Acabe E O Profeta Elias
Texto Bíblico: 1 Rs 17
FATOS ANTECEDENTES DE ACABE
Nome: Acabe, significa “irmão do pai”, isto é, um muito parecido com o pai.
Família:
Era filho de Onri.
Batalha: Após a morte de Zinri, Tibni e Onri brigam pelo poder. Onri vence e se torna rei (16.21-22). Quando a sucessão ao trono não era um caso de o filho assumir o lugar do pai, podia-se esperar o surgimento de diversos candidatos, cada um com o apoio de diferentes facções.
Estrutura: Onri constrói a cidade de Samaria, que se torna a capital do reino do Norte (16.23-24). As muralhas que os arqueólogos desenterraram são as mais poderosas de todas as fortificações feitas no Oriente, na antiguidade, a paz que assim obteve, levou a cidade de Samaria a se tornar, no decurso de um século apenas, num centro de riqueza, idolatria e luxúria (Is 8.4; Am 6.1-11).
Os pecados: Onri é mais ímpio que qualquer outro de sua época. Ele continua a promover a idolatria em Israel (16.25-28). Ele se destaca por ser o pai de Acabe, o pior de todos os reis anteriores. A Estela Moabita de Messa registra o passado de opressão sofrido por Moabe nas mãos de Onri.
A fama: Fora do âmbito moral e religioso, Onri passou a ser tão famoso entre os povos vizinhos, que, por longo tempo, o nome dado a Israel pelos Moabitas, edomitas e sírios, foi “Casa de Onri” – as inscrições assírias de Salmanaser III identificam Israel como a terra de Onri.
Casa-se com Jezabel (16.31,32): Acabe casa-se com Jezabel, a filha do rei dos sidônios. Sua aliança com os fenícios foi assim selada pelo seu casamento. Ela leva Acabe a adorar Baal. Acabe constrói um templo para Baal em Samaria. Como filha do rei, foi sugerido que ela teria desfrutado do status de uma sacerdotisa da divindade nacional, Baal Melqart.
Reinado:
O modelo de Jeroboão (16.29,30) Acabe segue o exemplo de Jeroboão e se torna o pior rei de Israel em sua época.
A mensagem de Josué (16.34) Se cumpre em seus dias: Hiel reconstrói Jericó, mas conforme Josué havia predito, o primogênito de Hiel morre quando as fundações são colocadas e ele perde seu filho mais novo quando os portões são colocados.
É por causa da atuação daquele grande profeta, e das mensagens que trazia, que a Bíblia nos relata mais detalhadamente sobre o rei Acabe, do que qualquer outro rei de Israel.
Fatos Gerais Sobre Acabe:
Reprovado por Elias (1 Rs 17.1; 18.17).
Foi completamente vitorioso nas duas primeiras campanhas contra Bene-Hadade, rei da Síria (1 Rs 20)
Construiu uma casa de marfim (1 Rs 22.39).
Mandou matar Nabote e tomou posse da sua vinha (1 Rs 21)
A sentença de Deus contra Acabe foi adiada em vista de seu arrependimento (1 Rs 21.29).
Sem a bênção de Deus na terceira campanha contra Bene-Hadade, foi morto em Ramote de Gileade (1 Rs 22)
Como fora predito os cães lamberam-lhe o sangue no mesmo lugar onde lamberam o sangue de Nabote (1 Rs 21.19; 22.38).
A sentença contra a casa de Acabe foi executado por Jeú (1 Rs 19.16; 2 Rs 10.11).
O CASAMENTO DE ACABE COM JEZABEL
Quem era Jezabel:
Era filha de Etbaal, rei dos sidônios e mulher de Acabe, rei de Israel (1 Rs 16.31)
Em volta de sua mesa reunia ela 450 profetas de Baal, e 400 sacerdotes de Astarote (1 Rs 18.19).
Planejou a morte de Elias (1 Rs 19.12).
Ocasionou a morte de Nabote (1 Rs 21.14).
Era a mais perversa das rainhas de Israel, sendo também a mais inteligente e notável.
Elias predisse que os cães a comeriam (1 Rs 21.23).
