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OS APÓCRIFOS DO ANTIGO TESTAMENTO

OS LIVROS APÓCRIFOS DO ANTIGO TESTAMENTO.

Definição:

No grego clássico, a palavra apocrypha significa “oculto” ou “difícil de entender”, isso em referência aos livros que tratavam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. Posteriormente, tomou o sentido de esotérico, ou algo que somente os iniciados podiam entender, jamais os de fora.

 

No século IV, Jerônimo foi o primeiro a chamar esses escritos de “apócrifos”. A apócrifa consiste em livros que foram adicionados ao Antigo Testamento pela Igreja Católica Romana, mas que os protestantes decidiram que não eram canônicos.

 

Há também um outro grupo de escritos frequentemente chamados de apócrifos do Novo Testamento. O termo “apócrifo” é apropriado para muitos desses trabalhos, pois frequentemente pretendem contar detalhes secretos ou ocultos sobre a vida e os ensinamentos de Jesus e de seus discípulos.

 

Deuterocanônico: Significa “segundo cânone”.  Os livros apócrifos ou deuterocanônico foram escritos principalmente no tempo entre o Antigo e o Novo Testamento: ou seja, no período interbíblico.

 

São conhecidos como apócrifos os livros que, embora reivindiquem autoridade divina, não foram reconhecidos como inspirados por Deus quer pela comunidade judaica, quer pela cristã-evangélica.

 

História:

Nos séculos 3º e 4º, época de Irineu e Jerônimo, o vocábulo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não canônicos do Antigo Testamento.

 

A septuaginta (LXX), tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, feita entre os anos 280 a.C e 180 a.C., foi a primeira a incluir os livros apócrifos.

 

Jerônimo, no ano 405 d.C., inclui em sua tradução latina do Antigo Testamento chamada Vulgata, porque lhe fora ordenado, mas recomendou que esses livros não fossem usados como base doutrinária. Por esse motivo, os cristãos que falavam o grego usavam esses livros juntamente com o Antigo Testamento canônico.

 

Os Reformadores foram, em parte, os grandes responsáveis pela eliminação dos apócrifos da Bíblia por haver neles elementos inconsistentes com a doutrina protestantes (por exemplo, oração aos mortos e intercessão aos santos).

 

Foi em 1545, no Concílio de Trento, que a Igreja Católica Romana proclamou alguns livros apócrifos como canônicos, detentores de autoridade espiritual para seus fiéis, dando a eles (aos livros apócrifos) a nomenclatura de “deuterocanônico”; ou seja, um segundo cânon.

 

A Natureza Geral Desses Livros:

Alguns desses livros têm grande valor histórico;

Outros são clássicos devocionais;

Uns são interessantes;

Outros, definitivamente, são invenções;

Tanta coisa, nessa literatura, é abertamente supersticiosa.

E fora de harmonia com o restante das Escrituras, que não pode ser admitida como sendo inspirada.

Pode ser lida proveitosamente, mas não deve ser usada como autoridade em doutrina;

 

Classificação Didática Em Relação À Sua Aceitação Ou Não.

Homologoumena – livros aceitos por todos: São livros, que tão logo foram aceitos no cânon, não houve mais questionamentos ou dúvidas a seu respeito. Fazem parte deste grupo 34 livros do Antigo Testamento (com a exceção de Cântico dos cânticos, Eclesiastes, Ester, Ezequiel e Provérbios).

 

Antilegomena – livros contestados por alguns: Vários livros que inicialmente, e depois de modo derradeiro, foram considerados canônicos, por um ou outro motivo, em uma ou outra época, foram contestados por alguns rabinos. Esses livros chamados de Antilegomena, foram primeiramente incluídos no cânon e só depois contestados. Isto é, esses livros canônicos tiveram seu caráter e/ou afirmações questionados posteriormente por rabinos.

 

Cântico dos Cânticos.

Esse livro “aparece no cânon de Áquila e foi acolhido como Escritura por Melito e Tertuliano. Também é citado, com fórmulas tradicionais de citação das Escrituras, na Mishná.

O motivo principal que levou esse livro a ser contestado é que pareceu sensual para alguns.

A escola de Shammai (séc 1 d.C) tinha dúvidas de sua canonicidade, mas por fim, a interpretação do rabino Akiba bem Joseph (c.50-132) prevaleceu quando afirmou: “Deus me livre! Nenhum homem em Israel jamais colocou em dúvida Cântico dos Cânticos [a ponto de dizer] que esse livro não torna as mãos impuras [isto é, que não á canônico], porque todas as eras não valem o dia nem que Cântico dos Cânticos foi dado a Israel; pois todos os Escritos são santos, mas Cântico dos Cânticos é o Santo dos Santos. E, se havia algo contestado, era só Eclesiastes”.

Se as dúvidas giravam em torno de um suposto caráter sensual, elas se baseavam numa interpretação equivocada. Contudo, é perfeitamente possível “Que Deus tenha colocado esse Cântico no cânon para nos ensinar a pureza e a santidade do estado do matrimônio que ele mesmo estabeleceu”.

