodonosor sitia Jerusalém e deporta o rei Joaquim, substituindo-o por Zedequias (2 Rs 24.17) |
586 |
Nabucodonosor novamente conquista Jerusalém porque Zedequias entrara em negociações com o Egito (2 Rs 25.1-7) Gedalias é indicado como governador de Judá (2 Rs 25.22-26). Gedalias é assassinado. Jeremias é levado para o Egito |
- Descobertas Arqueológicas. Várias descobertas arqueológicas importantes têm corroborado a historicidade do relato Bíblico sobre os últimos anos do reino de Judá:
- (1) A Crônica Babilônica oferece informações sobre as campanhas dos exércitos babilônicos de 626 a.C. em diante, incluindo a captura de Jerusalém em 597 a.C.
- (2) As Cartas de Laquis descrevem a situação em Judá pouco antes do cerco final a Jerusalém por Nabucodonosor em 586 a.C. Um selo com o nome de Gedalias foi encontrado neste local.
- (3) Tabletes de barro encontrados junto à Porta de Istar, na antiga Babilônia, incluem o nome “Yaukin (Joaquim), rei da terra de Yahud (Judá)” como um dos que recebiam dos subsídios reais (cf. Rs 25.29-30)
Advertências contra o pecado e promessa de juízo são proeminentes em todo o livro, mas igualmente o é a mensagem de esperança e restauração. Profecias importantes incluem a maldição sobre Jeconias (Joaquim, 22.30), a predição sobre o Messias (23.5,6), a duração do cativeiro babilônico (25.11) e a revelação da nova aliança (31.31-34). Rebeldia e rebelde são palavras-chaves no livro e há mais referências a “Babilônia” em Jeremias (164) do que em todo o resto da Bíblia.
- A Mensagem de Jeremias. Desde o começo, 20 anos antes do desfecho da porfia, Jeremias veio insistindo que Babilônia seria a vencedora. Em todas as suas queixas, contínuas e amargas, contra a impiedade de Judá, as seguintes idéias sempre aparecem:
- (1) Judá vai ser destruído pela vitoriosa Babilônia.
- (2) Se Judá deixar sua impiedade, de algum modo Deus o livrará de ser destruído às mãos de Babilônia.
- (3) Mas adiante, quando já não parece haver qualquer esperança de Judá arrepender-se, Jeremias trouxe a mensagem de uma última oportunidade: se apenas como expediente político, Judá se submeter à Babilônia, será poupado.
- (4) Judá destruído será restabelecido e ainda dominará o mundo.
- (5) Babilônia destruidora de Judá será ela mesma destruída, para nunca mais se reeguer.