A PARÁBOLA DOS TALENTOS
Texto Bíblico: Mateus 25.14-30
INTRODUÇÃO: Esta parábola dos talentos deve ser comparada e contrastada com a das minas em Lucas 19. Ambas falam da ida, da ausência, da volta, e em ambas a ênfase é sobre o que se faz durante a ausência.
SÍNTESE DA PARÁBOLA:
Esta, com a outra das minas (Lc 19.11-27), significa que estamos sendo adestrados para um serviço maior, numa esfera ainda por vir, e que nosso lugar e posição lá dependem da fidelidade de nossa mordomia aqui. A cada um destes servos é dado segundo a sua capacidade (14,15); os servos estão contratados (16-18); depois vêm a volta, a prestação de contas, o prêmio dos diligentes, e reprovação do indolente.
ANÁLISE DA PARÁBOLA:
- A parábola dos talentos ensina-nos a aproveitar bem o tempo até a vinda de Cristo. O verdadeiro crente não pode ser servo mau ou negligente.
- O homem que viaja para um país distante representa Cristo durante sua ausência da terra. Homens ricos, ao viajar para Roma, deixavam seus negócios na mão dos escravos. Nem todos os escravos do império romano eram silvícolas ou analfabetos. Muitos eram trabalhadores peritos, estudiosos e negociantes.
- Os Talentos: Ele confiou bens aos servos. Em figura os talentos representam as oportunidades da vida. Nós podemos ter pouco dinheiro com que servir nosso Senhor, mas temos força, tempo, oportunidades. Os dons de Deus multiplicam-se se os utilizarmos, pois transformam nossas vidas, de tal maneira que ficamos em condições de receber muito mais da plenitude que nos oferece o Senhor. A obediência à Palavra de Deus produz uma fonte de virtude que vai influenciando nosso ambiente (2 Pe 1.3-7). Os talentos significam:
(1) As verdades do Evangelho (1 Co 9.16,17: 1 Tm 6.20).
(2) Poder espiritual (At 1.8; 2 Tm 1.14).
(3) Dons espirituais (1 Co 12.4-11; Ef 4.7-12; 1 Tm 4.14).
(4) Tarefas evangélicas a cumprir, as respectivas capacitações e o dever de usá-las dignamente.
Cada cristão que teve uma experiência com Cristo e conhece o Espírito Santo, possui algum talento espiritual, alguma obra a fazer para o Mestre.
- Os servos bons: os que receberam cinco e dois talentos são crentes que participam “da alegria do teu Senhor” (bênção do reino).
- Não é a quantia que nos é dada que determina a recompensa, mas a fidelidade no seu emprego. O servo que recebera cinco talentos ganhou outros cinco, mas o que recebera dois também dobrou o capital recebido, e merece a mesma aprovação; e havia de ser uma satisfação para o Senhor achar um dos seus prontos a servir tanto na condição humilde como na mais elevada. Na edificação de uma catedral magnífica, dedos peritos e mentes rápidas são necessárias para fazer esculturas e mosaicos delicados: porém, mãos igualmente fiéis são necessárias para cavar os alicerces e deitar as primeiras camadas de alvenaria. Deus nos enche e brilha através de nós de acordo com a nossa capacidade. As bênçãos e capacidade espirituais do Senhor recebidas não devem ser guardadas para nosso prazer egoísta, mas consideradas uma espécie de “estoque espiritual” a enriquecer a causa do Mestre.
- Recompensa: No comparecimento dos servos temos exemplos dos que chegarão confiantes diante de Cristo no dia do julgamento (1 Jo 4.17 e2.28). Tinham algo a mostrar em troca do seu serviço – uma alegria desejada por Paulo (1 Ts 2.19). Paulo, descrevendo os resultados do seu ministério acrescenta: “Todavia não eu, mas a graça de Deus” (1 Co 15.10). O Mestre está feliz que o servo tenha feito o melhor, e trabalhado o suficiente para dar evidência positiva de dedicação inabalável. A recompensa do serviço fiel é mais serviço, numa esfera de influência bem maior. Deus testa as pessoas em coisas pequenas para sabê-las dignas de confianças nos empreendimentos maiores. A divina escala de valores procura ver nosso propósito – a bondade e fidelidade a Ele.
(1) “Entra no gozo do teu Senhor” Somos levados a pensar numa festa em comemoração à volta daquele senhor, na qual seus servos recebem a liberdade. Segundo o costume daqueles dias, repartir as honrarias de uma festa com escravos era o equivalente à sua emancipação (Lc 12.37; Jo15.15).
