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AS SEDUÇÕES DE UM SACERDOTE SEM SACERDÓCIO

AS SEDUÇÕES DE UM SACERDOTE
SEM SACERDÓCIO

“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nesta cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.10).
INTRODUÇÃO
1. Nota-se a apostasia completa de Israel, nas áreas civil, moral e religiosa. Este trecho do livro de Juízes marca até onde o povo de Deus decaíra dos princípios revelados na palavra do Senhor (Êx 20.4; Nm 3.10).
2. A apostasia danita foi típica da confusão, tanto religiosa, quanto civil, dos dias dos juízes.

“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho” (Gl 1.6)

3. A Forma da Apostasia:
(1) “Ídolos do Lar” eram “Terafins” ou “deuses domésticos”. Os tabletes de Nuzi indicam que os “terafins” provavam então, que os possuidores eram legítimos herdeiros. (Gn 31.19). Ele também era empregado na adivinhação.
(2) “A imagem de escultura” seria esculpida em madeira e revestida de prata ou ouro. Aparentemente, a imagem era de um touro que (pensavam) Yahweh (o Senhor) utilizaria como Seu trono.
(3) “Estola Sacerdotal” Ele tinha uma estola, provavelmente em imitação ao culto efetuado no Tabernáculo. A mãe de Mica sustentava financeiramente o culto sincretista de seu filho.
(4) “Não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto” (Jz 17.6): Esta explicação editorial é comum neste apêndice de Juízes (cf. 18.1; 19.1; 21.25). Onde o homem anda segundo seus próprios conceitos, não pode esperar mais do que este trecho registra: roubo, mentira, religião carnal, imoralidade etc. Nesse período predominava em Israel, ou a idolatria franca, ou o sincretismo doentio.
(5) O Contexto Histórico:
1) Mica não havia resistido a tentação de roubar a própria mãe (17.2), ela havia lançado uma maldição contra o ladrão, sem saber que era seu próprio filho. Temendo maldição Mica, arrependido, confessa seu pecado. A mãe, por sua veze, tenta remediar a situação invocando-lhe uma bênção. Porém ela mesma cai em maldição promovendo a idolatria. “A maldição de uma mãe desarraiga os fundamentos”
2) O homem adota a religião de sua mãe, e a mudança é indicada pela abreviação do seu nome, que de “Micajehu” (Quem é semelhante a Jeová?) vem a ser “Mica”, significando provavelmente “Quem é curto de vista?”- ou “Quem é como o Senhor?”.
3) O culto estranho começou na casa de Mica, mas não demorou a desenvolver-se sob forma mais elaborada. E foi assim que a idolatria cresceu e floresceu e tudo em nome de Yahwhe! Esta associação de idolatria com o nome do Senhor é uma triste contestação do alcance da corrupção promovida pela religião cananéia sobre a adoração pura a Deus. Tudo começou como uma religião doméstica, mas agora Mica já se estava tornando o sumo sacerdote de um culto novo.
O Caso do Jovem Levita (Jz 17 e 18)
I. ELE ESTAVA PEREGRINANDO (17.7,8) Ou seja, não tinha raízes. Quantos “ministros” se encontram nesta situação, vivem peregrinado de igreja em igreja, sem fixar raízes em lugar algum. Estão a viver, como satanás respondeu a Deus em Jó 1.7: “De rodear a terra, e passear por ela”.
1. Levita: Segundo os mandamentos de Deus, os levitas ocupariam 48 cidades (Nm 35.1ss; Js 21.1ss). Note-se a grande falta de um culto central, para unir as tribos sob diretrizes divinas.
2. Raiz:
(1) A raiz é a parte da planta onde, ela se fixa ao solo e tira dele a nutrição.
(2) Simbolicamente, ela indica “princípio”, “origem”.
(3) Jesus falou de uma planta, que secou-se porque “não tinha raiz” (Mt 13.6)
(4) É a raiz que sustenta a planta (Rm 1118)

