MARCOS - O EVANGELHO DO SERVO

MARCOS – O EVANGELHO DO SERVO

 

Jesus, o Maravilhoso.

 

  1. Título. Marcos (Lat.) “Martelo grande”
  2. Desde o princípio, uma tradição ininterrupta considera-o da autoria de Marcos, contendo substancialmente a história de Jesus como Pedro a contava.
    • João Marcos. Marcos foi seu nome latino, João, seu nome judaico.
    • Família.
      • Filho de Maria, cuja casa em Jerusalém era lugar de reunião dos discípulos (At 12.12,25; 15.37), provavelmente, a mãe de Marcos tinha posição de considerável influência na Igreja em Jerusalém. Foi à casa dela que Pedro procurou logo ao ser libertado da prisão pelo anjo;
      • Primo de Barnabé (Cl 4.10).
      • Pode ter sido levita.
    • Fatos:
  • Conjectura-se que ele foi o moço que “fugiu desnudo”, na noite em que Jesus foi preso (Mc 14.51,52)
  • Batizado talvez por Pedro, que em vista disso o chama de filho (1 Pe 5.13)
  • Seguiu com Paulo e Barnabé a Antioquia (45 A.D)
  • Acompanha Paulo na obra missionária (At 12.25)
  • Volta de Perge – afastando-se temporariamente de Paulo. (At 13.13)
  • Paulo recusa levá-lo na segunda viagem missionária (At 15.38)
  • Acompanha Barnabé a Chipre (At 15.39)
  • Cerca de 62 A.D, acha-se em Roma com Paulo (Cl 4.10 Fm 24)
  • Reconciliação entre ele e Paulo (2 Tm 4.11). Paulo pede que Marcos vá ter com ele. Parece assim que Marcos, nos seus últimos anos, tornou-se um dos auxiliares íntimos e queridos do Apóstolo Paulo.
  • Com Pedro em Babilônia (1 Pe 5.13)
    • Tradição. Segundo a tradição fundou a igreja em Alexandria, sofrendo no Egito o martírio.
    • O que Papias disse de Marcos: Papias, discípulo do Apóstolo João, escreveu na sua “explanação dos discursos do SENHOR”, que tomara a peito inquirir dos “anciãos” e dos seguidores dos “anciãos”, e que “o ancião disse também isto: Marcos, vindo a ser o intérprete de Pedro, escreveu acuradamente tudo de que se lembrava – não entretanto, em ordem – as palavras e feitos de Cristo. Porque ele nem ouvira ao SENHOR, nem foi um dos que O seguiam, porém, depois, como eu disse, juntou-se a Pedro, e quis adaptar sua instrução às necessidades da ocasião, porém não ensinar, como se estivesse compondo um relato seguido por ordem natural dos “oráculos” do SENHOR, de modo que Marcos não cometeu nenhum engano em assim descrever alguns fatos, conforme a lembrança que deles tinha. Porque um objetivo ele teve em mente – nada omitir do que ouvira e nem declarar inverdades”

 

  1. Julga-se que este Evangelho foi escrito e divulgado em Roma, entre 60 e 70 A.D.

 

  1. Destinatários. Acredita-se que o escritor, ao preparar o seu livro, teve em mente os cristãos gentios (especialmente, os romanos). Parece claro que não foi adaptado aos leitores judeus, pelo fato de conter poucas referências às profecias do Antigo Testamento. A demais, a explicação de palavras e costumes judaicos indica que o autor tinha em mente os gentios (3.17; 5.41; 7.1-4, 11, 34)
  2. O escopo e propósito do livro são evidentes pelo seu conteúdo. Nele Jesus é visto como o poderoso obreiro, mais do que como ensinador. É o Evangelho do Servo de Jeová, o “Renovo... de Davi” (Jr 33.15)
  3. Chave:
    • Jesus como o Servo de Deus. “O próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida” (10.45). A fase do caráter de Cristo, enfatizada no Evangelho de Marcos, é a mesma declarada em Fp 2.6-8: “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesma se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz”. Cristo, o incansável servo de Deus e do homem.
      • A vida de Jesus é descrita como sendo cheia de boas obras.
      • Seu tempo de oração era interrompido (1.35-37)
      • Algumas vezes não tinha tempo nem para comer (3.20)
      • Pelo fato de atender a contínuos chamados para o serviço, muitos diziam que ele estava fora de si (3.21)
      • As pessoas o buscavam quando ele queria descansar (6.31-34)
      • A palavra característica é “imediatamente” expressão adequada para um servo.
      • Não há genealogia, pois, quem cuidaria de apresentar a genealogia de um servo?
      • Marcos destaca mais as ações do que as palavras.
    • Jesus como Deus: Fato de maior relevância: Marcos inicia sua obra declarando que esse humilde e obediente Servo do Senhor é igualmente o “Deus forte”. Vede Is 9.6. Lede o primeiro versículo do livro de Marcos: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”.

