MOTIM EM FAMÍLIA
Texto Bíblico: Números 11. 1-7; 12.1-8
INTRODUÇÃO: “A murmuração envenena as pessoas e destrói vidas” – Antonio Gilberto
O PECADO DA MURMURAÇÃO
Definição.
Termos No Original.
Hebraico.
‘ÃNAN: Queixar-se, murmurar (Lm 3.39; Nm 11.1).
RÃGAN: Murmurar, cochichar (Is 29.14; Dt 1.27).
HÃGÃ: Murmurar, gemer, meditar, planejar, imaginar. O sentido básico de HÃGÃ e seus cognatos é o de som baixo, característico do arrulhar de uma pomba (Is. 38.14; 59.11) ou do rugir de um leão depois de capturar sua presa (Is 31.4).
É usado ocasionalmente em contextos de lamentação, como os gemidos pelo julgamento que cairia sobre Moabe (Is 16.7; Jr 48.31).
Ou os sussurros do inimigo depois da queda de Jerusalém (Lm 3.62).
Os feiticeiros são conhecidos por seus sussurros e murmúrios ao praticarem o ocultismo (Is 8.19).
Em sua angústia o salmista suspira e clama a Deus por ajuda (Sl 51.2)
Frequentemente o termo se refere a planos malignos originados no coração de homens ímpios ou nações pagãs, e que se manifestam em palavras mentirosas e enganosas (Sl 2.1; Pv 24.2). As palavras perversas são apresentadas como precedentes tanto do coração (Is 59.13) quanto da língua (Is 59.3).
TELUNNÂ: Palavra sempre empregada para designar as murmurações contra o Senhor; um ato de rebeldia, descrença e desobediência à autoridade devidamente constituída (Êx 16.7, 9, 12; Nm 14.27; 17.5, 10). A verdadeira natureza dessa murmuração se vê no fato de que é um ato ostensivo de rebelião contra o Senhor (Nm 14.9) e uma recusa obstinada a crer na palavra de Deus e nas obras miraculosas de Deus (Nm 14.11, 22, 23).
Grego.
GONGUZÕ: “murmurar, sussurrar, resmungar, dizer qualquer coisas em tom baixo” (em português – “gongo”).
Uso: É usado acerca de:
Os Trabalhadores na Parábola dos Trabalhadores da Vinha (Mt 20.11).
Os escribas e fariseus contra Jesus (Lc 5.30);
Os judeus (Jo 6.41,43).
Os discípulos (Jo 6.61).
O povo (Jo 7.32, acerca de debater secretamente).
Os israelitas (1 Co 10.10 – duas vezes onde também é usado numa advertência aos crentes).
DIAGONGUZÕ: literalmente “murmurar por” sempre é usado acerca de reclamação indignada (Lc 15.2; 19.7).
EMBRIMAOMAI: É traduzido em Mc 14.5 por “bramavam contra”; expressa desgosto indignado.
STENAZÕ: “gemer” (aludindo a um sentimento de pesar interior e tácito), é encontrado em MC 7.34 (“suspirou”); Em Tg 5.9 por “queixeis”.
Murmurador.
PSITHURISTES: “murmurador” ocorre em sentido ruim em Rm 1.29 (“malignidade”). O sinônimo é KATALALOS: “caluniador, maldizente” (Rm 1.20, “murmuradores”).
PSITHURISMOS: “sussurro” é usado acerca de “calúnia secreta” em 2 Co 12.20 (“mexericos”).
Conceito geral.
Literalmente: “Falar baixinhos; falar entre os dentes; segredar”.
Semanticamente. Maledicência, falar mal às escondidas; pelas costas; maldizer; difamar; criticar; queixar-se; lastimar-se; resmungar, caluniar, fazer mal juízo, reclamar, denegrir.
Teológica:
A murmuração é um pecado da língua e se constitui um hábito que trai uma condição espiritual. Aos filipenses, Paulo exortou: “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14), e Pedro, em sua primeira epístola, aconselha-nos a deixar toda a malícia, e todo o engano, e fingimentos, e invejas, e todas murmurações (1 Pe 2.1).
