- A I EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
Cuidado da Igreja de Éfeso
- Epístolas Pastorais.
1 e 2 Timóteo e Tito são, comumente, chamadas “Epístolas Pastorais” Prevalece a opinião de que foram escritas entre a primeira e a segunda prisão de Paulo, de 64 A.D a 67 A.D. alguns críticos racionalistas modernos têm aventado a teoria de que tais cartas foram obra de algum autor desconhecido, que trinta a cinqüenta anos depois da morte de Paulo, as escreveu usando o nome deste, para inculcar certas doutrinas. Não há base histórica para essa opinião. Desde o princípio, estas Epístolas têm sido consideradas como escritos genuínos de Paulo. Demais disto, a teoria é absurda. Acresce que, embora esses críticos insistam de voz alta, que não há nada contrário à ética nesse procedimento, ao espírito da média de nossa gente, tal coisa não passaria de uma descabelada impostura. Se tais Epístolas não são escritos genuínos de Paulo, mas falso produto de algum pretenso Paulo, como pode alguém que tenha um pouco de senso de honestidade considerá-las parte da Palavra de Deus?
“Foram escritas como expressão de sentimento e afeto pessoal” – Cânon Muratoriano
Tertuliano disse que Paulo escreveu duas cartas a Timóteo e uma a Tito, com respeito ao estado da igreja – “de eclesiastes status”
Tomás de Aquino em 1274, escrevendo a respeito de 1 Timóteo, disse: “Esta carta é como se fosse uma regra pastoral que o apóstolo deu a Timóteo”
- Paulo.
- Argumentos contra a autoria Paulina. Alguns comentaristas têm questionado a realidade da autoria destas cartas, com base nos seguintes argumentos.
- As viagens de Paulo, descritas nas Pastorais, não se encaixam com qualquer fase da narrativa do livro de Atos.
- A organização eclesiástica nelas descritas pertence ao segundo século.
- O vocabulário e o estilo são significativamente diferentes dos das demais cartas paulinas.
- Solução Bíblica:
- Não há razão que nos obrigue a crer que Atos conta a história completa da vida de Paulo. Uma vez que sua morte não foi registrada em Atos, ele aparentemente foi libertado de sua primeira prisão em Roma, viajou pelo Império por vários anos (talvez até a Espanha), foi novamente preso, encarcerado outra vez em Roma, e martirizado no governo de Nero.
- Nada na organização eclesiástica refletida nas Pastorais exige uma data posterior (At 14.23; Fp 1.1)
- A questão da autoria não pode ser decidida somente com base no vocabulário, sem levar em conta como o assunto tratado determina a escolha de palavras pelo autor. O vocabulário usado para descrever a organização da igreja, por exemplo, espera-se ser diferente daquele utilizado para ensinar a doutrina do Espírito Santo.
- Não há argumento contra a autoria Paulina que fique sem uma resposta plausível. Além disso, é claro, as próprias cartas alegam ter sido escritas por Paulo.
- Argumentos contra a autoria Paulina. Alguns comentaristas têm questionado a realidade da autoria destas cartas, com base nos seguintes argumentos.
- Data e Ocasião. Quando Paulo se despedia dos presbíteros de Éfeso, disse-lhes que não veriam mais o seu rosto (At 20.25). Mas, ao que parece, sua longa prisão fê-lo mudar de plano e, uns seis ou sete anos mais tarde, depois de solto, tornou a visitar Éfeso. Prosseguindo à Macedônia, deixou Timóteo aí, esperando voltar logo (1 Tm 1.3; 3.14). Detendo-se na Macedônia mais tempo do que planejara (3.15), escreveu esta Carta de instrução sobre o trabalho que Timóteo tinha que realizar.
- Destinatário. Timóteo
- Timóteo significa “Que adora a Deus”
- Família. Filho de uma judia crente de pai grego (At 16.1). Sua avó Lóide, e sua mãe Eunice, crentes fervorosas (2 Tm 1.5)
- Cidade: Natural de Listra (At 16.1)
- Infância: Ele foi educado na Palavra do Senhor.
- Perfil:
- Era tímido e retraído, por natureza.
- Não capaz como Tito de tratar com pessoas que provocaram perturbações.
- Não gozava de muito boa saúde (1Tm 5.23)
- Ministério.
- Princípio:
- Foi um convertido de Paulo (1 Tm 1.2)
- Depois da separação entre Paulo e Barnabé, era companheiro de Paulo na segunda viagem missionária (At 16.3; 17.14,15; Rm 16.21)
- Separado para a obra evangelística (1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6; 4.5)
- Sua escolha foi indicada por Deus (1 Tm 1.18)
- Ele e Lucas foram os dois companheiros mais constantes do Apóstolo. Este amava-o, devotadamente, e sem ele sentia-se desolado.
- Função.
- O “filho amado” de Paulo e seu “cooperador no Evangelho” (1 Co 4.17; 1 Tm 1.2, 18; 2 Tm 1.2)
- Paulo o circuncida por causa dos judeus (At 16.3)
- Acompanhou Paulo a Trôade, Filipos, Tessalônica, Beréia. Demorou nesta última cidade até que Paulo o mandasse chamar a Atenas (At 17.14,15)
- Quando Paulo fugiu de Beréia, Timóteo e Silas permaneceram lá (At 17.14)
- Chamado à Atenas (At 17.15)
- Depois, o Apóstolo o enviou de volta a Tessalônica (1 Ts 3.1-2)
- Acham Paulo em Corinto (At 18.1,5; 1 Ts 3.6)
- Ajudou a escrever as Cartas aos Tessalonicenses (1 Ts 1.1.; 2 Ts 1.1.)
- Mais tarde, Paulo enviou-o de Éfeso a Corinto (1Co 4.17)
- Enviado à Macedônia (At 19.22). O Apóstolo ajunta-se a ele na Macedônia. Timóteo ajuda a escrever 2 Coríntios. (2 Co 1.1)
- A Corinto (1 Co 16.11)
- Com Paulo na terceira viagem missionária (At 20.4)
- Se acompanhou Paulo em todo o trajeto até Jerusalém e Roma, não está declarado, mas aparece com Paulo nesta última cidade. Com Paulo na prisão em Roma (Cl 1.1; Fp 1.1; Fm)
- Mais adiante, está em Éfeso, onde recebe esta Epístola.
- É chamado com urgência a Roma (2 Tm 4.9). Se chegou lá antes da morte de Paulo não se sabe.
- Posto em liberdade (Hb 13.23)
- Duas epístolas de Paulo dirigidas a Timóteo (1 Tm 1.1; 2 Tm 1.1)
- Encarregado de cuidar da igreja em Éfeso (1 Tm 1.3)
- Tradição. Conforme a tradição foi o primeiro bispo de Éfeso e morreu ali martirizado quando João estava exilado na ilha de Patmos.
- A Cidade de Éfeso. Foi aí que Paulo realizou o seu maior trabalho, por volta de 54-57 A.D At 19. Uns quatro anos depois de sair dali, de sua prisão romana escreveu a Epístola à igreja dessa cidade, cerca de 62 A.D. Agora pouco tempo depois, provavelmente cerca de 65 A.D, dirigiu esta Epístola a Timóteo a respeito do trabalho em Éfeso. Mais tarde, nesta cidade veio a residir João, onde escreveu seu Evangelho, suas Epístolas e o Apocalipse.
- A Igreja de Éfeso. Da narrativa em At 19, parece que Paulo conseguiu ali, grande multidão de convertidos. Nos anos seguintes, o número deles continuou aumentando. Dentro dos 50 anos subseqüentes, os cristãos na Ásia Menor tornaram-se tão numerosos que os tempos pagãos quase que ficaram abandonados. Dentro da geração apostólica, Éfeso veio a ser um centro da cristandade, tanto em número como pela posição geográfica, região onde o Cristianismo conquistou seus primeiros louros.
- A Situação da Igreja. Não havia edifícios para as igrejas. Casas dedicadas ao culto cristão só começaram a ser edificadas duzentos anos depois da época de Paulo, e não se generalizaram senão quando Constantino pôs fim às perseguições aos cristãos. Assim, os muitos milhares de convertidos, em Éfeso e seus arredores, reuniam-se não em uma ou em poucas congregações centrais, mas em centenas de pequenos grupos em várias casas, cada congregação sob a direção de seu pastor.
- Chave: Conselhos e exortações a um jovem evangelista. A igreja em Éfeso era grande e ameaçada por doutrinas falsas. Paulo deixou Timóteo lá e depois escreveu esta carta para animá-lo e instruí-lo em pastorear a igrejas (1.3)
- Síntese.
- Conselhos a um pastor jovem concernentes à sua conduta e atividades ministeriais.
- Em relação a Timóteo, o tema da carta é “combater o bom combate” (1.18). Em relação à igreja como um corpo, o tema é “a conduta na casa de Deus” (3.15).
- Assuntos importantes discutidos na Epístola incluem:
- A Lei (1.7-11)
- Oração (2.1-8)
- Traje e atividades das mulheres (2.9-15)
- Qualificações para bispos e diáconos (3.1-13)
- Os últimos dias (4.1-3)
- O cuidado para com as viúvas (5.3-16)
- O uso do dinheiro (6.6-19)
- Particularidades da Epístola.
- As três epístolas pastorais são na ordem cronológica: 1 Timóteo, Tito, e 2 Timóteo, chamam-se pastorais porque não são dirigidas a uma igreja, mas a pastores, para instruí-los a fim de bem governarem suas igrejas.
- Nestas três epístolas temos a mais clara revelação do caráter, da capacidade e dos deveres do ministro do Evangelho.
- À medida que as igrejas de Cristo aumentaram em número, a questão de ordem, de firmeza na fé, e de disciplina tornou-se importante. No começo, os apóstolos regulavam pessoalmente esses assuntos, mas ao aproximar-se o fim do período apostólico, tornou-se necessário que houvesse uma clara revelação para a direção das igrejas. Tal revelação temos em 1 Timóteo e em Tito. A chave desta Epístola é: “para que saibais como convém andar na casa de Deus” (3.5). Bem teria sido para as igrejas se nada tivessem acrescentado à ordem divina nem dela diminuído.