Cântico dos Cânticos é evidentemente um dos 22 livros canônicos de Josefo que, seguindo ele, haviam sido aceitos por todos os judeus durante muito tempo, e presumivelmente, é um dos 24 livros canônicos mencionados por 2 Esdras (4 Esdras), e, talvez ao que o Apocalipse de João faz alusão.

 

Eclesiastes.

Uma das principais objeções a esse livro era que parecia cético. Alguns o têm chamado de o “Cântico do Ceticismo”.

O rabino Akiba admitia que “se havia algo contestado [quanto a Cântico dos Cânticos e Eclesiastes], esse questionamento se limitava só a Eclesiastes.

O Eclesiastes em si chega a uma conclusão espiritual: “Teme a Deus e obedece aos seus mandamentos; porque isso se aplica a todo homem” (12.13)

Poderá haver alguma dúvida sobre o homem “debaixo do sol”, mas não precisa haver dúvida alguma sobre o ensino do livro, que vai “acima e além do sol” e vem como “palavra de verdade” [...] dadas pelo único Pastor (12.10,11).

Eclesiastes pertencia ao cânon de Josefo e de Áquila, que é citado, mediante fórmulas tradicionais de citação das Escrituras na Mishná.

 

Ester.

Em virtude da ausência notória do nome de Deus, esse livro teve certa dificuldade de manter sua posição no cânon hebraico. O ponto central do desafio era o fato de que parecia não-espiritual.

A pergunta fundamental que se fez foi a seguinte: “Como esse livro pode ser Palavra de Deus se nem mesmo menciona o nome de Deus?

Algumas Respostas:

Alguns postularam que como os judeus do exílio persa “não estavam mais na linha teocrática, por assim dizer, o nome do Deus da aliança não está associado a eles.”

Outros acharam que a omissão do nome de Deus era intencional, para proteger o livro de plágio e para evitar a substituição do nome de Deus por um deus pagão.

  1. G. Scrogggie observa que o nome de Jeová (YHWH) pode ser encontrado quatro vezes em forma de acróstico no livro, e de um modo e em lugares tais que o colocariam além do âmbito da mera probabilidade.

Seja como for, a ausência do nome de Deus é mais do que compensada pela presença do seu poder e de sua graça na libertação do seu povo, fato que confere valor canônico ao livro.

 

Ezequiel. Esse livro foi questionado por alguns por causa de seus ensinos aparentemente antimosaicos.

A escola de Shammai achava que o ensino do livro não estava de acordo com a Lei Mosaica, e que os primeiros dez capítulos apresentavam uma tendência gnóstica. Contudo, não foram dados exemplos específicos que contradissessem efetivamente a Torá.

A exemplo de outros livros contestados, os argumentos giravam em torno da interpretação, e não da inspiração.

O livro é reconhecido como profético, bíblico ou divino por Tobias, Eclesiástico, 4 Macabeus, os Manuscritos do mar Morto, o Apocalipse de João, Clemente e Josefo.

Suas revelações e predições são endossadas, sua autoria profética é reconhecida, é citado por meio de fórmulas tradicionais.

Há também a possível confirmação de Filon e de Jesus no Evangelho de João.

Fariseus, essênios e cristãos lhe dão respaldo, e esse respaldo remonta pelo menos ao século 2 a.C., conforme pode ser visto pela evidência encontrada em Tobias, e em Eclesiástico, e pela evidência dos essênios, a qual (embora não remonte a um passado tão distante) indica que o livro já era canônico antes do surgimento dos essênios naquele século.

 

Provérbios. A polêmica em torno desse livro decorre do fato de que ele é ilógico (contraditório em si mesmo).

Essa acusação fica clara no Talmude que diz: “Também procuraram ocultar o livro de Provérbios, porque suas palavras contradiziam umas às outas”.

O livro de Provérbios é certamente, ou provavelmente, entendido como Escritura por Eclesiástico, 4 Macabeus, os Manuscritos do Mar Morto, Filon, a Carta aos Romanos, a Carta de Tiago, 1 Clemente e Josefo.

O livro tem respaldo farisaico, essênio e cristão.

 

Pseudepígrafos – Livros Rejeitados Por Todos:

Há uma quantidade colossal de escritos falsos e espúrios que merecem menção a esta altura, não porque alguém pudessem defender seriamente sua autoridade, mas porque representam efetivamente as crenças religiosas dos hebreus no período intertestamentário.

Os autores do Novo Testamento recorrem a vários desses livros: por exemplo Judas 14,15 faz uma possível citação do Livro de Enoque (1.9) e a Assunção de Moises (1.9); há uma alusão à penitência de Janes e Jambres em 2 Timóteo 3.8. É claro que é preciso lembrar que o Novo Testamento também cita os poetas pagãos Arato (At 17.28), Menander (1 Co 15.33) e Epimênedes (Tt 1.12). Verdade é verdade, não importa onde seja encontrada, quer seja por enunciada por um profeta pagão (Nm 24.17), quer mesmo por um animal idiota (22.28).