II. ELA ESTAVA A PROCURA DE “CONVENIÊNCIA” (17.8,9). Ou seja, ele queria achar um lugar que lhe oferecesse vantagens. E quem procura encontra. Mica lhe ofereceu “salário”, “roupas” e “sustento”, o que ele rapidamente aceitou.
1. Dentro das vicissitudes da época, o levita deixou Belém e saiu em busca de um lugar mais conveniente para ele.
2. Mas as motivações para isso não são reveladas. É provável que razões financeiras tenham feito o jovem partir, talvez em busca de emprego.
3. Ele vinha sendo sustentado pelos dízimos e ofertas do povo; mas também é lógico supor que esse apoio financeiro aos levitas tivesse diminuído muito diante dos caos em que tinha caído todo o país (ver um caso semelhante em Ne 13.10,11).
4. John Gill pensou que talvez ele fosse uma espécie de “indivíduo sem eira nem beira”, um vagabundo internacional.
5. “Dez siclos anuais” era mais ou menos o que um trabalhador no campo poderia esperar ganhar.
6. Os levitas eram tradicionalmente pobres. Assim receber o salário de um trabalhador nos campos a fim de cuidar do santuário de Mica, sem dúvida deve ter parecido um bom emprego para aquele levita.

“Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais” (1 Tm 6.5).

III. ELE RECEBEU UMA “CONSAGRAÇÃO ILEGÍTIMA” (17.12).
1. Mica, evidentemente, respeitava a Jeová, entre os vários deuses que tinha na sua capelinha (17.5); e ficou todo contente quando pôde contratar um moço levita como seu capelão particular.
2. Mica lamentavelmente ignorava as Escrituras.
(1) Jesus disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras” (Mt 22.29).
(2) Por isso o Salmista declarou: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11).
(3) E Paulo adverte-nos: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).
3. Mica consagrou aquele levita a sacerdote.
(1) Contrariando aos preceitos bíblicos sobre o sacerdócio levítico, que limitava o ofício aos filhos de Arão. E quanto hoje não fazem a mesma coisa. Comprando “Diplomas de Pastores”; aceitam a Jesus hoje, e amanhã são “consagrados” a pastores.
(2) A fim de emprestar autoridade mosaica ao culto, ou com sinceridade querendo aprimorá-lo, Mica pôs um levita à testa do culto.
(3) Não sabemos qual era a relação entre o Levita e o filho de Mica, se eles trabalhavam juntos ou não. O fato é que o levita agora se sobressaía. Mais adiante, como algo totalmente incidental, descobrimos que esse levita era neto de Moisés, o que significa que ele provia uma grande autoridade em favor do culto aberrante. (Jz 18.30)
4. Mica estava recebendo o levita como “Um Pai Espiritual”. O termo “pai” é usado aqui como expressão de honra e estima. Isso pode ser comparado a certos títulos religiosos como papa padre (ver 2 Rs2. 12; 5.13; 6.21; Is 22.21, quanto a usos semelhantes). E ver também o fato de que Jesus proibiu que a alguém chamássemos de “pai” nesse sentido espiritual e religioso (Mt 23.9)
5. Mica e suas Certezas: “Ele tinha certeza de que o Senhor haveria de mostrar-se mais favorável, porquanto dispunha de um genuíno sacerdote levita para que ele efetuasse apropriada e eficazmente os ritos religiosos” – Jacob M. Myers. Estarmos certos e sentirmo-nos consolados nem sempre significa que estamos com a razão.

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9).

IV. ELE CRIOU UMA RELIGIÃO ALTERNATIVA. Passou a ser um “sacerdote particular de Mica”. (17.13). Mica tinha uma “casa de deuses” (Jz 17.5), já havia consagrado um de seus filhos ao sacerdócio apóstata (Jz 17.5) agora consagra também um levita.
1. A palavra no hebraico, para “consagrou” é “encheu as mãos”: o sentido da expressão liga-se ao fato de que um sacerdote recebia, pela primeira vez, em suas mãos, uma oferenda para apresentar ao Senhor.
2. O levita, pois, foi oficializado em seu papel de sacerdote e estava desempenhado sua função, com notável sucesso.
3. Somente levitas pertencentes a família de Arão tinham o direito de atuar como sacerdotes, e alguém que não estivesse ligado ao tabernáculo era proibido de nomear alguém para o sacerdócio.
4. Sendo da tribo de Efraim, Mica não tinha autoridade religiosa; mas ele não se importou em seguir as regras. A regra do pragmatismo, “aquilo que funciona é a verdade”, dominava a cena inteira em Israel.

