AS BODAS DO CORDEIRO
Texto Bíblico: Apocalipse 19.7-9
INTRODUÇÃO
No estudo da escatologia bíblica cristã, entre os grandes temas do Apocalipse, as Sagradas Escrituras registram as Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9), que será a maior festa de todos os tempos, a realizar-se no céu. Sendo a Bíblia um livro hebraico, com a maioria dos seus personagens descendentes de Abraão, o pai da nação israelita, a cultura judaica influência fortemente a compreensão desse evento que ocorrerá na parte final das dispensações programadas pelo Senhor (At 1.7).
Após a avaliação de Cristo das obras de seus servos diante do tribunal, Ele, então, conduzirá sua Noiva para o Palácio Real, onde se encontra “a sala do Banquete” (Ct 2.4), quando terá início as Bodas do Cordeiro.
ISRAEL – UM POVO DE MUITAS FESTAS
Entre as principais festas judaicas, destacam-se:
A Festa da Páscoa (Pesach no hebraico).
Era celebrada “no mês primeiro, aos 14 dias do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor”.
Esta festa é comemorável, e recorda a Redenção, feita por um grande Redentor.
Em figura ela significa “Cristo, nossa páscoa... sacrificado por nós” (1 Co 5.7).
Festa dos Pães Asmos (Hagha Matzot).
Esta era a segunda festa deste calendário.
Esta simboliza comunhão com Cristo, e pão sem fermento, na plena bem-aventurança de sua redenção, e ensina um andar santo. A ordem divina é linda: primeiro, redenção, depois um viver santo (1 Co 5.6-8).
Festa das Primícias (Hag Habkkurim)
A festa da primícias era uma figura da ressurreição, primeiro, Cristo, depois os que são de Cristo na sua vinda (1 Co 15.15-22; 1 Ts 4.14-16).
A Festa das Semanas ou Colheita, Sega, Pentecostes (Shavuot).
Esta festa, que é a quarta do calendário, era chamada de “Pentecostes”.
Segundo a interpretação dada pelo doutor C.I. Scofield, ela simbolizava a descida do Espírito para a Igreja, conforme aconteceu no Cenáculo em que os discípulos oravam no dia de Pentecoste (At 2.1 e ss).
Desde seu início até o fim, esta festa é o antítipo da descida do Espírito santo para formar a Igreja do Senhor. Por isso o fermento está presente (Lv 23.17), porque infelizmente, mesmo em contrário à vontade divina, o mal existe na Igreja (Mt 13.33; At 5.1; Ap 2.1).
Festa das Trombetas (Rosh Hashanah)
A quinta festa (Lv 23.23-25).
Chegamos aqui, ao tempo do fim, porque esta festa tem um valor completamente profético, porque se refere à futura restauração no sentido total da nação israelita.
Note que existe um longo período entre o Pentecoste e a festa das Trombetas, correspondendo ao período entre o Pentecoste e a introdução do Milênio. Este período, segundo, se depreende, corresponde ao longo período do trabalho pentecostal do Espírito Santo sobre a Igreja aqui na terra, na atual dispensação (cf. Is 18.3; 27.13; 58.1; Jl 2.1; 3.21).
Festa da Expiação (Yom Kippur).
Segundo os rabinos, o dia da Expiação é o mesmo descrito em Levíticos 16.29-34, mas aqui a ênfase está sobre a tristeza e arrependimento de Israel.
Em outras palavras, seu valor profético é saliente, e isto antecipa o arrependimento de Israel, depois do seu julgamento, quando de Sião vier o Libertador, e expiar a iniquidade de seu povo (Lv 23.34; Rm 11,26).
A Festa do Tabernáculo ou Cabanas (Sucót).
Simboliza o estabelecimento do reino milenial de Cristo com poder e grande glória.
A festa era tanto memorial como profética, memorial, porque lembrava o tempo de peregrinação no Egito (Lv 23.43); e profética, pelo descanso milenar de Israel depois da restauração, quando a festa dos Tabernáculos virá a ser outra vez um memorial.
E desta vez, não será só para Israel mas para todas as nações durante o Reino Milenar de Cristo (Ez 40 e 48; Zc 14.16-21).
Agora, a festa incomparável das Bodas do Cordeiro superará todas as festas judaicas e todas as outras festas na história da humanidade.
