A ESTRUTURA E CÂNON DA BÍBLIA
A Principal Divisão: São duas: Antigo Testamento e Novo Testamento.
Testamento: O título Antigo Testamento foi primeiramente aplicado aos 39 livros das Escrituras Hebraicas, por Tertuliano e Orígenes.
A palavra “testamento”, nas designações Antigo Testamento e Novo Testamento, tem sua origem no vocábulo latim testamentum e, no grego diathéke, cujo significado, na maioria de suas ocorrências na Bíblia grega, é “concerto”. Em Jeremias 31.31, foi profetizado um novo concerto que iria substituir aquele que Deus fez com Israel no deserto (Êx 24.7-8). Lemos em Hebreus 8.13: “Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro”. Os escritores do Novo Testamento vêm o cumprimento da profecia do novo concerto na nova ordem inaugurada pela obra de Cristo. Suas próprias palavras, ao instruir esse concerto (1 Co 11.25), dão autoridade a esta interpretação. Os termos Antigo Testamento e Novo Testamento, nomeados para as duas coleção de livros da Bíblia, entraram no uso geral entre os cristãos na última parte do século 2º. Tertuliano traduziu o vocábulo grego diathéke para o termo latim instrumentum (um documento legal) e, também, por testamentum. Infelizmente, foi a última palavra que vingou, considerando-se que as duas partes da Bíblia não são “testamentos” no sentido ordinário do termo.
Antigo Testamento (2 Co 3.14): No primeiro caso, o termo “testamento” traduz o hebraico berith, cujo sentido é “pacto ou aliança”. O termo é usado para indicar o pacto divino com o povo de Israel.
Novo Testamento (1 Co 11.25): No segundo, a palavra “Novo Testamento” está ligada diretamente com a expressão a Santa Ceia do Senhor. Em 2 Coríntios 3.6, encontramos a frase: “Novo Testamento” com o sentido de “novo concerto”, que quer dizer: o concerto feito por Cristo por meio de sua morte na cruz para salvação dos pecadores e justificação dos justos nessa nova dispensação. Paulo declara que agora “... estamos livres da lei, pois morremos para aquilo que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra”. Em outra passagem de 2 Coríntios 3.6, Paulo declara: “... a letra mata”. Em ambas as passagens isso se referia ao Antigo Testamento, sem a morte de Cristo. Com sua morte na cruz, a lei foi abolida, mas as promessas de Deus, feita no decorrer dos séculos, inseridas no Antigo Testamento, foram vivificadas. Assim, por meio de Cristo, tudo se fez novo. Hebreus 10.16, fala do Novo Concerto que Deus faria com o seu povo, em sentido geral.
A Divisão Dos Livros Na Bíblia Hebraica:
A Lei – Torá: Comumente chamada “Pentateuco” essa é composta por cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio.
Os Profetas – Nebhiim:
Os “primeiros profetas”: Compreendendo Josué, Juízes, Samuel e Reis;
Os “Últimos Profetas”: Formados por Isaías, Jeremias, Ezequiel e “Livro dos doze profetas”.
Os Escritos - Kethbhim: Contém o restante dos livros:
Salmos, Provérbios, Jó.
Os “Cinco Rolos”: Eram assim chamados de serem separados, lidos anualmente em festas distintas:
Cântico dos cânticos: Na Páscoa, em alusão ao Êxodo.
Rute, no Pentecoste, na celebração da colheita, em seu início.
Lamentações de Jeremias: No mês de Abibe, relembrando a destruição de Jerusalém pelos babilônicos.
Eclesiastes: Na festa dos Tabernáculos – festa de gratidão pela colheita.
Ester: Na festa do Purim, comemorando o livramento de Israel da mão do mau Hamã.
Os Livros Históricos: Daniel, Esdras-Neemias e Crônicas.
Esta divisão em três partes da Bíblia hebraica está de acordo com as palavras de Jesus, que disse: “São estas as palavras que vos disse, estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44).
Mais comumente, o Novo Testamento refere-se “à Lei e aos Profetas” (Mt 7.12) ou “a Moisés e aos Profetas” (Lc 16.29).
