ECLESIASTES – QUAL É O SENTIDO DA VIDA
ECLESIASTES – QUAL É O SENTIDO DA VIDA
A Vaidade da Vida Terrena
Quando Afastada da Segura Esperança da Imortalidade
Exemplificada na Experiência de Salomão
Salomão, autor deste livro, foi o mais famoso e mais poderoso rei do mundo, em sua época; notável por sua sabedoria, riqueza e conhecimentos literários (1 Rs 4 e 9)
- Título do Livro: O título hebraico é Qohelet, que significa “aquele que convoca uma assembléia e fala a ela”, ou um “eclesiástico” ou “pregador”. O equivalente grego “ekklesiastes”, também significa “pregador”, sendo também derivado da palavra “assembléia”. Pode ter sido assim chamado pelo fato de ter Salomão, depois de sua triste experiência de desviar-se, ensinado publicamente as suas experiências e as lições aprendidas.
- Embora não especificado como Salomão, o autor se identifica como “o filho de Davi, rei de Jerusalém” (1.1). As referências no livro à sabedoria sem paralelo do autor (1.16), à sua riqueza inigualável (2.7), às suas oportunidades para o prazer (2.3), e vastos empreendimentos de construção (2.4-6) todas apontam para Salomão, já que nenhum outro descendente de Davi satisfez tais condições. A tradição judaica afirma explicitamente que Salomão foi o autor. Seguindo a sugestão de Martinho Lutero, muitos abandonaram o ponto de vista tradicional da autoria salomônica deste livro, julgando que tenha sido escrito depois do Exílio por um autor desconhecido que usou Salomão como seu personagem central. Afirma-se que a evidência lingüística exige uma data pós-exílica, mas as provas não são de maneira alguma conclusivas. Fragmentos de Eclesiastes encontrados em Qumran eliminam qualquer possibilidade de autoria posterior a 150 a.C.
- Data: 935 a.C
- Tema: No livro dos Provérbios tomamos conhecimento da sabedoria que tem o seu princípio em Deus. Agora, em Eclesiastes, tratamos da sabedoria meramente natural, que, à parte de Deus procura encontrar a verdade e a felicidade. Ambos os livros foram escritos por Salomão; o primeiro, durante a primeira parte de seu reinado, quando andava com Deus; o segundo, durante a última parte de seu reinado, quando o pecado o separava de seu Criador. Nos Provérbios se ouve dos seus lábios uma nota de gozo e contentamento ao meditar sobre as bênçãos da sabedoria divina; em Eclesiastes um tom de tristeza, desalento e perplexidade, ao ver o fracasso da sabedoria natural ao tentar resolver os problemas humanos e obter a perfeita felicidade. Depois de seu afastamento de Deus (1 Rs 11.1-8), Salomão ainda tinha riqueza e sabedoria. Possuído destas, começou a sua investigação da verdade e da felicidade sem Deus. O resultado dessa pesquisa tem sua expressão na sentença sempre citada “tudo é vaidade” (vaidade aqui significa “vazio, sem valor”). Salomão aprendeu a seguinte verdade que resume o tema do livro: sem a bênção de Deus, sabedoria, posição e riqueza não satisfazem, muito pelo contrário, trazem cansaço e decepção.
- Texto Chave.13
- Palavras Chave. Vaidade, e sob o sol. Cada uma destas expressões ocorre mais de vinte e cinco vezes. O livro encerra também uma tentativa de resposta filosófica à pergunta: Como viver do melhor modo possível num mundo onde tudo é vaidade? O livro contém muita coisa de majestosa beleza e de transcendente sabedoria, mas o seu tom predominante é indizivelmente melancólico, muito diferente da alegria vivaz dos Salmos. Davi, pai de Salomão, em sua luta, longa e árdua, por edificar o reino sempre estava a exclamar. Regozijai-vos, dai brados de júbilo, cantai, louvai a Deus. Salomão, sentado segura e pacificamente no trono que o pai erigira, tendo riqueza, honra, esplendor e poder jamais sonhado, luxo fabuloso, era o único homem no mundo a quem os outros poderiam considerar feliz. Contudo, emprega o incessante estribilho: “Tudo é vaidade”, e o livro, produto que era da velhice de Salomão, deixa-nos a impressão clara de que ele não era um homem feliz. A palavra “vaidade” ocorre 37 vezes.
