A Educação Religiosa. Quanto à educação, não há filosofia educacional segura se não for alicerçada sobre os ensinos fundamentais da Bíblia. A educação moderna reconhece que a formação do caráter é a suprema finalidade de seu trabalho, mas, isto não irá muito longe, a menos que se reconheça que a única base do verdadeiro caráter é a Bíblia. Fé na Bíblia é a maior força de qualquer moço ou moça na prossecução da vida e da carreira nacional. A mocidade precisa saber disso. A tragédia é que, professores aos milhares em todo o mundo, saturados narcotizados por falsa dialética e filosofia vil, desencaminham os jovens, desde a mais tenra idade.
Na Era Mosaica.
Examinando o Pentateuco, vemos que no princípio, entre o povo de Deus, eram os próprios pais os responsáveis pelo ensino da revelação divina no lar. O lar, então, era de fato uma escola onde os filhos aprendiam a temer a amar a Deus (Dt 6.7; 11.18,19).
Havia também reuniões públicas de que participavam homens, mulheres e crianças, aprendendo a lei divina (Dt 31.12,13).
Na Era Monárquica.
Os Sacerdotes: Além do culto divino, tinham o encargo do ensino da Lei (Dt 242.8; 1 Sm 12.23; 2 Cr 15.3; Jr 18.8). Os sacerdotes eram intermediários entre o povo e Deus, e assim como os profetas eram intermediários entre Deus e o povo.
Os Reis De Judá, quando piedosos, aliavam-se aos sacerdotes na promoção do ensino bíblico. Temos disto um exemplo no bom rei Josafá que enviou líderes levitas e sacerdotes por toda a terra de Judá para ensinaram ao povo a Lei do Senhor (2 Cr 17.7-9).
Durante O Cativeiro Babilônico: Nessa Época, Os Judeus No Exílio, privados do seu grande templo em Jerusalém, instituíram as sinagogas tão mencionadas no Novo Testamento. A sinagoga era usada como escola bíblica, casa de cultos e escola pública. O filósofo judeu, Filo de Alexandria afirma que: “as sinagogas eram casas de ensino, tanto para crianças como para adultos”. Na sinagoga a criança recebia instrução religiosa dos 5 aos 10 anos de idade; dos 10 aos 15 anos, continuava a instrução religiosa, agora com o auxílio dos comentários e tradições dos rabinos. Aos sábados, a principal reunião era a matutina incluindo jovens e adultos.
No Pós-Cativeiro:
Nos dias de Esdras e Neemias, lemos que quando o povo voltou do cativeiro, um grande avivamento espiritual teve lugar entre os israelitas. Esse despertamento teve origem numa intensa disseminação da Palavra de Deus e incluiu um vigoroso ministério de ensino bíblico.
É dessa época que temos o relato do primeiro movimento de ensino bíblico metódico popular similar ao da nossa Escola Dominical de hoje.
O capítulo 8 do livro de Neemias dá um relato de como era a escola bíblica popular de então – ou como chamamos hoje: Escola Dominical:
Esdras era o superintendente (Ne 8.2)
O livro-texto era a Bíblia (v.3)
Os alunos eram homens, mulheres e crianças (v.3; 12.43).
Treze auxiliares ajudavam a Esdras na direção dos trabalhos (v.4)
E outros treze serviam como professores ministrando o ensino (vv. 7,8).
O horário ia da manhã ao meio-dia (v.3).
Afirma o versículo 8 que os professores liam a Palavra de Deus e explicavam o sentido para que o povo entendesse. É certo que aí há um problema linguístico envolvido (o povo falando aramaico ao retornar do exílio), mas o que sobressai mesmo é o ensino da Palavra, patente em todo capítulo.
O resultado desse movimento de ensino da Palavra foi a operação do Espírito Santo em profundidade no meio do povo, conforme atesta todo o capítulo 9 e os subsequentes do livro de Neemias. É o cumprimento da promessa de Deus em Isaías 55.11.
Nos Tempos De Jesus. Jesus foi o Grande Mestre, glorificando assim a missão de ensinar. Grande parte do ministério de nosso Senhor foi ocupado com o ensino (Mt 4.23; 9.35; Lc 20.1). Sua última comissão à Igreja foi “Ide e ensinai” (Mt 28.19,20). Sua ordem é clara.
A Quem E Onde Jesus Ensinava?
Nas sinagogas (Mc 6.2)
Em casas particulares (Mc 2.1; Lc 5.17).
No templo (Mc 12.35).
Nas aldeias (Mc 6.6)
Às multidões (Mc 6.34).
A pequenos grupos e individualmente (Lc 24.2272; Jo 3 e 4).
O Ministério De Jesus Era Tríplice: Ele pregava, ensinava e operava milagres. Era, pois, um ministério de poder. Pela pregação Ele anunciava as boas-novas de salvação; pelo ensino edificava a fé dos que criam, e pelos milagres, manifestava seu poder, sua divindade e glorificava ao Pai. Esse mesmo ministério tríplice foi ordenado e confiado à Igreja (Mt 28.19; Mc 16.151,18).