O Antigo Testamento.
O Pentateuco. 5 livros de Gênesis a Deuteronômio. Tratam da Criação e da Lei.
Os cinco livros de Moisés receberam esse nome comum, o Pentateuco.
Os Livros Históricos. 12 livros – de Josué a Ester. Contém a história do povo escolhido: Israel.
Os Livros Poéticos. 5 livros – de Jó a Cantares. São chamados poéticos devido ao gênero do seu conteúdo e não por outra razão.
Os Livros Proféticos. 17 livros – de Isaías a Malaquias, esses 17 livros estão subdivididos em dois grupos:
Profetas Maiores. 5 livros – de Isaías a Daniel.
Profetas Menores. 12 livros – de Oséias a Malaquias.
Os nomes “maiores” e “menores” referem-se ao volume de matéria dos livros e extensão do ministério profético.
O Novo Testamento.
Biografia: São os quatro Evangelhos. Descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e o seu glorioso ministério entre os homens. Os três primeiros são chamados Sinóticos devido ao paralelismo que apresentam. O número quatro nos Evangelhos fala também de sua universalidade, por serem quatro os pontos cardeais.
História: É o livro de Atos dos apóstolos. Registra a história da igreja primitiva, seu viver e agir. O livro mostra que o segredo do progresso da Igreja é a plenitude do Espírito Santo nas vidas.
Doutrinas: São 21 livros chamados Epístolas ou Cartas; Vão de Romanos a Judas. Umas são dirigidas a igrejas, outras a indivíduos. As 7 que vão de Tiago a Judas, são chamadas universais ou gerais.
Profecia: É o livro de Apocalipse. Esta palavra significa revelação. Trata da volta pessoal do Senhor Jesus à terra, isto é, sua revelação pessoal, sua manifestação visível. O Apocalipse é o inverso do livro de Gênesis. Lá narra como tudo começou; aqui, como tudo findará.
Outras Informações:
Os primeiros documentos do Novo Testamento a serem escritos foram as epístolas do apóstolo Paulo. E essas cartas possivelmente. Com a epístola de Tiago, foram compostas entre os anos 48 e 60 d.C., antes mesmo que o mais antigo dos evangelhos fosse redigido.
A Divisão Em Capítulos.
São 1.189, sendo 929 no Antigo Testamento e 260 no Novo Testamento.
O maior capítulo é o Salmo 119; e o menor é o Sal o 117.
Foi dividida em capítulos em 1250 d.C., por Hugo de Saint Cher, abade dominicano, estudioso das Escrituras.
A Divisão Em Versículos.
São 31.173, sendo 23.214 no Antigo Testamento e 7.959 no Novo Testamento.
Foi dividida em versículos em duas etapas: O Antigo Testamento em 1445 pelo Rabi Nathan; o Novo Testamento em 1551 por Robert Stevens, um impressor de Paris.
A primeira Bíblia a ser publicada inteiramente dividida em capítulos e versículos foi a Bíblia de Genebra, em 1560.
É de suma importância que o aluno compreenda que essas divisões não faziam parte dos textos originais; ou seja, não foram inspiradas, servem a propósitos didáticos, a fim de facilitar o estudo, o manuseio da Bíblia.
Diversidade De Conteúdo: Os livros da Bíblia apresentam um conteúdo variado, incluindo, por exemplo, narrações históricas, genealogias, escritos filosóficos, porções de poemas heroicos, narrações romanceadas, profecias, sermões, textos legais, poemas e orações, um canto de amor perfeito e cartas ou epístolas gerais; Ela, portanto, torna-se única: na sua coerência; em sua circulação; tradução; sobrevivência; nos seus ensinos na sua influência sobre a literatura; na sua composição.
O Entrelaçamento: Tem sido observado que o Novo Testamento encontra-se entrelaçado como Antigo e vice-versa, o que os torna inseparáveis.
Há 1.040 cotações e referências do Antigo Testamento no Novo Testamento.
Cada escritor no Novo refere-se ao Antigo.