A murmuração é falar mal de alguém ou alguma coisa: são queixas de pessoas descontentes, e, portanto, é pecado, e muitos obreiros têm perdido a graça de Deus porque constantemente ocupam o tempo precioso que dispõem para falar mal dos ungidos do Senhor (Tg 4.11). “Não toqueis nos meus ungidos” (Sl 105.15).
O Perfil Do Murmurador.
O murmurador peca com a língua! (Jd 16).
O murmurador sabe tudo o que há de errado, sobre todos, e sobre tudo (mas geralmente não quer saber nada sobre o que é certo).
O murmurador desconhece a misericórdia e perdão.
O murmurador não tem prazer em ouvir que Jesus era “o amigo dos pecadores”
O murmurador não vibra ao ouvir pregações e estudo sobre:
“O Filho Pródigo” (Lc 15).
“A Mulher Adúltera” (Jo 8).
“A Mulher samaritana” (Jo 4).
“Davi, sendo perdoado por Deus”.
(Ele, o murmurador gosta de ouvir mensagens condenatórias).
Os Males Da Murmuração.
As conversas de ouvido em ouvido, as histórias que são contadas baixinho, não poucas vezes são mentirosas, boatos, difamações, calúnias, astúcias para promover dissensões e roubar a paz dos que estão na igreja e em paz com Deus (Pv 21.23).
“Andar murmurando não conserta nada, antes põe muito acerto a perder” (Lv 19.16).
Há casas que são verdadeiros centros distribuidores de perversidades. Visitadas constantemente por pessoas de pouca ou nenhuma ocupação, é que aí são bem-vindas, justamente pelo novo material que trazem; não cessam a diabólica indústria contra a honra alheia. Tais casas não conhecem a paz nem a prosperidade, por causa do ambiente envenenado que seus habitantes suportam.
Se o hábito dos murmurados, em vez de carrear o mal, quer seja em palavras ou na preocupação de desferir ataques, quer no rádio, na tribuna convencional, no púlpito, no rádio ou contra o colega (seu próximo – Lv 19.18) fosse aplicado em recomendações e admoestações, muitos livros teríamos para a edificação da igreja de Cristo enquanto milita na terra.
A MURMURAÇÃO DOS ISRAELITAS
O mesmo povo que Moisés libertou do Egito e que creram nele, mais tarde murmurou contra ele (Êx 4.30-31).
Moisés, quando conduziu o povo de Israel através do deserto, sofreu muito por causa desse problema. Depois de uma parada de quase um ano inteiro no distrito do Sinai (Êx 19 e Nm 10.11) a peregrinação dos israelitas continua.
Queixam-se. Não mais se contentam com o “pão do céu”. Como é triste quando pessoas dentro das igrejas buscam substitutos no mundo em vez de desejar o maná celestial, que é a Palavra de Deus (Jo 6.66-69; Mt 4.4). Ao tentar atrair e agradar o “populacho”, certas igrejas transformaram seus templos em teatros, seus ministérios em shows e seus cultos em entretenimento. Paulo teve de tratar com essa gente em sua época (Fp 3.17-21), de modo que não se trata de um problema novo.
Um dos males que havia em Israel era “a mistura de gente” (Nm 11.4) no seu meio, gente sem espiritualidade e sem fé. A presença de descrentes, na igreja promove muitas murmurações.
Populacho: Este é o único lugar, no Antigo Testamento em que o termo hebraico ASAPSUP é usado e descreve a “ralé” ou “gentalha” que acompanhou os israelitas quando saíram do Egito (Êx 12.38).
Qualquer que fosse sua origem, o “populacho” trouxe muitos problemas para Moisés e o povo de Israel, e um grupo parecido de pessoas está sempre criando caso com os servos de Deus e o povo de Deus hoje em dia.
