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UM LOUCO NO CEMITÉRIO

UM LOUCO NO CEMITÉRIO
A Libertação Do Gadareno
O Sansão do Reino das Trevas

Texto Bíblico: Lucas 8.26-39

INTRODUÇÃO
1. Gadara ou Gerasa?
• Não é claro que nome deve ser lido aqui. Tanta Gadara como Gerasa eram cidades situadas a alguns quilômetros do lago. Mateus diz gadarenos, Marcos e Lucas, gerasenos.
• “Gadara pensa-se que ficava mais ao Sul... cidade maior que deu seu nome à região circunjacente. Gerasa era a vila isolada perto da qual se deu o fato. Ficava uns 8 km da foz do Jordão. Ao Sul da mesma fica o único lugar onde as colinas escarpadas se aproxima da água (Mt 8.32) – H.H.Halley
2. Terra dos gerasenos. Fica perto da aldeia árabe de Kursi (ou Kersa) na costa sudeste do lago. Gerasa ficava a uns 48 Km a sudeste do lago. Jesus entra em Decápolis, uma confederação de dez cidades gregas, antecipando a futura missão da Igreja aos gentios.
3. Era um ou dois endemoninhados? Provavelmente, um destes dois endemoninhados fosse excessivamente violento e assim, Marcos e Lucas mencionam apenas um. Mateus está interessado na dupla prova do testemunho (Ele tinha em mente as duas testemunhas necessárias para validar um depoimento na forma da lei)
4. A vítima dos demônios foi ao encontro de Jesus provavelmente, para maltratá-lo. Logo reconheceu sua fraqueza diante do poder absoluto de Deus.

I. A CONDIÇÃO DO GADARENO Este homem estava perturbado. Nele vemos o horror de uma vida fora de controle:
1. Ele estava possesso de demônios (v.27). O mal toma posse do pecador, dominando seus atos, seus pensamentos e sua vida. É tirano cruel, déspota absoluto, sobre todas as aptidões do seu ser. A ação dos demônios toma muitas formas.
2. Ele andava nu (v.27)
3. Ele andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulcros (Mc 5.5): Os possessos ferem-se de noite com as pedras agudas da imoralidade e bebedice, e gritam de manhã com a dor do remorso e da doença. Servem um chefe duro que lhes exige completem sua própria destruição.
4. Ele se feria com pedras (Mc 5.5) Gritava de dor, tinha uma conduta autodestrutiva.
5. Ele vivia excluso (Isolado)
(1) Separado de sua aldeia.
(2) Separado de sua família.
(3) Separado do contato humano normal.
(4) Separado de Deus! “... naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranho às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Ef 2.12)
6. Ele morava nos sepulcros (v.27). Todos os escravizados por Satanás residem realmente no cemitério, são mortos (Ef 2.1)
(1) Sepulcros: As cavernas à beira do lago serviam de sepulcros, cujo contato, para os judeus, contaminaria com imundícia.
(2) “Que tenho eu contigo” (Lc 8.28) Significa a separação total entre o reino do diabo e o reino de Deus, que nada têm em comum. Os que vivem no pecado odeiam a santidade de Deus. Não querem Cristo e teme ser atormentados por Ele.
7. Ele possuía uma força sobre humana (v.29). Violência e força física incomum, que o levam a uma lenta destruição (Mc 5.5; 9.22), parece freqüentemente caracterizar o endemoninhado; porém, ante a força espiritual de Jesus, os demônios se acovardam e fogem. “Ninguém pode roubar os bens do valente, entrando-lhe em sua casa, se primeiro não maniatar o valente; e então roubará a sua casa.” (Mc 3.27).
8. Ninguém o podia subjugar. A lei, autoridades, cientistas, pregadores, pais, religiões, não podem subjugar o pecador. O endemoninhado gadareno é fiel retrato do homem possesso do demônio da embriaguez, ou da imundícia ou da imoralidade.
9. Ele era impulsionado pelos demônios para os desertos (v.29)
Lunático, perigoso, bravio, de imensa força muscular, que vivia desnudo entre os túmulos e no deserto, mutilando-se e bramindo de dor. Uma personalidade dividida à mercê de múltiplos impulsos conflitantes; totalmente incapaz de levar uma vida normal.

