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O LIVRO DE RUTE

O Livro De Rute

Bisavó de Davi

Origem da Família Messiânica

A Família Internacional de Deus

Como Uma Mulher Gentia se Converteu em

 Um dos Antepassados de Cristo.

Somente dois livros do Antigo Testamento recebem como título nomes de mulheres: Rute e Ester. E as duas mulheres apresentam notáveis contrastes. Rute é uma gentia, levada para o meio de Israel, onde passa toda a sua vida. Ester, uma judia levada para o meio dos gentios, onde, com igual fidelidade, desempenha o que lhe é destinado por Deus. Rute era uma moabita que se casou com um hebreu, Ester era uma judia que se casou com um rei não-judeu.

Esse livro contém outra distinção: é o único livro do Antigo Testamento cujo nome vem de um antepassado de Jesus. Nenhum outro livro do Antigo Testamento faz referência a Rute, e no Novo Testamento ela é mencionada apenas uma vez – no contexto da genealogia de Jesus (Mt 1.5; cf. Rt 4.18-22).

Esta graciosa histórica de uma graciosa mulher, seguindo-se às cenas de turbulência do livro dos Juízes como calmaria depois de tempestade, é um retrato delicioso e encantador da vida doméstica em tempos de anarquia e aflição. “O que Vênus é para estatuária e Mona Lisa para a pintura, Rute é para a literatura”.

AUTOR. A tradição judaica atribui a Samuel a autoria deste livro, o que é possível, já que ele morreu (1 Sm 25.1) somente depois de ter ungido Davi como o rei escolhido por Deus (1 Sm 16.6-13). No entanto, nem referências internas nem testemunhos externos são conclusivos na identificação do autor.

RUTE:

  1. “Rute” provavelmente vem de uma palavra moabita e/ou hebraica que significa “amizade”.
  2. Ela chegou a Belém como estrangeira (2.10)
  3. Tornou-se serva (2.13)
  4. Casou-se com o rico Boaz (4.13)
  5. Foi incluída na linhagem de Cristo (Mt 1.5)
  6. Rute é uma das quatro mulheres mencionadas na genealogia do Messias (Mt 1). A seleção destes nomes ilustra em grau notável a soberania e o mistério da graça divina.

DATA E OCASIÃO. Essa história extraordinária muito provavelmente surgiu um pouco antes ou durante o reinado de Davi em Israel (1011 – 971 a.C), já que Davi é mencionado no livro (Rt 4.17,22), mas não Salomão.

Deus usou uma “fome na terra” de Judá (1.1) para criar o cenário desse bonito drama, embora a fome não seja mencionada em Juízes, o que dificulta o estabelecimento da data dos aconteci mentos de Rute.

 

ESFERA DE AÇÃO. O livro abrange um período de mais ou menos onze ou doze anos, provavelmente durante a época de Gideão. A história de Rute aconteceu “na época dos juízes” (1.1), por volta de 1370 a 1041 a.C (Jz 2.16-19) e, desse modo liga o tempo dos juízes ao período dos reis de Israel.

Este período foi distribuído mais ou menos desta maneira:

  • Dez anos em Moabe (1.1-18)
  • Vários meses nas plantações de Boaz (1.19 – 2.23)
  • Um dia em Belém e uma noite na eira (3.1-18)
  • Cerca de um ano em Belém (4.1-22)

SINTESE:

Mil anos antes, Abraão tinha sido chamado por Deus para fundar uma nação, com o propósito de um dia trazer um Salvador para a humanidade. Neste livro de Rute temos a constituição da família, dentro dessa nação, que traria o Salvador. Rute foi bisavó do rei Davi. Daqui por diante, através do resto do Antigo Testamento, o interesse gravita principalmente em torno da família de Davi.

A bela história de Rute é considerada uma gema literária. E mostra como a vida de uma jovem moabita foi enriquecida:

  1. Por meio da constância e de uma sábia eleição (1.16)
  2. Por meio de um trabalho humilde (2.2,3)
  3. Ao aceitar o conselho de uma amiga mais idosa (3.1-5)
  4. Por meio de uma aliança providencial (4.10-11)
  5. Por uma exaltação a uma família real (4.18-22)

Um dado interessante aparece no último versículo do primeiro capítulo do livro: Noemi e Rute “chegaram a Belém no princípio da sega das cevadas”. Esse informe permite-nos saber que a seca terminara em Judá – os campos estavam novamente floridos e produtivos. E também permite-nos saber que elas chegaram em abril/maio. Na Palestina, era a primavera! Semanas mais tarde começaria a colheita do trigo e do linho. De acordo com Lv 23.10,11, no mês de Abib, mais ou menos correspondente ao nosso abril, teria lugar a entrega das primícias do campo. Portanto, tudo era festivo em Israel, somente Noemi guardava no coração a sua profunda tristeza. Mas, para Rute, as coisas começavam a perder os seus tons sombrios e iam-se tornando róseos e promissores!