Contudo, é importante notar que nenhuma das fórmulas do tipo “está escrito” ou “as Escrituras dizem” está associadas a essas citações.

Deve-se observar também que nem os autores do Novo Testamento nem os pais da igreja consideravam esses livros canônicos.

Os livros pseudepigráficos são claramente espúrios e inautênticos em seu conteúdo de modo geral. Embora afirmem ter sido escritos por autores bíblicos, na verdade expressam fantasia e magia do período em torno de 200 a.C a 200 d.C)

A maior parte deles consiste em sonhos, visões e revelações no estilo apocalíptico de Ezequiel, Daniel e Zavarias.

Uma característica notável desses livros é que eles descrevem um futuro brilhante para o reino messiânico, além das questões relativas à criação, aos anjos, ao pecado, ao sofrimento e recompensas para os fiéis vivos.

Apócrifos:

Definição – apócrifos:

Grego clássico e helênico: A palavra apocrypha era usada para referir-se a alguma coisa “difícil de entender” ou “oculta”.

Grego Patrístico: Mais tarde, a palavra foi usada com a conotação de “esotérico”, isto é, algo compreendido somente por iniciados, ou por aqueles que participavam do círculos dos crentes.

Primeiros pais da igreja: Alguns dos primeiros pais, como, por exemplo, Irineu e Jerônimo, estavam entre os primeiros a aplicar a palavra Apocrypha à lista de livros não-canônicos, entre eles os pseudepigráficos.

Pós-Reforma. Desde o tempo da Reforma, o termo Apocrypha passou a significar “Apócrifos do Antigo Testamento”

 

Classificação Literária Em Relação Ao Seu Conteúdo:

Histórica: Esta matéria é, historicamente, a mais confiável do período. Há, contudo, tantos erros gritantes, que foi rejeitada como literatura inspirada:

1 Esdras: às vezes chamado 3 Esdras, porque na LXX, os livros canônicos de Esdras e Neemias são chamados Esdras A e B. A Vulgata chama o Esdras canônico, 1 Esdras, Neemias, 2 Esdras e este livro, 3 Esdras. Há ainda outro livro chamado 4 Esdras. Esta obra segue a narrativa bíblica de 2 Crônicas 35 até Esdras e Neemias. A seção 3.1- 5.6 supostamente é uma renarração da construção do templo. As narrativas históricas dos reis persas estão invertidas. Devido à semelhança com outros escritos, a data mais lógica da escrita é de 200 a 150 a.C.

 

1 e 2 Macabeus: Esta última obra refere-se aos sofrimentos dos judeus sob Antíoco (176 – 171 a.C). A outra (1 Macabeus) é mais extensa e é uma história dos judeus desde Antíoco até a morte de Simão (175-135 a.C). 1 Macabeus é a fonte primária para a história desse período. 2 Macabeus preocupa-se mais com a religião judaica do que com a história. Ambos foram escritos no final do segundo século ou no início do primeiro século antes de Cristo.

 

 

Ficção: Estas obras são o que seria denominado hoje ficção histórica. Esta ficção colocada numa estrutura histórica, era usada para propósitos didáticos. Era propaganda judaica para impressionar lições éticas, religiosas e patrióticas:

Tobias. Escrito este livro no final do terceiro ou início do segundo século antes de Cristo, supõe-se que os eventos ocorreram durante o oitavo século. Representa um alto tipo de piedade e ética judaica. É colocada ênfase na obediência final, sepultamento dos mortos, anjos, demônios e axiomas morais e éticos. A proeminência do ensino contra casamento misto também é observada. O autor não parece ser um judeu da Palestina. Ele descreve as variadas aventuras dos judeus no exílio como sendo um deles.

 

Judite. Esta obra retrata o patriotismo e devoção judaicos próprios. Provavelmente foi escrito por volta do início do segundo século antes de Cristo. O cenário é da época dos assírios, com Nabucodonosor sendo seu rei!

 

 

Epístola de Jeremias. Teve como finalidade expor a insensatez da idolatria durante a época da helenização dos judeus, tendo sido escrita por volta da mesma época de Tobias (225-175 a.C).

 

3 Macabeus. Enfatiza a providencia de Deus durante os tempos da perseguição sob os Ptolomeus do Egito. Relata como Ptolomeu foi miraculosamente repelido em seu esforço de entrar no Templo. Foi escrito por um judeu de Alexandria durante o primeiro século antes de Cristo.

 

Carta de Aristeas. Supostamente escrita por um gentio que ajudou a iniciar a tradução das Escrituras hebraicas para o grego. Ele elogia tudo o que é judaico. Foi escrita por volta da mesma época de 3 Macabeus, refletindo a filosofia judaico-alexandrina.

