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EPÍSTOLA AOS HEBREUS

  1. A EPÍSTOLA AOS HEBREUS

 

A Última Mensagem de Deus ao Judaísmo

 

Cristo, Autor de um Novo Concerto

 

O Glorioso Destino do Homem

 

A Carta é uma vibrante apologia da superioridade de Cristo e do Cristianismo sobre o judaísmo em termos de sacerdócio e sacrifício.

 

  1. Não há um autor definido. Vários têm sido sugeridos:
  • A Autoria de Paulo (?): Em geral, a opinião tradicional e multissecular, ainda hoje largamente admitida, é a favor de Paulo.
    • O título em muitas versões é: “Epístola de Paulo aos Hebreus”. O livro é anônimo, contudo muitos comentaristas baseiam-se na idéia de que Paulo foi o escritor, sobre 2 Pe 3.15 e Hb 13.23.
    • Na versão do Pe. Figueiredo é intitulada “Epístola de Paulo”. Figueiredo baseou-se no título da Epístola como se encontra na Vulgata “Epístola Pauli ad Hebraeos”.
    • Na versão de Almeida, é anônima, porque nos manuscritos mais antigos seu autor não é mencionado.
    • A Igreja Oriental aceitou, desde o princípio, a autoria Paulina para esta Epístola.
    • Só no 4º Século a Igreja Ocidental aceitou-a como Obra de Paulo.
    • Eusébio considerava Paulo seu autor.
    • Clemente de Alexandria pensava que Paulo a escreveu em hebraico, e Lucas a traduziu para o grego (é escrita em excelente grego).
    • Orígenes disse que os pensamentos dela eram os de Paulo, e considerava este seu provável autor, mas acrescentou: “Quem escreveu, só Deus sabe”
    • Ferrar Fenton pensa que somente Paulo podia escrevê-la, e que o fez, originalmente, em hebraico, mandando algum dos seus auxiliares traduzi-la para o grego

 

  • Outros Autores Sugeridos:
    • Tertuliano chamou-a Epístola de Barnabé.
    • Alguns atribuem a Lucas.
    • Lutero supunha que fosse Apolo, não havendo para esta opinião nenhuma evidência antiga.
    • Ramsay sugere o nome de Filipe.
    • Harnack e Rendel Harris sugerem Priscila.
    • Clemente de Roma.

 

  1. Título: Assim chamada porque se dirigia aos judeus que abraçaram o Evangelho.

 

  1. É certo que Hebreus foi escrita antes da destruição do Templo, 70 A.D., porque não cessaram ainda os sacrifícios. Se Paulo escreveu, parece provável que o fez de Roma 62-64 A.D. O sentido natural, ainda que não necessário, da frase “os da Itália vos saúdam” (13.24) é que a carta foi escrita da Itália. Timóteo estava com o autor (13.23). Fora com Paulo a Jerusalém, (At 20.4) de onde o acompanhou a Roma (Cl 1.1). Acabara de ser solto, e Paulo planejava enviá-lo de volta ao Oriente (Fp 2.19,24), esperando que em breve ele também iria. E parece que ele e Timóteo tinham o plano de voltar a Jerusalém (13.23) , uma vez que os líderes, a quem a carta se dirige,eram amigos de Paulo, o que se poderia inferir de 13.19. Esta Carta pode ter sido escrita, mais ou menos, ao tempo da Epístola aos Filipenses. Acontece que foi por volta do tempo em que Tiago, supervisor da Igreja de Jerusalém, foi morto. Paulo e Tiago eram amigos dedicados. Paulo, uns três anos antes, estivera em Jerusalém. Pensa-se que, possivelmente, ouvindo falar na morte de Tiago, escreveu esta Epístola aos dirigentes da Igreja Judaica, agora sem pastor, a fim de ajudá-los a fortalecer o rebanho durante os tempos terríveis que se avizinhavam. Se isto é certo, então havia razão para o nome de Paulo não aparecer na Epístola, visto como este Apóstolo não era muito benquisto em Jerusalém. Embora os líderes soubessem quem a escreveu a Epístola, impressionaria mais, se fosse lida nas igrejas sem o nome de Paulo. As Epístolas do Novo Testamento foram escritas para serem lidas nas igrejas (prática que pregadores modernos parecem haver esquecido)

 

  1. Destinatário. Três perguntas estão envolvidas na determinação dos destinatários desta carta.

 

  • Qual era o contexto racial destes leitores?
    • Embora alguns tenham defendido a tese de que eram gentios todas as evidências apontam para um contexto judaico:
  • Seu teor dirige-se aos judeus, visto como discute a relação entre Cristo e o sacerdócio levítico e os sacrifícios do Templo.
  • Cita continuamente o Antigo Testamento, em abono de suas afirmações.
  • O título do livro “Aos Hebreus”
  • As referências aos profetas e ao ministério dos anjos a Israel.