Na Parábola do joio e do trigo (Mt 13.24-30, 36-43), Jesus ensinou que, onde quer que o Senhor “plante” seus verdadeiros filhos, o diabo também vem e planta suas imitações. A natureza de Satanás é imitar e infiltrar-se (Jd 4; 2 Pe 2.1,2), o que explica por que Paulo advertiu a igreja sobre os “falsos irmãos” (Gl 2.4; 2 Co 11.26), os “obreiros fraudulentos” (vv. 13ss) e sobre “o outro evangelho” (Gl 1.6-9).
Aprendemos que não são os inimigos de fora da igreja local que fazem estrago, mas sim as imitações que se encontram dentro da comunidade da igreja (At 20.28-30; 3 Jo 9-11).
Moisés se desanima, e queixa-se da sua pesada carga. O povo, na sua falta de espiritualidade, pede carne (v.18) e o comentário do salmista é que Deus “deu-lhes o que pediram, mas enviou magreza às suas almas” (Sl 106.15).
A Culpa Dos Murmuradores.
Engrandeceram as iguarias do Egito (Nm 11.5), como se Deus lhes fizera um grande mal ao tirá-los dali.
Ficaram enjoados da boa provisão que deus lhes fizera (v.6). Era pão do céu, e para mostrar como era sem razão a queixa do povo, o maná é aqui descrito (v.7,8).
Duvidaram do poder e da bondade de Deus, dizendo: “Quem nos dará carne a comer?”.
Comeram com gulodice (v.33), demonstrando assim a sua carnalidade.
O Comportamento De Moisés. Não foi muito exemplar.
Ele deu pouco valor à honra que Deus lhe dera, fazendo-o ilustre instrumento da sua graça na libertação do povo.
Ele se queixa demasiadamente de uma pequena tribulação e se importa demais com um cansaço passageiro.
Ele engradece o seu trabalho, dizendo: “puseste sobre mim a carga de todo este povo” (Nm 11.11).
Não reconhece a sua obrigação de fazer tudo quanto possível para desempenhar o serviço que lhe fora confiado.
Ele toma responsabilidade demais sobre si quando diz: “Donde teria eu carne para dar a todo este povo” (v.13), como se fosse ele o provedor, e não Deus.
Ele tem em pouco a graça divina quando diz: “Eu só não posso levar este povo” (v.14). Se a tarefa tivesse sido muito menor, ele também não teria podido dar conta dela pela suas próprias forças, mas se tivesse sido muito maior, pela ajuda divina teria podido aguentar com ela.
Pior de tudo, ele quer que Deus o mate, em vez de pedir graça divina suficiente para seu trabalho.
Podemos tomar como texto áureo o versículo 23: “Porventura é curta a mão de Jeová?” e pensar como a resposta a tal pergunta pode ter sentido para nós nos dias da nossa provação.
“Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel”, disse o Senhor (Nm 14.27). Aqui o povo todo murmurou, e rebelou-se contra Moisés, e contra Deus.
Moisés deixou de entrar em Canaã porque perdeu a paciência com os murmuradores (Nm 20.7-13; Dt 1.37; 3.262; 4.21; Sl 106.32; 1 Co 10.10).
UMA DESINTELIGÊNCIA DE FAMÍLIA (Nm 12.1-8).
Este incidente ocorreu em Hazerote.
Nome significa “aldeia” em hebraico.
Esse era o nome da terceira parada ou acampamento dos Israelitas, depois que saíram do Sinai, em suas andanças pelo deserto. Ficava a 4 ou 5 dias de marcha daquele monte.
Quem Era A Mulher Cusita.
O pretexto foi o casamento de Moisés com uma mulher estrangeira.
A Causa Real Foi Ciúme (v.2).
“Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés?”
A preposição “por” pode significar “por meio de”, “com” ou mesmo “de dentro de” Moisés (cf. Rm 1.17, ek, “de dentro”, citando Hc 2.4b). Esta última tradução está mais de acordo com o tema desta passagem (Nm 12.8), que mostra que Deus escolheu comunicar-se com Moisés diretamente, e não indiretamente, como fez com outros profetas.
A queixa não é de Moisés ter governado mal, mas de ter governado sozinho.
A inveja, o ciúme e a competição são fatores que levam as pessoas a queixas.