- Os Pastores. Deve ter havido centenas deles. Em At 20.17 são chamados “presbíteros” (anciãos). Nesta Epístola se chamam “bispos”. Nos tempos do Novo Testamento eram apenas diferentes nomes para o mesmo ofício. O trabalho de Timóteo foi, primeiramente, com esses pastores, ou dirigentes de congregação. Não havia seminários que dessem a Paulo pastores adestrados. Tinha de fazer pastores de convertidos seus. Algumas vezes conseguiu homens talentosos, mas provavelmente, a maioria dos seus pastores saiu das camadas humildes da sociedade. Ele tinha de fazer o melhor possível com os meios de que dispunha. Sem seminários, sem templos e a despeito de perseguições, a igreja fez mais rápido progresso do que em outra qualquer época depois, porquanto conservava a mente nos fatos essenciais e não nas superficialidades do Cristianismo.
- A Cristologia em 1 Timóteo – Cristo Descrito por Paulo: “O Bem aventurado e único Soberano (6.15)
- A Mensagem de 1 Timóteo. Parecem serem dois os principais fins desta Epístola:
- Destruir as falsas doutrinas dos mestres judaizantes, que sob o pretexto de fidelidade à Lei, ensinavam mandamentos que estavam em desacordo com os santos preceitos cristãos (Compare-se Atos 20.27-32 com 2 Coríntios 4.1-7).
- Guiar e animar Timóteo no desempenho da sua missão, dando-lhe esclarecimentos:
- Quanto às devoções públicas.
- Sobre os deveres e comportamento das mulheres cristãs (2.9-12) – (Compare-se com 1 Co 11.3-16; 14.34-40 e 1 Pe 3.1-6)
- Sobre os que tinha cargos eclesiásticos (3.1-13).
- Sobre seu próprio ensino (3.14 a 4.10).
- Sobre a sua santidade pessoal (4.11-16)
- Sobre a direção da sua igreja na maneira de tratar os transgressores, as viúvas, os bons e os maus, os escravos e os ricos – indicando os deveres destas diversas classes de pessoas (caps. 5 e 6) – (Compare-se com Tito 1.10 a 3.11). Junto aos ensinamentos que o apóstolo fornece ao seu discípulo acham-se também vivas e afetuosas recomendações, referencias à própria conversão de Paulo, e solenes previsões sobre a vinda de Cristo – Angus.
- A II EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
A Última Palavra de Paulo
Esta tocante carta foi escrita por Paulo a seu “mui amado filho” pouco antes de seu martírio (4.6-8) e contém as últimas palavras do grande apóstolo que a inspiração preservou.
Seu Brado de triunfo na Hora da Morte
O livro de Atos termina com Paulo na prisão em Roma, por volta de 64 A.D. A crença comum é que ele foi absolvido, voltou à Grécia e à Ásia Menor, mas mais adiante foi novamente preso,levado de regresso a Roma e executado lá por 66 ou 67 A.D . Esta Epístola foi escrita quando ele aguardava o martírio.
- O apóstolo Paulo (1.1). “O prisioneiro do Senhor” (1.8, 16; 2.9; 4.6)
- Data local. Provavelmente tenha sido escrita em Roma, ano 65-67 A.D. Esta carta contém as últimas palavras do apóstolo.
- Ocasião: “Segunda Timóteo (em comum com 2 Pedro, e 2e 3 João) trata do andar pessoal e do testemunho de um verdadeiro servo de Cristo em dias de apostasia e decadência (1.15). As igrejas na Ásia não se tinham debandado, nem cessado de se chamarem cristãs, mas tinham abandonado as doutrinas da graça reveladas mediante o apóstolo Paulo. Esta era uma prova de que a apostasia já tinha começado na sua primeira fase: o legalismo.
- Destinatário. Timóteo
- Tema: O tema pode ser derivado de 2.3: “Um Bom Soldado de Cristo Jesus”
- Esta carta foi escrita a seu “amado filho” (1.2) não muito antes do seu próprio martírio (4.6-8) e contém as suas últimas palavras inspiradas pelo Espírito Santo, as quais permanecem para nós. As palavras “todos os da Ásia me abandonaram” (1.15), revelam algo das profundezas dos seus sofrimentos na escura prisão e dão grande ênfase a admoestação: “participa dos meus sofrimentos, como bom soldado de Jesus Cristo” (2.3)
- Propósito.
- O de animar e instruir o jovem evangelista em seu trabalho ministerial
- Específico. O de pedir ao seu filho no evangelho, Timóteo, que vá logo a Roma levando ao apóstolo o consolo da sua companhia.
- Objetivo e Conteúdo. Um dos fins desta Epístola foi pedir a Timóteo que viesse depressa ter com Paulo (4.9), porque os outros seus amigos o tinham abandonado, à exceção do seu fiel companheiro Lucas (4.10-12). Desejava a presença de Timóteo e de Marcos (estando já inteiramente sanada a antiga indisposição para com este), para que ambos pudessem animá-lo nas suas provações, e auxiliá-lo na obra do ministério (11) – Angus
- Marco Histórico. Geralmente se crê que Paulo esteve encarcerado duas vezes em Roma, e que foi durante a segunda viagem que escreveu esta carta. Anteriormente ele havia tido alguma liberdade, pois vivia numa casa alugada (At 28.30). Durante esse tempo teria acesso aos amigos, mas agora estava incomunicável e Onesíforo havia tido dificuldade de encontrá-lo (1.17). Muitos de seus companheiros o haviam abandonado, ele espera ser executado logo. Percebe-se, através da carta, um tom triste de solidão, e o anseio de Paulo de ver a seu amado Timóteo.
- Síntese.
- Foi a última carta de Paulo, escrita pouco antes da sua morte, a fim de instruir a aconselhar ao seu “verdadeiro filho na fé”.
- Paulo prisioneiro em Roma, como resultado da perseguição movida por Nero, sabia, ao escrever esta carta, que sua morte esta próxima (1.8, 16; 4.6-8). Enfrentando o frio e a solidão em sua masmorra (4.10-13), o veterano missionário escreveu a seu jovem filho na fé esta carta intensamente pessoal. Pouco depois, segundo a tradição, ele foi decapitado na Via Óstia, a Oeste de Roma.
- Particularidades da Epístola.
- A última na ordem cronológica, das treze epístolas de Paulo – e a última de suas três epístolas pastorais.
- As duas cartas a Timóteo contém exortações urgentes. É possível que Timóteo estivesse enfermo (1 Tm 5.23). Talvez também fosse tímido (2 Tm 1.6-7). A palavra “envergonhado” parece saliente na epístola. Paulo instou com ele para que não se envergonhasse de seu testemunho, de seu amigo prisioneiro (1.8), ou de seu trabalho (2.15). Exortou-o a considerar-se como um soldado em meio a uma batalha renhida (2.3-4)
- A Nota da Fé triunfante de Paulo. Nessa hora escura é uma das mais nobres passagens da Escritura. Ia ser executado por um crime que não cometeu. Seus amigos o abandonaram, deixando-o sofrer sozinho. A causa pela qual entregara sua vida estava sendo arrasada pela perseguição no Ocidente e no Oriente, resvalava para a apostasia. Entretanto, nem uma palavra de pesar emitiu por haver entregue sua vida ao serviço de Cristo e da Igreja. Nada que sugerisse a dúvida de vir a Igreja, eventualmente, a triunfar, embora que no presente estivesse sendo, aparentemente, derrotada. Nada que indicasse dúvida quanto a partir direto para os braços daquele, a quem amara e servira tão devotadamente, no instante em que lhe decepassem a cabeça. Esta Epístola é o brado de exultação de um vencedor às portas da morte.
- Assuntos Importantes mencionados na carta incluem:
- A apostasia nos últimos dias (3.1-9)
- A Inspiração das Sagradas Escrituras (3.16)
- A Coroa da Justiça (4.8)
- A Cristologia em 2 Timóteo – Cristo Descrito por Paulo: O Juiz de Todos os Homens (4.1)
- A Mensagem de 2 Timóteo. A segunda carta contrasta, em muitos sentidos com a primeira. Na primeira, a casa de Deus está em ordem, com tudo que é necessário para conservar a piedade que convém a essa casa. Existe um fundamento que permanece firme, e aquilo que se tem tornado “uma grande casa”, com seus vasos não somente para honra, mas também para desonra. Não se fala mais de anciãos, nem de diáconos. Cada um precisa, pelo visto, resolver por si mesmo, e agir por si mesmo, ainda que tudo esteja contra ele... Não se fala de melhoramentos de tal condição. Precisamos encará-la, não num espírito de covardia, mas com firme confiança naquele que permanece sempre o mesmo; sendo sustentados de acordo com os conselhos divinos a nosso respeito antes que houvesse a Igreja e o mundo. O apóstolo mostra-se mais espiritual do que nunca; com a luz da eternidade nos olhos e o reconhecimento de que seu bom combate está terminando, deixa seus companheiros da fé sem o recurso de qualquer poder apostólico. A partida de Paulo deste modo é significativa. Ele não vai com a simpatia e comunhão de todo o povo de Deus, como havíamos de imaginar, pois os da Ásia o tinham abandonado; dos que o rodeavam em Roma, somente dois ou três lhe têm proporcionado completa satisfação. As circunstâncias são as mais tristes que se podem imaginar, mas o Céu ainda brilha, e o caminho resplandece com a glória divina até terminar no dia perfeito que se aproxima. – Grant
- A EPÍSTOLA DE PAULO A TITO
A Respeito das Igrejas de Creta
- Paulo (1.1).
- 65 A.D
- Destinatário.
- Tito significa “Louvável”
- Origem: Era gentio (Gl 2.3) “grego”
- Conversão. Converteu-se, talvez com a pregação de Paulo.
- Caráter:
- Era absolutamente confiável e abnegado (2 Co 12.18)
- O fato de ser Tito escolhido para investigar a situação aflitiva em Corinto indica que Paulo devia considerá-lo um líder cristão de muita capacidade, prudente e maneiroso.
- Ministério:
- Foi um dos convertidos de Paulo (Tt 1.4).
- Um evangelista, amigo, amado e ajudante de Paulo (2 Co 2.13; 7.6.13;8.23)
- Mensageiro da igreja de Corinto (2 Co 8.16-18)
- Fiel companheiro do apóstolo (2 Co 8.23) – Seu nome não aparece em Atos, mas repete-se muitas vezes nas Epístolas.
- Um delegado no concílio de Jerusalém (At 15; Gl 2.1)
- Foi companheiro de Paulo e Barnabé numa viagem a Jerusalém (Gl 2.1)
- Não foi constrangido a circuncidar-se (Gl 2.3)
- Enviado a Corinto (2 Co 2.13; 7.6;8.16)
- Enviado a Creta para organizar as igrejas (1.5). A expressão “deixei-te em Creta” (1.5), mostra que Paulo estivera lá com ele. Depois de pôr em ordem as coisas nas igrejas cretenses, Tito devia ser substituído por Ártemas ou Tíquico, pedindo-lhe Paulo, que fosse encontrá-lo em Nicópolis, na Grécia Ocidental (3.12)
- Esteve em Roma com Paulo durante o encarceramento deste (2 Tm 4.10)
- Parece que possuía melhor saúde e mais maturidade que Timóteo.