Na Igreja Primitiva. Seus apóstolos também ensinavam (Mc 6.30b; At 5.21).
Após A Ascensão Do Senhor, Os Apóstolos E Discípulos Continuaram A Ensinar. A igreja dos dias primitivos dava muita importância a esse ministério (At 5.41,42).
Paulo, Um Grande Mestre, foi maravilhosamente usado por Deus nesse mister. Nos seus escritos há alimento, tanto para adultos como para crianças de todas as idades. Ele e Barnabé, por exemplo, passaram um ano todo ensinando na igreja em Antioquia (At 11.26). Em Éfeso, ficou três anos ensinando (At 20.20,31). Em Corinto, ficou um ano e seis meses (At 18.11). Seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino da Palavra (At 28.31).
Na História Da Igreja:
Mais tarde vemos que a marcha do ensino bíblico na Igreja sofreu solução de continuidade, devido a males que penetraram no seio da mesma. Houve calmaria. A Igreja ficou estacionária. Ganhou fama mas perdeu poder. Abandonou o método prescrito por Jesus: o de pregar e ensinar. Sobrevieram a seguir as densas trevas espirituais da Idade Média.
Muitos séculos depois, veio a Reforma Religiosa e com ela a imperiosa necessidade de ensino bíblico para instruir os crentes, consolidar o movimento e garantir sua prossecução. Os líderes da Reforma dedicaram especial atenção ao preparo de livros de instrução religiosa, bem como reuniões destinadas a esse mister. Eles sabiam que o trabalho não consistia somente em pregar, mas também em instruir espiritualmente.
Martinho Lutero (1483-1546): No verão de 1507, Lutero começou seus estudos de teologia, estudando as sentenças de Pedro Lombardo com o auxílio de um comentário de Gabriel Biel.
Em março de 1509, tornou-se bacharel em Bíblia na Faculdade de Wittenberg, obteve seu doutorado em teologia em 1512, passando a comentar a Bíblia para os estudantes da Faculdade de Teologia de Wittenberg.
Vejamos o que ele comenta sobre a situação daqueles dias: “Meu Deus, quanta miséria não vi! O homem comum simplesmente não sabe nada da doutrina cristã, especialmente nas aldeias. E infelizmente, muitos pastores são de todo incompetentes e incapazes para a obra do ensino. Não obstante, todos pretendem o nome de cristãos, estão batizados e fazem uso dos santos sacramentos. Não sabem nem o Pai-nosso, nem o Credo, nem os Dez Mandamentos”.
Havia em Lutero um claro interesse pelo estudo e pela formação teológica dos ministros da Palavra.
João Calvino:
Sua formação: Seus primeiros anos escolares foram no colégio dos Capetos, na França, assim conhecido por causa do capuz, usado pelos alunos. Nessa escola, Calvino tomaria as primeiras lições de latim e preparar-se-ia para os estudos em níveis mais elevados na Universidade, em Paris.
Calvino foi para Montaigu, com o objetivo de atender aos desejos de seu pai, de vê-lo seguir carreira eclesiástica. Nesse mesmo colégio estudou Erasmo de Roterdã. Se tornou versado na teologia de Tomás de Aquino, de Agostinho, de Jerônimo e outros grandes nomes do passado.
De retorno para Paris, no colégio Real, dedica-se aos estudos dos clássicos, amplia os seus conhecimentos de grego e inicia o aprendizado do hebraico.
“Entendo que ‘as escolas teológicas [são] berçários de pastores’” – Calvino.
Calvino criou uma Academia em Genebra (apesar de ser fundador, ele escolheu lecionar teologia, ao invés de dirigir a faculdade), com cerca de 600 alunos, ampliando esse número para 900 em seu primeiro ano de atividades. Quando Calvino morreu em 1564, havia 1.200 alunos nos cursos superiores.
Depois De Lutero E Calvino: Fundamentada numa concepção racionalista e metódica do Cristianismo, a Reforma não demorou a sucumbir a uma teologia retórica após a morte de Lutero e Calvino. O surgimento de uma teologia escolástica no Século XVII, mais inclinada à explicação racional dos dogmas do que aos valores emotivos da religiosidade humana, é relatada por Gomes. Foi contra essa Intelectualização que vários movimentos surgiram no sentido de resgatar os valores experienciais, emocionais e piedosos da fé.
A Educação Teológico No Pietismo. Segundo os petistas, a reforma doutrinária iniciada por Lutero precisava ser complementada por uma reforma de vida. Várias foram as questões levantadas pelos petistas em relação aos efeitos da Reforma, entre elas:
A ortodoxia luterana e seu enrijecimento geral das categorias doutrinárias, mediante a sistematização racional e formulações doutrinárias extremamente detalhistas, construídas e elaboradas a partir da lógica aristotélica. A ortodoxia luterana era chamada pelos petistas de “ortodoxia morta”. Chegou-se a criar o lema: “melhor uma heresia viva do que uma ortodoxia morta”.
Aridez espiritual nos principais centros acadêmicos e universidades luteranas.