 

 

Gnômica (Sabedoria): Mesmos uma leitura casual do Antigo Testamento indicará que os autores se preocupam com o prático e o concreto. A literatura grega é mais teológica e está preocupada com ideias. Para o judeu, a sabedoria precisa realizar-se na conduta diária. Sua origem se encontra na sabedoria de Deus e não é, portanto, o resultado da especulação. A literatura de sabedoria deste período expressa uma crescente amalgamação do fundo histórico judaico e grego, à medida que os judeus estavam gradualmente assimilando a helenização dos tempos.

Eclesiástico ou A sabedoria de Jesus, o filho de Siraque. Um manual de conduta para promover um viver superior. No prólogo é apresentada informação que possibilita datar-se o livro bem precisamente entre 190-170 a.C. Aproxima-se do livro canônico de Provérbios, quanto ao conteúdo.

 

Testamento dos doze patriarcas. Hagadaico em seu caráter, foi escrito durante a época de João Hicarno I, quando ele estava tendo problema com os fariseus. Há doze seções, uma devotada a cada um dos patriarcas. O interesse principal é ético e semelhante ao Novo Testamento, em seu tom.

 

 

Sabedoria de Salomão. Refletindo a filosofia alexandrina, este livro foi escrito entre 100 e 50 a.C. Os primeiros capítulos são os mais interessantes, em toda a literatura do período. Um escrito de grande percepção espiritual, envolvido no conflito entre a realidade cotidiana e o judaísmo. O propósito do livro parece ser igualmente didático e evangelístico.

Salmos de Salomão: Uma coletânea de dezoitos salmos, refletindo o judaísmo farisaico do primeiro século antes de Cristo. O mais importante é o décimo sétimo, para o estudo do Novo Testamento, pois é messiânico. O propósito foi verificar a crescente helenização e corrigir o judaísmo literal.

 

Livro dos Jubileus. Um documento do segundo século a.C., da autoria de um fariseu, para exaltar a lei. A forma é midrássica (comentário corrido) do Antigo Testamento.

 

Oráculos Sibilinos.  Reminiscências fragmentárias de ditos supostamente divinos, através de médiuns chamados sibilos. Reunidos para propaganda judaica de 300 a.C a 150 d.C. Os elementos judaicos são encontrados no Livro 3 e consistem de um resumo da história judaica, destino dos ímpios, tempo do fim e o mundo por vir.

 

4 Macabeus. Construindo sobre o material contido em 2 Macabeus o autor representa um diatribe contra o imperador romano Calígula, quando ele conduziu uma perseguição dos judeus em Alexandria. Mostrando uma forte influência grega, o escritor mostra o poder da razão inspirada (recebida através de um estudo da lei) sobre a paixão. Quase estóico em seu conteúdo.

 

Oração de Manassés. Reflete a verdadeira piedade dos fariseus por volta da época de Jonatã (150 a.C). Ênfase sobre valores morais e espirituais reais, e não sobre deveres artificiais ou legalísticos.

 

Assunção de Moisés. Estilo de 1 Baruque, mas um pouco anterior, 20-25 d.C.

 

Livro de Baruque. Às vezes denominado 1 Baruque, para distingui-lo do Apocalipse de Baruque (ou 2 Baruque). Supostamente escrito pelo secretário de Jeremias como uma profecia, lamenta a queda de Jerusalém após a Guerra Judaico-Romana de 66-70. O livro trata das razões da queda de Jerusalém e da esperança por sua restauração.

 

Adições ao Livro de Daniel. Estas adições ao Daniel canônico são encontradas na Septuaginta e no Antigo Testamento Aramaico. Escritas por volta de 100 a.C., refletem as perseguições dos fariseus desde o tempo de Antíoco Epifânio. “A oração de Azarias e o Cântico das Três Crianças Hebréias” ensinam que Jeová é o campeão particular de Israel contra seus inimigos. “Susana” ilustra a necessidade e o valor do interrogatório contraditório e do castigo das falsas testemunhas. “Bel e o Dragão” mostra a unidade e independência de Jeová, o absurdo da idolatria e a supremacia do monoteísmo.

 

Adições ao Livro de Ester. Um produto do farisaísmo judaico da época das adições ao livro de Daniel. Numa tentativa de tornar o livro canônico mais religioso, o nome de Deus é introduzido no texto, dando-se detalhes precisos no lugar de declarações resumidas.

 

Gênero Apocalítico: O aparecimento da literatura apocalíptica ocorreu quando a escatologia judaica (conteúdo da mensagem) uniu-se com mito judaico (forma da mensagem) durante uma época de perseguição (propósito da mensagem).

Características Da Literatura Apocalíptica:

Características Gerais:

Ela sempre possuía significação histórica.

De autoria pseudônima.

Uso liberal de visões.

Um forte elemento preditivo.

Altamente simbólica.

Dramático.

Uma defesa radical do povo para o qual foi escrito.

Ela reflete os ideais e esperanças mais altos do judaísmo.

Intensamente messiânica e profundamente profética.

Comumente olhada como “tratado para tempos difíceis”, essa literatura tentou responder a perguntas sobre por que o povo de Deus sofre.

Completamente futurista em seu ponto-de-vista, as visões e profecias são gerais, ao invés de específicas.