II. A LIBERTAÇÃO DO GADARENO
1. Vencendo a tempestade, Havia grandes impedimentos: Satanás fez tudo para destruir o grupo inteiro, antes de chegar à terra dos gadarenos (Mc 4.37-39). Convém ao crente reconhecer a presença de espíritos imundos impedindo a obra que o Senhor lhe deu para consumar e repreendê-los no Nome de Jesus “Por isso bem quisemos uma e outra vez ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu” (1 Ts2. 18). O Senhor Jesus venceu a tempestade! “Agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43.13)
2. O necessitado não procurou a Jesus, mas Ele o procurou com compaixão. Todos os crentes, também, têm de dizer: “Eu não O procurei, mas Ele passou o grande mar, até aqui, para me salvar”. Jesus sempre transborda de virtude e energia. Somos surdos para com a chamada de além mar, isto é, fora de nosso território, onde Satanás por muitos séculos escraviza e tem muitos milhões de almas presas? Filipe, no meio de um grande avivamento e em tempo de muitas conversões, foi enviado para o deserto (At 8.26). “Passa à Macedônia, e ajuda-nos” (At 16.9)

3. O que o texto diz sobre os demônios:
(1) Demônios: A palavra grega traduzida por “demônio” é um termo amplo para “deuses” (At 17.18) e seres sobrenaturais. “Espíritos imundos” (Mt 10.1) provocam danos nos homens, algumas vezes pela possessão. Eles são parte de Satanás, o príncipe dos demônios (Mt 9.34; Mt. 12.24-28)
(2) Que eles habitam neste homem já fazia muitos anos (v.27)
(3) Que eles conheciam quem era Jesus (v.28)
(4) Que havia muitos demônios habitando no gadareno, e se chamavam “Legião” (v.30)
1) “Qual é teu nome”: Na época, era muito divulgada a idéia de que, conhecer o nome do demônio, ajudaria a quem desejasse dominá-lo. Jesus demonstra Seu grande poder expulsando uma legião (milhares) sem invocar os nomes dos espíritos.
2) Legião: (8.30): Era uma corporação do exército romano que tinha 6.000 homens. A palavra lembra os exércitos daquele tempo, bem organizado e dominando o mundo inteiro. O endemoninhado gadareno era como uma cidade invadida e dominada por um exército para cumprir a ordem do seu chefe.
(5) Que eles rogavam a Jesus que nos os mandassem para o abismo (v.31). O demônio acovarda-se diante, mesmo invocando o nome de Deus como uma forma de proteção (Mc 5.7), e reconhece que Jesus tem poder absoluto sobre ele. “Também os demônios crêem, e estremecem” (Tg 2.19)
• O Abismo: (8.31): Era o domicílio dos demônios (Ap 20.3). A paixão dos demônios é habitar os homens e governá-los.
• Os demônios, aparentemente, fazem uma reclamação legítima; ainda não é o “tempo”, o Dia do Juízo. Porém Jesus está presente, quebrando o poder das trevas. “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38)
(6) Que eles não queria sair daquela província ou “país” (Mc 5.10). Parece que os demônios se associavam com distritos particulares. País gr. chõran, “região”.

(7) Que pedem autorização para entrarem na manada (eram quase 2.000 porcos) de porcos que havia ali (v.32) – o que ocasionou na morte dos porcos (v.33). Os demônios conseguiram controlar os homens, porém não os porcos. Os animais encheram-se de pânico, sentindo os demônios dentro de si, perderam o domínio próprio, estando na encosta íngreme da colina. E uma vez de ladeira a baixo não puderam conter a disparada. Como é grande a aptidão para o mal, quando num só homem pode habitar tantos demônios, a ponto de precipitar, de uma vez, dois mil porcos ao mar! O mal sempre procura levar suas vítimas pelo caminho mais perto para a ruína.

1) O povo, nesta região, era em sua maioria, gentio: Por isso comia a carne de porco.
2) Contra as objeções de que Jesus agiu injustamente, devemos lembrar-nos de que:
1- Foram os demônios que destruíram os porcos.
2- Sendo Jesus o criador de todas as coisas, tem pleno direito sobre Sua criação.
3- A criação de porcos, na antiga economia de Israel, era expressamente proibida pela lei de Deus (Lv 11.7)

(8) Que eles foram expulsos pelo poder de Jesus. Jesus expulsa os servos de Satanás (demônios) como sinal da chegada do Reino de Deus (Mt 12.28). Não se doma e nem se reforma o mal. A única cura é expulsá-lo. E isto só pela Palavra do Filho de Deus.