O Que É O Ciúme:
Definição. É uma forma de distúrbio ou anomalia afetiva subjetiva; individual.
Descrição: Sentimento ameaçador de perda do que é seu afetivamente, podendo ser pessoas ou coisas.
Formas De Ciúme:
Ciúme Lógico.
Zelo pela pessoa que pertence a ela.
Cuidado.
Proteção.
Ciúme Psicógeno.
Doentio, patológico, mórbido. Geralmente vem da infância (desajustes da “paixão”).
Ciúme Invejoso.
Vem da inveja.
É platônico.
Ciúme Pueril.
Vem da imaturidade crônica.
Doenças da personalidade.
Causas Do Ciúme
Motivos da parte do marido/mulher.
Conversas mentirosas de terceiros.
Amor não correspondido.
Ação maligna.
Infância conflituosa.
Anomalias neuropsíquicas.
Trauma amoroso sofrido.
Desconfiança;
Complexo de inferioridade.
O Caráter De Moisés: “Era [...] Moisés mui manso”. Às vezes faz-se a pergunta, como Moisés poderia ter sido verdadeiramente manso se buscou reconhecimento para sua mansidão, elogiando-se a si mesmo?
Hengstenberg sugere que o caráter de Moisés não deve ser medido pelos dos homens comuns. Este capítulo por si mesmo ensina que o profeta tinha um relacionamento tão íntimo com Deus que podia falar a verdade, mesmo quando se relacionava com a sua própria natureza.
Mas a resposta também pode ser que esta obra seja a de um shõ-tNêr divinamente inspirado ([shõtNêr hb. Nm 11.16 “superintendente”]). A septuaginta traduz como “escribas” GRAMMATEIS. Eles eram realmente “oficiais”, mas podiam ter contribuído para a organização e preservação do registro sagrado) como a narrativa da morte e sepultamento de Moisés em outras notas editoriais.
A Identidade Da Mulher Cusita.
Pode Ser A Própria Zípora (Êx 2.21).
Fatos Sobre Zípora.
Significado do nome: “Pardal” ou “pássaro”.
Família: Era filha do sacerdote de Midiã chamado Jetro ou Reuel (Êx 2.21,22).
Essa senhora era a primeira mulher destinada a casar com Moisés e ter dois filhos de importância com ele, Gérson e Eliézer (Êx 2.22; 18.3,4).
A única outra informação que temos sobre ela é a que diz respeito à circuncisão de Gérson, forçada por Moisés (Êx 4.24-26), assim concluímos que eles tiveram uma vida dura com o futuro legislador.
A família nem podia imaginar que ele estava destinado a ser a estrela mais brilhantes no céu dos hebreus, até Jesus Cristo, claramente.
Zípora viveu em torno de 1450 a.C.
Cuxe:
Cuxe foi o primeiro filho de Cão, o pai dos povos mais sulinos que os hebreus conheciam (Gn 10.6,7) e que habitavam no sul do vale do Nilo. É possível que haja uma referência à esposa de Moisés, Zípora. Nesse caso, o termo “cuxita” talvez seja usado para desprezar sua descendência midianitas.
Cusã recebe os seguintes significados:
Etiópia;
Cassita – ao leste da Babilônia;
Cusi – Arábia Setentrional;
Cusã-Midiã;
Aparência vistosa. Então mulher cusita, poderia ser traduzido como “mulher de aparência vistosa”.
As tradições judaicas a identifica com Zípora, pensando que ela era natural de Cusã, que aparece em Hc 3.7.
Pode se referir a um segundo casamento, depois da morte de Zípora.
A mulher cusita (etíope) era provavelmente uma cusita asiática e não africana (cf. Gn 2.13; 10.6-8; Hc 3.7).
Entre as muitas lendas sobre Tharbis, a filha de Kirkanos, rei da Etiópia, existe uma que conta que Moisés se casou com a rainha da Etiópia, e governou aquele país por 40 anos.
Talvez essa nova esposa de Moisés fosse uma ameaça à autoridade de Miriã, visto que haveria outra mulher para compartilhar as coisas. A animosidade pessoal pode ter sido a base de todo o incidente.
