A OVELHA PERDIDA
Texto Bíblico: Lucas 15.1-7
INTRODUÇÃO:
Este capítulo, seguindo-se às palavras austeras do anterior, é como bonança depois de tempestade. Tão diferentes são as palavras que dificilmente as atribuiríamos à mesma pessoa. Todavia, não são contraditórias, senão complementares. O ponto de partida é que devemos nos dar a Cristo sem reservas. Não pode haver partilha da lealdade. Desde que O entronizemos como Senhor amado de nossa vida, Sua compaixão é sem limites. Podemos tropeçar e tornar a tropeçar. Todavia, enquanto tivermos nEle os olhos, Ele nos perdoará e tornará a perdoar, até que, por fim, por Sua graça e poder, tudo quanto Lhe desagrada será banido de nossa vida. Isto está ilustrado pelas três parábolas neste belo capítulo: Gozo pela reconquista da ovelha perdida. Pela recuperação da moeda perdida, e pelo regresso do filho pródigo. É um capítulo companheiro da história da mulher pecadora, de Lc 7.36-50 e, do caso da mulher adúltera, de Jo 8.1-11. É um glorioso quadro do Pai celestial e de Seus anjos a darem as boas vindas às almas que regressam ao lar. Quando estivermos desanimados por motivo de nossa pecaminosidade, vale a pena ler este capítulo.
- Este capítulo contém três parábolas de três perdidos: a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho perdido. Também fala de três regozijos: do pastor, da mulher e do pai. Aprendemos três lições de valores: a ovelha uma criatura sem inteligência, valia mais do que imaginava; a moeda um objeto sem vida, tinha importância aos olhos de sua possuidora; o filho, que desprezara o pai, descobriu que era amado sem merecer. Sobre o perdido aprendemos também três coisas:
(1) A Condição do perdido: Aprendemos da ovelha, que estamos todos perdidos por nossa própria ação. Da moeda, que somos sem vida
Espiritual por natureza, e que por natureza somos “mortos em delitos e pecados”. Do filho, que estamos perdidos por escolha.
(2) A Experiência do perdido: Na primeira história, pensamos na miséria do perdido; na segunda, na sua insensibilidade; na terceira, no seu remorso.
(3) O resgate do perdido: Na primeira parte, o Filho redime; na segunda, O Espírito Santo opera e restaura; na terceira, o Pai recebe.
- As três parábolas: a do pastor que busca, a da mulher que chora, e a do pai que ama, ensinam o significado do arrependimento. Jesus responde, através destas parábolas às murmurações dos religiosos (v.2), dizendo, assim, que Ele não é indiferente ao pecado, e nem, por outro lado, é indiferente ao trabalho humanitário, mas o Seu coração enche-se de gozo real, ao contemplar a restauração dos publicanos (Lc 3.12) e pecadores.
SÍNTESE DA PARÁBOLA: As noventa e noves ovelhas representam os críticos fariseus; a ovelha perdida, os publicanos e os pecadores que o Filho do Homem veio salvar.
ANÁLISE DA PARÁBOLA:
- A parábola repreende severamente a vazia religiosidade e orgulhosa hipocrisia dos fariseus.
- A parábola da ovelha perdida reforça ainda mais a doutrina do terno cuidado que Deus tem para com cada indivíduo, simples e humilde.
- “Da vontade de vosso Pai” (Mt 18.14): O Pai deseja que todos sejam salvos. Manou seu Filho ao mundo para salvar, e não para condenar. O homem que vai para o inferno, vai porque desde já consente, direta ou indiretamente, nisso (Mt 25.41) e não porque Deus quer (1 Tm 2.4).
- “Deserto” (Lc 15.4): Não na areia, mas em campo de pasto não cultivado (Jo 6.10).
- “Vai em busca” (Lc 15.4): A evangelização que não sai à procura dos perdidos, não segue o exemplo do ensino de Cristo (Lc 14.21,23). A ênfase aqui, é sobre a persistência de Deus buscando o homem sem considerar até que ponto ele se desviou (Ez 34.6,11; Gn 3.9,10).