- Paulo escreve a Tito (Tt 1.1-4)
- A última menção de Tito (2 Tm 4.10), onde se diz que saíra de Roma para a Dalmácia. Parece que se juntou a Paulo e estava com ele quando foi preso, acompanhando-o a Roma. Se abandonou o Apóstolo naquela hora de perigo e solidão, devido aos riscos ameaçadores, ou se Paulo o mandou terminar a evangelização da costa N.O da Grécia não sabemos. Esperamos que esta última hipótese se tenha dado, porque era bom e grande homem.
- Tradição. Diz-se que continuava desempenhando o serviço de bispo na ilha de Creta até de idade avançada.
- Uma ilha, também conhecida por Cândia, a S.E da Grécia, entre mares Egeu e mediterrâneo, tendo uns 240 km de extensão, 11 a 48 de largura. Montanhosa, mas os seus vales eram férteis, populosos e ricos; era a “Ilha das Cem Cidades”. Sede de uma civilização antiga e poderosa, que já no alvorecer da história grega se tornara lendária. Seu monte mais alto, Ida, era famoso como local legendário do nascimento de Zeus, o deus grego. Cidade do semi-lendário legislador Minos, filho de Zeus, e do fabuloso Minotauro. Seu povo era aparentado com os filisteus, julgando-se que eram os mesmos queretitas (1 Sm 30.14). Navegantes afoitos e famosos arqueiros, de muito má reputação moral. A obra de Sir Arthur Evans e dos seus sucessores deu para o mundo o conhecimento da civilização cretense, desde o princípio do nosso século. A escrita foi decifrada em 1953 por Michael Ventris; descobriu-se que a língua era grego primitivo.
- A Igreja de Creta: Provavelmente, teve sua origem com os “cretenses” que estiveram em Jerusalém no dia de Pentecostes (At 2.11). Não há menção em o Novo Testamento da visita de um apóstolo a Creta, além da que lhe fez Paulo em sua viagem a Roma (At 27), e aquela que está implícita nesta Carta a Tito. Visto como Paulo procurava evitar edificar sobre fundamentos lançados por outros, parece provável que as igrejas cretenses na maior parte, foram obra sua. De outro modo, não assumiria sobre elas a autoridade indicada nesta Epístola. Possivelmente, eram fruto de seu trabalho em Corinto ou Éfeso, ambas as quais ficavam perto e tinham íntima relação comercial com Creta.
- Tema principal: Conselhos e exortações acerca dos deveres e das doutrinas ministeriais, com ênfase especial sobre as obras.
- Contexto Histórico: O apóstolo deixara Tito na ilha de Creta para organizar as igrejas e encaminhá-las na sã doutrina (1.5)
- Síntese.
- Como as Epístolas a Timóteo, é esta uma carta particular de um homem de muita prática, grande autoridade e influência, a um jovem pastor, o qual apesar de talentoso e dedicado a Deus, veria o valor do conselho de um homem como Paulo.
- É uma carta apostólica de aconselhamento e exortações a um amigo de confiança, que era evangelista em um campo difícil. Dá ênfase especial à doutrina das boas obras. A ênfase nas boas obras está em 1.16; 2.7, 14; 3.1,8, 14. Esta é uma resposta suficiente para os que dizem que há um conflito doutrinário entre as cartas de Paulo e Tiago.
- Seu tema é muito parecido com o de 1Timóteo. Ambas as cartas ocupam-se com a ordem que devia haver nas igrejas. A diferença é que em 1 Timóteo a ênfase está na sã doutrina (1 Tm 1.3-10); em Tito está na ordem divina nas igrejas locais (1.5). O valor permanente destas Epístolas está nesta dupla aplicação: de um lado é aplicada às igrejas descuidadas no que diz respeito à verdade de Deus, e do outro às descuidadas na ordem da casa de Deus. A importância desta ordem é evidenciada pela repetição das provas pelas quais os verdadeiros anciãos e servidores podem ser conhecidos – Scofield
- O caráter dos cretenses era tal que Paulo julgou necessário aconselhar a seu ministério a insistir no ensino acerca da vida cristã conseqüente. Sem dúvida, esta carta não ensina a salvação pelas obras.
- Tópicos importantes discutidos nesta carta incluem:
- As qualificações para os presbíteros (1.5-9)
- Instruções a várias faixas etárias na igreja (2.1-8)
- Relação dos crentes com o governo (3.1-2)
- A relação entre a regeneração e as obras humanas e o Espírito (3.5)
- Particularidades da Epístola.
- As epístolas pastorais (escritas a pastores), na ordem cronológica são: 1 Timóteo, Tito e 2 Timóteo.
- A Epístola a Tito assemelha-se com a primeira a Timóteo. Tito estavam em Creta e Timóteo em Éfeso e as condições nos dois lugares eram semelhantes. Tratam, em geral, dos mesmos assuntos: a designação de líderes que conviessem às congregações cristãs. Além disto elas foram escritas mais ou menos na mesma época.
- A Cristologia em Tito – Cristo Descrito por Paulo – O Redentor (2.14)
- A Mensagem de Tito. Há uma notável semelhança entre esta Epístola e a primeira a Timóteo, supondo-se por isso que foram escritas mais ou menos na mesma ocasião. Esta Epístola tem a particularidade de encerrar em mui pequeno espaço uma grande soma de instruções, compreendendo a doutrina, a moral e a disciplina. Trata dos seguintes pontos: Depois de uma saudação apostólica, declarando a razão por que Tito tinha sido revestido de especial autoridade, Paulo descreve as qualidades requeridas naqueles que deviam seguir a carreira do ministério, qualidades muito necessárias por causa dos falsos mestres, cujos princípios doutrinários eram perigosos, e do caráter geral dos cretenses. Em seguida dá a Tito várias instruções que ele devia transmitir a diferentes classes de pessoas: prescreve aos anciãos e aos jovens, as virtudes que deviam rigorosamente distingui-los; exorta Tito, que era jovem, a que seja exemplo vivo das virtudes que ele tinha de recomendar: ensina os servos a serem obedientes e fiéis, porquanto o Evangelho da salvação era para indivíduos de todas as classes e condições, a fim de torná-los santos neste mundo, e prepará-los para melhor e mais elevada vida. Instrui depois Tito sobre a obediência às autoridades constituídas, devendo ele aconselhar a todos um comportamento gentil e pacífico, e lembrar-lhes ao mesmo tempo a sua primitiva vida desejada, e a salvação que eles tinham alcançado pela livre graça de Deus. O apóstolo insiste na obrigação que todos os crentes têm de ser cuidadosos na prática de boas obras e ações, e depois de acautelar Tito para que não entre em investigações frívolas, nem se meta em discussões inúteis, e de lhe dar derradeiras instruções, fecha a Epístola com saudações e uma bênção. – Angus
- A I EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
Cuidado da Igreja de Éfeso
- Epístolas Pastorais.
1 e 2 Timóteo e Tito são, comumente, chamadas “Epístolas Pastorais” Prevalece a opinião de que foram escritas entre a primeira e a segunda prisão de Paulo, de 64 A.D a 67 A.D. alguns críticos racionalistas modernos têm aventado a teoria de que tais cartas foram obra de algum autor desconhecido, que trinta a cinqüenta anos depois da morte de Paulo, as escreveu usando o nome deste, para inculcar certas doutrinas. Não há base histórica para essa opinião. Desde o princípio, estas Epístolas têm sido consideradas como escritos genuínos de Paulo. Demais disto, a teoria é absurda. Acresce que, embora esses críticos insistam de voz alta, que não há nada contrário à ética nesse procedimento, ao espírito da média de nossa gente, tal coisa não passaria de uma descabelada impostura. Se tais Epístolas não são escritos genuínos de Paulo, mas falso produto de algum pretenso Paulo, como pode alguém que tenha um pouco de senso de honestidade considerá-las parte da Palavra de Deus?
“Foram escritas como expressão de sentimento e afeto pessoal” – Cânon Muratoriano
Tertuliano disse que Paulo escreveu duas cartas a Timóteo e uma a Tito, com respeito ao estado da igreja – “de eclesiastes status”
Tomás de Aquino em 1274, escrevendo a respeito de 1 Timóteo, disse: “Esta carta é como se fosse uma regra pastoral que o apóstolo deu a Timóteo”
- Paulo.
- Argumentos contra a autoria Paulina. Alguns comentaristas têm questionado a realidade da autoria destas cartas, com base nos seguintes argumentos.
- As viagens de Paulo, descritas nas Pastorais, não se encaixam com qualquer fase da narrativa do livro de Atos.
- A organização eclesiástica nelas descritas pertence ao segundo século.
- O vocabulário e o estilo são significativamente diferentes dos das demais cartas paulinas.
- Solução Bíblica:
- Não há razão que nos obrigue a crer que Atos conta a história completa da vida de Paulo. Uma vez que sua morte não foi registrada em Atos, ele aparentemente foi libertado de sua primeira prisão em Roma, viajou pelo Império por vários anos (talvez até a Espanha), foi novamente preso, encarcerado outra vez em Roma, e martirizado no governo de Nero.
- Nada na organização eclesiástica refletida nas Pastorais exige uma data posterior (At 14.23; Fp 1.1)
- A questão da autoria não pode ser decidida somente com base no vocabulário, sem levar em conta como o assunto tratado determina a escolha de palavras pelo autor. O vocabulário usado para descrever a organização da igreja, por exemplo, espera-se ser diferente daquele utilizado para ensinar a doutrina do Espírito Santo.
- Não há argumento contra a autoria Paulina que fique sem uma resposta plausível. Além disso, é claro, as próprias cartas alegam ter sido escritas por Paulo.
- Argumentos contra a autoria Paulina. Alguns comentaristas têm questionado a realidade da autoria destas cartas, com base nos seguintes argumentos.
- Data e Ocasião. Quando Paulo se despedia dos presbíteros de Éfeso, disse-lhes que não veriam mais o seu rosto (At 20.25). Mas, ao que parece, sua longa prisão fê-lo mudar de plano e, uns seis ou sete anos mais tarde, depois de solto, tornou a visitar Éfeso. Prosseguindo à Macedônia, deixou Timóteo aí, esperando voltar logo (1 Tm 1.3; 3.14). Detendo-se na Macedônia mais tempo do que planejara (3.15), escreveu esta Carta de instrução sobre o trabalho que Timóteo tinha que realizar.
