A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

Definição:

Inspiração é a ação supervisionada de Deus sobre os autores humanos da Bíblia, de modo a, usando suas próprias personalidades e estilos, comporem e registrarem sem erro as palavras de Sua revelação ao homem. A inspiração se aplica apenas aos manuscritos originais (chamados de autógrafos).

 

Inspiração é a influência do Espírito de Deus sobre as mentes dos escritores da Bíblia que fizeram dos escritos o registro de uma revelação divina progressiva, suficiente, quando tomada no seu conjunto e interpretada pelo mesmo Espírito que inspirou a dirigir cada inquiridor a Cristo e a salvação.

 

Inspiração Plenária E Verbal: Doutrina que assegura ser a Bíblia, em sua totalidade, produto da inspiração divina.

Plenária: Todos os livros da Bíblia, sem qualquer exceção, foram inspirados por Deus.

Verbal: O Espírito Santo guiou os autores não somente quanto às ideias, mas também quanto às palavras dos mistérios e concertos do Altíssimo (2 Tm 3.16),

Dinâmica: A inspiração plenária e verbal, todavia, não eliminou a participação dos autores humanos. Pelo contrário: foram eles usados de acordo com seus traços personais, experiências e estilos literários.

Singular: Trata-se de uma inspiração única. Além da Bíblia, nenhum outro livro foi produzido de igual forma. Eis porque a Palavra de Deus é a obra-prima por excelência da raça humana.

 

 

Síntese:

É a influência do Espírito de Deus – Não um fenômeno da natureza, mas da operação interior do Espírito de Deus.

Sobre as mentes dos escritores da Bíblia. Não sobre o corpo, mas ao despertar os poderes racionais do homem.

Interpretada pelo mesmo Espírito. O Espírito Santo é que interpreta os registros bíblicos.

Esses homens foram escolhidos por Deus para uma missão singular.

Eles registraram de forma inerrante e suficiente, toda a vontade de Deus em relação à salvação e à vida do homem.

Os autores sagrados foram capacitados e dirigidos pelo Espírito Santo na composição e registro dos textos originais da Bíblia de modo que o que disseram nas Escrituras é a Palavra de Deus.

 

Teorias Sobre A Inspiração Da Bíblia.

Natural – Não há qualquer elemento sobrenatural envolvido. A Bíblia foi escrita por homens de grande talento, como Sócrates, Platão, Milton, Camões, Rui e inúmeros outros.

Declaração: Entende que os autores da Bíblia foram homens de grande genialidade e, por isso, não precisavam de uma ajuda sobrenatural para escrever a Bíblia. Portanto, os próprios autores criaram aquilo que escreveram, pois Deus não inspirou as palavras. Essa teoria nega a existência do elemento divino na composição da Bíblia, pois para esses, a Bíblia não passa de um livro em que os escritores registraram suas lendas, histórias e poemas. Portanto, o que alguns denominam como inspiração divina, não seria outra coisa senão uma intensa intuição humana, com suas percepções espirituais puramente naturalistas.

 

Refutação: A inspiração não é simplesmente um fato natural, mas sobrenatural através da obra imediata de um Deus pessoal na alma do homem. Essa teoria nega o aspecto sobrenatural da inspiração, e faz a verdade bíblica ser uma coisa puramente subjetiva, ou seja, uma matéria de opinião particular. Isto nega o sobrenatural. É um erro fatal de consequências imprevisíveis para a fé. Os escritores da Bíblia reivindicam que era Deus quem falava através deles (2 Sm 23,2; At 11.16; Jr 1.9; Ed 1.1; Ez 3.16,17; At 28.25).

 

Mística Ou Iluminativa – Os autores bíblicos foram cheios do Espírito Santo como qualquer crente pode ser hoje.

Declaração: Essa teoria afirma que houve uma influência do Espírito Santo sobre os autores bíblicos, mas que isso significa apenas um reforço de suas capacidades normais, um aumento da sensibilidade e percepção das realidades espirituais. A Bíblia resulta de uma espécie de iluminação divina, através da qual, Deus teria concedido uma profunda percepção religiosa a alguns homens piedosos. Ensina que a inspiração dos escritores da Bíblia é a mesma que hoje nos vem quando oramos, pregamos, cantamos, ensinamos, andamos em comunhão com Deus, etc.

 

Refutação: A inspiração veio por meio de comunicações divinas especiais, e não por meio de capacidades humanas intensificadas. Os autores humanos expressam as próprias Palavras de Deus, e não simplesmente as suas próprias palavras. Essa teoria difere da ideia da inspiração, pelo fato de que a iluminação vem a ser o entendimento que o Espírito Santo dá a uma pessoa ao ler, ouvir ou meditar na Palavra de Deus, enquanto que a inspiração vem a ser a direção do Espírito Santo sobre os autores bíblicos para a transmissão da verdade bíblica revelada.

