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UMA HISTÓRIA DE CONTRASTES

UMA HISTÓRIA DE CONTRASTES

Texto Bíblico: Lucas 16.19-31
INTRODUÇÃO
Esta narrativa não é declarada uma parábola, e é interessante ter sido mencionado o nome do mendigo, o que não era de se esperar no caso de uma parábola.
A vida natural está cheia de contrastes, de calor e frio, luz e sombra, peso e alívio, saúde e doença, etc. E quase não sabemos apreciar uma condição vantajosa sem conhecer seu contrário.
Jesus quis ensinar ao povo com respeito à vida futura, e serviu-se do contraste entre a sorte de dois homens, sendo um deles rico e o outro pobre:
I. O CARÁTER DE AMBOS
Somos obrigados a inferir que o pobre era um homem piedoso e o rico ímpio, pois de outra maneira o contraste entre as suas sortes eternas não tem explicação.
1. Notar os efeitos da riqueza e de luxúria sobre o caráter quando não acompanhados do temor de Deus.
2. As riquezas reconhecidas como pertencentes a Deus podem ser uma bênção que nos proporcione oportunidades aumentadas de sermos úteis aos nossos semelhantes. Contudo:
3. Não há nenhuma virtude inerente na pobreza, mas a tendência dela e dos sofrimentos é levar-nos a pensar em Deus.
4. Entendemos que esse homem pobre era homem piedoso e temente a Deus. Um homem de fé.
(1) Lázaro – Seu Nome: Significa “Deus ajuda”. Este nome específico talvez indique que Jesus, nesta narrativa, conta uma história conhecida.
(2) Lázaro – Seu caráter:
1) Um homem piedoso, mas muito provado pela pobreza, sem ser espiritualmente prejudicado por ela. Ele sofria nas circunstâncias e na saúde.
2) Um homem desamparado, sem a proteção da própria família; vivendo de esmolas.
1- “jazia” (16.20): gr, esbebleto, “foi jogado”. Esta palavra era usada para exprimir prostração por causa de doença ou feridas.
3) Tinha aprendido na escola de adversidade a ser humilde, e a contentar-se com as migalhas...
5. O Rico:
(1) Provavelmente um saduceu (da seita judaica que não acreditava na vida após a morte cf. At 23.8, e limitava o cânon aos livros de Moisés). Em contraste com o “administrador astuto” e sua precaução para o futuro (vv. 4 – 9) este rico, como o “louco” (12.16 ss), é indiferente ao sofrimento presente e ao juízo futuro, ilustra o princípio do v. 15b.

II. A CONDIÇÃO DE AMBOS NESTA VIDA
1. Inferimos na narrativa que o rico vivia na luxúria sem cuidar dos seus interesses espirituais.
(1) No rico descobrimos certos defeitos de caráter que podem explicar seu destino final:
1) Era egoísta, gastou sua riqueza consigo.
2) Era guloso, e devemos entender que por isso era moralmente degenerado.
3) Era vaidoso, o que demonstrava pelo vestuário.
4) Era (talvez) sem compaixão para com os pobres e necessitados, mas devemos notar que não era criminoso.

2. Que ele se ocupava apenas com os prazeres do presente sem pensar no futuro.
3. Que ele pouco se importava com o pobre e necessitado que jazia à sua porta.
4. Negligenciava deveres evidentes.
5. Que riquezas e prosperidades nem sempre são um sinal da bênção e aprovação de Deus.
6. Que fartura de prazeres é perigoso, levando a pessoa ao esquecimento de Deus.
7. Que a indulgência do corpo pode resultar na perdição da alma.