- Destinatário. Timóteo
- Timóteo significa “Que adora a Deus”
- Família. Filho de uma judia crente de pai grego (At 16.1). Sua avó Lóide, e sua mãe Eunice, crentes fervorosas (2 Tm 1.5)
- Cidade: Natural de Listra (At 16.1)
- Infância: Ele foi educado na Palavra do Senhor.
- Perfil:
- Era tímido e retraído, por natureza.
- Não capaz como Tito de tratar com pessoas que provocaram perturbações.
- Não gozava de muito boa saúde (1Tm 5.23)
- Ministério.
- Princípio:
- Foi um convertido de Paulo (1 Tm 1.2)
- Depois da separação entre Paulo e Barnabé, era companheiro de Paulo na segunda viagem missionária (At 16.3; 17.14,15; Rm 16.21)
- Separado para a obra evangelística (1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6; 4.5)
- Sua escolha foi indicada por Deus (1 Tm 1.18)
- Ele e Lucas foram os dois companheiros mais constantes do Apóstolo. Este amava-o, devotadamente, e sem ele sentia-se desolado.
- Função.
- O “filho amado” de Paulo e seu “cooperador no Evangelho” (1 Co 4.17; 1 Tm 1.2, 18; 2 Tm 1.2)
- Paulo o circuncida por causa dos judeus (At 16.3)
- Acompanhou Paulo a Trôade, Filipos, Tessalônica, Beréia. Demorou nesta última cidade até que Paulo o mandasse chamar a Atenas (At 17.14,15)
- Quando Paulo fugiu de Beréia, Timóteo e Silas permaneceram lá (At 17.14)
- Chamado à Atenas (At 17.15)
- Depois, o Apóstolo o enviou de volta a Tessalônica (1 Ts 3.1-2)
- Acham Paulo em Corinto (At 18.1,5; 1 Ts 3.6)
- Ajudou a escrever as Cartas aos Tessalonicenses (1 Ts 1.1.; 2 Ts 1.1.)
- Mais tarde, Paulo enviou-o de Éfeso a Corinto (1Co 4.17)
- Enviado à Macedônia (At 19.22). O Apóstolo ajunta-se a ele na Macedônia. Timóteo ajuda a escrever 2 Coríntios. (2 Co 1.1)
- A Corinto (1 Co 16.11)
- Com Paulo na terceira viagem missionária (At 20.4)
- Se acompanhou Paulo em todo o trajeto até Jerusalém e Roma, não está declarado, mas aparece com Paulo nesta última cidade. Com Paulo na prisão em Roma (Cl 1.1; Fp 1.1; Fm)
- Mais adiante, está em Éfeso, onde recebe esta Epístola.
- É chamado com urgência a Roma (2 Tm 4.9). Se chegou lá antes da morte de Paulo não se sabe.
- Posto em liberdade (Hb 13.23)
- Duas epístolas de Paulo dirigidas a Timóteo (1 Tm 1.1; 2 Tm 1.1)
- Encarregado de cuidar da igreja em Éfeso (1 Tm 1.3)
- Tradição. Conforme a tradição foi o primeiro bispo de Éfeso e morreu ali martirizado quando João estava exilado na ilha de Patmos.
- A Cidade de Éfeso. Foi aí que Paulo realizou o seu maior trabalho, por volta de 54-57 A.D At 19. Uns quatro anos depois de sair dali, de sua prisão romana escreveu a Epístola à igreja dessa cidade, cerca de 62 A.D. Agora pouco tempo depois, provavelmente cerca de 65 A.D, dirigiu esta Epístola a Timóteo a respeito do trabalho em Éfeso. Mais tarde, nesta cidade veio a residir João, onde escreveu seu Evangelho, suas Epístolas e o Apocalipse.
- A Igreja de Éfeso. Da narrativa em At 19, parece que Paulo conseguiu ali, grande multidão de convertidos. Nos anos seguintes, o número deles continuou aumentando. Dentro dos 50 anos subseqüentes, os cristãos na Ásia Menor tornaram-se tão numerosos que os tempos pagãos quase que ficaram abandonados. Dentro da geração apostólica, Éfeso veio a ser um centro da cristandade, tanto em número como pela posição geográfica, região onde o Cristianismo conquistou seus primeiros louros.
- A Situação da Igreja. Não havia edifícios para as igrejas. Casas dedicadas ao culto cristão só começaram a ser edificadas duzentos anos depois da época de Paulo, e não se generalizaram senão quando Constantino pôs fim às perseguições aos cristãos. Assim, os muitos milhares de convertidos, em Éfeso e seus arredores, reuniam-se não em uma ou em poucas congregações centrais, mas em centenas de pequenos grupos em várias casas, cada congregação sob a direção de seu pastor.
- Chave: Conselhos e exortações a um jovem evangelista. A igreja em Éfeso era grande e ameaçada por doutrinas falsas. Paulo deixou Timóteo lá e depois escreveu esta carta para animá-lo e instruí-lo em pastorear a igrejas (1.3)
- Síntese.
- Conselhos a um pastor jovem concernentes à sua conduta e atividades ministeriais.
- Em relação a Timóteo, o tema da carta é “combater o bom combate” (1.18). Em relação à igreja como um corpo, o tema é “a conduta na casa de Deus” (3.15).
- Assuntos importantes discutidos na Epístola incluem:
- A Lei (1.7-11)
- Oração (2.1-8)
- Traje e atividades das mulheres (2.9-15)
- Qualificações para bispos e diáconos (3.1-13)
- Os últimos dias (4.1-3)
- O cuidado para com as viúvas (5.3-16)
- O uso do dinheiro (6.6-19)
- Particularidades da Epístola.
- As três epístolas pastorais são na ordem cronológica: 1 Timóteo, Tito, e 2 Timóteo, chamam-se pastorais porque não são dirigidas a uma igreja, mas a pastores, para instruí-los a fim de bem governarem suas igrejas.
- Nestas três epístolas temos a mais clara revelação do caráter, da capacidade e dos deveres do ministro do Evangelho.
- À medida que as igrejas de Cristo aumentaram em número, a questão de ordem, de firmeza na fé, e de disciplina tornou-se importante. No começo, os apóstolos regulavam pessoalmente esses assuntos, mas ao aproximar-se o fim do período apostólico, tornou-se necessário que houvesse uma clara revelação para a direção das igrejas. Tal revelação temos em 1 Timóteo e em Tito. A chave desta Epístola é: “para que saibais como convém andar na casa de Deus” (3.5). Bem teria sido para as igrejas se nada tivessem acrescentado à ordem divina nem dela diminuído.
- Os Pastores. Deve ter havido centenas deles. Em At 20.17 são chamados “presbíteros” (anciãos). Nesta Epístola se chamam “bispos”. Nos tempos do Novo Testamento eram apenas diferentes nomes para o mesmo ofício. O trabalho de Timóteo foi, primeiramente, com esses pastores, ou dirigentes de congregação. Não havia seminários que dessem a Paulo pastores adestrados. Tinha de fazer pastores de convertidos seus. Algumas vezes conseguiu homens talentosos, mas provavelmente, a maioria dos seus pastores saiu das camadas humildes da sociedade. Ele tinha de fazer o melhor possível com os meios de que dispunha. Sem seminários, sem templos e a despeito de perseguições, a igreja fez mais rápido progresso do que em outra qualquer época depois, porquanto conservava a mente nos fatos essenciais e não nas superficialidades do Cristianismo.
- A Cristologia em 1 Timóteo – Cristo Descrito por Paulo: “O Bem aventurado e único Soberano (6.15)
- A Mensagem de 1 Timóteo. Parecem serem dois os principais fins desta Epístola:
- Destruir as falsas doutrinas dos mestres judaizantes, que sob o pretexto de fidelidade à Lei, ensinavam mandamentos que estavam em desacordo com os santos preceitos cristãos (Compare-se Atos 20.27-32 com 2 Coríntios 4.1-7).
- Guiar e animar Timóteo no desempenho da sua missão, dando-lhe esclarecimentos:
- Quanto às devoções públicas.
- Sobre os deveres e comportamento das mulheres cristãs (2.9-12) – (Compare-se com 1 Co 11.3-16; 14.34-40 e 1 Pe 3.1-6)
- Sobre os que tinha cargos eclesiásticos (3.1-13).
- Sobre seu próprio ensino (3.14 a 4.10).
- Sobre a sua santidade pessoal (4.11-16)
- Sobre a direção da sua igreja na maneira de tratar os transgressores, as viúvas, os bons e os maus, os escravos e os ricos – indicando os deveres destas diversas classes de pessoas (caps. 5 e 6) – (Compare-se com Tito 1.10 a 3.11). Junto aos ensinamentos que o apóstolo fornece ao seu discípulo acham-se também vivas e afetuosas recomendações, referencias à própria conversão de Paulo, e solenes previsões sobre a vinda de Cristo – Angus.
- A II EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
A Última Palavra de Paulo
Esta tocante carta foi escrita por Paulo a seu “mui amado filho” pouco antes de seu martírio (4.6-8) e contém as últimas palavras do grande apóstolo que a inspiração preservou.
Seu Brado de triunfo na Hora da Morte
O livro de Atos termina com Paulo na prisão em Roma, por volta de 64 A.D. A crença comum é que ele foi absolvido, voltou à Grécia e à Ásia Menor, mas mais adiante foi novamente preso,levado de regresso a Roma e executado lá por 66 ou 67 A.D . Esta Epístola foi escrita quando ele aguardava o martírio.
- O apóstolo Paulo (1.1). “O prisioneiro do Senhor” (1.8, 16; 2.9; 4.6)
- Data local. Provavelmente tenha sido escrita em Roma, ano 65-67 A.D. Esta carta contém as últimas palavras do apóstolo.
- Ocasião: “Segunda Timóteo (em comum com 2 Pedro, e 2e 3 João) trata do andar pessoal e do testemunho de um verdadeiro servo de Cristo em dias de apostasia e decadência (1.15). As igrejas na Ásia não se tinham debandado, nem cessado de se chamarem cristãs, mas tinham abandonado as doutrinas da graça reveladas mediante o apóstolo Paulo. Esta era uma prova de que a apostasia já tinha começado na sua primeira fase: o legalismo.