Para proteger tanto o autor como os leitores, a obra era geralmente escrita no nome de um dos homens famosos do Antigo Testamento.

 

Quanto à forma:

Era pseudônima.

Simbólica.

Mitológica.

Cósmica em seu escopo.

Alegórica.

Visionária.

 

Quanto ao conteúdo:

Deterministas.

Escatológica.

Pessimista acerca da história.

Dualística.

Transcendental.

Continha um mínimo de ensinos éticos e morais.

 

Quanto à função:

Respondia a perguntas de um povo perseguido.

Trata da justiça de Deus e do sofrimento do homem.

Muito nacionalista em seu escopo.

Tentava explicar algumas das passagens obscuras da Escritura Sagrada.

 

Livros apocalípticos:

O livro de Enoque: Comumente chamado Enoque Etiópico, para distingui-lo de O Segredos de Enoque (ou Enoque Eslavônico). Este é o mais importante de todos os apocalipses. De toda a literatura deste período, somente esta é citada em o Novo Testamento (Jd 14,15). Há três versões: grega, latina e etiópica. Apenas a etiópica é completa. Contendo 108 capítulos, o livro foi escrito entre 200-64 a.C. Seu propósito foi encorajar os fiéis e predizer a queda dos inimigos de Israel. A maioria dos estudiosos concorda que este é o livro mais desafiador e gratificante fora do cânon. Há muita coisa nele que leva a uma compreensão da teologia do Novo Testamento, e muita coisa que o mantém fora do cânon. Contudo, a popularidade deste livro presta-se a um importante estudo, que não pode ser encontrada no Antigo Testamento.

 

O Livro dos Segredos de Enoque. Também conhecido como 2 Enoque ou Enoque Eslavônico. Provavelmente escrito entre 30 a.C e 50 a.C. por um judeu alexandrino, para familiarizar seus patrícios no Egito com as ideias apocalípticas do judaísmo padrão. O autor faz uso de Enoque Etiópico, Eclesiástico, Baruque e outras literaturas apócrifas, bem como do Antigo Testamento canônico. Ele é importante, porque demonstra um tipo de helenização do apocalíptico judaico.

 

O segundo livro de Baruque. Reflete o ponto de vista religioso do judaísmo do Templo de Salomão. Mais provavelmente escrito em seguida à destruição do Templo de Herodes. Escrito para responder à pergunta acerca do sofrimento humano e dos problemas fundamentais na relação do homem com Deus. Seguindo-se ao Enoque Etiópico, este é o mais importante para os estudos do Novo Testamento.

 

Os Livros de Adão e Eva. Escrito durante o primeiro quartel do primeiro século da era Cristã. Farisaico e nacionalista em seu panorama, prevê a vinda do Messias para breve, quando todo o Israel se arrependeria. Judas 9 é uma referência a este livro. Reflete o fariseu do “centro do caminho”, o judeu ortodoxo.

 

Apócrifos – Prós E Contra:

Argumentos A Favor:

O Novo Testamento reflete o pensamento dos Apócrifos e até faz referência a eles.

O Novo Testamento geralmente cita o Antigo Testamento grego, a Septuaginta (LXX), que continha os Apócrifos.

Alguns dos primeiros pais da igreja citaram e usaram os Apócrifos como Escrituras em cultos públicos.

Alguns dos primeiros pais da igreja aceitaram a canonicidade de todos os livros apócrifos: por exemplo, Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria.

A cena da catacumba retrata episódios dos Apócrifos, mostrando que era parte da vida religiosa dos primeiros cristãos.

Os importantes manuscritos gregos interpõem os Apócrifos entre os livros do Antigo Testamento.

A igreja siríaca os aceitava no século 4.

Agostinho e os concílios que ele influenciou em Hipona (393) e presidia em Cartago (397) os aceitaram.

A Igreja Ortodoxa Oriental os aceita.

A Igreja Católica Romana proclamou sua canonicidade no Concílio de Trento (1546).

Os livros apócrifos foram mantidos nas Bíblias Protestantes até o século 19.

Alguns livros apócrifos escritos em hebraico foram encontrados entre outros livros do Antigo Testamento na comunidade do Mar Morto, em Qumran.

 

Argumentos Contrários:

Pode haver alusões no Novo Testamento aos apócrifos, mas não há citações claras nele desses livros. Em todo caso, o Novo Testamento jamais se refere a quaisquer dos catorze ou quinze livros apócrifos como se fossem imbuídos de autoridade ou canônicos.

Não se sabe com certeza se o Antigo Testamento grego, a Septuaginta (LXX), do século 1, continha os Apócrifos. Os manuscritos gregos mais antigos que os continham data do século 4 d.C. Mesmo que estivessem na LXX dos tempos apostólicos, Jesus e os apóstolos deixaram implícita a opinião que tinham deles ao não citá-los uma única vez, embora acredite-se que tenham sido incluídos na versão do Antigo Testamento que citavam.