4. A Libertação do Gadareno. Mudanças efetuadas por Cristo no endemoninhado liberto dos demônios:
(1) No Corpo: “Ele estava vestido” (v.35). A pessoa não quer andar nua, nem seminua, como decreta a moda. Quando se converte um selvagem da África, das ilhas do pacífico, ou de qualquer outro lugar, ele sempre quer vestir-se.
(2) Na Mente: “Ele estava em seu juízo perfeito” (v.35) Quando se converte uma pessoa, o mundo diz que perdeu o juízo. A verdade é que só assim pode alcançar perfeito juízo. Outrora era lunático, agora é discípulo humilde.
(3) Nas Emoções: Ele estava assentado aos pés de Jesus (v.35). O pobre homem impelido pelo diabo, dia e noite, agora tem um lugar para descansar, sentado aos pés de Jesus. Uma prova de o homem ser salvo é seu desejo de ficar aos pés do Mestre e ouvir Suas palavras (Lc 10.39)
(4) Na Vida em Sociedade: Apreciando a comunhão: “Rogou que o deixasse estar com ele” (v.38)
Cristo, igualmente, efetua profundas mudanças em todos os aspectos da vida do convertido. Em comparação com o seu violento comportamento anterior e com a recente destruição dos porcos, o homem “assentado, vestido, em perfeito estado de juízo” expressa com eloqüência a paz e a restauração vivificante, que provêem do poder de Jesus (Mc 4.39; 9.26-27)

5. A Reação da cidade:
(1) As Testemunhas:
1) Correram anunciar na cidade e nos campos o que havia acontecido (v.34; Mc 5.14)
2) E “como fora salvo o endemoninhado” (v.36): Gr. esõthê, “guardar”, “resgatar”, “livrar de perigo ou doença”. É a palavra usada no Novo Testamento para descrever a nova relação do homem resgatado com Deus.
(2) Ele temeram ao verificar o que havia acontecido (35,36). O medo levou estas pessoas a rejeitarem a mais maravilhosa oportunidade de suas vidas.
(3) Eles pediram a Jesus que se retirasse de seus termos (37). O prejuízo material causado pela morte de dois mil porcos era considerado mais importante do que uma grandiosa obra espiritual de libertação. Tinham mais consideração aos seus porcos do que à sua gente. Essa raça ainda hoje existe.

III. A VOCAÇÃO DO GADARENO
1. Ele rogo poder estar com Jesus (v.38).
2. Ele foi enviado a sua casa (v.39)
(1) Decápolis (Mc 5.20): Uma confederação de dez cidades gregas localizadas ao nordeste da Palestina, incluindo nela, a própria Damasco.
(2) “Volta para casa” (Lc 8.39): A família e a vizinhança serão os que melhor poderão confirmar o poder de Deus numa vida transformada.
(3) Este homem se torna o primeiro missionário gentio.
(4) Note-se que o que Deus fez é uma referência ao que Jesus mesmo fez.

3. Ele foi incumbido de contar:
(1) “quão grandes coisas te fez Deus” (v.39) Jesus geralmente exige silencio (Mc 1.34), porém neste caso ele permite a preparação para futura missão da igreja a começar. Entre os pagãos não havia necessidade de se guardar o segredo messiânico.
(2) “como teve misericórdia de ti” (Mc 5.19)
(3) Um sinal de real conversão é o desejo de exaltar Cristo como Salvador.

4. Ele pregou em toda a cidade sobre seu testemunho (v.39) “e todos se maravilharam” (Mc 5.20)

CONCLUSÃO: Que pedirás a Jesus?
1. Os gerasenos rogaram que Jesus se retirasse porque:
(1) Tiveram temor do Seu poder destruidor.
(2) Valorizavam o material acima do espiritual.
(3) Sempre há perseguição quando os pecadores perdem dinheiro por causa do Evangelho (At 16.19,20; 19.23-27)
2. O homem curado rogou permissão para acompanhá-lo, por que:
(1) Teve pavor de voltar à vida anterior.
(2) Valorizou sua salvação, acima da família e das posses.
3. O Resultado da Missão do gadareno: Quando Cristo voltou para esse território, de Gadara, chegaram as multidões, dezenas de milhares, para ouvir a história do Seu amor e poder, e houve grande colheita (Mc 7.31 a 8.9 – Decápolis era a região de dez cidades das quais uma era Gadara)
4. Nós, salvos por Jesus, estamos informando outros do Salvador que achamos?
5. Estamos seguindo o exemplo do Mestre, animando os homens e mulheres salvos a testificarem de Jesus?

Bibliografia
Bíblia Shedd
Bíblia de Estudo de Genebra
Manual Bíblico H.H.Halley
Manual Bíblico SBB
Espada Cortante Vol I

Wilson de Jesus Alves