Somente este escritores do Antigo Testamento não são citados textualmente no Novo, mas existe menção de suas ideias. São eles: Esdras, Neemias, Ester, Eclesiastes, Cantares, Naum e Obadias.
Em Mateus só dois capítulos não fazem referência ao Antigo Testamento.
No total, 26 capítulos não se referem ao Antigo Testamento. Assim, as Escrituras são proféticas e se completam em cada detalhe!
O CÂNON DA BÍBLIA
Cânon ou Escrituras canônicas é a coleção completa dos livros divinamente inspirados, que constituem a Bíblia. O emprego do termo cânon foi primeiramente aplicado aos livros da Bíblia por Orígenes (185-254 d.C)
Definições:
Etimologia:
A palavra “cânon” vem de uma palavra grega que significa “vara de medida”. Desde o século IV d.C esse termo tem sido empregado em círculos cristãos para designar a lista oficial dos livros que formam a Bíblia como regra de fé e prática para o povo de Deus. Estes livros passaram por certos testes, e por isso, foram considerados autorizados e canônicos, e essa coleção de livros canônicos passou a ser nossa regra de vida.
Significa literalmente “vara de medir”, assim como uma régua de carpinteiro, e eventualmente significava “padrão”. No Antigo Testamento, o termo aparece no original em passagens como Ezequiel 40.5: “Vi um muro exterior que rodeava toda a casa e, na mão do homem, uma cana de medir”.
Padrão, Regra De Procedimento, Critério, Norma: Como o nosso cânon sagrado, a Bíblia arvora-se como a única regra de fé e conduta daqueles que a têm como a infalível Palavra de Deus. Em termos mais técnicos, podemos definir assim o cânon sagrado: Coleção de livros reconhecidos pela Igreja Cristã como divinamente inspirados por Deus.
No Sentido Religioso: Cânon não significa aquilo que mede, mas aquilo que serve de norma, regra, conforme aparece com este sentido:
Em Gálatas 6.16: “E a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus”.
Em 2 Coríntios 10.13: “Nós, porém, não nos gloriemos sem medida, mas respeitamos o limite da esfera de ação que Deus nos demarcou e que se estende até vós”.
Em 2 Coríntios 10.15: “Não nos gloriamos fora de medida nos trabalhos alheios, e tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos sobremaneira engrandecidos entre vós, dentro da nossa esfera de ação”
Em Filipenses 3.16: “Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos”.
Originalmente a palavra “cânon” era usada para denotar o que chamamos de “regra de fé”, o padrão que usamos para medir e avaliar. Posteriormente significou uma “lista” ou ‘índex”. A palavra “cânon” aplicada às Escrituras significa “uma lista de livros oficialmente aceita”.
Considerações Fundamentais.
A Bíblia é auto-autenticável e os concílios eclesiásticos só reconheceram (não atribuíram) a autoridade inerente nos próprios livros.
Deus guiou os concílios de modo que o cânon fosse reconhecido.
O Cânon Da Bíblia.
O Cânon Do Antigo Testamento:
Definição:
Os 39 livros reunidos pelos judeus e reconhecidos de modo geral, à época de Cristo, como dotados de autoridade.
Coleção das obras que dão nome ao Antigo Testamento. Reconhecidas formal e expressamente pela comunidade judaica e pela Igreja Cristã como divinamente inspiradas.
Desenvolvimento Do Cânon:
A coleção mais antiga das palavras de Deus em forma escrita eram os Dez Mandamentos (Êx 31.18).
Moisés acrescentou outros textos para serem colocados ao lado dos Dez Mandamentos (Dt 31.24-26).
Josué adicionou outros escritos à coleção (Js 24.26).
Samuel acrescentou através da escrita palavras da parte de Deus (1 Sm 10.25).
Esse livro já era bem conhecido 400 anos mais tarde (2 Rs 22.8-20).
Os profetas escreveram num livro (Jr 36.32; Zc 1.4; 7.7-12).
