O SEMEADOR
Texto Bíblico: Mt 13.5-8; Mc 4.3-8; Lc 8.5-8
INTRODUÇÃO:
- Porque Jesus usava com frequência as parábolas?
(1) Jesus usava de parábolas, em parte, como maneira velada de falar, de sentido aparentemente de modo duplo “para ocultar por um tempo o que tinha que revelar”. O reino que Jesus intentava estabelecer era por tal forma diferente daquilo que comumente se esperava do Messias, que lhe foi necessário usar de muito cauteloso tato. Por isso, usou essas estórias para ilustrar a “origem, o desenvolvimento, o caráter misto e a consumação” do Reino, que a nós parecem muitos claros, porém eram enigmas para os ouvintes imediatos, cujas mentes estavam preocupadas com uma concepção diferente dessas coisas. A linguagem é figurada, ocultando o sentido aos indiferentes e ilustrando-o para os sinceros.
(2) As parábolas ofereciam vantagens ao Mestre incomparável:
1) Prendiam o interesse.
2) Eram um veículo pedagógico muito comum entre os judeus. 3) Tornaram concretas ideias abstratas.
4) Provocaram uma decisão
5) Guardaram em sigilo o mistério do reino para os crentes.
- As Sete Parábolas (Mistérios) Do Reino: Mistérios: Conhecimentos mais profundos sobre as realidades espirituais. Um mistério é um segredo de Deus que não pode ser conhecido a não ser mediante uma revelação, acesso aos mistérios só se consegue pela fé perseverante em Cristo. Mesmo quando revelado é muitas vezes incompreensível como, por exemplo, o grande mistério da piedade (1 Tm 3.16), mas a fé regozija-se no fato revelado, sem compreender como pode ser (Mt 11.25). Os discípulos recebem a iluminação de Deus (Mt 13.16). Os incrédulos rebeldes ficam como consequência, cada vez mais endurecidos, perdendo finalmente, qualquer atração pela mensagem salvadora (Mt 13.12).
Chama “mistérios” porque contêm a verdade não revelada anteriormente. As sete parábolas tratam da era atual, em que se abandona Israel, a vinha (Is 5.107).
(1) A Primeira Parábola (3-23): Revela que nosso Senhor planta a semente da Palavra no campo (o mundo).
(2) A Segunda Parábola (24-30; 36-43): a boa semente e o joio, mostra a atividade e os ardis de Satanás durante esta era, em que ele degenera o trigo, os verdadeiros filhos do reino, por meio de falsos profetas (Mt 7.21-23)
(3) A Terceira Parábola (31,21): A semente de mostarda, simboliza o rápido crescimento do reino em sua forma de mistério.
(4) A Quarta Parábola (35): O Fermento escondido em três medidas de farinha, alerta sobre a contaminação da verdade da Palavra de Deus pelo erro do fermento dos falsos ensinamentos desta era (cf. Mt 16.11,12; Mc 8.15; 1 Co 5.6; Gl 5.9)
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(5) A Quinta Parábola (44): Retrata nosso Senhor, que deu tudo o que tinha para possuir o tesouro (Israel) escondido no campo (cf, Is 53.4-10; Sl 22.1; 2 Co 8.9). Ele restaura esse tesouro por meio da sua morte expiatória.
(6) A Sexta Parábola (45,46): Mostra nosso Senhor como comerciante, que encontrou “uma pérola de grande valor” (a igreja Ef 5.25-27) e vendeu tudo no Calvário para comprá-la.
(7) A Sétima Parábola (47-52): Exibe a rede que apanha peixes bons e ruins que permanecerão juntos durante esta era até que sejam separados na consumação.
- Aspectos do Reino de Deus:
(1) Juízo (24-30)
(2) Crescimento (31-32)
(3) Poder transformador (33)
(4) Valor escondido aos homens (44)
(5) E incomparável (45)
(6) Separação e seleção (47-50)
- Esta parábola pode ser chamada “a dos ouvintes que não ouviram”: Esta parábola do semeador inicia-se e termina com a chamada à atenção salientando a importância de sua mensagem, como também a necessidade de fé da parte do ouvinte.
OCASIÃO: Sermão à Beira-Mar
SÍNTESE DA PARÁBOLA
- É registrada também em Mc 4.1-25; Lc 8.4-16. A semente é a Palavra de Deus (Lc 8.11). As almas nascem dessa Palavra (1 Pe 1.23). Esta parábola é uma profecia da recepção do Evangelho. Alguns nem sequer ouvirão. Outros o aceitarão, mas logo apostatarão. Uns se firmarão um pouco mais, porém paulatinamente perderão o interesse. Alguns perseverarão, uns mais e outros menos, até à fruição final.