V. ELE FEZ UMA TRISTE CONFISSÃO: (18.4)
1. Danitas: (18.1): Os danitas, sob a pressão dos filisteus, na planície costeira, careciam deum território uno e seguro para o seu desenvolvimento.
2. “Zorá e... Estaol” (18.2): Centro das atividades de Sansão, também danita (13.1).
3. “Assim e assim me tem feito Mica; pois me tem contratado, e eu lhe sirvo de sacerdote”. Ministério não é contrato de homens, é chamado de Deus. “E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus...” (Hb 5.4) Muitos são os que têm “tomado para si esta honra” sem terem sido chamados por Deus!
4. O moço levita cujo nome era Jônatas, descendente de Moisés (v.30), é um exemplo típico de mercenário, que anda atrás de interesses monetários (No versículo 30 o nome do antepassado do jovem é dado corretamente em alguns Mss, na Vulgata, na Versão Brasileira, como sendo Moisés, e não Manassés como em Almeida).
5. Para os judeus seria uma grande vergonha associar o nome deste levita, ao Grande Legislador Moisés. (No hebraico os nomes, Moisés e Manassés, são bem semelhantes).

VI. ELE PROFETIZA SEM TER SIDO ORDENADO POR DEUS (Jz 18.5,6)
1. Consulta a Deus: Procurar oráculos divinos por meio da prática de sortes era o método mais divulgado para consultar a Deus.
2. O Caminho sob as vistas do Senhor (v.6): A expressão também pode ser traduzida “O Senhor olha a sua jornada com favor”
(1) Jamais seria um caminho atribuído aos ídolos cegos (Sl 115.5; Is 45.20,21).
(2) A instrução vem do Senhor, através de Sua Palavra (Sl 32.8,9).
(3) Seu conselho nos é revelado pelo Seu Espírito, quando a mente está sob a orientação de Cristo (1 Co 2.10-16).