Do mesmo modo Isaías fez 2 Cr 26.22; Is 1.1. Isaías, fala do “livro do Senhor” (Is 34.16) e “palavra do livro” (Is 29.18). São referências às Escrituras na sua formação.
Em 726 a.C., os Salmos já eram cantados (2 Cr 29.30).
Jeremias recebeu instruções do próprio Deus para escrever (Jr 30.2).
No tempo do rei Josias (621.C), Hilquias achou o “Livro da Lei” (2 Rs 22.8-10).
Daniel (553 a.C) refere-se aos “livros” (Dn 9.2). Eram os rolos sagrados das Escrituras de então.
Zacarias (520 a.C) declara que os profetas que o precederam falaram da parte do Espírito Santo (7.12). Não há aqui referência direta a escritos, mas há inferência. Zacarias foi o penúltimo profeta do Antigo Testamento, isto é, profeta literário.
Esdras leu o livro de Deus em público (Ed 7.6; Ne 8.5).
Nos dias de Ester, o Livro estava sendo escrito (Et 932).
Neemias, nos seus dias (445 a.C), achou o livro das genealogias dos judeus que haviam regressado do exílio (7.5); certamente havia outros livros.
Não houve mais acréscimos ao cânon do Antigo Testamento após o ano de 435 a.C.
Alguns afirmam que todos os livros do Antigo Testamento foram reunidos e reconhecidos sob a liderança de Esdras (quinto século).
Esdras, contemporâneo de Neemias, foi hábil escriba da lei de Moisés, e leu o livro do Senhor para os judeus já estabelecidos na Palestina, de regresso do cativeiro babilônico (Ne 8.1-5).
Conforme 2 Macabeus e outros escritos judaicos, Esdras presidiu a chamada Grande Sinagoga, que selecionou e preservou os rolos sagrados, determinado, dessa maneira, o cânon das Escrituras do Antigo Testamento (Ed 7.10,14).
Essa grande Sinagoga era um conselho composto de 120 membros que se diz ter sido organizado por Neemias, cerca de 410 a.C., sob a presidência de Esdras. Foi essa entidade que reorganizou a vida religiosa nacional dos repatriados e, mais tarde, deu origem ao Sinédrio, cerca de 275 a.C.
Encontramos profeta citando outro profeta, do que se infere haver mensagem escrita (Mq 4.1-3; Is 2.2-4).
Filo, escritor de Alexandria (30 a.C – 50 d.C) possuía todo o cânon do Antigo Testamento. Em seus escritos ele cita quase todo o Antigo Testamento.
O Novo Testamento se refere ao Antigo Testamento como Escritura (Mt 23.35) – A expressão de Jesus equivaleria a dizer hoje: “de Gênesis a Malaquias” (Mt 21.42; 22.29).
[1]O Sínodo de Jamnia (90 A.D): Uma reunião de rabinos judeus, sob a presidência de Yohanan Bem Zakai, que reconheceu os livros do Antigo Testamento, embora alguns questionassem:
Ester – Por que no livro não há nenhuma menção ao nome de Deus. Portanto, o livro não apresenta nenhuma reivindicação de origem divina.
Refutação: O livro apresenta as manifestações inegáveis da providência divina operando através de todas as circunstâncias, para libertar a raça judaica da pior ameaça à sua existência que já enfrentou em toda a sua história. Portanto, a proteção de Deus sobre o povo judeu está inquestionavelmente presente em Ester.
Eclesiastes – Por causa de seu tom fortemente pessimista e cético. Argumentam que o livro é incapaz de edificar o crente, isto é, não apresenta a capacidade de transformar vidas.
Refutação: Eclesiastes 1.2,3: O ensino dessas passagens bíblicas é sobre a vaidade das coisas terrenas e a inutilidade dos esforços humanos em se conseguir a felicidade verdadeira neste mundo temporal. Qualquer pessoa que procure a máxima satisfação “debaixo do sol” com toda certeza há de sentir as mesmas frustrações sofridas por Salomão, visto que a felicidade eterna não se encontra neste mundo temporal – à parte de Deus, tudo “debaixo do sol” é apenas vaidade, a única fonte da verdadeira felicidade e da paz permanente é o Senhor nosso Deus (Ec 12.13).