Sua morte dramática, sendo Jeú o seu implacável executor (2 Rs 9.30-37)
Havia, na igreja de Tiatira, uma profetisa, a quem o Senhor fez menção, usando o nefando nome da sedutora rainha de Israel, Jezabel (Ap 2.20).
A Religião De Jezabel Implantada Em Israel.
O deus Baal:
Melqart era o principal deus de Tiro desde o século 9 a.C. Ele é comparado a Nergal, o deus mesopotâmico, senhor do mundo inferior, e mais tarde com Herácles, o deus grego. Às vezes é identificado com Baal de Tiro, e daí vem sua identificação como o Baal que goza da lealdade de Jezabel e de Acabe.
Deve-se entender que se trata de um deus diferente de Hadade cananeu, que geralmente também é denominado de Baal no texto bíblico.
Nas inscrição aramaica de Bir Hadade, do século 9, Melqart é um deus guerreiro.
Ele também é visto como um deus que morre e ressuscita (relacionado ao ciclo da natureza) que parece ser trazido de volta à vida pelo fogo.
Ele deve ser identificado com o Baal Shamem, citado na Bíblia, considerado pelos idólatras, como o “senhor dos céus”, conhecido no primeiro milênio como um dos principais deuses da Fenícia.
SURGE UM PROFETA JUSTO – A PREVISÃO DA SECA
O profeta Elias – Suas Origens.
Nome: Significa “Jeová é Deus”.
Vida: É de se estranhar que nada se nos conta do passado deste profeta, nem de sua família.
Cidade: Veio de Gileade, uma área de poucos moradores, além do rio Jordão. A tradição conta que havia uma pequena cidade chamada Tisbé, naquela área, perto do vau de Jaboque.
Elias e os milagres: Por que tantos milagres se operaram nos ministérios de Elias e Eliseu?
O estado de grave crise moral em Israel provocou a necessidade de manifestações excepcionais do poder divino.
Tais milagres eram as credenciais daqueles dois profetas (cf. 24, “Nisto conheço agora que tu és homem de Deus”).
Considerando o terrível desafio que teria de enfrentar no monte Carmelo (18.20-40), Elias precisava robustecer a fé que Deus lhe concedera, saturando a sua vida de milagres.
Aplicação espiritual:
A necessidade do homem ver milagres hoje: “Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis” (Jo 4.48).
Deus manifestando maior graça, onde há maior carência da demonstração do seu poder: “... onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20)
Os milagres autenticando o ministérios dos servos de Deus:
“E estes sinais seguirão aos que crerem” (Mc 16.17)
“E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém” (Mc 16.20).
“Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade” (Hb 2.4)
Fatos Gerais Sobre Elias:
Profeta, tesbita, morador de Gileade (1 Rs 17.1)
Predisse ao rei Acabe, uma grande seca (1 Rs 17.1)
Escondeu-se junto à torrente de Querite (1 Rs 17.5).
Enfrentou os profetas de Baal no monte Carmelo (1 Rs 18.20)
Matou esses profetas (1 Rs 18.40).
Ameaçado por Jezabel fugiu para Horebe (1 Rs 19.8).
Ungiu Hazael, Jeú e Eliseu (1 Rs 19.15-19).
Repreendeu Acabe (1 Rs 19.21.19).
Vestia-se de pelos (2 Rs 1.8).
Subiu aos céus (2 Rs 2.11)
O espírito de Elias repousa sobre Eliseu (2 Rs 2.15).
João Batista enviado no espírito de Elias (Ml 4.5; Mt 11.14; 17.12; Lc 1.17)
Na transfiguração de Cristo (Mt 17.3)
Milagres:
Corvos o sustentaram milagrosamente (1 Rs 17.6)
Alimentado pela viúva de Sarepta (1 Rs 17.9).
Ressuscitou o filho dessa viúva (1 Rs 17.21).
Orou para que chovesse (1 Rs 18.41-46; Tg 5.18).
Ouviu um murmúrio tranquilo e suave (1 Rs 19.12)
Mandou que descesse fogo do céu para consumir os soldados do rei Acazias (2 Rs 1.9-12).
Dividiu as águas do Jordão (2 Rs 2.8)
O ENCONTRO DE ELIAS COM O REI
A Palavra do Senhor (17.1): Elias alerta Acabe de que não haverá chuva em Israel a menos que ele ordene.