VII. ELE SE DEIXAR LEVAR PELA AMBIÇÃO DE SER UM SACERDOTE PAGÃO DE UMA TRIBO DE ISRAEL (Jz 18.18,19)
1. Entrada da porta (18.16): A palavra correspondente, no hebraico, se usa somente para portões, entradas de cidade ou vilas. Visto que a localização da região montanhosa de Efraim não implica, propriamente, uma cidade, e que o texto menciona o reduzido número de homens das casas vizinhas, confirma-se a hipótese de que Mica morava num pequeno agrupamento de casas.
2. Se alegrou: O falso sacerdote se “alegra com a proposta” (Jz 18.20) e logo seguiu seu novo caminho, abandonando a Mica, que desolado, fica sem suas imagens, sem seus deuses, sem seu sacerdote! (Jz 18.24,26, 27) Como acontece hoje com alguns “servos de Deus”, este moço achou por bem aceitar uma promoção. Condenável por não seguir os preceitos de Deus, caiu em idolatria.
3. Os deuses (18.24): Deuses feitos de madeira moldada, pela vontade e imaginação humanas, serão sempre inúteis no momento de auxiliar seus donos (cf. Is 44.9-20). O mesmo sucede com quaisquer ídolos, nacionais e ou pessoais.
4. Deslealdade: Nota-se igualmente sua deslealdade para com Mica, não observando o contrato em vigor. Isso posto, a generosidade de Mica foi recompensada com ingratidão. Porém, o dinheiro sempre falou mais alto do que meros bons sentimentos.
5. Ameaça: “Homens de ânimo amargoso.” Homens agressivos, que dominam pela força, e não dão atenção a argumentos imbuídos de um espírito de justiça. Assim, o autor salienta a necessidade de um governo central, que impediria tais anomalias e poria um termo à anarquia reinante.
6. O Levita e Seu Novo Emprego: As coisas ficaram melhores para Jônatas, pois agora ele tinha um emprego melhor, um salário mais alto, porquanto toda uma tribo haveria de pagá-lo, e não apenas um homem. Além disso, pensemos em seu prestígio multiplicado.
7. A Frustração de Mica (18.23): Este versículo descreve uma cena engraçada. Os perseguidores clamaram aos guerreiros danitas, que seguiam na retaguarda da caravana, pelo que os guerreiros voltaram a cabeça para trás, para dizer, com ar de inocência: “Porque vocês vieram atrás de nós com tanta gente? Vocês devem estar loucos!”. Os danitas sabiam muito bem que provavelmente seriam seguidos. Mas isso não significou nada para eles, nem os faria mudar de atitude ou comportamento. Portanto, mais uma vez, a vítima foi transformada em vilão, conforme acontece em tantas ocasiões, quando a justiça é pervertida. A narrativa toda está entremeada com humor meio sádico, com uma ponta de ironia. O pobre Mica gritava em protesto inútil. Foi uma cena patética. Foi considerado demente por aqueles que o tinham prejudicado, demente por ser estúpido o bastante para perseguir os ladrões, agindo como se eles tivessem feito alguma coisa de errado. Uma vez mais, por conseguinte, cumpriu aquilo que tinha sido predito por Jacó do mau caráter de Dã: “Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os talões dos cavalos, e faz cair o seu cavaleiro por detrás” (Gn 49.17).
8. “Que mais me resta” (18.24): A essência da resposta de Mica foi: “Furtastes tudo quanto eu tinha de valor. E ainda tendes a ousadia de indagar em que me injustiçastes?” – “Colocamos nosso coração ao lado de Mica, quando vemos que ele descobriu a sua grande perda e tentou recuperar o perdido”. Mica indagou: “Que mais me resta?”. Os danitas eram numerosos de mais para qualquer oposição. Só lhe restava voltar desolado para casa. Por mais trágico que isso nos pareça, talvez foi assim que Mica aprendeu uma adoração autêntica, sem depender de ídolos ou mesmo de um sacerdote, mas uma adoração efetuada no altar do coração... Talvez tenha Mica obtido, afinal, esse santuário interior” – Phillips P. Elliott

VIII. ELE SE TORNA O PIONEIRO DE UMA IDOLATRIA QUE SEMPRE ACOMPANHARIA A TRIBO DE DÃ, PARA O FRACASSO DE ISRAEL (Jz 18.30). Mais tarde, seus filhos também se tornariam sacerdotes da idolatria (Jz 18.31).
1. A Identificação do Falso Sacerdote: Jônatas é o mesmo moço levita, consagrado por Mica (Jz 17.7-13). Nossa versão segue a emenda introduzida no texto hebraico, mudando já de há muitos séculos o nome de Moisés para Manassés. As consoantes msh são as de Moisés, preservadas nas versões mais antigas. (exemplo: Septuaginta). A letra n (tornando o nome de Moisés, para Manassés) foi acrescentada, provavelmente, para relacionar este levita idólatra com o mau rei de Israel (2 Rs 21) e evitar qualquer sugestão de Moisés.
2. Dã: Era um dos santuários (o outro seria em Betel) consagrado por Jeroboão I, rei de Israel, para impedir que seus súditos continuassem participando do culto a Deus, no templo em Jerusalém.
3. Silo: Depois da conquista da terra por Josué, o tabernáculo foi estabelecido em Silo e, mais tarde transformado em um templo, que perdurou até sua destruição c.1050 a.C; tudo isto é confirmado pelas descobertas arqueológicas (cf. 7.12; 26.6).
4. Dia do cativeiro: Muitos entendem aqui, o cativeiro de Israel sob os assírios em 733 – 722 a.C. É mais provável, porém, que se refira a uma derrota de Israel causada pelos filisteus como aquela descrita em 1 Sm 1-11.
BIBLIOGRAFIA
Bíblia Shedd
O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – R. N. Champlin.
Bíblia Explicada – CPAD
Comentário Bíblico Adam Clark, Juízes.
http://wilsonalves.comunidades.net