Cantares de Salomão – Por causa de sua linguagem enfaticamente erótica. A Bíblia condena a sensualidade, e esse livro está cheio de expressões sensuais e propostas sexuais. Portanto, um livro tão sensual não pode fazer parte do cânon bíblico.
Refutação: O Cântico dos Cânticos é um exemplo de como o amor sensual deve expressar-se no casamento, dado com a autoridade divina. Em outras palavras, a pureza e a nobreza do casamento são partes do propósito essencial desse livro, não restando dúvidas sobre a inspiração desse livro, desde que seja visto da perspectiva espiritual correta.
Ezequiel: Dizem que há uma aparente discrepância entre o livro de Ezequiel e o Pentateuco:
Refutação: Não é o Pentateuco que determina a canonicidade dos escritos que lhes sucederam. Antes, o fator que determinante da canonicidade do Pentateuco é o mesmo que determina a de todas as demais Escrituras Sagradas, a saber, que os escritos fossem inspirados por Deus. A concepção de que a concordância com o Pentateuco determina a canonicidade de um documento é insatisfatória porque não explica o que foi que determinou a canonicidade do próprio Pentateuco. Essa teoria se contradiz, pois, muitos textos dos judeus que estavam de acordo com o Pentateuco, não foram aceitos como inspirados. Entre esses livros, o Talmude e o Midrash concordavam com o Pentateuco mas jamais foram considerados canônicos.
O Testemunho De Flávio Josefo: Historiador judeu (37-100d.C) – “Porque não temos entre nós uma quantidade enorme de livros, que discordam e se contradizem entre si (como acontece com os gregos), mas apenas vinte e dois livros, que têm os registros de todos os tempos passados, que cremos justamente serem divinos (...) e quão firmemente damos crédito a esses livros de nossa própria nação fica evidente pelo que fazemos; porque durante tantos séculos que já se passaram, ninguém teve ousadia suficiente para acrescentar nada a eles, cancelar qualquer coisa, nem fazer neles qualquer modificação; tendo-se tornado natural a todo judeu, desde o seu nascimento, a estimar esses livros como contendo doutrinas divinas e a perseverar nelas; e, caso necessário, morrer voluntariamente por elas”.
O Antigo Testamento Hebraico Era Dividido Em Três Partes:
Os registros mais antigos de uma divisão em três partes do Antigo Testamento está no prólogo do livro de Eclesiástico (c. 130 a.C). O prólogo, escrito pelo neto do autor, menciona: “a Lei, os Profetas e outros livros dos pais”.
Flávio Josefo: “A firmeza com a qual damos crédito a esses livros de nossa própria nação fica evidente pelo modo que agimos. Pois durante as muitas épocas pelas quais passamos, ninguém ousou adicionar, tirar ou modificar algo em relação a eles; mas torna-se natural para todos os judeus, imediatamente após o seu nascimento, considerar que esses livros contém doutrinas divinas, perseverar neles e, se for preciso, morrer por eles. Por isso não é novidade que muitos prisioneiros judeus em diversas oportunidades enfrentaram suplícios e mortes de todos os tipos nos coliseus, sem que fosse possível obrigá-los a dizer uma palavra contra nossas leis e os princípios que elas contém”.
Talmude Babilônico, Tratado “Sinédrio” VII-VIII, 24: “Após os últimos profetas Ageu, Zacarias [e] Malaquias, o Espírito Santo afastou-se de Israel”.
Os Livros Desaparecidos Do Antigo Testamento: É digno de nota que a Bíblia faz referência a livros até agora desaparecidos (Nm 21.14; Js 10.13; 2 Sm 1.18; 1 Rs 11.41; 1 Cr 27.24; 29.29; 2 Cr 9.29; 12.15; 13.22; 26.22; 33.19). São casos cujo segredo só Deus conhece. Talvez um dia eles venham à luz como o MSS de Qunram, Mar Morto, em 1947.
