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EPÍSTOLA AOS GÁLATAS

  1. A EPÍSTOLA DE PAULO AOS GÁLATAS

 

  • Pela Graça, Não Pela Lei.
  • A Finalidade do Evangelho

 

  1. Título da Epístola.

“A Carta Magna da Igreja”. Esta certa tem sido chamada assim por alguns escritores. Seu principal argumento é a defesa da liberdade cristã em oposição ao ensino dos judaizantes. Estes falsos mestres insistiam em que a observância da lei era parte essencial do plano de salvação.

  1. Paulo (1.1)
  2. Data e Ocasião. O apóstolo foi bem recebido, no início, pelos gálatas, estabelecendo uma igreja ali, 46-47 A.D, (1.6; 4.14). Mas na sua ausência entraram crentes convertidos do judaísmo e ensinaram que era necessário entrarem pela porta do judaísmo para serem realmente salvos. O apóstolo escreve esta epístola para corrigir este erro e salvar a Igreja de ser apenas uma seita dos judeus.

 

  1. Destinatário. Carta dirigida “às igrejas da Galácia” (1.2). Essas igrejas são, possivelmente, as de Antioquia, Icônio, Listra e Derbe. Narra-se o início dessas igrejas em At 13.13 - 14.24.
    • Galácia. No centro da Ásia Menor. Região da primeira viagem missionária de Paulo. Seus limites exatos são incertos. Incluía Icônio, Listra, Derbe e, provavelmente, Antioquia da Psídia. Como preâmbulo à leitura desta Epístola. É bom ler a narrativa do trabalho de Paulo aí (At 13 e14) Na época em que a carta foi escrita, o termo Galácia era usado tanto com sentido geográfico quanto com sentido político. O sentido geográfico se referia à parte centro-norte da Ásia Menor, ao norte das cidades de Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe; o sentido político se referia à província romana (organizada em 25 a.C) que incluía as cidades mencionadas e alguns distritos ao sul.
      • Região Norte: Se a carta fora escrita a crentes da região norte, as igrejas teriam sido fundadas durante a segunda viagem missionária e a carta escrita durante a terceira viagem missionária, talvez de Éfeso (por volta de 53 A.D) ou da Macedônia (por volta de 55 A.D). A favor desta hipótese está o fato de Lucas sempre referir-se à região norte quando usa o termo “Galácia” (At 16.6; 18.23)]
      • Região Sul. Se a carta foi escrita aos crentes da Galácia do Sul, as igreja teriam sido fundadas na primeira viagem missionária, e a carta escrita ao final desta viagem (provavelmente de Antioquia, por volta de 49 A.D, sendo assim a mais antiga das cartas de Paulo), pouco antes da convocação do Concílio de Jerusalém (At 15), a favor desta data está o fato de Paulo não mencionar as decisões do concílio de Jerusalém, que se aplicavam diretamente à discussão que Paulo inclui em Gálatas, contra os judaizantes, o que indica que o concílio ainda não se realizara.
    • A Igreja dos Gálatas. O trabalho de Paulo na Galácia fora muito bem sucedido. Grandes multidões, na maior parte de gentios, aceitaram a Cristo com entusiasmo. Algum tempo depois de Paulo sair dali, certos mestres judeus chegaram e se puseram a insistir em que os gentios não podiam ser cristãos sem guardar a Lei de Moisés. Os gálatas deram ouvidos a essa doutrina com a mesma disposição de alma com que a princípio receberam a mensagem de Paulo. E houve uma “epidemia” generalizada de circuncisão entre esses cristãos gentios. Paulo teve conhecimento do fato e escreveu esta Carta para dizer-lhes como eram insensatos, pois, embora a circuncisão participasse, necessariamente da visão nacional judaica, não fazia parte do Evangelho e nada tinha a ver com a salvação.

 

  1. O problema: Como pode o homem (pecaminoso por natureza) chegar a deus (santo por natureza)? A resposta de Paulo é a seguinte: Há apenas um caminho – aceitar a salvação que a graça de Deus coloca à nossa disposição através da morte e ressurreição de Cristo. Deixemos de lado qualquer conceito de salvação meritória pela obediência à lei de Moisés. O homem é fraco demais, por natureza, para obter a auto-salvação ou auto-santificação. Certos judeus cristãos (os judaizantes) estavam ensinando que as obras eram necessárias, que o evangelho de Paulo não era correto, e que ele não era um verdadeiro apóstolo. A resposta de Paulo foi proclamar a doutrina da salvação pela fé apenas, e da santificação pelo Espírito Santo, não pela Lei Mosaica. Esta resposta foi dada na plena autoridade apostólica recebida de Cristo. Todas as teologias que ensinam salvação pela fé mais alguma obra ou esforço humano são veementemente negadas por esta grandiosa Epístola.

 

  1. Tema: O tema da carta é a vindicação do Evangelho da Graça de Deus e a sua libertação de qualquer mistura de legalismo, que tende a comprometer seu caráter de pura graça. O erro dos gálatas apresenta-se por duas formas, ambas as quais são refutadas na Epístola: A primeira ensinava que a obediência à Lei é misturada com fé como base da justificação do pecador; a segunda, que o crente justificado é aperfeiçoado pela guarda da Lei. Paulo combate o primeiro erro, argumentando que a justificação veio mediante o pacto com Abraão (Gn 15.18), e que a Lei, que foi dada 430 anos mais tarde – e cujo efeito foi condenar e não justificar – não pode anular uma salvação baseada num pacto anterior. Ele combate o segundo erro defendendo a obra do Espírito Santo como Santificador.

