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NOÇÕES DE HERMENÊUTICA CRISTÃ

Como Ler As Escrituras

 

NOÇÕES DE HERMENÊUTICA

“É indubitável que a nossa cultura mergulhou fundo no analfabetismo bíblico e teológico”

Um panorama da necessidade atual de um despertamento espiritual através da Palavra de Deus – a dimensão da crise:

Alguns dados estatísticos, de acordo com uma antiga pesquisa:

60% dos evangélicos nunca leram o Novo Testamento integralmente.

93% das residências pesquisadas possuem um ou mais exemplares da Bíblia.

12% dos entrevistados garantiram ler as Escrituras todos os dias.

57% confessaram que passaram mais de uma semana sem ler a Bíblia.

31% acreditam que o dito popular “Deus ajuda a quem cedo madruga” está nas páginas da Bíblia.

48% acreditam que o livro de Tomé – um texto apócrifo – é um dos 66 livros que compõem a Bíblia cristã.

52% não sabiam que existe o livro de Jonas.

58% desconhecem quem pregou o Sermão do Monte.

61% da população norte-americana não consegue ler com aproveitamento um livro-texto usado no ensino médio.

Apenas metade dos protestantes entrevistados foi capaz de citar até quatro dos Dez Mandamentos.

40% dos protestantes “nunca ou quase nunca” leem a Bíblia, apesar de ter cerca de 500 milhões dela em circulação.

Um estudo descobriu que, entre os protestantes entrevistados que frequentam a igreja, 63% não conseguiram saber a diferença entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento.

Pouco sabiam pelo menos alguma coisa sobre os profetas e menos ainda conseguiam aplicar a história do bom samaritano à vida diária.

 

Alguns Desafios: À Hermenêutica Na Pós-Modernidade:

Desafio À Hermenêutica – Pluralismo Intelectual, Religioso E Teológico:

Pluralismo Intelectual:   Propõe uma “hermenêutica da suspeição”, defende a tese, de que o processo de interpretação do texto bíblico – não pode jamais chegar à conclusão. Cada pessoa pode ter as suas próprias ideias com respeito ao texto bíblico.

 

Pluralismo Religioso: Condena o exclusivismo religioso e defende o ecumenismo e o relativismo da verdade.

 

Pluralismo Teológico: É uma negação das doutrinas bíblicas.

Desafio À Hermenêutica – Sedução Da “Religião De Mercado”: A sedução das cifras: vale tudo para ter cifras. “Transformar culto em show, igrejas em empresa, crente em cliente, sacerdócio em negócio, vocação em profissão, VERBO em verba, caráter em carisma”.

O Que É Hermenêutica.

Etimologia:

O termo Hermenêutica decerto originou-se na mitologia grega clássica. Teria se derivado de Hermes, filho de Zeus e Maria, cujo ofício era mensageiro dos deuses. Ele teria sandálias com asas, um chapéu de abas largas, e segurava uma vara (caduceus) na qual duas serpentes se enrolavam.

O termo grego hermeios referia-se, originalmente ao sacerdote do oráculo de Delfos, que era responsável pela interpretação dos desejos dos deuses aos seus consulentes.

 

Outros Termos Relacionados:

Diermeneusen: “explicar ou interpretar” (Lc 24.252-27).

Methermeneuo: “Traduzir, tradução, dar significado”.

 

Terminologia: Hermenêutica deriva do grego hermeneutikós – “intérprete” – do verbo hermeneuo e significa “à pratica” ou a “disciplina de interpretar”.

 

Conceitos:

Hermenêutica Bíblica é a disciplina da Teologia Exegética que ensina as regras para interpretar as Escrituras e a maneira de aplicá-las corretamente. Seu objetivo primário é estabelecer regras gerais e específicas de interpretação, a fim de entender o verdadeiro sentido do autor ao redigir as escrituras. É a ciência da compreensão bíblica.

 

Teologicamente é a “disciplina que estuda os princípios e as teorias de como os textos devem ser interpretados [...] se preocupa com o entendimento dos papéis e dos relacionamentos singulares entre o autor, o texto, o público-leitor original e posterior.