- Destinatário. Timóteo
- Tema: O tema pode ser derivado de 2.3: “Um Bom Soldado de Cristo Jesus”
- Esta carta foi escrita a seu “amado filho” (1.2) não muito antes do seu próprio martírio (4.6-8) e contém as suas últimas palavras inspiradas pelo Espírito Santo, as quais permanecem para nós. As palavras “todos os da Ásia me abandonaram” (1.15), revelam algo das profundezas dos seus sofrimentos na escura prisão e dão grande ênfase a admoestação: “participa dos meus sofrimentos, como bom soldado de Jesus Cristo” (2.3)
- Propósito.
- O de animar e instruir o jovem evangelista em seu trabalho ministerial
- Específico. O de pedir ao seu filho no evangelho, Timóteo, que vá logo a Roma levando ao apóstolo o consolo da sua companhia.
- Objetivo e Conteúdo. Um dos fins desta Epístola foi pedir a Timóteo que viesse depressa ter com Paulo (4.9), porque os outros seus amigos o tinham abandonado, à exceção do seu fiel companheiro Lucas (4.10-12). Desejava a presença de Timóteo e de Marcos (estando já inteiramente sanada a antiga indisposição para com este), para que ambos pudessem animá-lo nas suas provações, e auxiliá-lo na obra do ministério (11) – Angus
- Marco Histórico. Geralmente se crê que Paulo esteve encarcerado duas vezes em Roma, e que foi durante a segunda viagem que escreveu esta carta. Anteriormente ele havia tido alguma liberdade, pois vivia numa casa alugada (At 28.30). Durante esse tempo teria acesso aos amigos, mas agora estava incomunicável e Onesíforo havia tido dificuldade de encontrá-lo (1.17). Muitos de seus companheiros o haviam abandonado, ele espera ser executado logo. Percebe-se, através da carta, um tom triste de solidão, e o anseio de Paulo de ver a seu amado Timóteo.
- Síntese.
- Foi a última carta de Paulo, escrita pouco antes da sua morte, a fim de instruir a aconselhar ao seu “verdadeiro filho na fé”.
- Paulo prisioneiro em Roma, como resultado da perseguição movida por Nero, sabia, ao escrever esta carta, que sua morte esta próxima (1.8, 16; 4.6-8). Enfrentando o frio e a solidão em sua masmorra (4.10-13), o veterano missionário escreveu a seu jovem filho na fé esta carta intensamente pessoal. Pouco depois, segundo a tradição, ele foi decapitado na Via Óstia, a Oeste de Roma.
- Particularidades da Epístola.
- A última na ordem cronológica, das treze epístolas de Paulo – e a última de suas três epístolas pastorais.
- As duas cartas a Timóteo contém exortações urgentes. É possível que Timóteo estivesse enfermo (1 Tm 5.23). Talvez também fosse tímido (2 Tm 1.6-7). A palavra “envergonhado” parece saliente na epístola. Paulo instou com ele para que não se envergonhasse de seu testemunho, de seu amigo prisioneiro (1.8), ou de seu trabalho (2.15). Exortou-o a considerar-se como um soldado em meio a uma batalha renhida (2.3-4)
- A Nota da Fé triunfante de Paulo. Nessa hora escura é uma das mais nobres passagens da Escritura. Ia ser executado por um crime que não cometeu. Seus amigos o abandonaram, deixando-o sofrer sozinho. A causa pela qual entregara sua vida estava sendo arrasada pela perseguição no Ocidente e no Oriente, resvalava para a apostasia. Entretanto, nem uma palavra de pesar emitiu por haver entregue sua vida ao serviço de Cristo e da Igreja. Nada que sugerisse a dúvida de vir a Igreja, eventualmente, a triunfar, embora que no presente estivesse sendo, aparentemente, derrotada. Nada que indicasse dúvida quanto a partir direto para os braços daquele, a quem amara e servira tão devotadamente, no instante em que lhe decepassem a cabeça. Esta Epístola é o brado de exultação de um vencedor às portas da morte.
- Assuntos Importantes mencionados na carta incluem:
- A apostasia nos últimos dias (3.1-9)
- A Inspiração das Sagradas Escrituras (3.16)
- A Coroa da Justiça (4.8)
- A Cristologia em 2 Timóteo – Cristo Descrito por Paulo: O Juiz de Todos os Homens (4.1)
- A Mensagem de 2 Timóteo. A segunda carta contrasta, em muitos sentidos com a primeira. Na primeira, a casa de Deus está em ordem, com tudo que é necessário para conservar a piedade que convém a essa casa. Existe um fundamento que permanece firme, e aquilo que se tem tornado “uma grande casa”, com seus vasos não somente para honra, mas também para desonra. Não se fala mais de anciãos, nem de diáconos. Cada um precisa, pelo visto, resolver por si mesmo, e agir por si mesmo, ainda que tudo esteja contra ele... Não se fala de melhoramentos de tal condição. Precisamos encará-la, não num espírito de covardia, mas com firme confiança naquele que permanece sempre o mesmo; sendo sustentados de acordo com os conselhos divinos a nosso respeito antes que houvesse a Igreja e o mundo. O apóstolo mostra-se mais espiritual do que nunca; com a luz da eternidade nos olhos e o reconhecimento de que seu bom combate está terminando, deixa seus companheiros da fé sem o recurso de qualquer poder apostólico. A partida de Paulo deste modo é significativa. Ele não vai com a simpatia e comunhão de todo o povo de Deus, como havíamos de imaginar, pois os da Ásia o tinham abandonado; dos que o rodeavam em Roma, somente dois ou três lhe têm proporcionado completa satisfação. As circunstâncias são as mais tristes que se podem imaginar, mas o Céu ainda brilha, e o caminho resplandece com a glória divina até terminar no dia perfeito que se aproxima. – Grant
- A EPÍSTOLA DE PAULO A TITO
A Respeito das Igrejas de Creta
- Paulo (1.1).
- 65 A.D
- Destinatário.
- Tito significa “Louvável”
- Origem: Era gentio (Gl 2.3) “grego”
- Conversão. Converteu-se, talvez com a pregação de Paulo.
- Caráter:
- Era absolutamente confiável e abnegado (2 Co 12.18)
- O fato de ser Tito escolhido para investigar a situação aflitiva em Corinto indica que Paulo devia considerá-lo um líder cristão de muita capacidade, prudente e maneiroso.
- Ministério:
- Foi um dos convertidos de Paulo (Tt 1.4).
- Um evangelista, amigo, amado e ajudante de Paulo (2 Co 2.13; 7.6.13;8.23)
- Mensageiro da igreja de Corinto (2 Co 8.16-18)
- Fiel companheiro do apóstolo (2 Co 8.23) – Seu nome não aparece em Atos, mas repete-se muitas vezes nas Epístolas.
- Um delegado no concílio de Jerusalém (At 15; Gl 2.1)
- Foi companheiro de Paulo e Barnabé numa viagem a Jerusalém (Gl 2.1)
- Não foi constrangido a circuncidar-se (Gl 2.3)
- Enviado a Corinto (2 Co 2.13; 7.6;8.16)
- Enviado a Creta para organizar as igrejas (1.5). A expressão “deixei-te em Creta” (1.5), mostra que Paulo estivera lá com ele. Depois de pôr em ordem as coisas nas igrejas cretenses, Tito devia ser substituído por Ártemas ou Tíquico, pedindo-lhe Paulo, que fosse encontrá-lo em Nicópolis, na Grécia Ocidental (3.12)
- Esteve em Roma com Paulo durante o encarceramento deste (2 Tm 4.10)
- Parece que possuía melhor saúde e mais maturidade que Timóteo.
- Paulo escreve a Tito (Tt 1.1-4)
- A última menção de Tito (2 Tm 4.10), onde se diz que saíra de Roma para a Dalmácia. Parece que se juntou a Paulo e estava com ele quando foi preso, acompanhando-o a Roma. Se abandonou o Apóstolo naquela hora de perigo e solidão, devido aos riscos ameaçadores, ou se Paulo o mandou terminar a evangelização da costa N.O da Grécia não sabemos. Esperamos que esta última hipótese se tenha dado, porque era bom e grande homem.
- Tradição. Diz-se que continuava desempenhando o serviço de bispo na ilha de Creta até de idade avançada.
- Uma ilha, também conhecida por Cândia, a S.E da Grécia, entre mares Egeu e mediterrâneo, tendo uns 240 km de extensão, 11 a 48 de largura. Montanhosa, mas os seus vales eram férteis, populosos e ricos; era a “Ilha das Cem Cidades”. Sede de uma civilização antiga e poderosa, que já no alvorecer da história grega se tornara lendária. Seu monte mais alto, Ida, era famoso como local legendário do nascimento de Zeus, o deus grego. Cidade do semi-lendário legislador Minos, filho de Zeus, e do fabuloso Minotauro. Seu povo era aparentado com os filisteus, julgando-se que eram os mesmos queretitas (1 Sm 30.14). Navegantes afoitos e famosos arqueiros, de muito má reputação moral. A obra de Sir Arthur Evans e dos seus sucessores deu para o mundo o conhecimento da civilização cretense, desde o princípio do nosso século. A escrita foi decifrada em 1953 por Michael Ventris; descobriu-se que a língua era grego primitivo.
- A Igreja de Creta: Provavelmente, teve sua origem com os “cretenses” que estiveram em Jerusalém no dia de Pentecostes (At 2.11). Não há menção em o Novo Testamento da visita de um apóstolo a Creta, além da que lhe fez Paulo em sua viagem a Roma (At 27), e aquela que está implícita nesta Carta a Tito. Visto como Paulo procurava evitar edificar sobre fundamentos lançados por outros, parece provável que as igrejas cretenses na maior parte, foram obra sua. De outro modo, não assumiria sobre elas a autoridade indicada nesta Epístola. Possivelmente, eram fruto de seu trabalho em Corinto ou Éfeso, ambas as quais ficavam perto e tinham íntima relação comercial com Creta.
- Tema principal: Conselhos e exortações acerca dos deveres e das doutrinas ministeriais, com ênfase especial sobre as obras.
- Contexto Histórico: O apóstolo deixara Tito na ilha de Creta para organizar as igrejas e encaminhá-las na sã doutrina (1.5)
- Síntese.
- Como as Epístolas a Timóteo, é esta uma carta particular de um homem de muita prática, grande autoridade e influência, a um jovem pastor, o qual apesar de talentoso e dedicado a Deus, veria o valor do conselho de um homem como Paulo.
- É uma carta apostólica de aconselhamento e exortações a um amigo de confiança, que era evangelista em um campo difícil. Dá ênfase especial à doutrina das boas obras. A ênfase nas boas obras está em 1.16; 2.7, 14; 3.1,8, 14. Esta é uma resposta suficiente para os que dizem que há um conflito doutrinário entre as cartas de Paulo e Tiago.