CÂNTICO DOS CÂNTICOS – UM TRIBUTO AO AMOR ROMÂNTICO
A interpretação alegórica de Cantares de Salomão retrata Deus como sendo o Noivo e Marido da nação israelita; e isso tem sido usado pelos intérpretes cristãos para contemplar a Igreja como a “Noiva de Cristo” na sua glória futura.
O QUE SÃO AS BODAS DO CORDEIRO
Definição:
O termo bodas é atribuído à festa nupcial (Jz 14.12).
O simbolismo das Bodas:
A parábola das Dez Virgens pinta o reino de Deus como uma espécie de festa de casamento (Mt 25.1-13).
Em Marcos 2.19,20, Jesus alude-se a si mesmo como o “noivo” e seus discípulos seriam os convidados.
Em João 3.29, João Batista refere-se a Jesus como o noivo.
Paulo fez uma aplicação mística e escatológica sobre esse simbolismo, dizendo que ele apresenta os crentes de Corinto, como uma “nova” (2 Co 11.2).
As bodas entre os judeus:
Entre os judeus, as bodas eram celebradas durante sete dias com grande alegria (Jz 14.12,15, 17,18).
As bodas de Jacó duraram sete dias (Gn 29.27,28).
Na simbologia profética das Escrituras Sagradas, isso aponta para as bodas do Cordeiro durante “sete anos”; Jesus também é judeu e em termos proféticos um dia equivale a um ano (Nm 14.34; Ez 4.6; Jo 4.9).
A comunhão da Noiva com o seu Noivo. Quando Jesus vieira nossa comunhão com Ele, como Noiva que somos, será elevada a uma união eterna e perfeita.
A TIPOLOGIA DA NOIVA DO CORDEIRO
Isaque e Rebeca (Gn 24; Ef 5.23,32)
Abraão – Deus Pai:
Envia seu servo numa longa viagem, aproximadamente 720 km à Mesopotâmia, com a missão de buscar uma noiva para Isaque. Deus enviou o Espírito Santo, para preparar a Igreja, para Jesus Cristo.
Sara – Israel – Rejeitado
Quetura – Israel Restaurado.
Isaque – Cristo.
O noivo, simboliza a Cristo.
Ele sai ao campo para meditar – O encontro da Igreja com Cristo, se dará nas nuvens (1 Ts 4.16-18).
Ele encontrou-se com Rebeca, já no cair da tarde – No final dessa Dispensação, quando densas trevas espirituais cobrirem o mundo, ocorrerá o Arrebatamento da Igreja.
Eliézer – Espírito Santo:
Ele dá presentes a noiva – símbolos dos dons concedidos a igreja, pelo Espírito Santo.
Ele não fala de si mesmo, mas exalta o Filho de seu Senhor. Assim o Espírito santo, testifica de Cristo.
Rebeca – Igreja:
Uma moça virgem – símbolo da pureza da Igreja.
Deixou tudo por amor a Isaque, a quem nem conhecia (1 Pe 1.8).
A NOIVA DE CRISTO
“O zelo que tenho por vocês é um zelo que vem de Deus. Eu os prometi a um único marido, Cristo, querendo apresentá-los a ele como uma virgem pura” (2 Co 11.2 NVI).
As Escrituras indicam a Igreja como a Noiva de Cristo (Jo 3.29).
O que significa a expressão “A Noiva do Cordeiro”. Essa expressão figurada mostra o que acontece quando uma alma entra em aliança com Jesus através da salvação, para ser-lhe fiel, para pertencer inteiramente a Ele para aguardar a sua vinda, a fim de estar para sempre com Ele. Nós o amamos, embora não o tenhamos visto ainda pessoalmente (1 Pe 1.8).
A Jerusalém celestial (Hb 12.22), a cidade cujo construtor é Deus (Hb 11.10), receberá a Noiva do Cordeiro. Quando Jesus entrar no céu com o povo salvo, as multidões de anjos (Ap 5.11), certamente os receberão com cânticos.
Jesus apresentará sua Noiva diante do trono de Deus. Muitas vezes, enquanto esteve aqui na terra, Jesus prometeu apresentar os seus fiéis ao Pai e confessá-los diante dEle (Mt 10.32; Lc 12.8; Ap 3.5).