- Pensamento Chave “A Eternidade” (3.1) Pode sugerir o pensamento chave do livro. A palavra, no hebraico, ocorre sete vezes (1.4,10; 2.16; 3.11,14; 9.6; 12.5) traduzida de modos vários: “para sempre”, “séculos passados”, “durará eternamente”, “eterna casa”. “Deus pôs a ETERNIDADE no coração deles”. No mais profundo de sua natureza, o homem anseia pelo que é eterno, e a esta ansiedade nada da terra pode satisfazer. Mas, naquela época, Deus ainda não revelara muito a respeito de coisas eternas. Em vários lugares do Antigo Testamento há idéias e vislumbres da vida futura, e Salomão parece ter tido idéias vagas sobre ela. Todavia, foi Cristo que “trouxe à luz a vida e a imortalidade mediante o Evangelho” (2 Tm 1.10). Cristo, por sua ressurreição dentre os mortos, deu ao mundo uma demonstração matemática da certeza da vida além-túmulo. Salomão, que viveu mil anos antes de Cristo, não podia ter sobre a vida futura a mesma certeza que Cristo deu mais tarde ao mundo. Contudo, viu a vida terrena no que tinha de melhor. Não havia um capricho a que ele não pudesse satisfazer e quando entendesse, parecendo que a principal preocupação de sua vida foi satisfazer tais caprichos, descobrir o melhor partido que podia tirar das coisas. E este livro, que contém sua filosofia a respeito da vida, tem a percorrê-lo inexprimível acento patético, como se dissesse: “A vida que vivi foi nada, uma coisa oca. Tudo é vaidade e vexação de espírito”
- Como Pode Este Livro Ser a Palavra de Deus? É a Palavra Divina no sentido de Deus fazer que fosse escrito. Não que todas as idéias de Salomão fossem idéias de Deus. Mas de um modo geral as lições do livro são evidentemente de procedência divina. Deus deu sabedoria a Salomão e inigualável oportunidade de observar e explorar todas as modalidades da vida terrena. E, depois de muito rebuscar e experimentar, Salomão conclui que, geralmente falando, a humanidade não encontrava na vida uma felicidade muito estável; e no seu próprio coração sentia um desejo ardente de algo além de si mesmo. Assim, este livro é como que uma expressão do brado da humanidade por um Salvador. “DEPOIS voltei-me, e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lágrimas dos que foram oprimidos e dos que não têm consolador, e a força estava do lado dos seus opressores; mas eles não tinham consolador” (4.1). Com a vinda de Cristo, a “vaidade” da vida desapareceu. O brado foi respondido. Já não era “vaidade” senão “gozo”, “paz” e “alegria”. Jesus nunca pronunciou a palavra “vaidade”, mas falou muito de seu “gozo”, mesmo sob a sombra da cruz. “Gozo” é uma das palavras chaves do Novo Testamento. Em Cristo, a humanidade encontrou o desejo dos séculos: Vida plena, abundante, alegre, gloriosa e eterna.
- Mensagem e Propósito. A mensagem do livro pode ser definida em termos de três proposições:
- Quando se olha para a vida com seus ciclos aparentemente intermináveis (1.4 ss) e paradoxos inexplicáveis (4.1; 7.15; 8.8) pode-se concluir que tudo é fútil, já que é impossível discernir qualquer propósito na ordem dos acontecimentos.
- Apesar disso, a vida deve ser desfrutada ao máximo, com a compreensão de que é o dom de Deus (3.12-13; 3.22; 5.18,19; 8.15; 9.7-9).
- O homem sábio viverá em obediência a Deus, reconhecendo que Ele, finalmente, julgará todos os homens (3.16-17; 12.14)
- Conteúdo. O livro contém as reflexões e experiências de um filósofo cuja mente estava em conflito sobre os problemas da vida. Depois de falar das desilusões que havia tido, apresenta o enfoque do materialismo epicureu – que não há nada melhor que o gozo carnal dos prazeres da vida. À medida que esta idéia aparece repetidamente através do livro, é evidente que o escritor lutava com ela, enquanto que ao mesmo tempo expressava verdades profundas acerca do dever e das obrigações do homem para com Deus. Finalmente, parece sair de suas especulações e dúvidas até alcançar a conclusão nobre de 12.13 “Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos, pois isto é todo o dever do homem”.