A ênfase nos debates acadêmicos e discussões doutrinárias e teológicas que em nada agregavam valor à fé cristã.
O desperdício de energia e tempo com críticas a outras formulações doutrinárias e sistemas teológicos, promovendo um infrutífero intelectualismo.
O crescimento de uma letargia espiritual, moral e teológica.
A Educação Teológica Na Perspectiva Do Metodismo Wesleyano.
A teologia de Wesley era praticada em sermões, liturgia, orações, credos, ocasionais obras, artigos de jornal e cartas; tinha uma orientação firmemente soteriológica, em vez de epistemológica. Ele era um teólogo prático, e não especulativo.
Wesley contribuiu significativamente com a história da teologia protestante, incluindo as Escrituras, a razão, a tradição e a experiência como ferramentas essenciais para o exercício da teologia.
A Educação Teológica Na Perspectiva Dos Precursores Do Segundo Despertamento. Entre os anos de 1800 e 1900, período em que se vivenciou o Segundo Despertamento, e em que se desenvolveu o Movimento Holiness, a educação teológica formal sofreu os seus mais sérios ataques dentro do protestantismo.
Peter Cartwright (1785-1872): Em relação à educação e formação teológica Peter foi um duro crítico. Observemos algumas de suas posturas:
Censurou o treinamento teológico;
Repudiou os seminários;
Desprezou a aprendizagem nos livros;
Zombou dos pregadores que falavam o inglês correto;
Creditou o fracasso de algumas denominações ao treinamento teológico erudito;
Criticou os pastores que pregavam lendo os sermões.
Charles Finney (1792-1875): Entre muitas de suas declarações contra a educação teológica formal, destacam-se as seguintes:
Dizia que não precisava de mais nada além da Bíblia;
Desprezou, assim como Peter, o sermão escrito – do qual faziam uso, dentre tantos Lutero e Edwards, que escreviam e liam suas mensagens do púlpito;
Detestou a maioria das obras literárias clássicas da época;
Promoveu um estilo de pregação altamente emotiva, sem comprometimento doutrinário e reflexivo.
Dwight L. Moody (1837-1899): Também se opôs de várias maneiras à educação teológica formal:
Evitava e fazia pouco caso das discussões em torno da autoria dos livros da Bíblia;
Quando era confrontado com passagens difíceis das Escrituras, orientava que simplesmente fossem ignoradas, alegando que a Bíblia não foi feita para ser entendida;
Aconselhava os cristãos a desconsiderarem o conhecimento acadêmico e os insípidos catecismos;
Se vangloriava de não ter “uma teologia”;
Não li nada além da Bíblia;
Afirmava que a inteligência era desnecessária, e que a única necessidade do cristão era o poder de Deus.
Billy Sunday (1862-1935): Algumas de suas posições em relação à teologia:
Demonstrou desconsideração pela vida intelectual;
Afirmou que a Igreja nos EUA morreria apodrecida e desceria ao fundo do inferno se todos os membros fossem milionários ou tivessem formação acadêmica;
Pregou que a estrada para o Reino de Deus não passava pela universidade;
Disse que milhares de diplomados caminhavam em direção ao inferno;
Declarou que se tivesse 1 milhão de dólares, daria 999.999 para a Igreja e apenas 1 dólar para a educação.
Combateu sermões escritos.
Contribuições e prejuízos: Esses homens trouxeram uma contribuição extraordinária ao evangelismo e crescimento do Evangelho, mas adotaram uma postura Antiintelectual, que teve forte impacto na formação do pentecostalismo, principalmente para as Assembleias de Deus no Brasil.
A Educação Teológica Na Perspectiva Dos Pioneiros Do Movimento Pentecostal:
Charles Fox Parham (1873-1929): Ele formulou a teologia do pentecostalismo, com destaque às línguas como evidência inicial do batismo com o Espírito Santo. Sua posição contrária ao estudo teológico acadêmico se manifesta:
Na contraposição que fazia entre “a educação pelo Espírito” e o estudo formal;
Desejou estudar medicina – ao abandonar a ideia, alegou ter recebido o serviço sincero a Deus no ministério.
Declarou que a educação teológica formal era um prejuízo para o ministério;
Desprezou o sistema teológico e doutrinário construído após a Reforma.
William Seymour - O Movimento Da Rua Azusa (1870-1922). Durante os primórdios do Movimento em Azusa, disseminaram-se ideias do tipo:
A revelação pessoal, e não a revelação por meio do estudo equilibrado da Escritura sob a iluminação do Espírito era destacada;
As grandes obras espirituais estavam acontecendo nas pessoas, e por meio de pessoas sem instrução;
A atividade médica é carnal;
Os livros e sermões escritos deviam ser condenados ao fogo do juízo;
A teologia e os credos eram inimigos do reavivamento;
Estamos elaborando a apostila sobre Bibliologia, para auxiliar no estudo do próximo trimestre na Escola Dominical. quem tiver interesse na aquisição da apostila em PDF, entre em contato conosco pelo grupo do WhatsAPP