- Sementeira abundante: Sem economia; até mesmo no caminho cai alguma semente.
- A semente: É sempre a “palavra do reino” e hoje é o evangelho da graça de Deus.
- O semeador: O evangelista é hoje o semeador, semeando alguma coisa de Deus revelado em Cristo, e esperando ver os frutos: alguma coisa do caráter de Cristo nos seus ouvintes.
ANÁLISE DA PARÁBOLA
- A parábola do semeador é notável exemplo da pregação evangelística de Jesus (Lc 8.4).
- Essa parábola diz respeito à recepção à Palavra de Deus (semente) no mundo. Tal verdade foi apresentada em uma parábola para que os crentes pudessem ser instruídos sem revelar o conteúdo da instrução àqueles que são espiritualmente cegos, carentes de compreensão espiritual (Mc 4.11,12). Nesta parábola, constata-se claramente o vívido contraste entre a mera
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Confissão e a posse genuína da Palavra. Não só o evangelho deve ser apropriado, mas também precisa brilhar em testemunho (Mc 4.21-25). E crescer para frutificar.
- Mistérios:
(1) Definição: Significa “fechado” ou “escondido” no grego. Popularmente o termo dava nome ao tipo de ritos religiosos místicos. O mistério do Novo Testamento não é acessível à razão humana. Contém, às vezes, elementos difíceis de entender, mas a vontade de submeter-se à verdade de Deus e
De obedecer a ela, ilumina o coração do crente. O principal mistério é a revelação de Deus e seus propósitos na pessoa de Jesus (Mt 16.17)
- Os Propósitos de Parábola do Semeador:
(1) Estímulos aos proclamadores da mensagem da salvação em face de muito desinteresse e oposição.
(2) A responsabilidade do ouvinte de perseverar em face das dúvidas vindas do diabo, a perseguição dos oponentes e a tentação do mundo.
(3) A diferença entre a receptividade dos discípulos e a dos incrédulos.
- O Semeador: Deus ou seus servos.
- A Semente é a Palavra. Que declara Deus revelado em Cristo. A Palavra à semelhança da semente, tem vida em si, e quando as condições dão favoráveis, nasce e produz fruto.
- Note-se que na Bíblia “as aves do céu” quase sempre têm um mau significado.
- Há um adversário – Satanás – que tira (de que modo?) a palavra semeada no coração.
- Qual é a sementeira que Deus tem semeado na vossa alma, e qual o fruto?
- As coisas que impedem o ouvir:
(1) O caminho: desleixo e indiferença – as aves consomem. Um coração duro e incrédulo é como um campo do diabo. O contato com o solo não era vivo, porém superficial e mecânico. O pecador ouve a Palavra de Deus, mas não passa disso. Não lhe absorve o sentido. Por que não a recebe? A mente está cheia de pensamentos e cuidados mundanos. Tal a hospedaria superlotada que não pôde acolher o menino Jesus
(2) O pedregulho: Solo pedregoso com pouca terra para reter a umidade. O crescimento é forçado em razão da pouca profundidade da terra (Sl 1; Jr 17.8) A rocha não permite à semente crescer para baixo. Sem raízes fortes, desenvolve-se a haste sobre pouca profundidade. São ouvintes entusiasmados, porém sua alegria não é fruto de calcular o custo de ser cristão, mas não de percebê-lo. São atraídos pela beleza da vida cristã, mas fogem à luta. A mente sem propósito e perseverança – o sol queima. O sol quente da perseguição logo faz murchar a planta, cujo maior crescimento está acima da superfície. Tivesse raízes profundas, e ser-lhe ia o mesmo sol um meio de crescimento, a preparar-lhe para a ceifa e armazenagem, como a tribulação prepara o crente para o Céu. O mesmo fogo que consome a palha purifica o ouro. O caráter sem profundidade facilmente vacila, na perseguição. Os de coração rochoso aceitam o evangelho entusiástica e impulsivamente. A flama desses ouvintes apaga se tão rapidamente quanto começou. “Vivem mais de emoções que de convicções; escutam mais a voz das suas inclinações que a do dever; E Sempre se perguntam o que sentem vontade de fazer ao invés de corajosamente fazer o que dedem fazer” – Chappell .