O Targum de Jônatas diz que a mulher em apreço era rainha.
William S. LaSor afirma: “Não há evidência alguma, quer em material bíblico quer em extra-bíblico, para apoiar a ideia de que Cam ou quaisquer de seus descendentes fossem negroides”.
O Juízo Divino Sobre Mirã.
Fatos Sobre Miriã:
Nome: No hebraico significa “obstinação”, “rebeldia”. É o equivalente a Maria no Novo Testamento.
Primeira menção: ela liderou o coro de mulheres do Cântico de Moisés, por ocasião da travessia do mar Vermelho, após o Êxodo. Essa é a primeira vez ela é chamada por nome; mas em Êxodo 2.3 ss, ela é descrita a vigiar a arca que sua mãe preparara para o bebê Moisés. Isso feito a fim de salvar a vida do menino, visto que o Faraó ordenara que todos os recém-nascidos do sexo masculino, entre os hebreus fossem mortos, pois temia que a multiplicação dos hebreus fosse prejudicial ao Egito.
Dom profético: Ela foi a primeira pessoa, da família de Moisés, acerca de quem é dito que possuía o dom de profecia. Ela é chamada de profetisa em Êx. 15.20,21.
Ela liderou uma rebelião contra Moisés.
Josefo informa-nos que ela era casada com Hur, pelo que foi a avó do arquiteto e artífice Bezaleel.
Morte: Miriã faleceu perto do fim das vagueações de Israel em Cardes, e foi sepultada ali (Nm 20.1).
Nos dias de Jerônimo, o túmulo de Miriã era mostrado perto de Petra, embora ninguém sabia se o local era autêntico.
Apesar desse problema e dos erros que cometeu muito tempo depois ela era lembrada como uma das grandes líderes de Israel, durante o tempo do Êxodo e subsequentes vagueações pelo deserto (Mq 6.4).
A Iniciativa De Miriã:
Tanto Arão quanto Miriã tiveram ciúmes do supremo poder de Moisés, mas foi Miriã quem teve a coragem de vir a público. De fato ela instigou uma franca rebelião contra Moisés.
“Falaram” (v.1): O verbo, na verdade, está no feminino singular, indicando que Miriã tomou a iniciativa na crítica. Miriã foi a instigadora desta rebelião.
Seu nome foi colocado antes do de Arão.
Miriã e Arão logo aprenderam a verdade do Salmo 105.15: “Não toqueis nos meus ungidos e não maltrateis meus profetas”.
A Punição.
“A nuvem retirou-se de cima da Tenda” como sinal do desagrado de Deus com os queixosos, e Miriã é ferida de lepra.
A natureza pública de seu pecado exigia uma punição pública (cf. 1 Tm 5.20).
A Lepra:
O que é lepra. (sara’at hb.)
O termo hebraico não se refere somente à lepra, mas também a diversas doenças da pela.
A Lepra É A Moderna Hanseníase?
Os sintomas descritos em Lv 13.6,26, 272, 32-37 e fato de que podem alterar-se rapidamente demonstram que essas doenças não correspondem à hanseníase clássica.
O pelo do local afetado às vezes fica embranquecido (Lv 13.13,25), efeito raramente visto na hanseníase.
A hanseníase aumenta a dormência à medida que se espalha, mas a Bíblia não menciona esse sintoma.
A lepra bíblica podia ser curada sem tratamento (Lv 14.3), enquanto a hanseníase não tem cura (a não ser por milagre).
Doenças De Pele No Mundo Antigo. A Bíblia menciona várias categorias de problemas relacionados com doença de pele:
Feridas purulentas ou com fluxo (Lv21. 20; 22.22).
Sarna (Dt 28.27), doenças causadas por infestação de fungos (ex.: a infecção cutânea), eczema e doenças parasitárias (ex.: escabiose).
Furúnculos, erupções da pele e/ou inchaços (Êx 9.9; Lv 13.2; Jó 2.7; Is 38.21).
Verrugas (Lv 22.22).
