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A JORNADA DE ISRAEL PELO DESERTO

A JORNADA DE ISRAEL PELO DESERTO
E Suas Aplicações Espirituais para a Igreja de Hoje
O Perigo da Queda – Tomar Cuidado
Texto Bíblico: 1 Coríntios 10.1-10; Hb 4.1-11.
INTRODUÇÃO
Paulo acabara de dizer que se esforçava ao máximo para não ser por fim rejeitado. Isto lembra-lhe o mesmo perigo que correm os cristãos em geral. Era bom que tomassem a sério a sua religião. As tentações que fizeram com que Israel caísse à beira do caminho assemelhavam-se muito às que os coríntios estavam enfrentado (1 Co 10.7-8), deleites lascivos. Se lutassem de todo coração, inteiramente resolvidos a vencer, como ele fazia (9.25-27), a promessa de Deus seria certa contra qualquer tentação (9.13).
I. OS PRIVILÉGIOS DE ISRAEL E SUA RESPONSABILIDADE
1. O Batismo Simbólico em Moisés (1,2)
(1) O Batismo na Nuvem (v.1)
1) “Nossos pais” (v.1): São os ancestrais israelitas. Ou os ancestrais espirituais de todos os cristãos, quer judeus, quer gentios. Experimentaram a direção (a nuvem).
(2) O Batismo no Mar Vermelho (v.1)
1) Experimentaram a redenção (o mar).
2) “Todos” (v.2); Quatro vezes para contrastar com “a maioria deles” (v.5).
3) “foram batizados em Moisés” (ARC). Essa frase refere-se à iniciação de Israel no relacionamento do pacto com Deus sob a liderança de Moisés. Ao passarem pela nuvem e pelo mar, eles foram unidos com o seu líder e libertador humano, Moisés. Isso se torna um tipo do batismo cristão, retratando a nossa união com Cristo.
2. A Ceia (v3)
(1) A Comida Espiritual (v.3): Isto é o maná (Êx 16.4, 16), de origem celestial.
(2) A Bebida Espiritual (v.4): A água da Rocha.
Nem o batismo nem a ceia garantem a salvação daqueles que participam dessas ordenanças. A atuação sobrenatural de Deus não assegurou que os israelitas chegariam à Terra Prometida.
3. A Rocha (v.4)
(1) Rocha, como um nome divino no Antigo Testamento: (Dt 32.4, 15, 18, 30, 31, 37; Sl 18.2, 31; Is 30.29).
(2) Uma lenda judaica fala de uma pedra que seguia os israelitas.
(3) Paulo afirma que era Cristo preexistente que os acompanhavam.
(4) Cristo estava constantemente com o seu povo e era a verdadeira fonte de todas as provisões.
Toda a história é espiritualizada. O maná, a água e a rocha, elementos realmente físicos, se tornam objetos da miraculosa provisão divina. O uso de Paulo vai além da mera refeição tipológica – essa Rocha era Cristo, não “é”, ou “é um tipo de” e é uma clara afirmação da preexistência de Cristo.
4. Outros Privilégios de Israel (Rm 9.4,5)
(1) A Adoção ou Filiação (Êx 4.22; Dt 14.1).
(2) A Glória. Refere-se à glória da presença de Deus no Monte Sinai, no tabernáculo e no templo, chamada Shekiná.
(3) As Alianças.
1) Bons manuscritos apoiam o singular, o que seria uma referência à aliança do monte Sinai.
2) A Bíblia se refere às seguintes Alianças de Deus:
• Abraâmica (Gn 12.1-3; 13.14-17)
• Mosaica (Êx 20 -31).
• Palestínica (Dt 29 e 30).
• Davídica (2 Sm 7).
• A Nova Aliança (Jr 31.31-33).
(4) A Legislação.
(5) O Culto do tabernáculo.
(6) As Promessas, o reino Messiânico.
(7) Os Patriarcas, a quem Deus se revelou.
(8) Cristo, segundo a carne: Cristo, nascido de Israel como seu Rei-Salvador Ungido, entregue como Redentor do mundo.
II. OS ERROS DE ISRAEL E SUAS CONSEQUÊNCIAS
1. Os Erros.
(1) A Cobiça (v.6). Desejar com insistência. Israel queria carne (Nm 11.4,34; Sl 78.27 ss) o que era desejado pelos coríntios (1 Co 8).