III. A CONDIÇÃO DE AMBOS NA VIDA VINDOURA
1. Ambos esperavam a morte: o rico como o termo dos seus prazeres; Lázaro como o das suas penas; E o ouvinte? Como tens esperado a morte?
(1) Hades: Embora ambos estivessem no Hades (o lugar, ou talvez o estado, dos mortos) havia uma diferença, uma distância, e um “grande abismo” entre os dois. O paraíso (seio de Abraão) está separado pelo abismo.
(2) Inferno (16.23) Gr. Hades, não é Geenna (Mt 5.22), mas a habitação dos mortos no mundo inferior, até o juízo final.
(3) A versão NVI observa que o versículo 23 nos lembra que embora o texto retrate o rico no “inferno”, a palavra grega é “Hades”. Nos tempos do Novo Testamento “Hades” (hb. Sheol) era um termo geral para lugar/estado dos mortos enquanto aguardavam o juízo final. A opinião popular defendia que os justos descansavam no Gan Éden, enquanto os ímpios poderiam ser vistos no Gehinom. Em contraste com a história de Jesus, que retrata Abraão se dirigindo compassivamente ao rico atormentado como “filho”, na lenda judaica os justos se alegram ao observar o sofrimento dos ímpios.
2. Em ambos os casos devemos incluir a eternidade em nossa compreensão da morte. Qual dos dois era mais para ser invejado?
3. Vemos Lázaro o objeto da solicitude dos anjos, e o rico apenas dos amigos ou vizinhos. Sem dúvida, ele teve um enterro pomposo.
4. O estado do rico no mundo além é miserável, e a miséria aumenta.
5. Parece que as penas do inferno têm despertado no rico um desejo pelo bem-estar dos outros – ao menos dos seus irmãos? Que faz o ouvinte agora pela saúde espiritual dos seus irmãos?
(1) Entre outras coisas, o trecho ensina a importância de atender ao ensino de “Moisés e os profetas”, isto é às Sagradas Escrituras.
(2) A história ensina a obstinação da incredulidade e a impossibilidade do homem se salvar rejeitando a Bíblia (29 – 31)
(3) Nem a ressureição de Lázaro (de Betânia, irmão de Marta e Maria), nem a de Cristo, persuadiram os arrogantes líderes a se arrependerem (Jo 11.47 – 12.11).

6. Ele pede uma esmola impossível de se obter.
(1) Embora ele suplique por apenas uma gota de água, Abraão, enfaticamente diz que não. Nenhum alívio é possível – ou apropriado!
(2) “Os gozos do Céu são espirituais, e ali não há prazeres para os que não têm o temor de Deus ou do desejo de obedecer; e por isso aquele que, por uma longa vida de egoísmo e de esquecimento de Deus, tem endurecido a sua alma. Com isso que tem posto um grande abismo entre si mesmo e o Céu.”
(3) “Estou atormentado nesta chama” (v.24); “É do tormento da sua alma que ele se queixa, portanto, trata-se de um fogo que arde na alma. Tal fogo é a ira de Deus, sofrida por uma consciência acusadora, um coração que se condena. Para o corpo nada há mais terrível do que se atormentado pelo fogo; por isso as misérias das almas iníquas condenadas são representadas por essa figura”. (Matthew Henry).
1) Tormento: O inferno é um lugar de sofrimento, de onde é visto o que jamais se gozará (v.23).
2) De onde os condenados se lembrarão do passado com saudade insaciável e remorso (v.25)
3) De sede sem alívio (v.24).
4) De condenação irrevogável (v.26).
(4) Sua Oração Ineficaz:
1) Se tardia, a petição de misericórdia só poderia ser atendida quando feita antes da morte.
2) Mal endereçada – nem Abraão, nem santo algum, nem mesmo Maria, pode atender às orações (Jo 14.13).
3) Sem arrependimento e fé – o rico ainda procura alívio, mas não a glória de Deus.
7. Notamos o estado desesperado de quem não faz caso da Palavra de Deus (16.31). Ele nem será persuadido, mesmo que se levante alguém dos mortos.
8. Coisas Omitidas da Narrativa:
(1) O sangue que faz remissão.
(2) A graça de Deus que perdoa ao arrependido.
(3) A fé que descansa numa obra expiatória.

CONCLUSÃO – Ensinamentos práticos:
1. Devemos julgar tudo à luz da eternidade. Esta vida é “a véspera do sábado”. É um tempo para que nos preparemos para a eternidade.
2. Jesus elimina, assim, a possibilidade de existência do purgatório, ou de salvação após a morte.
3. Não há comunicação entre os vivos e os mortos.
4. A existência além é uma existência consciente – não há o “sono da alma”.
5. Este capítulo como um todo nos convida a perceber que se levarmos esta realidade a sério, ela afetará a maneira como consideramos e usaremos o dinheiro, e a maneira como agiremos em relação aos pobres e famintos.

BIBLIOGRAFIA
O Guia do Pregador – S.E.Mcnair
Bíblia Explicada – S.E.Mcnair
Bíblia Shedd
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards

Wilson de Jesus Alves
Bacharel em Teologia