 

“É o estudo dos princípios de interpretação” Dr. Ryrie

 

“É a arte de interpretar os livros sagrados e os textos antigos” – Raimundo de Oliveira

 

“A hermenêutica Bíblica engloba vários motes cruciais: a inspiração do texto bíblico (recursos literários – figuras, parábolas, tipos, etc), métodos de estudos bíblicos (analítico, sintético, temático, biográfico), princípios de interpretação (princípios gramaticais, históricos, teológicos...). Recebe-se, assim, auxílio da filologia, linguística, gramática normativa, histórica e comparada” – Claudionor de Andrade

 

História Da Hermenêutica

Judeus Palestinos: Os famosos escribas devotavam o mais profundo respeito à Bíblia da sua época (o Antigo Testamento) como a infalível Palavra de Deus. Consideravam sagradas até as letras, e é sabido que os seus copistas tinham inclusive o hábito de contá-las, a fim de evitar qualquer omissão no ato da transcrição. O ponto de vista negativo da Hermenêutica dos judeus palestinos, é que exaltava a Lei Oral, consistindo de milhares de tradições verbais acumuladas ao longo dos séculos, e desprezavam a Lei Escrita, por isso Jesus os condena em Marcos 7.13.

 

Judeus Alexandrinos: A interpretação bíblica dos judeus alexandrinos era, de certa forma, determinada pela filosofia predominante na grande cidade de Alexandria, no Egito. Eles adotavam o princípio fundamental de Platão, segundo o qual ninguém deve acreditar em algo que seja indigno de Deus. Desse modo, quando encontravam algum coisa no Antigo Testamento que discordava da sua filosofia e ofendia a sua lógica, recorria às interpretações alegóricas.

 

Judeus Caraítas: A seita dos judeus caraítas foi fundada por Anan bem David, cerca de 760 da nossa era. Historicamente eles são descendentes espirituais dos saduceus, cujas informações estão disponíveis nos Evangelhos. Representam um protesto contra o rabinismo, parcialmente influenciado pelo maometismo. Os caraítas (filhos da leitura), eram assim chamados porque seu princípio fundamental era considerar a Escritura como a única autoridade em matéria de fé. Sua exegese, como um todo, era mais correta do que a dos judeus palestinos e alexandrinos.

 

Judeus Espanhóis: No período que vai do século doze ao quinze, desenvolveu-se um método mais sadio de interpretação das Escrituras entre os judeus da Espanha. Quando a Exegese da Igreja Cristã estava em situação periclitante, e o conhecimento do hebraico estava quase nulo, alguns judeus instruídos da Península Perenaica restauraram o interesse por uma Hermenêutica Bíblica sadia. Algumas de suas interpretações ainda hoje são citadas como fonte de referência.

 

Período Patrístico: No mesmo, o desenvolvimento dos princípios hermenêuticos dependiam dos três principais centros de atividades da Igreja: Alexandria-Egito; Antioquia-Síria e Ocidente, nessa periodização, apesar das numerosas limitações no que tange à construção e socialização do saber bíblico-teológico, é indiscutível a contribuição interpretativa dos Pais da Igreja. Cada escola, de alguma forma contribuiu nessa área:

 

Escola De Alexandria. No começo do século III d.C., a interpretação bíblica foi influenciada especialmente pela escola catequética de Alexandria, centro cultural e religioso do Egito; a religião judaica e a filosofia grega se encontraram e mutuamente se influenciaram. Os principais representantes dessa escola foram, Clemente e seu discípulo Orígenes. Clemente, um dos renomados pensadores da época, foi o primeiro a aplicar de forma efetiva o método alegórico na interpretação do Antigo Testamento.

 

Escola De Antioquia: Supõe-se que a escola catequética de Antioquia tenha sido fundada por Doroteu e Lúcio do terceiro século (para outros foi Diodoro). Diodoro escreveu um tratado sobre princípios de interpretação bíblica. O seu maior feito, porém, é constituído de dois discípulos seus – Teodoro de Mopsuéstia (o Exegeta) e João Crisóstomo (conhecido como Boca de Ouro), um dos grandes referenciais quando se trata do tema em foco.

 

Escola Ocidental: A Igreja do Ocidente desenvolveu uma exegese que era um misto do que esposavam a escola de Alexandria e a de Antioquia. Seu aspecto mais característico encontra-se no fato de haver acrescentado outro elemento que até então ainda não havia sido considerado, a saber, a autoridade da tradição e da Igreja na interpretação da Bíblia. Além disso, atribuiu valor normativo ao ensino da igreja no campo da exegese.