(2) A Idolatria (v.7). Uma citação de Êx 32.6 em conexão com adoração do bezerro de ouro. Essas festas idólatras geralmente incluíam dança e música. Em vista dos problemas em Corinto (cap.8), a advertência é de importância capital. Apesar da graça de Deus, Israel caiu na idolatria e na fornicação (Êx 32.6; Nm 25.1,9). Os coríntios raciocinavam (como os israelitas) que a participação em banquetes pagãos não era idolatria. Embora os ídolos possam não ser nada neste mundo (1 Co 8.4), a história de Israel mostra que a idolatria é perigosa!
(3) A Prostituição (v.8)
(1) 23.000 ou 24.000?
1) Nm 25.1-9 diz: 24.000. Ambos os números são arredondados.
2) Nm 25.9 que dá 24.00, contando-se os mil líderes israelitas cuja execução está registada em Nm 25.4.
(2) O templo da deusa Vênus em Corinto comportava 1.000 prostitutas.
(4) A Tentação (v.9). Desafiar (Nm 14.22; 21.5)
1) “Senhor” (v.9): Cristo é denominado Javé (Jeová) no Antigo Testamento.
2) “Não devemos pôr o Senhor à prova”: Pode se encaixar em uma adversidade de circunstâncias, exemplo, o abuso da liberdade cristã ao participar de festas pagãs. “Pôr a prova (ekpeirazein):
Tem um significado principal e secundário:
1- Principal: Testar, como Abraão foi testado (Hb 11.17).
2- Secundário: Testar com propósito de causar fracasso, daí “tentar”.
3) No incidente mencionado (Nm 21.5 ss), Deus foi posto à prova, testado além da medida, por meio da insistente ingratidão do seu povo rebelde.
(5) A Murmuração (v.10). Rebelião contra Deus (Nm 14.2,25,36; 16.11,41).
1) Quase certamente se refere ao incidente de Corá (Nm 16.41) quando se seguiu um violento castigo.
(6) Incredulidade (Hb 4.2). A mensagem do evangelho exige a aceitação da fé.
1) “Acompanhada” (Hb 4.2): Literalmente, “unida”. A fé compromete o ouvinte com a mensagem; não se pode livrar da sua obrigação.
2) “Anunciadas as Boas-Novas (Hb 4.2)”: Literalmente “evangelizadas”
(7) Desobediência (Hb 4.11).
1) O instrumento que Deus usa para levar os homens ao descanso da fé é a viva e dinâmica Palavra de Deus.
2) O Poder da Palavra de Deus (Hb 4.11-14): Os israelitas no deserto perderam sua herança na Terra Prometida por causa da sua desobediência à Palavra de Deus. Nossa melhor esperança de atingir nossa herança prometida é a obediência à Palavra de Deus.
1- As igrejas precisam entender quanto poder elas teriam se dessem à Palavra de Deus a posição de devido destaque nos cultos. Mas lastimável, há uma tendência de colocar muita outra coisa nas pregações, deixando a Palavra de Deus em segundo lugar.
2- Essa Palavra, mais penetrante que uma aguçada espada de dois gumes, corta até o ponto em que as atitudes e os motivos ficam desnudos, onde os pensamentos mais íntimos de cada um são julgados.
3- Desbasta toda pretensão e logro, revelando-nos como realmente somos.
(8) Coração Endurecido (Hb 3.13; 4.7). O engano do pecado produz endurecimento (Jr 17.9). Tanto Satanás como nosso próprio coração querem nos convencer que atitudes e práticas erradas não são pecaminosas.
2. As Consequências:
(1) Deus não se agradou da maioria deles (v.5). Todos, menos Josué e Calebe (Nm 14.29 ss).
1) Pode ser desaconselhável conformar-se com a maioria: a maioria dos que escaparam do Egito pereceu antes de atingir a Terra Prometida.
2) O argumento de Paulo é que, apesar de suas bênçãos, essa geração não era agradável a Deus.
3) As bênçãos de Deus não representam uma licença para ignorarmos a Ele ou aos seus mandamentos. Devemos responder ao Deus que nos abençoa com um total comprometimento aos Seus caminhos.
(2) A Indignação de Deus (Hb3.10)
(3) Foram Prostrados no Deserto (.v 5). Ver Hb 3.17. “Que espetáculo para os olhos dos enfatuados coríntios; todos esses corpos fartos de alimentos miraculosos cobrindo o solo do deserto!” – Godet
(4) Morte em Massa (v.8).
(5) Ataque de serpentes (v.9).