 

Admite a gradação, isto é, o Espírito Santo pode conceder maior conhecimento e percepção espiritual ao crente, à medida que este ore, se consagre e procure a santificação, ao passo que a inspiração dos escritores bíblicos não admite graus. O escritor era ou não inspirado.

A inspiração comum pode ser permanente (1 Jo 2.27), ao passo que a dos escritores da Bíblia era temporária. Centenas de vezes encontramos esta expressão dos profetas: “E veio a mim a palavra do Senhor”, indicando o momento em que Deus os tomava para transmitir a sua mensagem.

 

Mecânica – (Ou Teoria Da Ditação): Os autores bíblicos foram apenas instrumentos passivos nas mãos de Deus, como computadores com os quais Ele teria digitado. Deve-se admitir que algumas partes da Bíblia foram ditadas (ex.: os Dez Mandamentos).

Declaração: Afirma que Deus ditou as palavras aos escritores, ou seja, o Espírito Santo exerceu uma influência tal sobre os autores da Bíblia, se modo que eles se tornaram instrumentos passivos de Deus, e escreveram apenas aquilo que Deus ditou para eles. Os autores bíblicos foram meros escribas do Espírito Santo, registrando os pensamentos do próprio Deus. Dessa forma, a vida mental desses autores ficava em repouso, não contribuindo para o conteúdo de seus escritos.

 

Refutação: Os escritores bíblicos não eram apenas receptores passivos, e sim homens ativos que apresentaram suas colaborações, imprimindo nos seus escritos sua linguagem, seu estilo e sua cultura. Se Deus houvesse ditado as Escrituras, o estilo, o vocabulário e a redação seriam uniformes. Mas a Bíblia indica diferentes personalidades e modos de expressão nos seus escritores. Lucas por exemplo, fez cuidadosa investigação de fatos conhecidos (Lc 1.4). Esta falsa teoria faz dos escritores verdadeiras máquinas, que escreveram sem qualquer noção de mente e raciocínio. Deus não falou pelos escritores como quem fala através de um alto-falante. Deus usou as faculdades mentais deles.

 

Parcial – Somente o não conhecível foi inspirado (ex.: criação, conceitos espirituais).

Declaração: Afirma que partes da Bíblia são inspiradas, mas outras não. Nas partes que mostram a salvação, a Bíblia é inspirada, enquanto que nas porções históricas, não precisam ser inspiradas, pois podem ser conhecidas pelos documentos contemporâneos. Nega a inspiração dos livros históricos da Bíblia e afirma que, por essa partes não serem inspiradas, elas contêm erros históricos, cronológicos e científicos.  A única parte inspirada está limitada aos escritores doutrinários.

 

Refutação: As doutrinas cristãs se baseiam em fatos ocorridos na história, e se estes fatos não são verdadeiros, a doutrina que se apoia neles também carece de fundamento confiável. Não é possível fazer separação entre história e doutrina. Portanto como admitir a existência de erros nos registros históricos e, ao mesmo tempo, ter certeza de que as partes doutrinárias são verdadeiras? O perigo deste ponto de vista é colocar nas mãos do homem finito, frágil e falível o poder de determinar o quê e quando Deus está falando. Desse modo, outorga-se ao homem poder sobre a Verdade infinita, em vez de sujeitar-se a ela.

 

Conceitual – Os conceitos, não as palavras, foram inspirados.

 

Declaração: Temos a inspiração somente nos pensamentos, mas não quanto às palavras, ou seja, os pensamentos foram divinamente inspirados, enquanto que as palavras estão relacionadas à escolha dos autores humanos. Deus teria inspirado apenas os pensamentos, não as expressões literárias particulares com que cada autor concedeu seus textos.

 

Refutação: Não reconhece a direção de Deus na escolha das palavras feitas pelos autores para expressar a verdade divina, além de ignorar o fato de que os pensamentos são expressos em palavras. Se as palavras não forem adequadas, os pensamentos também não serão transmitidos corretamente. Os pensamentos não podem ser dissociados das palavras, pois o pensamento necessariamente toma forma e se expressa em palavras. Portanto, se há inspiração nos pensamentos, deve necessariamente haver inspiração nas palavras.

 

Neo-Ortodoxa – Autores humanos só poderiam produzir um registro falível.

 

Falível – Uma teoria, que vem ganhando popularidade, de que a Bíblia é inspirada, mas não isenta de erros.

 

Verbal E Plenária – Esta é a verdadeira doutrina e significa que cada palavra (verbal) e todas as palavras (plenária) foram inspiradas no sentido da definição acima.

 

O Conceito Bíblico De Inspiração.

Três Conceitos Relacionados:

Revelação – É o ato de Deus mediante o qual comunica a verdade antes desconhecida para a mente humana – verdade que não poderia ser conhecida ade qualquer outra maneira.