As citações dos pais da igreja em prol da canonicidade dos Apócrifos devem ser examinadas com cuidado. Conforme observa Beckwith “Quando analisamos as passagens dos primeiros pais da igreja que, supostamente estabelecem a canonicidade dos Apócrifos, descobrimos que algumas delas são extraídas de outro texto grego de Esdras (1 Esdras), ou de adições ou apêndices a Daniel, Jeremias ou de algum outro livro canônico, os quais [...] não são realmente importantes; e que, dos que são, muitos não dão indicações dos Apócrifos de forma alguma; e que, são muitos não dão indicação de que o livro seja considerado Escritura.” – Beckwith

Embora algumas pessoas da igreja antiga tivessem os apócrifos em alta conta, nenhum concílio geral da igreja, durante os primeiros quatro séculos, os defendeu, e houve muitas pessoas que se opuseram de forma veemente aos Apócrifos, como Atanásio, Cirilo de Jerusalém, Orígenes e Jerônimo.

As cenas da catacumbas não provam a canonicidade dos livros cujos acontecimentos retratam. Essas cenas não necessariamente indicam algo além da importância religiosa que os acontecimentos representados tinham para os cristãos antigos.

Nenhum dos grandes manuscritos gregos contêm todos os livros apócrifos. Na verdade, somente quatro deles (Tobias, Judite, Sabedoria e Eclesiástico) estão presentes em todos, e o mais antigo (Vaticanus) exclui totalmente os livros de Macabeus. Além disso, nenhum manuscrito grego tem a lista exata dos Apócrifos aceitos pelo Concílio de Trento (1545-1563)

A Igreja Siríaca só inclui esses livros no século 4 d.C. No século 2 d.C., a Bíblia síria (Peshita) não continha os Apócrifos.

Agostinho foi a única voz importante da Antiguidade que reconheceu os Apócrifos. Contudo, sua opinião carecia de fundamentos por diversos motivos:

Jerônimo, seu contemporâneo, uma autoridade bíblica superior a Agostinho, rejeitou os Apócrifos;

Agostinho admitia que os judeus rejeitavam esses livros;

Agostinho acreditava que os livros apócrifos deviam estar na Bíblia por causa de sua menção “do sofrimento extremo e magnífico de certos mártires”. Contudo, se pensarmos dessa forma, o Livro dos mártires de Foxe também deveria estar no cânon.

Agostinho rejeitou um livro porque não fora escrito por um profeta, no entanto aceitou os livros apócrifos que, na verdade, negam ser escritos proféticos (1 Mc 9.27).

Agostinho acolheu os Apócrifos porque, aparentemente, estariam associados à sua crença equivocada na inspiração da Septuaginta (LXX), da qual faziam parte.

A Igreja Grega nem sempre aceitou os Apócrifos, tampouco sua posição atual é inequívoca. Nos Sínodos de Constantinopla (1638), Jafa (1642) e Jerusalém (1672), esses livros foram declarados canônicos. Contudo em fins de 1839, seu Catecismo Maior omitia expressamente os Apócrifos com a justificativa de que não constavam da Bíblia Hebraica.

O Concílio de Trento (1545-1563) foi a primeira proclamação oficial da Igreja Católica Romana sobre os Apócrifos, e esse reconhecimento veio um milênio e meio depois que os livros foram escritos, numa óbvia ação de refutação do protestantismo. Além disso, a inclusão de livros que endossam a salvação por obras e orações pelos mortos naquela época – apenas 29 anos depois de Lutero divulgar suas 95 teses – é extremamente suspeito.

Os livros apócrifos estavam incluídos na Bíblia protestantes antes do Concílio de Trento e eram geralmente colocados numa seção à parte porque não desfrutavam da mesma autoridades dos demais. Até mesmo estudiosos católicos romanos, durante o período da Reforma faziam distinção entre os Apócrifos e o cânon. O cardeal Ximenes fez essa distinção em sua Poliglota Complutense (1514-1517) às véspera da Reforma. O cardeal Cajetan, que se opôs a Lutero em Augsburgo, em 1518, publicou em 1532 um comentário sobre todos os livros históricos autênticos do Antigo Testamento que não incluía os Apócrifos. Lutero manifestou-se contra os Apócrifos em sua Bíblia publicada em 1543, deslocando-os para o final dela.

As descoberta de Qumran não consistiam somente nas Bíblias da comunidade, mas também em sua biblioteca de fragmentos de centenas de livros. Entre eles havia alguns livros apócrifos do Antigo Testamento. O fato de que não foi encontrado nenhum comentário sobre os Apócrifos, e que somente foram achados livros canônicos, e não apócrifos, no pergaminho e no tipo de letra especiais, é sinal de que os Apócrifos não eram considerados canônicos pela comunidade de Qumran.

Todos os argumentos apresentados a favor da canonicidade dos livros apócrifos somente provam que esses livros desfrutaram de graus variados de estima e reconhecimento geralmente aquém da canonicidade plena, até que a Igreja Católica Romana se pronunciou oficialmente em prol de sua canonicidade no Concílio de Trento. Esse reconhecimento tardio está bem distante do apoio inicial e constante conferido aos 39 livros do Antigo Testamento. Portanto, os argumentos contundentes em prol da rejeição dos Apócrifos como integrantes do cânon configuram uma evidência convincente de que esses livros não foram expirados por Deus.