A doença tradicionalmente interpretada como “lepra” (Nm 12.10; 2 Cr 26.19).
Os Primeiros Sintomas Da Lepra:
Descoloração da pele.
Uma mancha branca ou rósea, que pode aparecer na testa, no nariz, na bochecha, no queixo ou em qualquer outra parte do corpo.
As glândulas sudoríparas são destruídas naquela área, pelo que nunca há transpiração na região atingida; e essa área também fica sensível ao tato e à dor.
Tipos de lepra.
Tipo Lepromatoso. A mancha pode espalhar-se rapidamente em todas as direções. Resultam disso inchaço, tipos de tumores esponjosos. Essa enfermidade também afeta os órgãos internos. Aparecem deformidades nas mãos e nos pés quando os ossos se deterioram e começam a desaparecer. As extremidades dos nervos sensórios não mais respondem ao calor ou aos ferimentos.
Tipo Tuberculóide: É menos severa. Suas manchas tendem por ser limitadas, e mesmo nos casos sem tratamento a enfermidade pode ficar inteiramente sanada após um a três anos. Mas esse tipo de lepra também pode tornar-se crônico.
Uso metafórico.
Metaforicamente falando, essa enfermidade representa o pecado, que é uma condição da alma que se propaga, contagia e é crônica, tal e qual é aquela enfermidade.
Um leproso, naturalmente, nunca podia tornar-se um sacerdote (Lv 22.2-4), da mesma maneira que um pecador impenitente não pode ser um sacerdote espiritual, estando alienado de Deus.
Jesus curou muitos casos de lepra (Mt 8.3), sendo ele a propiciação pelos pecados até mesmo do mundo inteiro (1 Jo 2.2).
Miriã Fica Leprosa (v.10): Só ela foi punida, pois foi a instigadora deste infeliz negócio.
“Não seja como um aborto”: O aspecto de Miriã era terrível, como se fora um feto monstruoso e defeituoso que tivesse acabado de nascer. Ela parecia como “uma espantosa parábola da morte” (Arcebispo Trench)
A irmã de Moisés tinha virado um destroço, um cadáver ambulante.
A Resposta Divina:
“Se entre vós há profeta” (v.6): O hebraico diz, “se houver profeta do Senhor, eu me revelarei”. O hebraico é fora do comum, mas possível. A gramática apresenta a sobrevivência de uma forma de linguagem muito antiga.
O significado é o seguinte: Deus falava aos profetas em visão e em sonhos, mas a Moisés falava diretamente, abertamente, e não por enigmas.
Moisés Um Profeta Singular. “Fiel em toda a minha casa” (v.7). Deus se revelava aos profetas comuns através de meios secundários (visões e sonhos). Mas sendo Moisés o homem da fé em toda a casa de Israel, tinha relacionamento especial com o Senhor.
“Boca a boca falo com ele, claramente, e não por enigmas” (v.8): Não por visões (mar’â), mas claramente (mar’eh); o sentido foi determinado pela frase antitética “não por enigmas”, pois Moisés viu a forma do Senhor. Arão sabia o que isto significava, pois ele mesmo tivera tal experiência com Moisés (Êx 24.10).
Yahweh falava com Moisés “de maneira livre, amigável, e familiar, como um amigo com outro, sem a injeção de nenhum temor, susto ou consternação mental” – John Gill.
O Arrependimento De Aarão.
“Metade de sua carne já consumida” (v.12): Arão arrependeu-se profundamente e rogou que Miriã fosse libertada do horror de ter a sua carne consumida pela lepra.
Esse foi um bom e necessário primeiro passo para reverter a situação. Isso nos ensina a preciosa lição de que os juízos divinos podem ser revertidos por meio do arrependimento e da oração.
“Senhor Meu”. Humilhado pelos acontecimentos, Arão chama aqui Moisés de seu “senhor”.
“Não ponhas... sobre nós este pecado”: Essas palavras são equivalentes a “remove o juízo”. Isto porque o pecado envolve julgamento.