- Seu tema é muito parecido com o de 1Timóteo. Ambas as cartas ocupam-se com a ordem que devia haver nas igrejas. A diferença é que em 1 Timóteo a ênfase está na sã doutrina (1 Tm 1.3-10); em Tito está na ordem divina nas igrejas locais (1.5). O valor permanente destas Epístolas está nesta dupla aplicação: de um lado é aplicada às igrejas descuidadas no que diz respeito à verdade de Deus, e do outro às descuidadas na ordem da casa de Deus. A importância desta ordem é evidenciada pela repetição das provas pelas quais os verdadeiros anciãos e servidores podem ser conhecidos – Scofield
- O caráter dos cretenses era tal que Paulo julgou necessário aconselhar a seu ministério a insistir no ensino acerca da vida cristã conseqüente. Sem dúvida, esta carta não ensina a salvação pelas obras.
- Tópicos importantes discutidos nesta carta incluem:
- As qualificações para os presbíteros (1.5-9)
- Instruções a várias faixas etárias na igreja (2.1-8)
- Relação dos crentes com o governo (3.1-2)
- A relação entre a regeneração e as obras humanas e o Espírito (3.5)
- Particularidades da Epístola.
- As epístolas pastorais (escritas a pastores), na ordem cronológica são: 1 Timóteo, Tito e 2 Timóteo.
- A Epístola a Tito assemelha-se com a primeira a Timóteo. Tito estavam em Creta e Timóteo em Éfeso e as condições nos dois lugares eram semelhantes. Tratam, em geral, dos mesmos assuntos: a designação de líderes que conviessem às congregações cristãs. Além disto elas foram escritas mais ou menos na mesma época.
- A Cristologia em Tito – Cristo Descrito por Paulo – O Redentor (2.14)
- A Mensagem de Tito. Há uma notável semelhança entre esta Epístola e a primeira a Timóteo, supondo-se por isso que foram escritas mais ou menos na mesma ocasião. Esta Epístola tem a particularidade de encerrar em mui pequeno espaço uma grande soma de instruções, compreendendo a doutrina, a moral e a disciplina. Trata dos seguintes pontos: Depois de uma saudação apostólica, declarando a razão por que Tito tinha sido revestido de especial autoridade, Paulo descreve as qualidades requeridas naqueles que deviam seguir a carreira do ministério, qualidades muito necessárias por causa dos falsos mestres, cujos princípios doutrinários eram perigosos, e do caráter geral dos cretenses. Em seguida dá a Tito várias instruções que ele devia transmitir a diferentes classes de pessoas: prescreve aos anciãos e aos jovens, as virtudes que deviam rigorosamente distingui-los; exorta Tito, que era jovem, a que seja exemplo vivo das virtudes que ele tinha de recomendar: ensina os servos a serem obedientes e fiéis, porquanto o Evangelho da salvação era para indivíduos de todas as classes e condições, a fim de torná-los santos neste mundo, e prepará-los para melhor e mais elevada vida. Instrui depois Tito sobre a obediência às autoridades constituídas, devendo ele aconselhar a todos um comportamento gentil e pacífico, e lembrar-lhes ao mesmo tempo a sua primitiva vida desejada, e a salvação que eles tinham alcançado pela livre graça de Deus. O apóstolo insiste na obrigação que todos os crentes têm de ser cuidadosos na prática de boas obras e ações, e depois de acautelar Tito para que não entre em investigações frívolas, nem se meta em discussões inúteis, e de lhe dar derradeiras instruções, fecha a Epístola com saudações e uma bênção. – Angus
- A I EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
Cuidado da Igreja de Éfeso
- Epístolas Pastorais.
1 e 2 Timóteo e Tito são, comumente, chamadas “Epístolas Pastorais” Prevalece a opinião de que foram escritas entre a primeira e a segunda prisão de Paulo, de 64 A.D a 67 A.D. alguns críticos racionalistas modernos têm aventado a teoria de que tais cartas foram obra de algum autor desconhecido, que trinta a cinqüenta anos depois da morte de Paulo, as escreveu usando o nome deste, para inculcar certas doutrinas. Não há base histórica para essa opinião. Desde o princípio, estas Epístolas têm sido consideradas como escritos genuínos de Paulo. Demais disto, a teoria é absurda. Acresce que, embora esses críticos insistam de voz alta, que não há nada contrário à ética nesse procedimento, ao espírito da média de nossa gente, tal coisa não passaria de uma descabelada impostura. Se tais Epístolas não são escritos genuínos de Paulo, mas falso produto de algum pretenso Paulo, como pode alguém que tenha um pouco de senso de honestidade considerá-las parte da Palavra de Deus?
“Foram escritas como expressão de sentimento e afeto pessoal” – Cânon Muratoriano
Tertuliano disse que Paulo escreveu duas cartas a Timóteo e uma a Tito, com respeito ao estado da igreja – “de eclesiastes status”
Tomás de Aquino em 1274, escrevendo a respeito de 1 Timóteo, disse: “Esta carta é como se fosse uma regra pastoral que o apóstolo deu a Timóteo”
- Paulo.
- Argumentos contra a autoria Paulina. Alguns comentaristas têm questionado a realidade da autoria destas cartas, com base nos seguintes argumentos.
- As viagens de Paulo, descritas nas Pastorais, não se encaixam com qualquer fase da narrativa do livro de Atos.
- A organização eclesiástica nelas descritas pertence ao segundo século.
- O vocabulário e o estilo são significativamente diferentes dos das demais cartas paulinas.
- Solução Bíblica:
- Não há razão que nos obrigue a crer que Atos conta a história completa da vida de Paulo. Uma vez que sua morte não foi registrada em Atos, ele aparentemente foi libertado de sua primeira prisão em Roma, viajou pelo Império por vários anos (talvez até a Espanha), foi novamente preso, encarcerado outra vez em Roma, e martirizado no governo de Nero.
- Nada na organização eclesiástica refletida nas Pastorais exige uma data posterior (At 14.23; Fp 1.1)
- A questão da autoria não pode ser decidida somente com base no vocabulário, sem levar em conta como o assunto tratado determina a escolha de palavras pelo autor. O vocabulário usado para descrever a organização da igreja, por exemplo, espera-se ser diferente daquele utilizado para ensinar a doutrina do Espírito Santo.
- Não há argumento contra a autoria Paulina que fique sem uma resposta plausível. Além disso, é claro, as próprias cartas alegam ter sido escritas por Paulo.
- Argumentos contra a autoria Paulina. Alguns comentaristas têm questionado a realidade da autoria destas cartas, com base nos seguintes argumentos.
- Data e Ocasião. Quando Paulo se despedia dos presbíteros de Éfeso, disse-lhes que não veriam mais o seu rosto (At 20.25). Mas, ao que parece, sua longa prisão fê-lo mudar de plano e, uns seis ou sete anos mais tarde, depois de solto, tornou a visitar Éfeso. Prosseguindo à Macedônia, deixou Timóteo aí, esperando voltar logo (1 Tm 1.3; 3.14). Detendo-se na Macedônia mais tempo do que planejara (3.15), escreveu esta Carta de instrução sobre o trabalho que Timóteo tinha que realizar.
- Destinatário. Timóteo
- Timóteo significa “Que adora a Deus”
- Família. Filho de uma judia crente de pai grego (At 16.1). Sua avó Lóide, e sua mãe Eunice, crentes fervorosas (2 Tm 1.5)
- Cidade: Natural de Listra (At 16.1)
- Infância: Ele foi educado na Palavra do Senhor.
- Perfil:
- Era tímido e retraído, por natureza.
- Não capaz como Tito de tratar com pessoas que provocaram perturbações.
- Não gozava de muito boa saúde (1Tm 5.23)
- Ministério.
- Princípio:
- Foi um convertido de Paulo (1 Tm 1.2)
- Depois da separação entre Paulo e Barnabé, era companheiro de Paulo na segunda viagem missionária (At 16.3; 17.14,15; Rm 16.21)
- Separado para a obra evangelística (1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6; 4.5)
- Sua escolha foi indicada por Deus (1 Tm 1.18)
- Ele e Lucas foram os dois companheiros mais constantes do Apóstolo. Este amava-o, devotadamente, e sem ele sentia-se desolado.
- Função.
- O “filho amado” de Paulo e seu “cooperador no Evangelho” (1 Co 4.17; 1 Tm 1.2, 18; 2 Tm 1.2)
- Paulo o circuncida por causa dos judeus (At 16.3)
- Acompanhou Paulo a Trôade, Filipos, Tessalônica, Beréia. Demorou nesta última cidade até que Paulo o mandasse chamar a Atenas (At 17.14,15)
- Quando Paulo fugiu de Beréia, Timóteo e Silas permaneceram lá (At 17.14)
- Chamado à Atenas (At 17.15)
- Depois, o Apóstolo o enviou de volta a Tessalônica (1 Ts 3.1-2)
- Acham Paulo em Corinto (At 18.1,5; 1 Ts 3.6)
- Ajudou a escrever as Cartas aos Tessalonicenses (1 Ts 1.1.; 2 Ts 1.1.)
- Mais tarde, Paulo enviou-o de Éfeso a Corinto (1Co 4.17)
- Enviado à Macedônia (At 19.22). O Apóstolo ajunta-se a ele na Macedônia. Timóteo ajuda a escrever 2 Coríntios. (2 Co 1.1)
- A Corinto (1 Co 16.11)
- Com Paulo na terceira viagem missionária (At 20.4)
- Se acompanhou Paulo em todo o trajeto até Jerusalém e Roma, não está declarado, mas aparece com Paulo nesta última cidade. Com Paulo na prisão em Roma (Cl 1.1; Fp 1.1; Fm)
- Mais adiante, está em Éfeso, onde recebe esta Epístola.
- É chamado com urgência a Roma (2 Tm 4.9). Se chegou lá antes da morte de Paulo não se sabe.
- Posto em liberdade (Hb 13.23)
- Duas epístolas de Paulo dirigidas a Timóteo (1 Tm 1.1; 2 Tm 1.1)
- Encarregado de cuidar da igreja em Éfeso (1 Tm 1.3)
- Tradição. Conforme a tradição foi o primeiro bispo de Éfeso e morreu ali martirizado quando João estava exilado na ilha de Patmos.
- A Cidade de Éfeso. Foi aí que Paulo realizou o seu maior trabalho, por volta de 54-57 A.D At 19. Uns quatro anos depois de sair dali, de sua prisão romana escreveu a Epístola à igreja dessa cidade, cerca de 62 A.D. Agora pouco tempo depois, provavelmente cerca de 65 A.D, dirigiu esta Epístola a Timóteo a respeito do trabalho em Éfeso. Mais tarde, nesta cidade veio a residir João, onde escreveu seu Evangelho, suas Epístolas e o Apocalipse.
