JOSÉ DO EGITO
Gênesis 39 ao 50
INTRODUÇÃO
Daqui em diante, Jacó perde o lugar principal da história, e José vem à frente, e nessa época ele é o único filho de Jacó que parece ser realmente piedoso.
I. SEUS PRIMEIROS ANOS
1. Suas Origens
(1) Era filho de Jacó e Raquel (Gn 30.22-24)
(2) Era o filho preferido de Jacó (Gn 37.3)
1- “As Gerações de Jacó” Décimo primeiro e último documento da composição do Gênesis. É a história de José e da migração de Israel ao Egito. Foi incorporado, sem dúvida, com registros de família, que os israelitas receberam de Abraão e conservaram religiosamente através dos anos de sua permanência no Egito.
2- Jacó nuca tinha ouvido a exortação de Paulo a Timóteo: “nada fazendo por parcialidade”, e assim demonstra forte preferência por José, fazendo-lhe uma túnica de várias cores. Isso naturalmente aumentou o ódio dos seus irmãos que não tinham conquistado dopai tal simpatia.
(3) Devido à parcialidade paterna é odiado por seus irmãos (Gn 37.3-11)
1- A “túnica de várias cores” (3) era um distintivo de favoritismo, a indicar possivelmente a intenção de Jacó de fazer José herdeiro do direito de primogenitura. Rubem, primogênito de Jacó, foi o herdeiro natural do direito de primogenitura, mas não foi reconhecido como tal devido às suas relações ilícitas com uma das concubinas de seu pai (35.22; 49.3,4; 1 Cr 5.1,2). Simeão e Levi, segundo e terceiro na sucessão (29.31-35), foram desconsiderados por causa do crime de violência em Siquém (Gn 34.25-30; 49.5-7). Judá, o quarto, era o próximo na linha sucessória; e é provável que se esperava geralmente, nos círculos da família que o direito lhe coubesse. Contudo, José apesar de ser11º filho, era o primogênito de Raquel, a esposa que Jacó mais amava. E José era seu filho favorito (37.3). Por isso a “túnica” tornou-se suspeita. Assim, parece que Judá e José se tornaram rivais para obter direito de primogenitura. isto pode explicar o papel saliente de Judá na venda de José como escravo. A rivalidade entre Judá e José passou à descendência deles. As tribos de Judá e Efraim (filho de José) disputaram continuadamente a supremacia. Judá assumiu a direção sob Davi e Salomão, Depois sob a liderança de Efraim, dez tribos se separaram.
2. Sua Família (Gn 37.3-11). Parece-nos que José nunca teve as sublimes revelações da imediata presença de Deus que Jacó experimentou, mas ainda assim mostra uma espiritualidade que não vemos no pai. Talvez José devia seu caráter mais nobre à sua mãe Raquel e seus irmãos deviam, em parte, as suas más qualidades (cap.49) às escravas de quem nasceram.
3. Seu caráter:
(1) Administrador: José sempre se salienta como administrador: Em seu lar, na casa de Potifar, no cárcere e no reino
(2) Inteligência.
(3) Energia.
(4) Simpatia.
(5) Previsão.
(6) Coordenação.
(7) Irrepreensível.
(8) Senhor de si mesmo: Capaz, devido à energia de sua vida espiritual, de subjugar seus apetites e paixões.
(9) Homem de fé: E por isso, na provação da cadeia, estava sereno e confiado em Deus, sendo, apesar dos sofrimentos (Sl 105.18), capaz de se ocupar com os outros.
(10) Conselheiro: Competente para aconselhar o rei. Podemos crer que a sua secreta comunhão com Deus na adversidade o tinha capacitado a enfrentar as provações da subseqüente prosperidade.
4. Seus Sonhos: Os sonhos de José, alusivos à sua superioridade, e a “má fama” das coisas que relatou ao pai com respeito aos irmãos, vieram agravar a situação (Gn 37.5-10). Sendo rapaz de apenas 17 anos, José talvez tivesse pouca prudência no falar, e assim, quase inconsciente, ia aumentando contra si o aborrecimento dos irmãos.
5. A Cronologia da Vida de José:
• Nascera em Harã, 75 anos depois da morte de Abraão.
• 30 anos antes da morte de Isaque, quando seu pai tinha uns 90 anos, e 8 anos antes de voltarem a Canaã.