Jesus costuma lembrar àqueles desejosos por segui-lo que ser seu discípulo era algo mais que um feliz começo com responsabilidade e trabalho. Às multidões entusiasmadas em participar do seu movimento, exortava a que calculassem antecipadamente o custo de sua decisão. E por quê? Não queria discípulos só para os momentos de tranquilidade, mas que lhe fossem leais durante os tempos de oposição e perseguição. Temos conseguido preservar o nosso entusiasmo quando a causa e os ensinos do Mestre se tornam impopulares? (Mt 5.11,12; Jo 6.60-69).
(3) Os espinhos: o amor dos prazeres e outros deleites – os espinhos sufocam. O defeito grave deste terreno é a impureza: duas colheitas lutam pelo domínio, e sucumbe a de maior valor. Representa o ouvinte de vontade dividida – não decidida em prol do bem ou do mal, mas ora de um lado, ora do outro; servindo a Deus hoje, e às riquezas no dia seguinte; muito religioso e também muito mundano (Lc 9.61,62). O espírito mundano coloca o valor dos prazeres acima do da vida eterna. Tais ouvintes nunca realmente ouvem. A verdade não pode fazer nada com eles.
1) Os espinhos são as preocupações deste mundo. A contínua ansiedade pela família, negócios e outros assuntos impedem a operação da Palavra de Deus em nossas vidas (Mt 6.24-34; Fp 4.6,7)
2) Os espinhos sufocam a semente ao tomarem o lugar da Palavra. As coisas do mundo desviam-nos das verdadeiras questões da vida, deixando-nos pouco tempo para meditar nas coisas eternas.
3) Sufocam também pela oposição à influência da verdade, quando se trava uma batalha na alma humana. Se não permitirmos à Palavra esmagar os espinhos, estes a sufocarão. No solo rochoso, as pedras estragam a raiz; aqui, os espinhos estragam o fruto. Nem sequer a obra de benevolência tinha licença de tirar o tempo da oração e da mensagem (At 6.1-7).
4) Por vezes o cristão é demasiado ativo. Tiremos tempo para o descanso e o culto do domingo; para a oração e leitura da Palavra; para a mulher (ou marido) e os filhos; ou estaremos mais ativos do que o Senhor gostaria que estivéssemos.
- A terra boa:
(1) O coração que realmente ouve, é chamado honesto e bom (Lc 8.15). Os tais ouvem a Palavra, isto é, com os ouvidos da fé, recebem-na (Mc 4.20).
(2) Os resultados são diversos, em proporção à realidade do ouvir. Esse fruto não é produzido de uma só vez, mas representa o costume de uma vida inteira. “Atendei ao que ouvis” (Mc 4.24) “Vede como ouvis” (Lc 8.18), pois nem toda pregação é boa semente, e há diversas espécies de ouvintes.
(3) No coração preparado – pelo amor a Deus e o ódio ao pecado – nasce o fruto que perdura para a eternidade.
(4) “Retém a palavra” (Lc 8.15): ao contrário das classes anteriores (Lc 8.12- 14), o Senhor frisa que só a perseverança garante a vida eterna.
(5) “Estes frutificam” (Lc 8.15): Frutificam com vida e testemunho exemplares neste mundo e recebem o “muito bem, servo bom”, no vindouro.
- Por que devemos ser bons ouvintes?
(1) Porque ajudamos o pregador. A atitude crítica, hostil ou desinteressada do auditório é sentida pelo pregador. Senta, na falta de receptividade, as próprias palavras voltando-lhe ao rosto. Por outro lado, uma congregação que ora pode ajudá-lo a expandir a alma no calor que emana de ouvintes sérios.
(2) Precisamos da vida que a Palavra nos dá. Como temos tratado a semente da Palavra? Não poderia uma ligeira falta de atenção durante a mensagem roubar-nos aquela verdade necessária a alguma crise futura? (3) A atenção à Palavra pode poupar-nos embaraços (Tg 1.22-25).
- Aplicação – Cada culto o pregador enfrenta quatro tipos de ouvintes:
(1) Os que permitem aos seus corações ficarem duros pelos cuidados da vida, tornando-se superficiais, incapazes de entender as verdades mais profundas;
(2) Os que entusiasticamente falam “Amém!” durante a mensagem, mas que perdem a voz diante das dificuldades;
(3) Os que permitem às coisas do mundo ocuparem o lugar da Palavra;
(4) E finalmente, os que em sinceridade desejam saber mais de Jesus, e progredir na vida espiritual.
A que grupo pertencemos?