- A Igreja de Éfeso. Da narrativa em At 19, parece que Paulo conseguiu ali, grande multidão de convertidos. Nos anos seguintes, o número deles continuou aumentando. Dentro dos 50 anos subseqüentes, os cristãos na Ásia Menor tornaram-se tão numerosos que os tempos pagãos quase que ficaram abandonados. Dentro da geração apostólica, Éfeso veio a ser um centro da cristandade, tanto em número como pela posição geográfica, região onde o Cristianismo conquistou seus primeiros louros.
- A Situação da Igreja. Não havia edifícios para as igrejas. Casas dedicadas ao culto cristão só começaram a ser edificadas duzentos anos depois da época de Paulo, e não se generalizaram senão quando Constantino pôs fim às perseguições aos cristãos. Assim, os muitos milhares de convertidos, em Éfeso e seus arredores, reuniam-se não em uma ou em poucas congregações centrais, mas em centenas de pequenos grupos em várias casas, cada congregação sob a direção de seu pastor.
- Chave: Conselhos e exortações a um jovem evangelista. A igreja em Éfeso era grande e ameaçada por doutrinas falsas. Paulo deixou Timóteo lá e depois escreveu esta carta para animá-lo e instruí-lo em pastorear a igrejas (1.3)
- Síntese.
- Conselhos a um pastor jovem concernentes à sua conduta e atividades ministeriais.
- Em relação a Timóteo, o tema da carta é “combater o bom combate” (1.18). Em relação à igreja como um corpo, o tema é “a conduta na casa de Deus” (3.15).
- Assuntos importantes discutidos na Epístola incluem:
- A Lei (1.7-11)
- Oração (2.1-8)
- Traje e atividades das mulheres (2.9-15)
- Qualificações para bispos e diáconos (3.1-13)
- Os últimos dias (4.1-3)
- O cuidado para com as viúvas (5.3-16)
- O uso do dinheiro (6.6-19)
- Particularidades da Epístola.
- As três epístolas pastorais são na ordem cronológica: 1 Timóteo, Tito, e 2 Timóteo, chamam-se pastorais porque não são dirigidas a uma igreja, mas a pastores, para instruí-los a fim de bem governarem suas igrejas.
- Nestas três epístolas temos a mais clara revelação do caráter, da capacidade e dos deveres do ministro do Evangelho.
- À medida que as igrejas de Cristo aumentaram em número, a questão de ordem, de firmeza na fé, e de disciplina tornou-se importante. No começo, os apóstolos regulavam pessoalmente esses assuntos, mas ao aproximar-se o fim do período apostólico, tornou-se necessário que houvesse uma clara revelação para a direção das igrejas. Tal revelação temos em 1 Timóteo e em Tito. A chave desta Epístola é: “para que saibais como convém andar na casa de Deus” (3.5). Bem teria sido para as igrejas se nada tivessem acrescentado à ordem divina nem dela diminuído.
- Os Pastores. Deve ter havido centenas deles. Em At 20.17 são chamados “presbíteros” (anciãos). Nesta Epístola se chamam “bispos”. Nos tempos do Novo Testamento eram apenas diferentes nomes para o mesmo ofício. O trabalho de Timóteo foi, primeiramente, com esses pastores, ou dirigentes de congregação. Não havia seminários que dessem a Paulo pastores adestrados. Tinha de fazer pastores de convertidos seus. Algumas vezes conseguiu homens talentosos, mas provavelmente, a maioria dos seus pastores saiu das camadas humildes da sociedade. Ele tinha de fazer o melhor possível com os meios de que dispunha. Sem seminários, sem templos e a despeito de perseguições, a igreja fez mais rápido progresso do que em outra qualquer época depois, porquanto conservava a mente nos fatos essenciais e não nas superficialidades do Cristianismo.
- A Cristologia em 1 Timóteo – Cristo Descrito por Paulo: “O Bem aventurado e único Soberano (6.15)
- A Mensagem de 1 Timóteo. Parecem serem dois os principais fins desta Epístola:
- Destruir as falsas doutrinas dos mestres judaizantes, que sob o pretexto de fidelidade à Lei, ensinavam mandamentos que estavam em desacordo com os santos preceitos cristãos (Compare-se Atos 20.27-32 com 2 Coríntios 4.1-7).
- Guiar e animar Timóteo no desempenho da sua missão, dando-lhe esclarecimentos:
- Quanto às devoções públicas.
- Sobre os deveres e comportamento das mulheres cristãs (2.9-12) – (Compare-se com 1 Co 11.3-16; 14.34-40 e 1 Pe 3.1-6)
- Sobre os que tinha cargos eclesiásticos (3.1-13).
- Sobre seu próprio ensino (3.14 a 4.10).
- Sobre a sua santidade pessoal (4.11-16)
- Sobre a direção da sua igreja na maneira de tratar os transgressores, as viúvas, os bons e os maus, os escravos e os ricos – indicando os deveres destas diversas classes de pessoas (caps. 5 e 6) – (Compare-se com Tito 1.10 a 3.11). Junto aos ensinamentos que o apóstolo fornece ao seu discípulo acham-se também vivas e afetuosas recomendações, referencias à própria conversão de Paulo, e solenes previsões sobre a vinda de Cristo – Angus.
- A II EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
A Última Palavra de Paulo
Esta tocante carta foi escrita por Paulo a seu “mui amado filho” pouco antes de seu martírio (4.6-8) e contém as últimas palavras do grande apóstolo que a inspiração preservou.
Seu Brado de triunfo na Hora da Morte
O livro de Atos termina com Paulo na prisão em Roma, por volta de 64 A.D. A crença comum é que ele foi absolvido, voltou à Grécia e à Ásia Menor, mas mais adiante foi novamente preso,levado de regresso a Roma e executado lá por 66 ou 67 A.D . Esta Epístola foi escrita quando ele aguardava o martírio.
- O apóstolo Paulo (1.1). “O prisioneiro do Senhor” (1.8, 16; 2.9; 4.6)
- Data local. Provavelmente tenha sido escrita em Roma, ano 65-67 A.D. Esta carta contém as últimas palavras do apóstolo.
- Ocasião: “Segunda Timóteo (em comum com 2 Pedro, e 2e 3 João) trata do andar pessoal e do testemunho de um verdadeiro servo de Cristo em dias de apostasia e decadência (1.15). As igrejas na Ásia não se tinham debandado, nem cessado de se chamarem cristãs, mas tinham abandonado as doutrinas da graça reveladas mediante o apóstolo Paulo. Esta era uma prova de que a apostasia já tinha começado na sua primeira fase: o legalismo.
- Destinatário. Timóteo
- Tema: O tema pode ser derivado de 2.3: “Um Bom Soldado de Cristo Jesus”
- Esta carta foi escrita a seu “amado filho” (1.2) não muito antes do seu próprio martírio (4.6-8) e contém as suas últimas palavras inspiradas pelo Espírito Santo, as quais permanecem para nós. As palavras “todos os da Ásia me abandonaram” (1.15), revelam algo das profundezas dos seus sofrimentos na escura prisão e dão grande ênfase a admoestação: “participa dos meus sofrimentos, como bom soldado de Jesus Cristo” (2.3)
- Propósito.
- O de animar e instruir o jovem evangelista em seu trabalho ministerial
- Específico. O de pedir ao seu filho no evangelho, Timóteo, que vá logo a Roma levando ao apóstolo o consolo da sua companhia.
- Objetivo e Conteúdo. Um dos fins desta Epístola foi pedir a Timóteo que viesse depressa ter com Paulo (4.9), porque os outros seus amigos o tinham abandonado, à exceção do seu fiel companheiro Lucas (4.10-12). Desejava a presença de Timóteo e de Marcos (estando já inteiramente sanada a antiga indisposição para com este), para que ambos pudessem animá-lo nas suas provações, e auxiliá-lo na obra do ministério (11) – Angus
- Marco Histórico. Geralmente se crê que Paulo esteve encarcerado duas vezes em Roma, e que foi durante a segunda viagem que escreveu esta carta. Anteriormente ele havia tido alguma liberdade, pois vivia numa casa alugada (At 28.30). Durante esse tempo teria acesso aos amigos, mas agora estava incomunicável e Onesíforo havia tido dificuldade de encontrá-lo (1.17). Muitos de seus companheiros o haviam abandonado, ele espera ser executado logo. Percebe-se, através da carta, um tom triste de solidão, e o anseio de Paulo de ver a seu amado Timóteo.
- Síntese.
- Foi a última carta de Paulo, escrita pouco antes da sua morte, a fim de instruir a aconselhar ao seu “verdadeiro filho na fé”.
- Paulo prisioneiro em Roma, como resultado da perseguição movida por Nero, sabia, ao escrever esta carta, que sua morte esta próxima (1.8, 16; 4.6-8). Enfrentando o frio e a solidão em sua masmorra (4.10-13), o veterano missionário escreveu a seu jovem filho na fé esta carta intensamente pessoal. Pouco depois, segundo a tradição, ele foi decapitado na Via Óstia, a Oeste de Roma.
- Particularidades da Epístola.
- A última na ordem cronológica, das treze epístolas de Paulo – e a última de suas três epístolas pastorais.
- As duas cartas a Timóteo contém exortações urgentes. É possível que Timóteo estivesse enfermo (1 Tm 5.23). Talvez também fosse tímido (2 Tm 1.6-7). A palavra “envergonhado” parece saliente na epístola. Paulo instou com ele para que não se envergonhasse de seu testemunho, de seu amigo prisioneiro (1.8), ou de seu trabalho (2.15). Exortou-o a considerar-se como um soldado em meio a uma batalha renhida (2.3-4)
- A Nota da Fé triunfante de Paulo. Nessa hora escura é uma das mais nobres passagens da Escritura. Ia ser executado por um crime que não cometeu. Seus amigos o abandonaram, deixando-o sofrer sozinho. A causa pela qual entregara sua vida estava sendo arrasada pela perseguição no Ocidente e no Oriente, resvalava para a apostasia. Entretanto, nem uma palavra de pesar emitiu por haver entregue sua vida ao serviço de Cristo e da Igreja. Nada que sugerisse a dúvida de vir a Igreja, eventualmente, a triunfar, embora que no presente estivesse sendo, aparentemente, derrotada. Nada que indicasse dúvida quanto a partir direto para os braços daquele, a quem amara e servira tão devotadamente, no instante em que lhe decepassem a cabeça. Esta Epístola é o brado de exultação de um vencedor às portas da morte.