Quem pertence à Noiva de Cristo? Será somente a igreja de Cristo? Não. A ela pertence os crentes de todas as épocas, desde o justo Abel. Todos os que morreram com fé nos sacrifícios que cobriam o pecado, instituídos no Antigo Testamento (Sl 32.1) e por isso, tiveram seus pecados lavados no sangue de Jesus quando Ele morreu na cruz. Com esse ato, os crentes do Antigo Testamento ficaram em igualdade de condições com os crentes da dispensação da Graça.
O caráter da Noiva de Cristo.
A virgindade: A primeira e maior exigência para ser esposa do rei era a virgindade (Et 2.2). Esse princípio aplicava-se também para a esposa do sacerdote no tempo da lei (Lv 21.13).
Comprada e resgatada por Deus (At 20.28).
Vestida com vestes de salvação (Is 61.10). Seu vestido é todo bordado e branqueado no sangue do Cordeiro (Sl 45.14; Ap 22.14), pois ninguém pode entrar naquela festa com “vestidura estranha” (Sf 1.8; Mt 22.11). Tem sido alegado que não existia o costume de dar vestes nupciais nos banquetes orientais, como bodas, aniversários, etc. Mas alguns textos escriturísticos apoiam que sim (Gn 45.22; Jz 14.12; 2 Rs 5.22). Devemos ter em mente que apenas um homem que entrou no banquete do rei sem as vestes nupciais foi expulso sem misericórdia (Mt 22.11-13).
Coberta com manto de justiça (Is 61.10).
Adornada e embelezada com presentes espirituais (Is 61.10)
Os deveres da noiva:
Respeitar e honrar seu esposo (Et 1.20)
Ser completamente fiel ao esposo (1 Co 7.10)
Ser santa, imaculada, pura, irrepreensível (Ef 5.27).
Ser submissa ao esposo (Ef 5.22-24, 33). Reconhecimento da liderança do marido, obediência e reverência.
O destino da Noiva do Cordeiro.
Encontrar-se com o Noivo no Arrebatamento (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.15-17).
Ser examinada e recompensada no Tribunal de Cristo (Rm 14.10-12; 1 Co 3.13; 2 Co 5.10).
Unir-se com Cristo nas Bodas do Cordeiro (Ap 19.9).
Reinar com Cristo durante o Milênio (Ap 1.6; 3.21; 20.6).
Compartilhar a nova Jerusalém com Cristo por toda a eternidade (Ap 21.1,2, 9-27).
Resplandecer a glória de Cristo por toda a eternidade (Ef 1,6,12; 3.10; 2.1-7).
Alguns fatos sobre a noiva:
Sua expectativa: É que chegue logo o dia do casamento! (Ct 2.1-13).
Sua preparação. A preparação da noiva é um processo espiritual conduzido pelo Espírito Santo (1 Co 3.16). Essa preparação envolve as seguintes obras do Espírito Santo, a favor da Igreja.
Ele habita na Igreja (Rm 8.9).
Ele sela a Igreja. Após convencer e regenerar o pecador, o Espírito Santo marca-o oficialmente como uma propriedade divina (2 Co 1.22; 5.5).
Ele unge a Igreja. Esse ato soberano do Espírito Santo (At 10.38) está associado à plenitude. Ao enchimento (Ef 5.18), ao recebimento de poder e virtude espiritual que capacita a Igreja a cumprir sua missão na proclamação do evangelho de Cristo, na posição e condição de testemunha (At 1.8).
Ele fortalece a Igreja. “Oro parra que, com as suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito” (Ef 3.16 NVI)
Ele guia a Igreja (Jo 16.13).
A IGREJA VERDADEIRA – A IGREJA FALSA |
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Igreja Verdadeira |
Igreja Falsa |
Virgem casta |
Grande prostituta |
Sujeita a Cristo |
Sujeita a Satanás |
É do céu |
É da terra |
Adornada por Deus |
Adornada por Satanás |
Preservada por Cristo |
Destruída pela Besta |
Glória eterna no futuro |
Ruína eterna |
Noiva verdadeira |
Igreja falsa |
Tem chamado celeste |
Cobiça posses terrenas |
Obra-prima de Cristo |
Obra-prima de Satanás |
Habitada pelo Espírito Santo |
Possuída pelo espírito maligno |
Mistério oculto dos séculos |
Mistério da iniquidade |
Elevada no ar |
Lançada na perdição |
Exerce poder espiritual |
Busca poder secular |
Exibe a glória de Cristo |
Gloria-se nas coisas sensuais |
QUANDO SERÃO AS BODAS DO CORDEIRO
O dia das Bodas do Cordeiro já foi inserido no cronograma profético do Senhor. Porém a Bíblia não revela a data específica deste grande acontecimento.