O objetivo da política e das ações de Acabe e Jezabel era promover Baal como a divindade nacional de Israel, em lugar de Yahweh.
Baal era considerado o deus da tempestade e dos relâmpagos e é responsável pela fertilidade da terra.
Ao reter a chuva Yahweh está demonstrando o poder de seu senhorio na área específica da natureza em que Baal supostamente dominaria.
Se Baal é o provedor da chuva e Yahweh anuncia que irá contê-la, a disputa está em andamento.
A Espera No Ribeiro De Querite (17.2-7)
O lugar (17.2,3): O Senhor instrui Elias a esconder-se no ribeiro de Querite, a oeste de seu desaguar no rio Jordão.
Ribeiro de Querite: Tecnicamente, a torrente, naquelas bandas, seria um pequeno córrego, que apresentava correnteza somente em épocas de chuva. Devia localizar-se em lugar deserto, para que Acabe não encontrasse o profeta.
Aplicação Espiritual: Algumas pessoas de grande promessa e poder pouco tem conseguido, porque nunca se esconderam em suficiente retiro. Lembremo-nos de Moisés e seus quarenta anos no deserto; de Paulo e os três anos na Arábia; e mais maravilhoso de tudo, de Jesus e seus primeiros 30 anos na obscuridade. Querite significa “Separado”. Você tem estado ali? Se não, isso pode explicar o seu pouco êxito.
As provisões (17.4-6): Elias bebe do ribeiro e é alimentado por corvos enviados pelo Senhor.
O problema (17.7): Depois de um tempo, o ribeiro seca, já que não há chuva.
A viúva de Sarepta (17.8-24). O Senhor instrui a Elias a ir até a vila de Sarepta. Lá, ele será alimentado por uma viúva. É fácil perceber naquele momento dramático na vida do profeta, a mão de Deus mandando os corvos levarem o alimento milagrosamente para o Seu servo, mas é preciso reconhecer que Ele, na Sua providência e misericórdia, nem sempre é forçado a lançar mão do sobrenatural. Deus tem o controle do universo nas Suas mãos, mas para ensinar a beneficência e solidariedade à raça humana, prefere instrumentos humanos; por isso mesmo, colocou a mensagem do evangelho nas mãos dos fracos pregadores humanos para anunciar todas as coisas sobre a obra de Jesus Cristo, o que até os anjos anelam perscrutar (1 Pe 1.10-12).
Sarepta: É uma cidade perto da costa do Mediterrâneo entre Tiro e Sidom. A importância dela aqui é o fato de mostrar que Yahweh provocou seca na casa do próprio Baal.
Viúva:
Numa sociedade sujeita a guerras e conflitos, era comum encontrar viúvas.
Visto que elas não tinham direito à herança, a Lei lhes garantia condições de vida especial, permitindo que respigassem em campos de colheita e oferecendo proteção para que não fossem oprimidas.
Elas necessitavam do respaldo da Lei porque eram incapazes de se proteger e geralmente dependiam de caridade para sobreviver.
Aplicação Espiritual: Deus guia os passos do seu servo: primeiro ao córrego Querite, depois à casa de uma pobre viúva. Seus caminhos são vários. Uma vez serve-se dos corvos; outra de um vaso de farinha e um caso de azeite. A incredulidade poderá perguntar: “Porventura pode Deus preparar uma mesa no deserto?” (Sl 78.19), ou “Ainda que Jeová fizesse janelas no céu, poderia isso suceder?” (2 Rs 7.2), mas a fé está descansada na verdade de que Deus tem seus provedores em toda a parte. Ele, às vezes, muda os seus métodos. A fé pode ver o córrego secar; confia, porém em que haverá um vaso de azeite em seguida.
O reabastecimento de comida (17.8-16)
O pedido de Elias (17.8-12) Elias encontra a viúva e pede a ela pão e água. O pedido de Elias poderia ser considerado bastante modesto dentro da prática comum de hospitalidade (que com frequência era oferecida à porta da cidade). Entretanto, num período de seca e fome com este, serviu apenas para expor a crise pessoal e coletiva que assolava a todos. Ela diz que não tem mais comida, exceto um pouco de farinha e um pouco de azeite.