• Aos 17 anos foi vendido ao Egito.
• Passou 13 anos na casa de Potifar e na prisão.
• Aos 30 anos tornou-se governador do Egito.
• Morreu aos 110 anos.
6. A história de Dois Irmãos:
A “História de Dois Irmãos”, num antigo papiro, hoje no Museu Britânico, escrita no reinado de Seti II, logo após o Êxodo, tem tanta semelhança com a história de José e a mulher de Potifar, que o publicista da edição inglesa da “História do Egito”, de Brugsch, conjeturou que tivesse sido escrita à vista desse incidente, que deve ter sido registrado nos anais da corte egípcia. Um homem casado manda seu irmão mais jovem, solteiro, ao qual havia confiado todos os seus negócios, à sua casa, buscar alguma semente de trigo. A esposa tenta-o. Ele recusa-se. Ela, irada, conta ao marido que o irmão tentou forçá-la. O marido planeja matá-lo. Ele foge; depois torna-serei do Egito.
II. JOSÉ NA ESCOLA DO SOFRIMENTO
1. Os Caminhos de Deus são mais sábios. “Toda disciplina, no momento, não parece motivo de alegria” (Hb 12.11)
2. O Tempo que Deus estabelece é o melhor. O relógio da providência divina não falha (Jo 2.4; 7.6; 12.23; 13.1; 17.1)
3. A Graça Divina é mais do que Suficiente.
(1) Observe-se a maneira como José, sem murmurações, ia enfrentando todas as injustiças;
(2) O ânimo inquebrantável que conservava no meio de tantos sofrimentos;
(3) A simpatia que demonstrava em face das aflições alheias: e, finalmente,
(4) A resignação com que se havia quando apanhado pelas surpresas desagradáveis. Tudo isso nos é possível ainda hoje, sob a graça de Deus.
III. SUA VIDA EM TERRA ESTRANHA
José era de caráter impoluto, de boa aparência, fora do comum, com uma inclinação excepcional para a liderança, dotado da habilidade de tirar o melhor partido de toda situação desagradável.
1. Vendido ao Egito (Gn 37.12-28)
(1) Quem vendeu José? Os Ismaelitas ou os midianitas? Gênesis 37.25 fala de ismaelitas; v 28 fala de midianitas e ismaelitas; v.36 fala de midianitas, e 39.1 fala de ismaelitas. Afinal, José foi levado ao cativeiro por ismaelitas ou midianitas?
• Em Juízes 8.24 lemos dos midianitas que Gideão acabara de vencer, que usavam jóias de ouro, “por que eram ismaelias”. Por isso evidentemente todos os midianitas eram ismaelitas, mas nem todos os ismaelitas eram midianitas.
• Ismael e Mídia, ambos eram filhos de Abraão (Gn 16.11,12; 25.2)
2. Sete passos para Honradez
(1) Influência Piedosa (Gn 39.2-3)
(2) Honradez nos negócios (Gn 39.5,6)
(3) Resistência à Tentação (Gn 39.7-9) – Como podemos vencer a tentação?
1- Através de um caráter dotado dos elementos da vontade, da inteligência e da consciência bem formada.
2- Através do reconhecimento dos nossos deveres para com Deus e perante a sociedade.
3- Recuse até a mera sugestão ao pecado.
4- Afaste-se do pecado. Fuga!
(4) Graça Divina (Gn 39.21). José venceu porque “o Senhor estava com ele”, e ele vivia como na presença de Deus; O Senhor Jesus também prometeu estar conosco (Mt 28.20). No caso de José, fica evidenciado o reconhecimento da presença divina com ele em seu espírito serviçal, alegre e criterioso (39.4); sua fidelidade absoluta (39.5,6); e sua resistência à tentação.
1- Porque tinha o costume de contar com a aprovação divina em tudo o que fazia.
2- Porque a sua preocupação não era principalmente com a gente que o rodeava, mas com Deus mesmo.
3- Porque ele tinha tido prévias experiências de vitória sobre a carne antes de aparecer esta provação maior.
Quando nos sobrevém uma tentação pequena, devemos reconhecer que isso poderia desenvolver em nós o poder de resistir às tentações maiores.