- O servo mau: O homem que recebeu um talento é a personagem central da parábola. Já aqui o principal propósito: um aviso solene contra a infidelidade e a preguiça. O servo que recebeu um talento é excluído do reino “nas trevas” e, no juízo, expulso juntamente com os impiedosos. O servo que não fez uso do talento, agiu assim porque desconfiava de seu senhor e o odiava. Não quis arriscar-se e fazer o dom circular. Preferiu a neutralidade (Mt 5.15,16) e isentar-se da responsabilidade.
(1) O pecado deste servo foi aquele contra o qual Paulo advertiu Timóteo (1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6): Ou seja, não cumprir o serviço a ele confiado por Deus e para o qual receberá talento.
(2) Considerava seu senhor um tirano duro e exigente, a impor tarefas impossíveis aos servos, como fazer tijolos sem palha (Êx 5.7). ou produzir ceifa de resultados sem o suprir da semente. Acreditava não perdoar o senhor erros ou falta de capacidade. Assim, hoje, pessoas imaginam Deus distribuindo tarefas sem dar o necessário poder para realiza-las, e depois castigando àqueles que não as puderam cumprir. Porém ver Mateus 11.28-30; 1 Jo 5.3.
(3) Medo: O medo do fracasso tem efeito paralisante no serviço cristão.
(4) “Aqui tens o que é teu”: É impossível esconder os dons de Deus e devolvê-los inteiros. Não empregá-los é dissipá-los. Somente aquele que os emprega, realmente os possui. Cuidado com o complexo de inferioridade. Causas deste tipo de medo:
1) Pode ser o orgulho.
2) O medo de fracassarmos diante dos olhos daqueles cujas aprovações estimamos. Talvez sejamos muito sensíveis às opiniões de outras pessoas. Imaginamo-nos escrutinados a cada ato que praticamos.
3) A falta de auto-estima. Aquele que diz não poder cumprir uma tarefa geralmente tem razão. Precisamos da confiança santificada de poder realizar aquilo que Deus nos manda fazer.
4) A causa do medo pode ser ainda o fato de não compreendermos o alvo do serviço cristão. Consideramo-nos vocacionados a brilhantes carreiras e ao sucesso, enquanto realmente fomos chamados a sermos fiéis.
Passos na cura do medo:
1) Sermos resolutos em fazer aquilo que sabemos ser nossa obrigação, sem considerar sentimentos ou circunstâncias.
2) O temor a Deus deve deixar o temor aos homens sem lugar!
- As palavras “muito tempo depois” indicam haver, entre o dia do Senhor e a sua volta, tempo suficiente para dar aos discípulos oportunidade de trabalhar para Ele e duplicar o capital. Nenhum cristão precisa imaginar tão próxima a sua volta que julgue desnecessário o serviço cristão (Mt 24.48; 25.5).
- Castigada a Infidelidade.
(1) O pecado de fazer nada – Omissão.
1) Descrição do Servo Omisso:
∙ Mau: Porque defendeu-se falando contra seu senhor.
∙ Negligente: Porque deixou de fazer sua obrigação.
Inútil: Porque malbaratou sua oportunidade, deixando inativo o dinheiro de seu senhor.
O senhor daquele servo não debateu acerca do que este dissera de seu caráter, responde-lhe, fazendo-o condenar-se por sua própria palavra (2 Sm 1.16; Jo 15.6). Não são aceitas desculpas.
(2) Usar ou perder! Se alguém não usa o seu talento, este lhe será tirado. Só possuímos realmente aquilo que usamos. Além disso, multiplicam-se os dons de Deus ao serem usados. Os poços de onde sempre se tira não secam facilmente. As oportunidades que negligenciamos e perdemos, tomam-na os outros (Gn 25.34; 1 Sm 16.1,13; At 1.25,26; Rm 11.11; Ap 3.11; Pv 11.24).
- Investimentos e contas prestadas. Note-se estes contrastes:
(1) O Senhor dá – os escravos elevados à posição de mordomos devem em tudo empenhar-se para o benefício do seu dono.
(2) Dois labutam confiadamente e um escravo negligente desobedece ao seu Senhor.
(3) Dois regozijam com a recomendação do Mestre e o outro recebe o julgamento merecido.
- Conclusão e Aplicação:
(1) Um aviso solene contra a infidelidade e a preguiça.
(2) Aqueles por demais tímidos para arriscar-se em aventuras corajosas em prol da causa de Cristo, podem servi-lo por caminhos mais humildes e seguros. Nenhum cristão precisa ver-se condenado à inatividade ou à inutilidade: há trabalho para todos. Se alguém não tiver feito nada, ser lhe-á perguntado se pelo menos orou (Tg 4.17).