 

Período Medieval: Durante a Idade Média muitos cristãos (e clérigos) ironicamente viviam em profunda ignorância quanto à Bíblia. Naquele período o quádruplo sentido da Escritura (literal, tropológico [figurado], alegórico e analógico) era, geralmente, aceito e foi então estabelecido que a interpretação bíblica tinha de adaptar-se à tradição e a vontade da Igreja. Interpretavam a Bíblia partindo dos escritos dos pais da Igreja. Apesar da Teologia constituir-se o arcabouço ordenador de todo saber humano, por outro lado, imperava a falta de conhecimento quanto às Escrituras.

 

Período Da Reforma Protestante: O período Renascentista que preparou a Europa e o mundo para a Reforma Protestante chamou a atenção para a necessidade de se estudar a Escritura, recorrendo aos originais como forma de achar o seu verdadeiro significado. Era a posição dos reformadores, que não é a igreja que determina o que as Escrituras ensinam, antes, são elas que determinam o que a igreja deve ensinar.

 

Martinho Lutero: Defendeu, com intrepidez, o direito do juízo privado; salientou rigorosamente a necessidade de se considerar o contexto e as circunstâncias históricas de cada livro, etc.

 

Melanchton: Seu companheiro, segui preferencialmente o princípio de que as Escrituras devem ser entendidas gramaticalmente antes de serem entendidas teologicamente.

 

João Calvino: Na opinião de muitos estudiosos, o maior exegeta da Reforma, considerava como “primeiro dever de um intérprete, permitir que o autor diga o que realmente diz, ao invés de lhe atribuir o que pensamentos que devia dizer”.

 

Período Histórico-Crítico: Divergentes pontos de vistas foram expressos a respeito do texto sagrado, negando a inspiração verbal e a infalibilidade da Escritura.

 

Período Pentecostal, A Hermenêutica Pentecostal: Nossa Declaração de fé assegura que os pentecostais interpretam as Escrituras “sob a orientação do Espírito Santo, observando as regras gramaticais e o contexto histórico e literário”. O historiador Isael de Araújo enfatiza que o método histórico-gramatical vem sendo reafirmado como uma reação ou alternativa em relação ao método histórico-crítico, que foi intensamente difundido no século XX: “A interpretação bíblica se refere ao contexto em que os livros da Bíblia foram escritos e às circunstâncias em jogo. A interpretação gramatical se refere à apuração do sentido dos textos bíblicos mediante estudo das palavras e das frases em seu sentido natural e claro. Em termos simples e objetivos, há três estágios para o método: observação (o que diz o texto), interpretação (o que quer dizer o texto) e aplicação (o que o texto quer dizer para nós)”. Nessa concepção, o artigo em comento destaca que “os defensores desse método na hermenêutica pentecostal argumentam que a intenção autoral propagada pelo método histórico-gramatical é testada pelo tempo (desde os primórdios da igreja com a escola de Antioquia) e ideal para um sadio método de interpretação bíblica pentecostal. Em contrapartida, debate-se a construção da “hermenêutica pentecostal” em solo brasileiro. Essa discussão resultou na publicação de um manifesto do Conselho de Doutrina e Comissão de Apologética da CGADB, com os seguintes esclarecimentos: “A hermenêutica Pentecostal sadia não é uma negação do método histórico-gramatical. Por outro lado, não é apego rigoroso e absoluto a esse método, cujo emprego não conduziu a fé reformada à compreensão na atualidade da obra do Espírito Santo, tal qual prometida por Jesus e vivenciada pelos apóstolos e pelas igrejas do Novo Testamento. Conquanto se valha de ferramentas da erudição bíblica, a Hermenêutica não flerta com quaisquer das aplicações do método histórico-crítico ou da atual crítica literária e histórica que negam a plena inspiração das Escrituras e a literalidade dos milagres. Concordes com esse posicionamento, dentre os princípios gramaticais, históricos e literários, enfatizamos que o texto bíblico tem sentido único e sempre que possível deve ser interpretado literalmente.

 

Os Perigos Da Hermenêutica Pós-Moderna: A denominada hermenêutica pós-moderna nega que existe um sentido absoluto para a verdade bíblica, e, portanto, busca rever ou ressignificar a verdade revelada na Palavra de Deus. Nesse debate, a hermenêutica na perspectiva pentecostal também foi acusada de promover interpretações exclusivamente baseadas na experiência do leitor. Diante disso, as Assembleias de Deus no Brasil se manifestaram nos seguintes termos: “É preciso estabelecer com firmeza com o que não comungam os pentecostais clássicos em termos de técnicas de interpretação. Isso é imperativo especialmente diante de métodos hermenêuticos pós-modernos, focados no leitor e não no lugar que a ela não cabe no processo interpretativo. Isso não é hermenêutica Pentecostal.