 

  • Onde viviam?
    • Na Palestina? A carta aparentemente foi escrita antes de tudo aos cristãos hebreus, da Palestina, especialmente em Jerusalém. Estes convertidos estavam em perigo constante de voltar ao judaísmo, ou pelo menos de darem muita importância às observâncias cerimoniais.

 

  • Na Itália? A preferência parece recair sobre a Itália:

 

  • Este leitores não eram pobres (e os crentes da Palestina eram (6.10; 10.34; Rm 15.26)
  • A Septuaginta é usada exclusivamente para citações do Antigo Testamento (o que não se esperaria se a carta fosse destinada a moradores da Palestina)
  • A expressão “Os da Itália vos saúdam” (13.24) deixa a impressão de que italianos residentes fora da Itália mandavam saudações para “casa”.

 

  • Qual era sua condição espiritual? A maioria dos destinatários era de crentes (3.1) embora, como em qualquer igreja, houvesse, sem dúvida, alguns que meramente professavam fé cristã.

 

  1. Chave: “A Superioridade de Cristo”. Os crentes judaicos, um grupo insignificante em contraste ao grande número de seus patrícios e que sofriam grandes perseguições, estavam tentados a abandonar sua fé e voltar aos ritos da lei de Moisés. Para fortalecer a sua fé, a epístola chama atenção à superioridade da Nova Aliança sobre a Antiga à preeminência do sacerdócio de Cristo sobre o de Arão, a superioridade do Tabernáculo Celestial sobre o Tabernáculo terrestre, a glória transcendente da era cristã em comparação com a do Antigo Testamento.
  2. Propósito.
    • Pensamos que foi escrita com o fim de preparar os cristãos judeus para a próxima queda de Jerusalém. Os cristãos judeus, depois de aceitarem a Jesus como seu Messias, continuaram a ser zelosos pelos ritos e sacrifícios do Templo, pensando, ao que supomos, que sua querida cidade, sob o reinado do Messias, estava prestes a ser tornar a capital do mundo, e o seu Templo, o centro de peregrinações do mundo inteiro. Ao invés disso, iam receber o maior choque de sua vida. Com um golpe do exército romano, a Cidade Santa ia ser arrasada e os ritos do Templo cessariam.
    • Esta Epístola foi escrita para lhe explicar que os sacrifícios de animais, pelos quais se mostravam tão zelosos, não tinham mais utilidade;
    • Que a morte de um touro, ou de um cordeiro, jamais podia tirar o pecado;
    • Que tais sacrifícios nunca tiveram o intuito de ser perpétuos;
    • Que o plano foi fazê-los como uma figura multissecular do sacrifício vindouro de Cristo;
    • E agora que Cristo já viera, cumprida estava a finalidade deles, e haviam passado para sempre.
    • Confirmar os crentes israelitas, mostrando-lhes que o judaísmo tinha terminado, devido ao cumprimento por Cristo de todo o propósito da Lei.
    • Os trechos de exortação mostram que o escritor tinha em vista o sempre-presente perigo de os crentes judeus voltarem ao judaísmo. É claro, de Atos, que até os mais robustos dos crentes da Palestina ficaram presos a uma estranha mistura de judaísmo e Cristianismo (At 21.23,24), e esse laço teria seu perigo para os cristãos professos entre os judeus da Dispersão.
    • A nota tônica da carta é “melhor”. Hebreus dá uma série de contrastes entre as boas coisas do judaísmo e as coisas melhores de Cristo. Cristo é melhor do que os anjos. Do que Moisés, Josué ou Aarão e o Novo Concerto Mosaico. O escritor contempla toda a esfera de profissão; por isso temos os avisos necessários para advertir o mero professo.

 

  1. Parelha da Epístola aos Romanos. Romanos foi dirigida à capital do mundo gentílico, Hebreus, à capital da nação judaica. Deus fundara e nutria essa nação judaica através de longos séculos com o fim de, por ela, abençoar todas as nações mediante um grande Rei que nela se levantaria e governaria todas as outras nações. O Rei já viera. Romanos trata da relação do Rei com o Seu reino universal, base em que Ele tem direito à vassalagem de todo ser humano. Hebreus trata da relação do Rei com a Nação da qual saiu.

 

 

  1. Sua Excelência Literária. Quem quer que tenha sido o seu autor, como jóia literária é magnífica; quanto à dicção, é o Isaías do Novo Testamento. É um tratado coordenado e lógico, “em sentenças balanceadas e vibrantes de notável precisão, atingindo culminâncias admiráveis de eloqüência”. O autor demonstra notável perícia literária e retórica. Seu estilo é um modelo de prosa helenística.