Desta maneira Arão e Miriã dependem da intercessão do único mediador, a quem acusaram. Algo similar aconteceu com os amigos de Jó.
A Intercessão De Moisés (V.13).
Moisés intercede (v.13).
Ele clamou alto porque a nuvem se retirara, e Deus parecia estar afastado. Um caso semelhante é quando a mão paralisada de Jeroboão é restaurada ao pedido do profeta contra quem ela fora estendida (1 Rs 13.6).
Moisés mostrou-se misericordioso e não vingativo o que revelou sua elevada espiritualidade.
A intercessão de Moisés é rápida (especialmente no hebraico), mas fervorosa. Duas vezes ele interpõe NÃ, uma partícula de súplica – “Ó Deus, rogo-te que a cures, rogo-te”. Que humana é essa petição! O que queremos, queremos agora. Mas a vontade de Deus obedece um cronograma, e as coisas acontecem no tempo devido.
A Resposta Divina:
“Se seu pai lhe cuspira no rosto”. Se um pai tivesse que repreender sua filha desta maneira, seguir-se-ia um período de vergonha (cf. Dt 25.9; Is 50.6); quanto mais envergonhada deveria ser Miriã, com sete dias de reclusão, por ter desafiado a autoridade de Deus!
Cuspir na face: Era sinal de vergonha imposta aos que erravam, mas que não incorriam na disciplina extrema da excomunhão (Dt 25.9).
A saliva podia ser a fonte da mancha da cusparada (Lv 15.8).
Cuspir no rosto de outra pessoa era um insulto grosseiro (Nm 12.14; Mt 26.272; 27.30).
Mas Jesus usou o próprio cuspe para curar um homem cego (Jo 9.6). Os rabinos consideravam o cuspe um agente de cura. Cães lambem suas feridas, e isso parece auxiliar no processo de cura, embora possa ser realizado apenas como uma limpeza, em vez de como um elemento de poder antibacteriano.
Se uma filha tivesse feito algo grave o bastante para que seu pai lhe cuspisse no rosto, então tal filha entraria em desgraça. Tal filha teria de entrar em retiro ao menos por uma semana, sem mostrar seu rosto a ninguém. Parece que esse era um dos costumes de Israel.
O Targum de Jhonatas refere-se a quatorze dias de retiro.
O senhor perdoou a Miriã e a purificou de seu pecado lamentável.
O Progresso Do Povo Impedido Por Sete Dias.
Miriã agora dependia do mediador (Moisés) a fim de receber a cura, posto que o tivesse rejeitado fazia tão pouco tempo. Nossas provações por muitas vezes nos humilham, mas é melhor ser humilhado do que mutilado.
Miriã foi compelida a permanecer fora do acampamento de Israel, por sete dias, após ter sido purificada da lepra, a fim de que tivesse tempo para considerar o que lhe sucedera, e tivesse melhores atitudes dali por diante.
O progresso do povo impedido por sete dias (v.15), isto podia ser uma admoestação para todos os que se sentiram culpados, como Miriã, de um espírito queixoso. Mostrava também respeito por Miriã – o povo todo esperou por ela.
O assunto harmonizado:
Misericórdia e saúde para Miriã.
Perdão da parte de Moisés.
Justiça satisfeita – por Miriã estar excluída do arraial durante sete dias.
Ensinamentos Práticos.
Esse acontecimento proveu uma lição objetiva para o povo de Israel, no tocante à autoridade de Moisés.
Naturalmente, a ocorrência envolve ainda uma outra importante lição. Pois, embora Miriã tivesse errado gravemente, ela também foi alvo de significativa graça. onde ficaríamos, todos nós sem a graça de Deus?
Moisés, em outra oportunidade, lembrou o castigo imposto a Miriã, diante dos ouvidos de todo o povo, não muito antes de sua própria morte; e isso nos permite perceber que o ocorrido serviu para ilustrar uma lição durante longo tempo (DT 24.9).
A METÁFORA DE ORÍGENES:
Aplicando seu método alegórico de interpretação, Orígenes fornece-nos um estudo elaborado sobre este texto:
A nova esposa gentílica refere-se à igreja, uma escolha divina que havia de provocar os judeus à ira e ao ciúme.