Em suma, nossa ortodoxia refuta todo e qualquer método que nega a inspiração verbal e plenária da Bíblia e sua consequente autoridade (2 Pe 1.21). Assim sendo, o intérprete não pode criar outro cânon dentro do cânon bíblico, ou seja, não cabe ao estudante fragmentar ou relativizar os textos inspirados. Não se pode empregar métodos subjetivos focados nos anseios do leitor em prejuízo do texto e do autor bíblico. Ratifica-se que as experiências devem ser submetidas ao crivo das Escrituras Sagradas (At 17.11). Por fim, as Assembleias de Deus reconhecem que as técnicas hermenêuticas não são infalíveis. Durante o processo de aplicação dos métodos interpretativos o crente necessita da iluminação do Espírito Santo (1 Co 2.12).

 

Correlação Entre Hermenêutica E Outras Ciências Bíblicas. A Hermenêutica dialoga com outras disciplinas exegéticas:

Tratado da Inspiração: O Tratado da Inspiração procura responder as seguintes perguntas:

O que é inspiração divina?

Existem livros inspirados?

Quais exatamente são os livros inspirados?

Que reivindicações contêm o Antigo e o Novo Testamento sobre sua inspiração divina?

Quais os critérios para que um seja considerado inspirado?

Qual a relação entre inerrância, infalibilidade e veracidade das Escrituras?

 

Canônico: Canônico é o estudo que trata do reconhecimento, compilação, fixação e história do Cânon. No estudo da canonicidade, estão também incluídos os conhecimentos sobre o processo de canonização. A canônica procura responder as seguintes perguntas, indispensáveis a uma hermenêutica escriturística e responsável:

Quais são verdadeiramente os livros possuídos de autoridade normativa para a fé cristã, que possuem a inspiração divina?

Quais os critérios para distinguir entre um livro inspirado do não-inspirado?

Como o presente Cânon veio a ser fixado?

 

Crítica textual: Também chamada de Baixa Crítica, estuda o texto dos manuscritos com o fim de descobrir e corrigir erros que neles ocorrem e restaurá-lo, até onde possível, às condições originais, procurando determinar os textos originais mais exatos. A Crítica Textual, exclusivamente bíblica, ocupa-se mais precisamente do estudo, história, e restauração dos manuscritos bíblicos. Graças a esta ciência podemos afirmar que algumas das atuais edições e traduções das Escrituras estão de acordo com os originais, ainda que estes tenham sido perdidos pouco depois de sua circulação. É uma ferramenta indispensável a todo exegeta. A crítica Textual busca responder às seguintes perguntas:

Quais são os manuscritos que hoje possuímos em conformidade com os autógrafos originais?

Quais os erros que existem nos manuscritos bíblicos que hoje possuímos?

Como determinar os textos originais mais exatos?

Quais os tipos de vicissitudes enfrentadas pelos textos bíblicos?

 

Crítica Histórica: ou Alta crítica se interessa por problemas relacionados à idade, fontes, valor histórico, composição, publicação de cada livro, circunstâncias (de tempo e lugar) em que foi escrito, conteúdo da obra, os textos mais significativos e os dados característicos de sua mensagem divina. Também verifica os relacionamentos históricos e a validade das asserções feitas pelos documentos. Essa disciplina tem sido usada principalmente por racionalistas germânicos, na tentativa de desmitologizar as Sagradas Escrituras. Porém, quando corretamente entendida, consiste no escrutínio cuidadoso, à base de princípios aplicados a toda forma de literatura, dos fenômenos reais das Escrituras, objetivando deduzir dali as considerações escudadas nos fatos relativos à antiguidade, autoria, etc. como ferramenta hermenêutica, a crítica Histórica procura responder as seguintes perguntas:

Quem foi o autor?

Quais as fontes, valor histórico, composição e publicação de cada livro sagrado?

Qual o conteúdo da obra, os textos mais significativos e os dados característicos de sua mensagem divina?

Quais os relacionamentos históricos e a validade das asserções feitas pelos documentos?

 

Divisão Da Hermenêutica Sacra.

Geral: Estuda as regras que regem a interpretação do texto bíblico inteiro: análise histórico-cultural, léxico-sintática, contextual e teológica.