Livro das guerras do Senhor (Nm 21.14).
Livro dos Justos (Js 10.13; 2 Sm 1.18).
Livros da História de Salomão (1 Rs 11.41).
História do Rei Davi (1 Cr 27.24).
Crônicas de Natã e Gade (1 Cr 29.29).
História de Natã, profecias de Aías e Visões de Ido (2 Cr 9.29; 12.15 e 26.22).
Livro de Hozai (2 Cr 33.19).
Muitos outros livros citados especialmente nos livros de Crônicas.
O Cânon Do Novo Testamento: Donald Guthrie declara: “O conteúdo do cânon foi determinado através do uso comum, não por um pronunciamento autoritário”. A conclusão de Geisler e Nix é a seguinte: “A canonicidade é determinada ou estabelecida por Deus; o homem simplesmente a descobre”.
Definição:
Os 27 livros que a Igreja aceita como revelação autorizada de Deus sobre a vida de Cristo e a missão da Igreja.
Conjunto dos livros que compõem o Novo Testamento, e que foram reconhecidos formalmente pela Igreja Cristã como inspirados por Deus.
Desenvolvimento Do Cânon:
O desenvolvimento do cânon do Novo Testamento começa com os escritos dos apóstolos, e eles receberam a capacidade do Espírito Santo para recordar de modo preciso as palavras e os atos de Jesus e interpretarem corretamente para as gerações posteriores (Jo 14.26).
Os apóstolos tinham autoridade para escrever palavras do próprio Deus, iguais em veracidade e autoridade às palavras das Escrituras do Antigo Testamento. Uma vez que os apóstolos tinham essa autoridade, seus ensinos autênticos, ministrados por escrito, eram aceitos pela igreja como parte do cânon das Escrituras. Eles escreveram para registrar, interpretar e aplicar à vida dos crentes as grandes verdades acerca da vida, morte e ressurreição de Cristo.
O termo “Escritura” era uma designação do Judaísmo para os livros considerados canônicos. Então, quando essa expressão é usada no Novo Testamento para falar de outros escritos do Novo Testamento, mostra que esses escritos eram canônicos (2 Pe 3.15-16).
O termo “Escritura” no verso 16 de 2 Pedro 3, significa dizer que as cartas de Paulo já tinham sido consideradas inspiradas e dotadas de autoridade divina. Portanto, já eram consideradas canônicas.
Paulo reivindicou para a sua doutrina a inspiração divina (1 Co 2.7-13; 14.37; 1 Ts 2.13).
O mesmo fez João quanto ao Apocalipse (Ap 1.2).
O intuito de Paulo era que as suas epístolas fossem lidas nas igrejas (Cl 4.16; 1 Ts 5.27; 2 Ts 2.15).
Pedro escreveu a fim de que “estas coisas” permanecessem nas igrejas depois de sua partida (2 Pe 1.15; 3.1,2).
Paulo citou um livro do Novo Testamento como Escritura (1 Tm 5.18).
Esta passagem evidência também a existência de Mateus e Lucas (Mt 10.10 e Lc 10.7).
Pedro equipara as Epístolas de Paulo às demais Escrituras (2 Pe 3.15,16).
Os Evangelhos de Marcos e Lucas tiveram a autoridade de Pedro e de Paulo para entrar na igreja.
Os concílios eclesiásticos não deram aos livros sua autoridade divina, mas tão-somente reconheceram que eles a possuíam e a exerciam.
Cada livro canônico irradia de si mesmo sua autoridade divina.
Os Princípios Da Canonicidade Dos Livros Do Novo Testamento:
Autoridade: Revela autoridade? Veio da parte de Deus, contendo em seus textos ou nas suas entrelinhas: “assim diz o Senhor?”
É profético? Foi escrito por um homem de Deus?
Apostolicidade: O livro foi escrito ou influenciado por algum apóstolo?
Marcos: Foi reconhecido pela igreja primitiva bem cedo por causa da associação muito próxima de Marcos com o apóstolo Pedro. De acordo com Papias, ele foi o intérprete de Pedro e escreveu com exatidão o que lembrava dos ensinos de Pedro.