As conseqüências da vitória de José não foram somente por ser ele forte na sua vida espiritual, e por ser animado a suportar as conseqüências penosas da acusação falsa, mas também em chegar a ser um exemplo e modelo para animar milhares de pessoas tentadas por concupiscências carnais, durante todos os séculos subseqüentes. Desde então até hoje um sem número de homens tem dito: “Se José venceu devido à sua comunhão com Deus, eu posso vencer do mesmo modo.
(5) Circunstâncias providenciais (Gn 40.5-8)
1- José é Feito Governador do Egito. José desposou uma filha do Sacerdote de Om. E, apesar de ter uma esposa pagã e de residir num centro de vil idolatria, manteve a fé em Deus, no que desde a infância recebera de seus pais, Abraão, Isaque e Jacó.
(6) Honra a Deus (Gn 41.16)
(7) Revelações Divinas (Gn 41.25-36)
3. José dá-se a Conhecer (42-45):
Esta história tem sido chamada a mais bela de toda a literatura. o incidente mais tocante é quando Judá, que, anos antes, tomara a iniciativa de vender José como escravo (37.26), oferece como refém de Benjamim (44.18-34)
(1) Elementos do verdadeiro arrependimento (42.21):
1- Consciência – “Somos culpados.”
2- Memória - “vimos a sua angústia”
3- Razão – “Por isto nos sobrevém esta ansiedade”
(2) O Temor: O temor, eis o elemento esmagador que pesava nos corações dos dez irmãos desde o primeiro encontro com José até a morte de Jacó (42.28; 43.18; 44.13-18; 45.3 e 50.21)
“O medo convulsiona,penetra, convence, purifica, admoesta e pode ser o fator preponderante para que os indivíduos sejam trazidos a uma condição de humilde arrependimento”
1- Sentiam temor de Deus. – Que visita as iniqüidades dos pais sobre eles próprios e sobre seus filhos (Êx 20.5)
2- Sentiam temor servil. Em face da própria culpa (42.21,22)
3- Sentiam temor dos homens. Tão somente depois de pedirem e ficarem certos de que estavam perdoados por Deus e por José, foi que seus corações puderam se tranqüilizar (50.21)
(3) A Intercessão de Judá (44.18-34): Aqui temos uma das mais comoventes intercessões que a literatura universal registra. é um retrato quase incomparável, no A.T, da pessoa de Jesus Cristo pertencente à tribo de Judá, o qual se ofereceu a si mesmo como nosso substituto no sacrifício do calvário.Judá exibe assim, as marcas genuínas da transformação moral.
(4) O coração de Jacó não desmaiou - 45.26 (Alm) nem “entorpeceu-se (V.B), mas ficou “dividido” entre receio e esperança.
(5) Como explicar a conduta de José para com seus irmãos quando voltaram e trouxeram Benjamim com eles? Estranhamos ainda servir-se ele de enganos. A provável explicação é:
4- José procurou descobrir a disposição dos dez irmãos para com Benjamim. Ele planejava trazer toda a família para o Egito, e era necessário descobrir se estavam todos em harmonia.
5- Ele também quis assegurar-se de que os filhos de Raquel eram agora tão queridos de Jacó como em tempos passados.
6- Ele queria ter a oportunidade de observar a conduta dos outros para com seu irmão mais novo, que agora ocupava o lugar de José nas afeições do pai.
7- O trato de José com seus irmãos é, em parte, o mesmo de Deus para com os homens. Deus nos vê descuidados, mui dispostos a fazer pouco caso dos velhos pecados, e então, mediante apertos, adversidades e dores, Ele traz esses pecados à nossa memória, e afinal obtém de nós a confissão “na verdade somos culpados”. E então, quando a tribulação tem feito a sua obra, Ele está pronto a confirmar seu amor para conosco como foi José para com seus irmãos.
(6) Embora José fale de sua glória (45.9) ele é humilde. Diz “Deus me enviou” – “Deus me fez senhor”. Desde o princípio ele relacionara a sua vida com Deus – com a divina permissão, o divino plano, a divina vontade.
(7) Virá o dia em que Cristo se tornará conhecido dos seus irmãos, e nesse dia lamentarão, mas depois se regozijarão.