 

  1. Ênfase – Abordagem peculiar de Marcos. No Livro de Marcos, O Evangelho do Servo do Grande Deus, enfatizam-se os atos de Cristo, não as Suas palavras. Enquanto Mateus relata os grandes discursos de Jesus, Marcos conta da lida incansável do Servo de Jeová. A ênfase especial de Marcos é sobre o poder sobre-humano de Jesus, a demonstrar Sua deidade por Seus milagres. Omite o Sermão do Monte e a maioria dos longos sermões de Cristo.

 

  • Marcos escreveu para leitores gentios em geral e leitores romanos em particular. Por esta razão a genealogia de Cristo não é incluída (quase não teria significado para gentios), o Sermão do Monte não é mencionado e a condenação dos partidos judaicos recebe pouca atenção.
  • Como indicação adicional de que visava leitores gentios, Marcos achou necessário interpretar palavras aramaicas (5.41; 7.34; 15.22).
  • Há apenas63 citações e/ou alusões ao Antigo Testamento em Marcos, comparadas com cerca de 128 em Mateus e entre 90 e 100 em Lucas.
  • Este Evangelho enfatiza o que Jesus fez, em lugar do que Ele disse.
  • É um Livro de Ação. (A palavra “imediatamente” ocorre mais de 40 vezes)

 

  1. O Cânon de Marcos: É de aceitação geral que Marcos recebeu do apóstolo Pedro boa parte das informações contidas no Evangelho. Com a autoridade apostólica de Pedro subjazendo este Evangelho, ele jamais sofreu qualquer contestação à sua inclusão no cânon das Escrituras.

 

  1. Síntese do Evangelho de Marcos.
    • Autor, João Marcos. É um registro pitoresco e breve que ressalta o poder sobrenatural de Cristo sobre a natureza, as enfermidades e os demônios. Todo esse poder divino foi exercido em benefício do homem.
    • Como o Evangelho de João, Marcos também começa com uma declaração da divindade de Jesus Cristo, sem, contudo se estender nesta doutrina. Um cuidadoso estudo do livro revela, sem dúvida, que o objetivo do autor é o de ressaltar as obras maravilhosas de Jesus, em vez de fazer afirmações freqüentes que testifiquem da sua deidade.
    • A Finalidade Didática dos Milagres relatos no Evangelho de Marcos – Os dezenoves milagres registrados em seu curto livro demonstram o poder sobrenatural do Senhor.
  • Oito deles provam seu poder sobre as enfermidades (1.31, 41; 2.3-12; 3.1-5; 7.32; 8.23; 10.46)
  • Cinco demonstram seu poder sobre a natureza (4.39; 6.41, 49; 8.8,9; 11.13,14)
  • Quatro demonstram sua autoridade sobre os demônios (1.25; 5.1-13; 7.25-30; 9.26)
  • Dois demonstram sua vitória sobre a morte (5.42;16.9)

 

  1. Marcos 16.9-20: Há comentadores que querem repudiar os versículos 9 a 20 do último capítulo deste livro; porque não se encontram em dois dos três manuscritos mais antigos, isto é, no Sinaítico e no vaticano.
    • Argumentos Contrários a inclusão de Marcos 16.9-20:
    • Argumentos favoráveis a legitimidade de Marcos 16.9-20:
  • Um dos três mais antigos manuscritos, o Alexandrino os inclui.
  • O trecho é citado por escritores dos séculos segundo e terceiro isso é uma prova de que a Igreja o aceitou.
  • Nas obras de Irineu e Hipólito encontram-se citações desses versículos. Escreveram eles no terceiro século, enquanto os dois manuscritos, o Sinaítico e o Vaticano, datam do quarto século.
  • Com uma leitura do capítulo, começando com o primeiro versículo, é evidente que Marcos não findou a sua narração com o versículo 8: “E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro... porque temia”. Se o Evangelho de Marcos findasse com o versículo 8, seria não somente incompleta a sua narração, mas também, estaria contra o espírito da instrução de Cristo: “Não temais”
  • Temos de concluir que, aos manuscritos Sinaítico e Vaticano, gastos pelo uso, faltava a parte que incluía no início esses versículos.

 