Lucas e Atos: Foi reconhecido pela Igreja primitiva bem cedo por causa da sua associação muito próxima de Lucas com o apóstolo Paulo. De acordo com Irineu, Lucas foi companheiro de Paulo, registrou em um livro o evangelho pregado por Ele.
Judas: Foi aceito em virtude da relação do autor com o apóstolo Tiago e pelo fato de ele ser irmão de Jesus (Mt 13.55; Gl 1.19).
Portanto, Paulo teria confirmado a autenticidade dos livros de Lucas e Atos, Pedro. A autenticidade do livro de Marcos e Tiago, a autenticidade do livro de Judas.
Autenticidade: É autêntico? Os Pais da Igreja tinham a prática de “em caso de dúvida, jogue fora”. Isso acentua a validade do discernimento que tinham sobre livros canônicos.
Conteúdo: O seu caráter espiritual é suficiente?
Universalidade: Foi amplamente aceito pela Igreja?
Inspiração: O livro oferecia prova interna de inspiração?
A Formação Do Cânon Do Novo Testamento:
O Período Dos Apóstolos. Eles reivindicavam autoridade para seus escritos (1 Ts 5.27; Cl 4.16).
O Período Pós-Apostólico. Todos os livros foram reconhecidos exceto:
Hebreus.
2 Pedro.
2 e 3 João.
O Concílio De Catargo, 397, reconheceu como canônico os 27 livros do Novo Testamento.
Livros questionados do Novo Testamento:
Hebreus:
Argumento: A anonimidade do autor de Hebreus fez com que esse livro não fosse considerado canônico.
Refutação a esse argumento: A aceitação de Hebreus como canônico tem a ver com as qualidades intrínsecas do livro, pois, essas qualidades devem ter por si, convencido aos leitores antigos, assim como os crentes de hoje, de que não importa que tenha sido o autor humano, pois o teor do livro é claramente confiável.
Tiago:
Argumento: A doutrina de Tiago, da justificação pelas obras estaria em contradição com a doutrina de Paulo da justificação pela fé.
Refutação: Paulo está destacando a raiz da justificação que é a fé, enquanto que Tiago está destacando o fruto da justificação que são as obras. Paulo está falando da justificação perante Deus, enquanto que Tiago está falando da justificação perante os homens. Paulo usa a palavra justificada tendo o significado de “declarar justo”, enquanto que Tiago usa a palavra justificada tendo o significado de “mostrar ser justo”.
2 Pedro:
Argumento: Essa carta não foi escrita pelo apóstolo Pedro, pois o estilo de redação de 1 Pedro é diferente da de 2 Pedro.
Refutação: Na primeira carta de Pedro, Silvano foi o seu escriba, enquanto que na segunda carta de Pedro, foi o próprio Pedro quem escreveu. Isso explica a diferença de estilo entre as duas cartas.
2 João:
Argumento: Esta epístola, por ter sido estritamente pessoal, dirigida a uma senhora em particular, não deve pertencer ao cânon das Escrituras.
Refutação: Não existe uma razão convincente para excluir essa epístola do cânon das Escrituras, pois várias das epístolas de Paulo foram cartas pessoais escritas a pessoa em particular, isto é, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom. Existe a possibilidade do termo “senhora eleita” do versículo 1, estar se referindo a uma igreja local que conhecia bem a João. Seguindo esse raciocínio “dentre os teus filhos” do versículo 4, vem a ser os membros dessa Igreja. Finalmente, o termo “irmã eleita” do versículo 13, vem a ser a igreja irmã de onde João escreveu essa epístola.
3 João:
Argumento: Esta epístola, por ter sido estritamente pessoa, encaminhada a um indivíduo chamado Gaio, não deve pertencer ao cânon das Escrituras.
Refutação: Determinadas epístolas de Paulo foram escritas a pessoas em particular, e nem por isso foram rejeitadas do cânon bíblico.
Judas:
Argumento: Os versículos 9 e 14 não são citações das Escrituras, mas sim, de livros considerados falsos pela igreja cristã.