4. Jacó e Sua Família Fixam-se no Egito (46,47)
Deus dispôs que Israel fosse criado, por um tempo, no Egito, centro da civilização mais adiantada da época. Saindo Jacó de Canaã, Deus lhe assegurou que os seus descendentes para lá voltariam (46.3,4). Jacó então viaja para o Egito, e mais uma vez ouve a voz de Deus (46.2) Ele tinha 130 anos quando se encontrou com Faraó (47.9) e nessa ocasião José tinha uns 40 anos (41.46 e 45.6). Jacó ainda viveu no Egito mais 17anos (47.28) e José mais 70 (50.22)
5. A Bênção e a Profecia de Jacó.
Parece que Jacó repartiu o direito de primogenitura, designando Judá como canal da promessa messiânica (49.10) e, todavia concedendo o prestígio nacional a Efraim, filho de José (48.19-22; 49.22-26; 1Cr 5.1,2)
A profecia acerca das doze tribos, em grau muito impressionante, corresponde com a história subseqüente das tribos. “Silo” (10) considera-se comumente como um nome do Messias. A tribo de Judá produziu Davi; e a família de Davi produziu Cristo.
6. A Morte de Jacó e José (Cap 50)
(1) A Morte de Jacó: O Corpo de Jacó foi levado de volta a Hebrom para ser sepultado. Seu corpo que fora embalsamado pelos médicos (mencionados pela primeira vez) egípcios, e foram tantos egípcios ao enterro que o nome dele ficou ligado ao lugar (11). A expressão “foi congregado ao seu povo” (49.33) é um dos poucos sinais no velho Testamento de haver uma compreensão de uma existência além da morte.
(2) A Morte de José: O caráter exemplar de José continua até o fim dos seus 93 anos no Egito. Vemo-lo nos seus últimos anos não mais preocupado com deveres políticos, mas no meio da família, e com a preocupação de que seus ossos não deveriam ficar para sempre no Egito. E assim, José, moribundo, fez seus irmãos jurar que, voltando Israel a Canaã, levariam consigo seus ossos. Não foi esquecida a crença de que Canaã seria a pátria deles; e 400 anos mais tarde, partindo para Canaã, levaram consigo os ossos de José (Êx 13.19)
IV. MOSTRA UM ESPÍRITO SIMILAR AO DE CRISTO
1. Ao Perdoar o pecado de Seus Irmãos (Gn 42 a 45)
Este é o grande e clássico trecho bíblico sobre perdão e reconciliação. Notemos o seguinte:
(1) Não pode haver perdão sem arrependimento.
(2) Pode ser preciso tempo para conseguir um arrependimento completo.
(3) A presença de pessoas antipáticas pode embaraçar a reconciliação (45.1)
(4) O momento próprio para a reconciliação deve ser discernido por um método de orar, meditar, observar e agir.
(5) A emoção nem sempre pode (ou deve) ser reprimida.
(6) Manifestação de amor fraternal nem sempre vence imediatamente a desconfiança. (Gn 45.15)
(7) De grandes males podem resultar maiores bens (45.5)
2. Em sua Devoção Filial (Gn 46.29)
3. Ao Retribuir o mal com o bem (Gn 50.19-21)
V. JOSÉ, O MAIS PERFEITO TIPO DE CRISTO
Vários aspectos da vida de José nos fazem recordar o Senhor Jesus.
1. O amado do pai.
2. O melhor dos irmãos.
3. O mais odiado e rejeitado pelos seus.
4. Conspiraram para matá-lo.
5. Foi vendido por umas moedas de prata.
6. Quem deu a ideia de vender José foi Judá, que traiu a Jesus foi Judas.
7. Sofreu grande tentação, sem pecar.
8. Foi rebaixado e acusado falsamente.
9. Foi exaltado.
10. Casou-se com uma estrangeira.
11. O lugar de destaque que ele ocupava fora determinado pelo rei (41.41) como o domínio de Cristo foi determinado pelo Pai (At 5.31)
12. Fez provisão para o povo para uma necessidade imprevista. Uma provisão suficiente pata “todas as terras” (41.57) – Porém José não sofreu ao fazê-la.
13. Foi uma bênção para as nações.
14. A palavra então era “ide a José! Fazei tudo o que José vos disser!” e Hoje é “Vinde a Jesus! Ele é o único recurso”
15. Perdoou seus “assassinos”.
16. Era a esperança de Israel.
17. Seus irmãos se reconciliam com ele.
BIBLIOGRAFIA
Manual Bíblico H.H.Halley
Bíblia Explicada
Bíblia Shedd
JOSÉ DO EGITO