- “Noventa e nove” (Lc 15.7): Representa os fariseus e escribas, que do seu ponto de vista “Não necessitam de arrependimento”.
A MOEDA PERDIDA
Texto Bíblico: Lucas 15.8-10
SÍNTESE DA PARÁBOLA: Novamente, a peça de prata perdida representava os publicanos e os pecadores. O júbilo da mulher é semelhante ao júbilo dos anjos de Deus no céu pelos pecadores que se arrepende (10). Mais uma vez essa representa uma severa repreensão contra os críticos fariseus.
ANÁLISE DA PARÁBOLA:
- “Dracma” (Lc 15.8): A dracma tinha poder aquisitivo muito grande.
- A casa pobre não tinha janela, precisava de candeia.
- “Júbilo... anjos” (Lc 15.10): Refere-se a Deus, que transborda de alegria em virtude do Seu profundo amor e do valor que dá ao homem.
O FILHO PRÓDIGO
Texto Bíblico: Lucas 15-11-32.
SÍNTESE DA PARÁBOLA:
O pródigo representa os publicanos (15.11-12). O filho mais velho (25-37), os fariseus.
ANÁLISE DA PARÁBOLA:
- A hipocrisia e a arrogância dele eram evidentes. Ele jamais fizera nada de errado e considerava-se superior ao pobre pecador errante que voltara para casa.
- Era óbvia a censura à crítica dos fariseus contra Jesus como Salvador e Amigo dos pecadores.
- “Dissipou” (Lc 15) É o contrário de “ajuntando tudo”, O pecado consiste em gastar os bens criados por Deus, e emprestados a nós (corpo, tempo, saúde, mente, coisas materiais etc.) sem gratidão (Sl 107) ou pensamento na responsabilidade da mordomia de tudo. O filho foi para longe, a fim de afastar-se da vigilância e disciplina do pai.
- “Caindo em si” (Lc 15.17) A frase implica que, antes estava fora de si. Pecado é loucura. O filho volta ao pai por causa da confiança que tem nele e pelo amor a si mesmo.
- “morto... perdido” (Lc 15.24). Refere-se ao estado daquele que perdeu o contato com Deus (Rm 6.13; Ef 2.1) e não vive mais participando da vida de ressurreição em Cristo (Jo 11.25).
- O Filho que voltou ao pai. A volta consistia em:
(1) Arrependimento (v.18) – Uma nova atitude.
(2) Confissão de pecado e indignidade.
(3) Entrega total ao Senhor (Rm 1.1).
(4) Conversão: “Foi” (v.20).
- A Salvação. Consistia no amor do Pai que:
(1) Aguardou-o.
(2) Compadeceu-se dele.
(3) Abraçou-o e o beijou.
(4) Proveu.
1) Melhor roupa (Mt 22.11).
2) Anel para selar, indicando reconciliação e autoridade.
3) Sandália (de homem livre Gl 5.1). – O escravo andava descalço. 4) Uma festa – comunhão.
- O Irmão Mais Velho – Vemos que:
(1) Ele representa os judeus, que firme e meticulosamente, guardavam os preceitos da lei (v.29) e não compreendiam o princípio da graça divina que produz a espontaneidade no serviço.
(2) Ele, apesar de estar sempre em casa com o pai, era, moralmente, mais afastado do que o moço fugitivo;
(3) Que não tinha coração para apreciar a graça que espera, anela, recebe e abençoa o pródigo e se regozija com a sua volta;
(4) Que queria gozar com seus amigos e não com seu pai.
(5) Que estava demasiadamente preocupado com uma bondade própria.
(6) Que nada tinha do amor que tudo espera – até mesmo a restauração de um pródigo perdido.
(7) Que “ele se indignou” (Lc 15.28): O contraste com a alegria do pai é assustador. O filho mais velho quer que o irmão pague tudo e seja humilhado (Lc 7.41ss).
(8) Que o pai, embora magoado pela sua indiferença, tratou-o com muita bondade. “Tudo o que é meu é teu” (v.31): Igualmente com os filhos de Deus, tudo está ao nosso dispor em Cristo (Ef 1.3). A inveja e o orgulho impede a sua fruição.