Refutação: Este episódio (Jd 9) não é encontrado nas Escrituras, e sim em um livro não inspirado intitulado “Assunção de Moisés”. Somente porque o episódio não é encontrado em nenhuma passagem das Escrituras, não significa que o evento não tenha ocorrido, pois a Bíblia em determinados momentos cita verdades de livros que não são inspirados, mas que contém, mesmo assim, afirmações verdadeiras. O texto de Jd 14: Este episódio não é encontrado nas Escrituras, e sim, em um livro não inspirado intitulado “Apocalipse de Enoque”. A epístola de Judas apenas cita um fragmento de verdade relato naquele livro. Por outro lado, não é certo que Judas esteja citando o “Apocalipse de Enoque”, e sim, ter usado uma tradição oral válida. Entendo melhor o fato, Judas não afirma neste verso que Enoque registrou essa firmação, e sim, que ele disse.
Apocalipse:
Argumento: Há sérias dificuldades para reconhecer o livro de Apocalipse como escrito pelo apóstolo João, sendo este o autor do quarto evangelho, pois o estilo grego em ambos os livros é bem diferente. Comparando ambos os livros, a linguagem do evangelho é suave, e em grego simples e direto, enquanto que a linguagem do Apocalipse é rude, com muitas irregularidades gramaticais. Portanto, o livro de Apocalipse não vem de fonte apostólica, pois não foi escrito por esse apóstolo.
Refutação: Era comum o uso de amanuense no mundo antigo, e baseado nisso, temos as diferenças entre o evangelho e o Apocalipse, pelo fato de João ter ditado o evangelho a um discípulo, e o Apocalipse escrito por ele mesmo no seu próprio grego rude de hebreu. As diferenças de estilo entre o Evangelho e o Apocalipse é creditada a diferença de assunto entre os dois livros. Ninguém há de negar que são diferentes as ênfases teológicas do quarto Evangelho e de Apocalipse. Mas os contextos e propósitos diferentes dos dois livros explicam adequadamente essas diferenças de ênfase.
Confirmação Dos Livros Do Novo Testamento, A Partir Dos Pais Da Igreja:
Clemente de Roma, na sua carta aos Coríntios, em 95 d.C., cita vários livros do Novo Testamento.
Policarpo, na sua carta aos Filipenses, cerca de 110 d.C., cita diversas epístolas de Paulo.
Inácio, por volta de 110, cita grande número de livros em seus escritos.
Justino Mártir, nascido no ano da morte de João, escrevendo em 140 d.C., cita diversos livros do Novo Testamento.
Irineu (130-200 d.C), cita a maioria dos livros do Novo Testamento, chamando-os “Escrituras”.
Orígenes (185-254 d.C), homem erudito, piedosos e viajado, dedicou sua vida ao estudo das Escrituras. Em seu tempo, os 27 livros já restavam completos; ele os aceitou, embora com dúvida sobre alguns (Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João).
O sínodo de Hipona: “Quando finalmente um concílio da igreja – o Sínodo de Hipona, em 393 d.C – relacionou os 27 livros do Novo Testamento, ele não lhes conferiu nenhuma autoridade que já não possuíssem, mas apenas registrou por escrito a sua canonicidade previamente determinada” – F.F. Bruce. (Os credos de Hipona foram republicados quatro anos depois pelo Terceiro Sínodo de Cartago).
Livros Desaparecidos No Novo Testamento:
Uma carta de Paulo aos Coríntios (1 Co 5.9).
Carta de Paulo aos Laodicenses (Cl 4.16).
Palavras de Jesus (não registradas em nenhum livro canônico) (At 20.35).
[1] H.H. Rowley: “Na verdade, falar sobre o Concílio de Jamnia é um assunto duvidoso. Sabemos que foram travados debates entre os rabinos, mas não sabemos se as decisões tiveram um caráter formal ou obrigatório. O mais provável é que tenham sido discussões informais, embora tenham ajudado a cristalizar a fixar as tradições judaicas com maior firmeza.