O maior acontecimento escatológico prestes a ocorrer será a vinda de Cristo ao mundo. Este será um dos principais passos para a realização das Bodas do Cordeiro. Quando Cristo voltará? O dia e a hora não são conhecidos de ninguém (Mt 24.42; 25.13; Mc 13.32).
No devido tempo determinado por Deus, o Cordeiro voltará não como Salvador como ocorreu na primeira vez, mas como Noivo para buscar Sua Noiva querida.
A vinda de Jesus dá lugar ao Arrebatamento dos santos que ressuscitarão e dos crentes fiéis que serão transformados para subirem e encontrarem-se com Cristo para a festa das Bodas.
Após a vinda de Jesus e o Arrebatamento dos salvos, a Noiva seguirá para o próximo evento, que será o Tribunal de Cristo (2 Co 5.10), onde os fiéis receberão prêmios, recompensas e galardões; sem dúvida, preparando, adornando e embelezando a Noiva para as Bodas.
Aí então, a Noiva honrada, estimulada, recompensada, devidamente valorizada, trajada apropriadamente, estará pronta para a união eterna com o Cordeiro (Ap 19.7-9).
O LUGAR DA FESTA DAS BODAS DO CORDEIRO
O casamento será realizado no céu. Poderá existir melhor lugar para selar, para festejar e celebrar, a união eterna entre Cristo e a Igreja? Podemos descrever o céu em sua inteireza?
Uma descrição do lugar das Bodas – o Céu:
O céu é um lugar real (Hb 11.16).
O céu é um lugar de descanso (Hb 4.3-5, 8-11).
O céu é um lugar de gozo (Ap 19.4-7).
O céu é um lugar de máxima segurança (Mt 6.19-21).
O céu é um lugar de adoração (Ap 4.10,11; 7.11).
O céu é um lugar de conhecimento perfeito (1 Co 13.12).
O céu é um lugar de agradecimento ao Senhor (Ap 11.16,17).
O céu é um lugar de galardões (1 Pe 1.4).
COMO SERÁ AS BODAS DO CORDEIRO
A realização das Bodas do Cordeiro. No processo da vinda de Jesus, o ponto culminante será, sem dúvida, a santa cerimônia que a Palavra de Deus chama de “Bodas do Cordeiro” (Ap 19.7). Está escrito: “Já a sua esposa se aprontou”. Depois da grande festa ela é chamada “a esposa, a mulher do Cordeiro” (Ap 21.9).
A grande ceia nos céus.
A ceia das bodas do Cordeiro, serão para cumprimento das palavras de nosso Senhor quando se encontrava no “cenáculo”. Numa expressão e gesto de quem estava dando um “Até breve” a seus discípulos, Ele disse “... até aquele (nas bodas) dia em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai” (Mt 26.29).
Jesus, pessoalmente, há de servir aos salvos sentados à mesa junto com Abraão, Isaque e Jacó (Lc 12.35, 37; 22.30; 13.28,29). Jesus, que nos há de servir, terá em suas mãos os sinais dos cravos que o feriram (Ap 5.6).
Esta celebração da ceia terá lugar somente no final das bodas (sete anos depois do arrebatamento). Esta ceia será para lembrar a morte de Cristo! Ela deve ser lembrada aqui e na eternidade.
Após a celebração da ceia do cenáculo, Jesus “desceu” para o sombrio vale da batalha; de igual modo, também, após a celebração da ceia das Bodas, Ele “descerá” para o sombrio vale do “Armagedom” (Ap 19.11 e ss).
CONCLUSÃO
As Bodas do Cordeiro é a Reunião plena entre Cristo e a Igreja, que começará a se concretizar a partir do arrebatamento. Neste período, que coincidirá com a Septuagésima Semana de Daniel, os santos receberão os seus galardões e hão de se preparar à implantação do reino de deus na Terra (Ap 19.7-9).