(6) Anjo destruidor (v.10): Embora não mencionado no texto de Números, é visto por Paulo como o agente da ira de Deus, como em Êx 12.23. Findlay sugere que Paulo tinha em mente a murmuração de partidos invejosos e de mestres indignos em Corinto (1.11,12; 4.6,18)
III. EXORTAÇÕES PRÁTICAS
1. Estes Fatos Possuem Um Valor Tipológico.
(1) “como exemplo para nós” (v.6). Tipo: Paulo aplica as lições da história. Typoi (exemplo ou advertência) pode ter vários significados:
• A marca de um golpe (Jo 20.25).
• O carimbo de um molde.
• Um padrão (Rm 6.17).
• Um tipo (Rm 5.14).
• Como aqui, um exemplo a ser seguido ou que serve advertência (Fp 3.17; 1 Ts 1.7).
(2) A Tipologia do Antigo Testamento e Suas Lições (Rm 15.4): A redenção do jugo do Egito, a perambulação pelo deserto e a entrada na terra foram tipos ou prenúncios de verdades espirituais aplicáveis aos santos do Novo Testamento (v,6,11).
1) Moisés prefigurava Cristo.
2) A passagem de Israel pela nuvem e pelo mar simbolizaram o batismo do Espírito em Cristo (Rm 6.3,4).
3) Os “Pais” prefiguram os santos do Novo Testamento.
4) O pão e a bebida do deserto sugerem Cristo (Êx 13.21; 14.22; Sl 105.39; Êx 17.6).
5) Canaã, O Lugar de Descanso: É aquela plena confiança na obra consumada de Cristo, tanto para a salvação da alma, quanto para a santificação da vida, que traz não só “paz com Deus” (Rm 5.1), mas “a paz de Deus” (Fp 4.7). O evangelho é a fonte dessa paz, pois gira em torno da obra expiatória do Filho. A fé no evangelho é a chave desse descanso. A geração que saiu do Egito (exceto Josué e Calebe) não entrou nesse descanso por causa da descrença. Tampouco Josué, deu a Israel o descanso do molestamento dos seus inimigos. Só Cristo, o Josué maior pode proporcionar descanso verdadeiro. Esse descanso de redenção repousa integralmente na obra da cruz e elimina todo esforço individual, mérito humano ou reivindicação legalista como meio de salvação ou santificação (Ef 2.8-10). Projeta a vitória da fé na conquista dos inimigos espirituais (o mundo, a carne e o Diabo).
2. Estes Fatos Possuem um Valor Escatológico:
“os fins dos tempos” (v.11):
(1) A época do Evangelho (Hb 1.1).
(2) O fim “desta era” e o início da “era vindoura”
3. Estes Fatos Possuem Um Valor Prático.
(1) É fácil ter excesso de confiança, ainda mais quando a vida é tranquila. O que aconteceu com muitos israelitas durante a peregrinação pelo deserto serve de solene advertência.
(2) As bênçãos que recebemos de Deus são a maior garantia de que Ele não tolerará nossos pecados. Não devemos ser orgulhosos ou arrogantes; ao contrário, os dons de Deus devem nos tornar humildes e compreensivos.
(3) Cuidado. O que aconteceu naquela época pode se repetir agora, se aqueles que ouvirem a mensagem de Deus não a aceitarem. As provações atacando a igreja de Corinto eram de fato tentações para o pecado. Paulo talvez tenha em mente o pretexto de alguns de que estavam sendo forçados a participar das festas nos templos. Não obstante, não importa a tentação – para a idolatria, a fornicação, ou outra qualquer – é comum aos homens. O caso dele não é especial: os israelitas a enfrentaram muito tempo antes.
(4) “Aquele que julga estar em pé” (v.12):
• Os sábios (3.18)
• Os ricos (4.8)
• O homem de conhecimento (8.10). – cuide-se! A autoconfiança excessiva é, muitas vezes, um prelúdio do pecado.
(5) Deus é nosso Protetor (v.13). Um consolo após advertência.
1) “Livramento” (13): É concedido para cada tentação nas circunstâncias exatas (Mt 6.13; Tg 1.13; Hb 11.17). Cada provação tem o seu escape especial dado por Deus. A capacidade para suportar é dada quando “forem tentados”, não fora da tentação.
2) Deus não nos tenta para levar-nos a pecar, mas fortifica-nos pelas provas.
3) Deus é Fiel: Pode-se confiar nele (1.9; 1 Ts 5.24; 2 Ts 3.3; 2 Tm 2.13; 1 Pe 4.19).
4) “além do que podem suportar”: Como cristão (2 Co 12.9,10).
BIBLIOGRAFIA
Bíblia Shedd
Manual Bíblico H.H.Halley
Manual Bíblico Unger
Manual Bíblico SBB
Comentário Bíblico NVI – F.F. Bruce, Organizador
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento - Lawrence O. Richards