O Senhor teu Deus (v.12): Esta mulher não era uma israelita e seria considerada uma pagã – não reconhece o Senhor como seu Deus. Provavelmente havia algo na aparência de Elias que o identifica como israelita, e a mulher segue o protocolo padrão fazendo um juramento em nome da divindade daquele com quem está falando. Embora ela use uma fórmula comum de juramento, também afirma involuntariamente, a vitalidade de Yahweh. Sua expressão não evidência nenhuma crença pessoal nele.
O consolo de Elias (17.13-16)
A predição (17.13-14): Elias diz a ela que sempre haverá farinha e óleo suficiente em sua botija, até que a fome cesse.
PROVISÃO DE FARINHA E AZEITE: FERTILIDADE. CERAIS e azeite eram os dois principais produtos de exportação da cidade de Sarepta. O fato de haver escassez deles é um indício do quanto aquela seca estava sendo rigorosa. Eles também são dois dos itens mais básicos para a sobrevivência. Como produtos essenciais são alguns dos principais símbolos de fertilidade. A disputa entre Yahweh e Baal continua à medida que Yahweh demonstra ser capaz de prover sustento para o “povo de Baal”, no “território de Baal”, com a mesma facilidade com que é capaz de sustentar o próprio povo e reter o sustento de quem ele desejar.
A provisão (17.15,16) A viúva prepara a refeição de Elias e tudo acontece exatamente conforme o profeta disse. Sua obediência ao profeta, e a fé que revelara ter na promessa feita em nome do “Deus de Elias” (v.13,14), fez dela, não somente um instrumento da misericórdia divina com relação ao profeta, mas também o recipiente dos cuidados divinos com respeito a ela mesma e a seu filho (dar e receber sempre vem juntos na vida religiosa); para no fim ela receber a dádiva mais importante de todas: a fé verdadeira na Palavra de Deus.
A ressurreição de um garoto (17.17-24).
A tragédia (17.17-21).
A doença do garoto (17.17): O filho da viúva fica doente e morre.
A dor da mãe (17.18): Em grande angústia, a viúva pergunta a Elias se ele veio puni-la por algum pecado passado. Naquelas regiões, a calamidade era o fator que mais frequentemente despertava as consciências – a mulher pensara que um representante de Deus em sua casa trará à presença divina a memória de algum pecado seu. Ela não possuía nenhuma noção da onipotência de Deus.
MORTE DO FILHO RELACIONADA AO PROFETA: Os profetas eram muitas vezes considerados perigosos, e conviver com um deles representava um risco considerável. Os deuses podiam ser cruéis algozes com a mesma frequência com que podiam ser benfeitores generosos. Além disso, se o profeta fosse ofendido ou ficasse irado por alguma coisa, mesmo que pequena, e, num momento de descontrole, proferisse algum tipo de maldição, inevitavelmente ela se cumpriria. A mulher presume que a morte de seu filho é castigo por alguma suposta ofensa (ainda que desconhecida) que teria chamado a atenção da divindade, por causa da presença do profeta ali. Até então ela havia se beneficiado da presença de Elias, mas agora avalia que o custo foi alto demais.
Aplicação Espiritual: Ainda que seja uma experiência penosa, devemos apreciar qualquer sucesso que desperte em nós o reconhecimento do pecado (v.18); que nos leve à oração fervorosa (v.20); que ofereça a Deus uma oportunidade para revelar seu poder e glória (v.22); ou que nos leve a uma confiança mais perfeita (v.24).
A súplica do profeta (17.19-21): Elias estende-se por sobre o menino e pede ao Senhor que o ressuscite. Notemos na oração de Elias:
Era intercessória – a favor de outro;
Era solitária – e ninguém poderá orar eficazmente em público se não ora muito em particular;
Era positiva – e muitas vezes Deus nos pergunta: “Que queres?”;
Era fervorosa – custou ao profeta alguma coisa. Quanto custam as nossas orações?
Era eficaz – leiamos Tg 5.17,18.
O triunfo (17.22,23) O Senhor concede o pedido de Elias e o garoto ressurge da morte. Um comentário importante sobre a vida de fé e de oração deste profeta encontra-se em Tg 5.16-18.
O testemunho (17.24): A grata viúva dá testemunho de que Elias é realmente um homem de Deus.