Durante cerca de 1.500 anos, os Apócrifos não foram aceitos como livros canônicos pelo povo de Deus. Então, em 1546, somente 29 anos depois que Lutero divulgou suas 95 teses, o Concílio de Trento elevou os Apócrifos, ou melhor, a parte deles que favorecia a posição do Concílio, ao nível de Escrituras inspiradas, dizendo:

“O Sínodo [...] recebe e venera [...] todos os livros (incluindo os Apócrifos) tanto do Antigo quanto do Novo Testamento – considerando que um único Deus é o Autor de ambos [...] como ditados, ou pela própria palavra de Cristo, ou pelo Espírito Santo [...]. Se alguém não recebe como sagrados e canônicos os referidos livros inteiramente em todas as suas partes, conforme usados para leitura na Igreja Católica [...] que seja anátema”

Essa posição foi reafirmada pelo vaticano I e Vaticano II.

 

Testemunho Da Antiguidade Contra A Aceitação Dos Apócrifos.

Fílon, filósofo judeu de Alexandria (20 a.C – 40 d.C), citou prolificamente o Antigo Testamento e até reconheceu a classificação tripartite dos livros, mas jamais fez citações dos Apócrifos como inspirados.

Josefo (30 – 100 d.C): Historiador judeu, exclui explicitamente os Apócrifos e afirma que são 22 os livros do Antigo Testamento. Também não cita os Apócrifos como Escrituras.

Jesus e os autores do Novo Testamento jamais citaram uma única vez os Apócrifos, embora haja centenas de citações e referências a praticamente todos os livros canônicos do Antigo Testamento.

Os estudiosos judeus de Jâmnia (90 d.C) não reconheceram os Apócrifos.

Nenhum cânon ou concílio de igreja cristã reconheceu a inspiração dos Apócrifos durante quase quatro séculos.

Muitos dos ilustres pais da igreja antiga se manifestaram contra os Apócrifos: por exemplo, Orígenes, Cirilo de Jerusalém e Atanásio.

Jerônimo (340 – 420), o grande erudito e tradutor da Vulgata Latina, rejeitou a canonicidade dos Apócrifos. Jerônimo afirmou que a igreja os lê “para exemplo de vida e instrução de costumes”, mas não os “aplica para o estabelecimento de qualquer doutrina”. Ele contendeu com Agostinho do outro lado do Mediterrâneo a respeito desse ponto. A princípio, Jerônimo recusou-se até mesmo a traduzir os livros apócrifos para o latim, mas posteriormente fez a tradução apressada de alguns deles. Depois de sua morta, e “por cima do seu cadáver”, os Apócrifos foram introduzidos na sua Vulgata Latina diretamente da versão em latim antigo.

Muitos especialistas católicos romanos rejeitaram os Apócrifos até o período da Reforma.

Lutero e os reformadores rejeitaram a canonicidade dos Apócrifos.

Só em 1546, numa atitude polêmica do Concílio de Trento (1545-1563) que fazia parte da Contrarreforma, os livros apócrifos receberam pleno reconhecimento de status canônico pela Igreja católica Romana.

 

A Aceitação Dos Apócrifos Pelo Concílio De Trento É Suspeita Porque:

Foi usada contra Lutero em prol da posição católica romana (ex.: 2 Mc 12.45,46, que aprova a oração pelos mortos). Mais tarde, o Concílio acrescentou os Apócrifos numa tentativa delineada pela Contrarreforma para refutar Lutero.

Nem todos os Apócrifos foram aceitos. Somente onze dos catorze livros o foram, e um desses omitidos (2 Esdras) é contrário à oração pelos mortos (cf. 7.105).

 

Argumentos Favoráveis À Aceitação Do Cânon Palestinense. O Cânon verdadeiro é o Palestinense. Era o cânon de Jesus, de Josefo e de Jerônimo e, nesse sentido, é o cânon com maior número de testemunhos abalizados anteriores ao tempo de Cristo até os dias de hoje.

Alguns dos livros extras contêm ensinos que são não bíblicos ou são heréticos. Duas das principais doutrinas que suscitaram polêmica durante a Reforma encontram respaldo nos Apócrifos: orações pelos mortos (2 Mc 12.45,46) e salvação pelas obras (Tb 12.9). Os livros canônicos da Bíblia opõem-se à oração pelos mortos (Hb 9.27; Lc 16.25,26; 2 Sm 12.19). São também fortemente contrários à salvação pelas obras (Gn 15.6; Rm 4.5; Gl 3.11).