Os mistérios do Evangelho seriam entregues aos gentios, provocando o ódio por parte dos judeus, tal como Miriã odiara a nova esposa de Moisés, com forte sentimento de ciúmes.
A sara’at que viera afligir a Miriã exibia o desprazer do Senhor com os judeus, por haverem eles rejeitado a Cristo e ao seu Evangelho, como também mostra quão indignos eles eram dessas bênçãos. A sara’at correspondia à sua ignorância voluntária.
Jesus era o homem manso que sofrera perseguição, mas na verdade é o Mediador e Salvador.
Assim como Miriã foi confinada a um isolamento fora do acampamento. Israel foi para a dispersão.
Assim como Miriã foi perdoada e purificada. Assim Israel também será restaurado completamente por Deus.
Assim como Miriã voltou ao acampamento, Israel voltará definitivamente a sua posição diante de Deus.
COMO LIDAR COM AS CRÍTICAS
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que tiverdes julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mt 7.12).
As palavras do Senhor Jesus não se traduzem em tolerância para o mal, mas que é nosso dever sondar sempre os erros de nossa própria vida.
As duas faces da crítica:
Faculdade de julgar com conhecimento; e.
Condenação ou censura desfavorável.
Biblicamente, isto é traduzido pelo apóstolo Paulo como “pecado da malícia” (1 Pe 2.1), e que denominamos suavemente “crítica”.
“A falta de amor para com um irmão é a raíz de toda crítica destrutiva e das divisões nas igrejas cristãs”. Não criticamos as pessoas que nos são caras, incluindo a nós mesmos, e não permitimos que sejam criticadas. Criticamos os que significam menos para nós. E, procedendo desta forma, demonstramos a nossa falência no amor de Cristo.
Quando o ministro deixa o espirito de crítica apossar-se de si, é porque oculta-se em seu interior a “podridão dos ossos”, proverbialmente traduzido por “inveja” (Pv 14.30).
Segundo Finney, essa raiz amarga do espírito de crítica de ser totalmente desarraigada se quisermos preparar o caminho do Senhor. Deus sabe antecipadamente que a nossa capacidade para essa prática é infinitamente fraca, falível e cega, e que não é trabalho apropriado ao nosso coração vaidoso (Rm 14.4 – “Quem és tu que julgas o servo alheio?”). E a crítica tem muitas outras coisas contrárias ao amor do Evangelho de Jesus.
O cristão verdadeiro é humilde, revestido de submissão, brandura, mansidão, docilidade de espírito e de procedimento. Não enche a sua boca de linguagem imunda contra os filhos de Deus “sob a capa de santidade”, mas tem modo e comportamento terno e afável, como recomenda Paulo (Cl 3.12).
Princípios Importantes Sobre O Exercício Da Crítica.
Ao Fazer Uma Crítica Negativa, Mas Positiva:
Orar.
Ser discreto (Mt 18.15).
Fazê-lo em particular (Mt 18.15,16).
Verificar os motivos.
Ser honesto.
Falar a verdade em amor.
Ganhar o direito de ser escutado.
Ser objetivo e específico.
Sugerir alternativas.
Orientar-se por perguntas positivas.
Princípios Para Receber Crítica Negativa.
Orar.
Não ficar na defensiva.
Permitir que o outro complete sua crítica;
Perguntar a si mesmo.
Decidir se o crítico está expressando alguma necessidade pessoal através de sua crítica.
Decidir porque o crítico expressou sua crítica.
Decidir qual é o verdadeiro problema.
Decidir cuidadosamente como responder.
Falar acerca disso.
CONCLUSÃO
O juízo divino sobre os murmuradores (Nm 14.29).
O murmurador deve ser confrontado; deve ser admoestado (Pv 26.20).
“obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” (Hb 13.17).
“Lembra-te do que o Senhor, teu Deus, fez a Miriã no caminho, quando saístes do Egito” (Dt 24.9).
WILSON DE JESUS ALVES