 

  1. Síntese.
    • Desconhece-se o seu escritor. Temas Principal: a glória transcendente de Cristo e as bênçãos da nova dispensação, comparadas às do Antigo Testamento.
    • O autor chama a carta de “palavra de exortação” (13.22) motivada pelo fato de que alguns corriam o risco de abandonar sua fé em Cristo, e retornar ao judaísmo. Os leitores estavam sendo perseguidos, embora não ao ponto de serem martirizados (10.33-34; 12.4) e, diante disso, alguns corriam o risco de se tornaram apóstatas.
    • A Confiança dos crentes – uma série de onze exortações:
      • Temamos (4.1)
      • Procuremos (4.11)
      • Cheguemo-nos, pois, com confiança ao trono da graça (4.16)
      • Prossigamos (6.1)
      • Cheguemo-nos (10.22)
      • Consideremo-nos uns aos outros (10.24)
      • Deixemos todo embaraço e corramos com perseverança (12.1)
      • Sirvamos a Deus agradavelmente (12.28)
      • Saiamos (13.13)
      • Ofereçamos sempre sacrifícios de louvor (13.15)

 

  1. Particularidades da Epístola.
    • É uma das cinco epístolas cristão-judaicas; as outras são: Tiago, 1Pedro, 2 Pedro e Judas.
    • Esta epístola liga o Velho e o Novo Testamento em uma maneira que convence e ilumina mais que qualquer outra epístola.
    • Tanto o autor como os leitores são versados no Antigo Testamento em sua versão grega (A Septuaginta)
    • Há 29 citações diretas do Antigo Testamento, além de 53 alusões claras a várias outras passagens. Estas são utilizadas para demonstrar o caráter definitivo da revelação cristã e sua superioridade sobre à velha aliança.
    • Porções Seletas:
  • Tão grande salvação (2.3)
  • O sofrimento é uma preparação para o sacerdócio (2.9-18)
  • O descanso da fé (4.1-11)
  • A Palavra de Deus viva e eficaz (4.12)
  • O trono da graça (4.16)
  • A maturidade espiritual (5.12 - 6.2)
  • A intercessão de Cristo (7.25)
  • A Nova Aliança (8.8-13)
  • A descrição da fé (11.1)
  • Os Heróis da fé (11.4-40)
  • O capítulo do “atletismo espiritual” e da carreira cristã. O sofrimento, a correção e a disciplina como preparação para a vitória (12.1-3)
  • Uma grande bênção (13.20,21)
  • A Cristologia em Hebreus.
    • O Autor da Nossa Salvação (2.14)
    • O Grande Sumo Sacerdote (4.14)
    • O Autor e Consumador da Fé (12.2)

 

  1. A Mensagem de Hebreus. O Cristianismo é caracterizado por duas coisas, que são simbolizadas pelo véu rasgado. Deus não mais habita nas densas trevas. Ele está na luz. Pode sair ao homem; o homem pode entrar na sua presença. De fato as duas coisas se cumpriram: “Deus saiu ao encontro do homem na pessoa de Cristo e, em Cristo o homem vai à presença de Deus. O Evangelho de João mostra-nos especialmente o primeiro; e Hebreus, o segundo, e estabelece a ligação entre os pontos de vista de João e do autor; assim, Cristo como homem, é visto como apóstolo, aquele que saiu com a mensagem de Deus em quem Deus se declara. Hebreus desenvolve mais amplamente o segundo: o homem entrando para Deus. Esta é a conseqüência da obra consumada sobre a terra antes que Cristo entrasse pela qual depois entrou, não simplesmente com o título que sempre tinha pessoalmente, mas como “Sumo Sacerdote da nossa confissão” Que Deus saiu à procura do homem é a glória do Evangelho. O Filho de Deus, em forma humana, é “o resplendor da sua glória”. Ele tem falado, mas fez, mais. Viveu, amou, sofreu, morreu entre nós, e voltou no poder desse sacrifício, pelo qual aqueles por quem foi oferecido encontram um “novo e vivo caminho” para chegar à presença de Deus. Tanto essa saída como essa entrada se encontram em Hebreus e também no começo da primeira epístola de João. Nisto João e Paulo combinam cada um olhando pela senda da glória divina para ver e reconhecer o objetivo do outro. João olha do Céu para a Terra. Paulo da Terra para o Céu. O objetivo central de cada um é aquele que é “o apóstolo e sumo sacerdote de nossa confissão”. Esta plena revelação do Cristianismo está em contraste com todas as comunicações fragmentárias dos profetas que a precederam...