 

Específica: Estuda as regras que se aplicam a gêneros literários específicos, tais como figuras de linguagem, tipos, símbolos, numerologia, profecia e poesia.

 

Noemática: Literalmente significa “percepção”. A função da hermenêutica noemática é analisar os vários sentidos das Escrituras. Pela noemática compreende-se que existe uma lacuna filosófica entre o autor e o tradutor atual, e que para transmitir validamente uma mensagem o tradutor precisa estar ciente tanto das similaridades como dos contrastes das cosmovisões.

 

Heurístico: Literalmente significa “achar”. A função da hermenêutica heurística é ensinar as regras para encontrar os sentidos tratados pela noemática. Através de métodos analíticos procura descobrir as verdades expostas cientificamente. Atua também como disciplina auxiliara da História, estudando as “Pesquisas das Fontes”.

 

Proforística: Literalmente significa “expor”. Ensina a maneira de expor o sentido encontrado.

 

Exegese Bíblica

Definições:

“Exegese é o estudo cuidadoso e sistemático da Escritura para descobrir o significado original que foi pretendido”. – Fee e Stuart

Exegese do grego eksegesis “explicar, interpretar, contar, descrever, revelar” (Lc 24.35; At 10.8; 15.12.14; 21.19). Exegese é a extração dos pensamentos que assistiam ao escritor ao redigir determinado documento. Em João 1.181, exegese é traduzido por “revelou”. O termo eksegesato, usado por João, é termo de cunho técnico para indicar um expositor. Na ARA é traduzido por “revelou”, na ARC por “o fez conhecer”, na Vulgata “aquele que expõe em pormenor”.

 

Categorias Basilares Da Exegese:

Exegese Estrutural: Doutrina que sustenta que o significado do texto bíblico está além do processo de composição e das intenções do autor.

 

Exegese gramático-histórica: Princípio de interpretação bíblica que leva em conta a sintaxe e o contexto histórico no qual foi composta a Bíblia. Tal método, apesar de seus elevados méritos, parece tirar dela seu significado espiritual.

 

Exegese Teológica: Princípio de interpretação bíblica que se orienta pelas doutrinas sistematizadas pelos doutores da igreja. Neste caso, a Bíblia é submetida à doutrina: corre-se o risco de valorizar mais a forma que o conteúdo.

 

Exegese Católica: Tem com alicerce os escritos dos Pais da Igreja, e usava como ponto de partida reflexiva para a Bíblia, sobretudo durante a Idade Média.

 

A Exegese Protestante: Ressaltou-se a partir da Reforma, quando Lutero ratificou os princípios da “sola Scriptura” e o sacerdócio universal de todos os crentes. Calvino é outro nome crucial na sistematização bíblica e teológica protestante.

 

Função Da Hermenêutica E Da Exegese Bíblica:

Traduzir o texto original tornando-o compreensível em língua vernácula, sem sangrar o sentido primário.

Compreender o sentido do texto dentro de seu ambiente histórico-cultural e léxico-sintático.

Explicar o verdadeiro sentido do texto, em todas as dimensões possíveis (autor, audiência, condições sociais, religiosas, etc).

Tornar a mensagem das Escrituras inteligível ao homem moderno.

Conduzir-nos a Cristo.

 

Eisegese:

Definição: Enquanto a exegese consiste em extrair o significado de um texto qualquer, mediante legítimos métodos de interpretação; a eisegese consiste em injetar em um texto, alguma coisa que o intérprete quer que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo. Em última instância, quem usa a eisegese força o texto mediante várias manipulações, fazendo com que uma passagem diga o que na verdade não se acha lá.

 

Formas Pelas Quais O Intérprete Pratica A Eisegese:

Quando força o texto a dizer o que não diz. É a manipulação voluntária ou involuntária do texto bíblico. Baseia-se em pressupostos e premissas previamente estabelecidos pelo intérprete.

Quando se ignora o contexto, sob pretexto ideológico.

Quando ignora a mensagem e o propósito principal do livro.

Quando não esclarece um texto à luz de outro. Os textos obscuros devem ser entendidos à luz de outros e segundo o propósito e a mensagem do livro.

Quando põe a “revelação” acima da mensagem revelada. O carisma acima do cânon.

Quando está comprometido com um sistema ou ideologia.  Não são poucos os obstáculos que o exegeta encontra quando a interpretação das Escrituras afeta os cânones do sistema de sua denominação. Por outro lado, até as ímpias religiões encontram justificativas bíblicas para ratificar as suas heresias.