Algumas histórias apócrifas são extrabíblicas e fantasiosas. A história de Bel e o Dragão é um exemplo disso. Na história, os sacerdotes pagãos de Bel tentam enganar Daniel usando um alçapão que lhes permitia entrar e consumir o alimento oferecido a Bel para provar que Bel era um “Deus vivo” que “come e bebe todos os dias” (v.6). Portanto, para auxiliar o “Deus vivo”, Bel “à noite, como de costume, os sacerdotes vinham com suas esposas e filhos e comiam e bebiam tudo” (v.15). Pode-se ouvir o mesmo eco de inautenticidade em outros livros lendários, como Acréscimo a Ester, Oração de Azarias, Susana, bem como Tobias e Judite.

Boa parte do ensino dos Apócrifos é sub-bíblico e, às vezes, até imoral. Judite foi, supostamente, auxiliada por Deus num ato de falsidade (Jt 9.10,13), e tanto Eclesiástico quanto Sabedoria ensinam uma moralidade baseada na conveniência. Além dessa moralidade inferior, pode-se observar a natureza sub-bíblica dos Apócrifos em seus erros históricos e cronológicos.

Diz-se que Tobias estava vivo quando os assírios conquistaram Israel (722 a.C), bem como quando da revolta de Jeroboão contra Judá (931 a.C). Contudo seu tempo de vida foi somente 158 anos (Tb 14.11; cf. 1.3-5).

Judite afirma que Nabucodonosor reinou em Nínive, e não na Babilônia (Jt 1.1.).

“Os livros de Tobias e Judite e são cheios de erros geográficos, cronológicos e históricos, o que basta não só para dirimir a verdade das narrativas que apresentam, mas também para colocar em dúvida se o restante dos livros foi baseado em fatos” – William H. Green

A maior parte dos Apócrifos do Antigo Testamento foi escrita durante o judaísmo pós-bíblico, no período intertestamentário. De acordo com Josefo, os profetas escreveram de Moisés a Artaxerxes a acrescenta: “É verdade que nossa história foi escrita minunciosamente desde Artaxerxes, mas não foi considerada da mesma autoridade que a anterior de nossos antepassados, porque não houve uma sucessão exata de profetas desde então”. O Talmude acrescenta um pensamento semelhante quando registra: “Depois dos profetas posteriores Ageu, Zacarias [...] e Malaquias, o Espírito Santo abandonou Israel”. Como os livros apócrifos foram escritos muito tempo depois da época de Artaxerxes (nos dias de Malaquias, 4000 anos a.C), isto é, depois de cerca de 200 a.C., não poderiam ser considerados inspirados. Não só o Talmude confirma essa conclusão, como também os livros canônicos do Antigo Testamento o deixam implícito (veja Zc 1.5; Ml 4.5), assim como fazem algumas declarações dos próprios Apócrifos. Na realidade, não há declaração alguma nos Apócrifos de que são Palavra de Deus. Às vezes, afirma-se que Eclesiástico 50.27-29 reivindica inspiração divina, porém um exame mais minucioso da passagem indica que é iluminação, e não inspiração, o que o autor afirma ter.

Por fim, todos os livros apócrifos não são bíblicos ou não canônicos, porque nenhum deles jamais foi aceito pelo povo de Deus como o foram os livros canônicos. Para que um livro seja canônico, precisa satisfazer os testes de canonicidade:

O livro foi escrito por um “profeta” de Deus? Não há afirmações nem prova de que tenha sido.

Seu autor foi confirmado por um ato de Deus? Como os Apócrifos não foram escritos por profetas (1 Mc 9.27), obviamente não foram reconhecidos de modo sobrenatural por Deus.

O livro manifestava o poder de Deus? Não há nada de transformador nos livros apócrifos. Sua verdade não é arrebatadora, exceto pelo fato de que é uma repetição da verdade canônica de outros livros.

O livro apresenta a verdade sobre Deus, sobre o homem etc.? Como mencionado acima, há contradições, erros e até heresias nos Apócrifos. Esses livros não passam no teste da verdade canônica.

O livro foi aceito pelo povo de Deus? Não houve aceitação contínua ou universal desses livros pela igreja de Deus.

 

Valor dos Apócrifos: Embora os Apócrifos não disponha de lugar no cânon dos livros inspirados, não se pode desprezá-los como se não tivessem valor algum:

Para alguns como Jerônimo e Rufino (410 d.C), os Apócrifos são um tipo de cânon “eclesiástico” contendo livros a ser preservados, lidos e usados pela igreja.

Para muitos, serviram como uma espécie de cânon “homilético” ou “devocional” aos quais muitos pais da igreja recorreram em busca de iluminação para a vida, para a arte e para a pregação.

Quase todos concordam que os Apócrifos têm algum valor histórico. São uma fonte muito importante de informação sobre a história e a religião da Igreja judaica no período intertestamentário.

Contudo, provavelmente é ir longe demais dar aos Apócrifos um status semicanônico, como o fez a Igreja da Inglaterra, ou quase canônico, como o fez a Igreja Ortodoxa Oriental. Seja qual for o lugar concedido a eles abaixo desse nível, é evidente que não fazem parte do cânon teológico, o único que deve ser usado para fé e prática.