 

A iluminação – A iluminação admite graduação, a inspiração não. As pessoas diferem muito em suas opiniões sobre a iluminação, possuindo, algumas delas, um grau maior de discernimento do que as outras. Mas, no caso de inspiração, no sentido bíblico, o indivíduo é ou não inspirado. Alguns, chegam a confundir inspiração com iluminação. A iluminação se refere à influência do Espírito Santo, comum a todos os cristãos, que os ajuda a entender as coisas de Deus (1 Co 2.14).

 

Inspiração – A está ligada à comunicação da verdade.  Nem todo conteúdo da Bíblia foi diretamente revelado aos homens. A Bíblia contém registros históricos e muitas observações pessoais. Mas, estamos seguros de que esses registros são verdadeiros.

 

O Relato Bíblico Da Inspiração:

Os escritos são inspirados, e não os escritores, ou seja, a Bíblia que é inspirada, e não seus autores humanos (2 Tm 3.16).

 

O Espírito de Deus ajudou os escritores a acharem as palavras certas para transmitir os conceitos espirituais (1 Co 2.13).

 

A inspiração das Escrituras é a influência do Espírito Santo sobre os autores bíblicos que garantiu que aquilo que escreveram era precisamente aquilo que Deus queria que escrevessem.

 

A Bíblia apresenta uma inspiração que se aplica a todas as partes e a todas as palavras da Escritura, pois a influência do Espírito Santo alcançou os autores humanos, seus pensamentos, suas palavras e seus escritos em tudo que disseram na Bíblia. Portanto, Deus forneceu as ideias corretas na mente dos autores, as palavras certas a serem usadas, além do estímulo para os autores escreverem o que realmente Deus queria que fosse comunicado a nós.

 

A dupla autoria das Escrituras é uma importante verdade a ser defendida. Por um lado, Deus falou, revelando a verdade e guardando do erro autores humanos, sem violar sua personalidade. Por outro lado, homens falaram, usando livremente suas próprias faculdades, sem discorrer, sem distorcer a mensagem divina. Suas palavras eram verdadeiramente suas próprias palavras. Ainda assim eram e ainda são Palavras de Deus, de modo que o que a Escritura diz Deus também diz. Elementos tantos divinos quanto humanos estão presentes na produção das Escrituras. Portanto, todo o texto da Escritura, inclusive as próprias palavras, é um produto da mente de Deus expresso em termos e condições humanas.

 

A verdadeira inspiração não sustenta que Deus tenha ditado as palavras da Bíblia, mas que orientou os escritores dos livros bíblicos na escolha de suas palavras e expressões de modo a guardá-los de erros, sem menos prezar seu vocabulário ou suprimir sua individualidade de expressão.

 

Características Da Inspiração Verbal E Plenária:

A verdadeira doutrina é válida apenas para os manuscritos originais.

Ela se estende às próprias palavras.

Vê Deus como o superintendente do processo, não ditando aos escritores, mas guiando-os.

Inclui a inerrância.

Causalidade Divina: Deus é a fonte da inspiração da Bíblia, pois o elemento divino estimulou o elemento humano. Portanto, Deus revelou-lhes certas verdades, e o elemento humano registrou essas verdades.

 

Mediação humana: A Bíblia que os autores humanos produziram é a Palavra de Deus, mas também é a palavra do homem. Isso porque, Deus usou personalidades humanas para comunicar as ideias de Deus. Portanto, os homens foram a causa imediata dos textos escritos, mas Deus foi a causa principal.

 

Autoridade Escrita: O produto da autoridade divina em operação por meio dos homens como intermediários de Deus é a autoridade escrita de que se reveste a Bíblia.  Como fato consumado, as Escrituras receberam sua autoridade do próprio Deus, que falou mediante os homens. No entanto, são os escritos e não os escritores dos textos sagrados que possuem a autoridade divina. Concluindo, enquanto os autores dos textos sagrados já morreram, os registros bíblicos permanecessem.

 

Provas Da Inspiração Verbal E Plenária:

2 Timóteo 3.16: “Theopneustos, soprado por Deus. Afirma que Deus é o autor das Escrituras e que estas são o produto de Seu sopro criador. Essa palavra grega não é usada em nenhuma outra parte da Bíblia, e nunca foi achada em nenhuma literatura grega escrita antes desse texto. É possível que essa palavra tenha sido criada pelo Espírito Santo para descrever a incomparável inspiração divina das Escrituras. Literalmente significa “Dada pelo Espírito de Deus”.

2 Pedro 1.20,21. O “como” da inspiração – homens “movidos” literalmente “carregados” pelo Espírito Santo.

Ordens específicas para escrever a Palavra do Senhor (Êx 17.14; Jr 30.2).

O uso de citações (Mt 15.4; At 28.25).

O uso que Jesus fez do Antigo Testamento (Mt 5.17; Jo 10.35).

O Novo Testamento afirma que outras partes do Novo Testamento são Escrituras (1 Tm 5.18; 2 Pe 3.16).

Os escritores estavam conscientes de estarem escrevendo a Palavra de Deus (1 Co 2.13; 1 Pe 1.11,12).