  1. Particularidades do Evangelho de Marcos.
    • O segundo livro em ordem do Novo Testamento, e o mais resumido e simples dos quatro Evangelhos.
    • O estilo é vívido e pitoresco. Grande parte do tema está também em Mateus e Lucas, mas não se trata de simples repetição, pois Marcos contém muitos detalhes que não se aparecem nos quatro Evangelhos.
    • Muitos toques pessoais se encontram neste evangelho, como “vivia entre as feras” (1.13), “aos quais deu o nome de Boanerges” (3.17); Jesus “indignou-se” (10.14); “e eles se maravilhavam” (10.32); “a grande multidão o ouvia com prazer” (12.37)
    • Embora ressalte o poder divino de Cristo, o autor alude com freqüência aos sentimentos humanos de Jesus:
      • Sua decepção (3.5)
      • Seu cansaço (4.38)
      • Seu assombro (6.6)
      • Seus gemidos (7.34; 8.12)
      • Seu afeto (10.21)
    • Antiga tradição afirma que Marcos foi companheiro de Pedro, razão por que este Evangelho é chamado de “O Evangelho de Pedro” por alguns escritores antigos. É geralmente aceito que Pedro tenha proporcionado ou sugerido grande parte do material encontrado no livro.
    • João Marcos foi amigo íntimo (e talvez um convertido) do apóstolo Pedro (1 Pe 5.13) Teve o raro privilégio de acompanhar Paulo e Barnabé em sua primeira viagem missionária, mas falhou em não permanecer até ao fim. Por isso, Paulo recusou-se a levá-lo na segunda viagem missionária, de modo que Marcos acompanhou Barnabé a Chipre (At 15.38-40). Cerca de doze anos depois, está novamente com Paulo (Cl 4.10; Fm 24) que, pouco antes de ser executado, manda chamar João marcos (2 Tm 4.11) Sua biografia prova que um fracasso na vida não representa o fim da utilidade.

 

  1. A Cristologia em Marcos – Uma Descrição de Jesus.
    • O operador de milagres e servo incansável de Deus e do homem.
    • Demonstra sua divindade e compaixão em suas obras poderosas de misericórdia e ajuda. “Como se fazem tais maravilhas por suas mãos”
  2. A Mensagem de Marcos.
    • A apresentação de Jesus sem Marcos: Jesus Cristo se nos apresenta no Evangelho de Marcos como o Servo humilde, fazendo a vontade do Pai. As primeiras palavras ensinam-nos que as qualidades de servo e filho são inseparáveis. Não é mediante o serviço que nos tornamos filhos, mas pela adoção de filhos que chagamos a ser servos (Ml 3.17; Mt 21.28; Mc 1.1).
    • Uma Comparação entre Mateus e Marcos: Uma revista do conteúdo deste Evangelho mostra que todo o seu pensamento difere do de Mateus. Ali se estabelece o trono; e o Rei, sentado sobre ele; pronunciou-se seus decretos e dominou seus súditos; aqui se vê o Servo ungido andando entre os homens, passando de um lugar a outro, descansando, mas incansável, cumprindo seu ministério.
    • O Estilo de Marcos. A narrativa de Marcos é rápida, enérgica, realista, pitoresca, dramática e caracterizada por transições repentina.
    • As Omissões em Marcos. As omissões são muitas e significativas, visando salientar Jesus como o Servo.
  • Em Marcos o título “Senhor” nunca é empregado pelos discípulos, e ocorre apenas 17 vezes neste Evangelho, comparado com 72 vezes em Mateus, 101 em Lucas e 108 em João.
  • Não há nenhuma referência à preexistência de Cristo, como em João.
  • Nenhuma genealogia, nem nascimento milagroso,
  • Nenhuma adoração dos magos.
  • Nenhum sermão da montanha.
  • Nenhuma denúncia da nação ou juízo das nações;
  • Nenhuma sentença contra Jerusalém (Estes e outros pontos semelhantes não teriam cabimento na descrição do Servo humilde, e por isso omitem-se)

 

  • Os retiros de Jesus em Marcos. Em Marcos chama-se especial atenção aos retiros de Jesus.
  • Ele retirou-se a um lugar solitário, depois das primeiras curas (1.35)
  • A lugares desertos, depois da purificação do leproso (1.45)
  • Ao lago, depois de ter curado o homem que tinha a mão ressecada (3.7)
  • Às aldeias, depois da sua rejeição em Nazaré (6.6)
  • A um lugar deserto, depois do assassínio de João Batista (6.30-32)
  • Aos arredores de Tiro e Sidom, depois da oposição dos fariseus (7.24)
  • Às vizinhanças de Cesaréia de Filipos, depois da cura de um cego (8.27)
  • Ao monte Hermom, após a primeira declaração aberta da sua paixão (9.2).
  • A Betânia, depois da entrada triunfal (11.11)
  • E outra vez depois da purificação do templo (11.19)
  • E ainda mais uma vez após o discurso sobre as coisas do fim (14.3).
  • O parágrafo adicional sobre a ascensão é como que a história da sua última retirada (16.19).

Mas junto a esta lição, aprendemos outra, talvez mais difícil de entender, que devemos estar à disposição dos outros, e que nossos próprios retiros precisam ficar sujeitos às necessidades dos homens. Na vida do verdadeiro Servo isto é muito evidente – Scroggie.

 

  • Marcos e Pedro. “Não sabemos se Marcos viu ou ouviu, pessoalmente, alguma vez o Senhor, embora alguns têm pensado que ele se descreve a si mesmo no capítulo 14.51,52. Ele parece ter relatado primeiramente o que ouviu Pedro. Justiniano Mártir (100-165 A.D) cita o seu evangelho sob o título ‘Recordações de Pedro’ e Irineu (130-202 A.D) diz que ele era discípulo e Intérprete de Pedro, e escreveu o que este pregara”