- Assuntos Importantes mencionados na carta incluem:
- A apostasia nos últimos dias (3.1-9)
- A Inspiração das Sagradas Escrituras (3.16)
- A Coroa da Justiça (4.8)
- A Cristologia em 2 Timóteo – Cristo Descrito por Paulo: O Juiz de Todos os Homens (4.1)
- A Mensagem de 2 Timóteo. A segunda carta contrasta, em muitos sentidos com a primeira. Na primeira, a casa de Deus está em ordem, com tudo que é necessário para conservar a piedade que convém a essa casa. Existe um fundamento que permanece firme, e aquilo que se tem tornado “uma grande casa”, com seus vasos não somente para honra, mas também para desonra. Não se fala mais de anciãos, nem de diáconos. Cada um precisa, pelo visto, resolver por si mesmo, e agir por si mesmo, ainda que tudo esteja contra ele... Não se fala de melhoramentos de tal condição. Precisamos encará-la, não num espírito de covardia, mas com firme confiança naquele que permanece sempre o mesmo; sendo sustentados de acordo com os conselhos divinos a nosso respeito antes que houvesse a Igreja e o mundo. O apóstolo mostra-se mais espiritual do que nunca; com a luz da eternidade nos olhos e o reconhecimento de que seu bom combate está terminando, deixa seus companheiros da fé sem o recurso de qualquer poder apostólico. A partida de Paulo deste modo é significativa. Ele não vai com a simpatia e comunhão de todo o povo de Deus, como havíamos de imaginar, pois os da Ásia o tinham abandonado; dos que o rodeavam em Roma, somente dois ou três lhe têm proporcionado completa satisfação. As circunstâncias são as mais tristes que se podem imaginar, mas o Céu ainda brilha, e o caminho resplandece com a glória divina até terminar no dia perfeito que se aproxima. – Grant
- A EPÍSTOLA DE PAULO A TITO
A Respeito das Igrejas de Creta
- Paulo (1.1).
- 65 A.D
- Destinatário.
- Tito significa “Louvável”
- Origem: Era gentio (Gl 2.3) “grego”
- Conversão. Converteu-se, talvez com a pregação de Paulo.
- Caráter:
- Era absolutamente confiável e abnegado (2 Co 12.18)
- O fato de ser Tito escolhido para investigar a situação aflitiva em Corinto indica que Paulo devia considerá-lo um líder cristão de muita capacidade, prudente e maneiroso.
- Ministério:
- Foi um dos convertidos de Paulo (Tt 1.4).
- Um evangelista, amigo, amado e ajudante de Paulo (2 Co 2.13; 7.6.13;8.23)
- Mensageiro da igreja de Corinto (2 Co 8.16-18)
- Fiel companheiro do apóstolo (2 Co 8.23) – Seu nome não aparece em Atos, mas repete-se muitas vezes nas Epístolas.
- Um delegado no concílio de Jerusalém (At 15; Gl 2.1)
- Foi companheiro de Paulo e Barnabé numa viagem a Jerusalém (Gl 2.1)
- Não foi constrangido a circuncidar-se (Gl 2.3)
- Enviado a Corinto (2 Co 2.13; 7.6;8.16)
- Enviado a Creta para organizar as igrejas (1.5). A expressão “deixei-te em Creta” (1.5), mostra que Paulo estivera lá com ele. Depois de pôr em ordem as coisas nas igrejas cretenses, Tito devia ser substituído por Ártemas ou Tíquico, pedindo-lhe Paulo, que fosse encontrá-lo em Nicópolis, na Grécia Ocidental (3.12)
- Esteve em Roma com Paulo durante o encarceramento deste (2 Tm 4.10)
- Parece que possuía melhor saúde e mais maturidade que Timóteo.
- Paulo escreve a Tito (Tt 1.1-4)
- A última menção de Tito (2 Tm 4.10), onde se diz que saíra de Roma para a Dalmácia. Parece que se juntou a Paulo e estava com ele quando foi preso, acompanhando-o a Roma. Se abandonou o Apóstolo naquela hora de perigo e solidão, devido aos riscos ameaçadores, ou se Paulo o mandou terminar a evangelização da costa N.O da Grécia não sabemos. Esperamos que esta última hipótese se tenha dado, porque era bom e grande homem.
- Tradição. Diz-se que continuava desempenhando o serviço de bispo na ilha de Creta até de idade avançada.
- Uma ilha, também conhecida por Cândia, a S.E da Grécia, entre mares Egeu e mediterrâneo, tendo uns 240 km de extensão, 11 a 48 de largura. Montanhosa, mas os seus vales eram férteis, populosos e ricos; era a “Ilha das Cem Cidades”. Sede de uma civilização antiga e poderosa, que já no alvorecer da história grega se tornara lendária. Seu monte mais alto, Ida, era famoso como local legendário do nascimento de Zeus, o deus grego. Cidade do semi-lendário legislador Minos, filho de Zeus, e do fabuloso Minotauro. Seu povo era aparentado com os filisteus, julgando-se que eram os mesmos queretitas (1 Sm 30.14). Navegantes afoitos e famosos arqueiros, de muito má reputação moral. A obra de Sir Arthur Evans e dos seus sucessores deu para o mundo o conhecimento da civilização cretense, desde o princípio do nosso século. A escrita foi decifrada em 1953 por Michael Ventris; descobriu-se que a língua era grego primitivo.
- A Igreja de Creta: Provavelmente, teve sua origem com os “cretenses” que estiveram em Jerusalém no dia de Pentecostes (At 2.11). Não há menção em o Novo Testamento da visita de um apóstolo a Creta, além da que lhe fez Paulo em sua viagem a Roma (At 27), e aquela que está implícita nesta Carta a Tito. Visto como Paulo procurava evitar edificar sobre fundamentos lançados por outros, parece provável que as igrejas cretenses na maior parte, foram obra sua. De outro modo, não assumiria sobre elas a autoridade indicada nesta Epístola. Possivelmente, eram fruto de seu trabalho em Corinto ou Éfeso, ambas as quais ficavam perto e tinham íntima relação comercial com Creta.
- Tema principal: Conselhos e exortações acerca dos deveres e das doutrinas ministeriais, com ênfase especial sobre as obras.
- Contexto Histórico: O apóstolo deixara Tito na ilha de Creta para organizar as igrejas e encaminhá-las na sã doutrina (1.5)
- Síntese.
- Como as Epístolas a Timóteo, é esta uma carta particular de um homem de muita prática, grande autoridade e influência, a um jovem pastor, o qual apesar de talentoso e dedicado a Deus, veria o valor do conselho de um homem como Paulo.
- É uma carta apostólica de aconselhamento e exortações a um amigo de confiança, que era evangelista em um campo difícil. Dá ênfase especial à doutrina das boas obras. A ênfase nas boas obras está em 1.16; 2.7, 14; 3.1,8, 14. Esta é uma resposta suficiente para os que dizem que há um conflito doutrinário entre as cartas de Paulo e Tiago.
- Seu tema é muito parecido com o de 1Timóteo. Ambas as cartas ocupam-se com a ordem que devia haver nas igrejas. A diferença é que em 1 Timóteo a ênfase está na sã doutrina (1 Tm 1.3-10); em Tito está na ordem divina nas igrejas locais (1.5). O valor permanente destas Epístolas está nesta dupla aplicação: de um lado é aplicada às igrejas descuidadas no que diz respeito à verdade de Deus, e do outro às descuidadas na ordem da casa de Deus. A importância desta ordem é evidenciada pela repetição das provas pelas quais os verdadeiros anciãos e servidores podem ser conhecidos – Scofield
- O caráter dos cretenses era tal que Paulo julgou necessário aconselhar a seu ministério a insistir no ensino acerca da vida cristã conseqüente. Sem dúvida, esta carta não ensina a salvação pelas obras.
- Tópicos importantes discutidos nesta carta incluem:
- As qualificações para os presbíteros (1.5-9)
- Instruções a várias faixas etárias na igreja (2.1-8)
- Relação dos crentes com o governo (3.1-2)
- A relação entre a regeneração e as obras humanas e o Espírito (3.5)
- Particularidades da Epístola.
- As epístolas pastorais (escritas a pastores), na ordem cronológica são: 1 Timóteo, Tito e 2 Timóteo.
- A Epístola a Tito assemelha-se com a primeira a Timóteo. Tito estavam em Creta e Timóteo em Éfeso e as condições nos dois lugares eram semelhantes. Tratam, em geral, dos mesmos assuntos: a designação de líderes que conviessem às congregações cristãs. Além disto elas foram escritas mais ou menos na mesma época.
- A Cristologia em Tito – Cristo Descrito por Paulo – O Redentor (2.14)
- A Mensagem de Tito. Há uma notável semelhança entre esta Epístola e a primeira a Timóteo, supondo-se por isso que foram escritas mais ou menos na mesma ocasião. Esta Epístola tem a particularidade de encerrar em mui pequeno espaço uma grande soma de instruções, compreendendo a doutrina, a moral e a disciplina. Trata dos seguintes pontos: Depois de uma saudação apostólica, declarando a razão por que Tito tinha sido revestido de especial autoridade, Paulo descreve as qualidades requeridas naqueles que deviam seguir a carreira do ministério, qualidades muito necessárias por causa dos falsos mestres, cujos princípios doutrinários eram perigosos, e do caráter geral dos cretenses. Em seguida dá a Tito várias instruções que ele devia transmitir a diferentes classes de pessoas: prescreve aos anciãos e aos jovens, as virtudes que deviam rigorosamente distingui-los; exorta Tito, que era jovem, a que seja exemplo vivo das virtudes que ele tinha de recomendar: ensina os servos a serem obedientes e fiéis, porquanto o Evangelho da salvação era para indivíduos de todas as classes e condições, a fim de torná-los santos neste mundo, e prepará-los para melhor e mais elevada vida. Instrui depois Tito sobre a obediência às autoridades constituídas, devendo ele aconselhar a todos um comportamento gentil e pacífico, e lembrar-lhes ao mesmo tempo a sua primitiva vida desejada, e a salvação que eles tinham alcançado pela livre graça de Deus. O apóstolo insiste na obrigação que todos os crentes têm de ser cuidadosos na prática de boas obras e ações, e depois de acautelar Tito para que não entre em investigações frívolas, nem se meta em discussões inúteis, e de lhe dar derradeiras instruções, fecha a Epístola com saudações e uma bênção. – Angus