 

  1. Chave: A Liberdade Cristã (2.4; 5.1). Outros temas:
  • Uma defesa da doutrina da justificação pela fé,
  • Advertências contra a reversão ao judaísmo.
  • A vindicação do apostolado de Paulo.

 

  1. Síntese.
    • Dirigida à igreja da Galácia. Temas principais: uma defesa da autoridade apostólica de Paulo e da doutrina da justificação pela fé, com advertências contra falsos mestres e contra a volta ao judaísmo.
    • Paulo soube que os inconstantes gálatas, que não eram gregos, mas gaulenses – “uma parte corrente de bárbaros que inundou a Grécia no terceiro século antes de Cristo” – se tornaram presa dos legalistas, os entusiasmados missionários da Lei, vindo da Palestina.
    • Os judaizantes. Eram uma seita dentre os cristãos que, não querendo aceitar o ensino apostólico sobre a questão, (Atos 15), continuavam a insistir que os cristãos tinham de ir a Deus por meio do judaísmo; que para um gentio ser cristão precisava tornar-se judeu e guardar a Lei judaica. Tomaram a peito visitar, agitar e perturbar as igrejas gentílicas. Estavam apenas resolvidos a rotular Cristo com a marca da fábrica judaica. Contra isto Paulo se mostrou inexorável. “Se a observância da Lei tivesse sido imposta aos convertidos gentios, todo o trabalho da vida de Paulo teria sido arruinado” A expansão do Cristianismo, rompendo os diques de uma seita judaica e tornando-se religião mundial, foi a paixão ardente de Paulo; para consegui-la, arrebentou todos os obstáculos e pôs nisso todo seu esforço mental e físico durante mais de trinta anos.
    • O Esforço por Judaizar as igrejas gentílicas tivera fim com a queda de Jerusalém, 70 A.D, pela qual “ficaram cortadas todas as relações entre o judaísmo e o Cristianismo. Até essa época o Cristianismo era considerado seita ou ramo do judaísmo. Daí por diante, judeus e cristãos se separaram. Permaneceu uma pequena seita de cristãos judeus, chamados “ebionitas”, que duraram dois séculos, a decrescer em número, mal reconhecidos pela Igreja em geral, e, pelos de sua própria raça, havidos como apóstatas”.
    • A Circuncisão. É como se designa o rito de iniciação do judaísmo. Se alguém, não judeu de nascimento, desejava tornar-se herdeiro dos privilégios e bênçãos que Deus prometera à Nação judaica, podia vir a ser judeu por adoção, isto é, circuncidando-se e observando a lei cerimonial dos judeus. Em alguns respeitos, não todos era análogo ao direito de cidadania em nosso País. Se um estrangeiro deseja tornar-se cidadão brasileiro, pode consegui-lo tratando de arranjar seus papéis de naturalização, e então passa a ser considerado cidadão brasileiro, tanto quanto os nascidos aqui. Assim, pois, um gentio podia tornar-se judeu, ou antes, um prosélito dos judeus.
    • O tema, “Justificação” pela fé, é defendido, explicado e aplicado. Outros assuntos significativos são a estada de Paulo na Arábia por três anos (1.17); sua repreensão a Pedro (2.11), a lei como um aio (3.24) e o fruto do Espírito (5.22-23)

 

  1. A Cristologia em Gálatas – Cristo Descrito por Paulo. O Libertador (5.1)

 

  1. A Mensagem de Gálatas.

É geralmente aceito (com base em 4.13: “há muito tempo vos preguei o Evangelho”) que a Epístola foi precedida por duas visitas à Galácia. Na primeira Paulo sofreu bastante (Gl 4.13-15), sendo, entretanto bem recebido e amavelmente tratado pelos afetuosos gálatas, mas já na segunda visita, ou depois, o apóstolo pôde ver que os outrora zelosos crentes “depressa passaram... para outro Evangelho”, fascinados por qualquer cerimônia do rito judaico. E por isso esta carta é uma forte e viva admoestação. É a única das Epístolas de Paulo que não começa por palavras de louvor. “Estou admirado” é a exclamação do apóstolo. Todavia a afabilidade da carta é inteiramente igual à sua veemência. Eis o que a seu respeito diz o Prof. Sabatier: “Não há coisa alguma na linguagem antiga ou moderna que se possa comparar com esta Epístola. A alma de Paulo brilha nestas poucas páginas em toda a sua força. Idéias largas e luminosas, lógica e penetrante, ironia amarga, tudo o que constitui a argumentação mais enérgica, a indignação mais veemente, e também a afeição mais tenra, se encontram em combinação, formando uma obra poderosa”

“Além dos esforços empregados pelos mestres judaizantes para conquistarem prosélitos, também se havia intentado minar a autoridade do apóstolo. Insinuaram no espírito dos gálatas que Paulo era inferior a Pedro e aos outros apóstolos, de que aqueles deturpadores da verdade diziam ter recebido assuas doutrinas e credenciais. Para regular este importante assunto, que na opinião do apóstolo, não sendo esclarecido, punham em risco a vida do Cristianismo, ele de seu próprio punho escreveu (6.11) esta Epístola (ou talvez parte dela) em largos e vigorosos caracteres, em contraste com o seu costume nas outras cartas” – Angus