PERSONAGENS PRINCIPAIS

  • Nora de Noemi; mais tarde casou-se com Boaz; antepassada direta de Jesus (capítulos 1 a 4).
  • Viúva de Elimelque e sogra de Orfa e Rute; instruiu Rute com sabedoria (capítulos 1 a 4).
  • Fazendeiro próspero que se casou com Rute, a moabita; antepassado direto de Jesus (capítulo 2 a 4).

TIPOLOGIA.

A rica tipologia subjacente desse idílio faz de Rute mais que uma história pastoril de amor. É um elo importante no desenrolar do relato da redenção, apresentando emblematicamente o Senhor como o grande Resgatador em geral, mas particularmente como esse aspecto do seu caráter glorioso afetará Israel, o povo da sua aliança, na sua futura restauração. Apresenta um elo importante na família messiânica, da qual o Senhor surgiu cerca de 1.100 anos mais tarde.

LUGARES IMPORTANTES NO LIVRO DE RUTE

  1. Campo de Boaz. Cerca de 1.600m ao leste de Belém existe um campo, chamado “Campo de Boaz”, onde segundo reza uma tradição, Rute respigava. Contíguo fica o “Campo dos Pastores”, onde, conforme a tradição, os anjos anunciaram o nascimento de Jesus aos pastores. De acordo, pois, com essas tradições, o cenário do romance de Rute com Boaz, que levou à formação da família de onde sairia Cristo, foi escolhido por Deus, 1.100 anos mais tarde, para ser o lugar do anúncio celestial da chegada do mesmo Cristo.

 

  1. Sala de Boaz: Sob a Igreja da Natividade, em Belém, há uma sala na qual, conforme se declara Jesus nasceu. Segundo antiga tradição, esta mesma sala fazia parte do lar ancestral de Davi, e, antes de Davi, de Boaz e Rute. Assim, de acordo com essa tradição, Boaz tomou Rute como noiva e deu origem à família que traria Cristo ao mundo, na mesmíssima sala em que 1.100 anos depois, o próprio Cristo nasceu.

MEGILOTE – OS CINCO ROLOS

Todos os 85 versículos de Rute são aceitos como canônicos pelos judeus. Juntamente com Cântico dos cânticos, Ester, Eclesiastes e Lamentações. Rute está entre os livros do Antigo Testamento do Megilote ou os “Cinco Rolos”. Os rabinos leem esses livros nas sinagogas em cinco ocasiões especiais durante o ano, sendo que Rute é lido no Pentecoste por causa das cenas de colheita de Rt 2 – 3.

PARENTE-RESGATADOR

Qualificação do Antigo Testamento

Cumprimento em Cristo

1.      Relação por vínculo de sangue

2.      Recursos necessários

3.      Disposição para comprar

1.      Gl 4.4; Hb 2.16,17

2.      1 Co 6.20; 1 Pe 1.18,19

3.      Jo 10.15-18; 1 Jo 3.6

 

TEMA. O livro de Juízes fornece, como se vê, um quadro muito triste de Israel, sob o ponto de vista nacional; Rute apresenta-nos um quadro luminoso desse período em relação à fidelidade e beleza do caráter de certos indivíduos. A história, uma das mais formosas da Bíblia, é duplamente interessante pelo fato de ser uma gentia a sua heroína.

A última palavra do livro – Davi – revelará seu valor principal. Seu propósito é traçar a linhagem de Davi, progenitor do Messias. O livro inteiro tem seu clímax na genealogia que se encontra no último capítulo.

ASSUNTOS PARA ESTUDO NO LIVRO DE RUTE

  1. O Assunto da Escolha e as suas consequências (1.4). Cada um tem de escolher de vez em quando: Ló (Gn 13); Israel (Js 24.13); Marta.
  2. O Assunto da reincidência (caps. 1 e 2): Elimeleque e Noemi não podiam confiar em Deus para o pão em tempo de fome. Nem podiam Abraão (Gn 12) nem Isaque (Gn 26). Aqueles que confiaram em Deus com respeito ao futuro, não podiam confiar nele no presente. Então Noemi lançou a culpa sobre Deus (1.20,21), como Abraão fizera (Gn 12). Um passo errado, não sendo corrigido imediatamente, leva a outro. Foram a Moabe para “peregrinar” (1.1), mas ali ficaram morando, e ali três deles morreram (1.3-5) Veja Oséias 14.
  3. O Assunto da Providência (2.3): A vida de Rute foi transformada pela “sorte”, conforme este versículo. Grande consequências podem resultar de pequenos incidentes. Uma noite sem sono salvou os judeus do cativeiro (Et 6.1). A espera de um amigo resultou em Atenas ouvir o Evangelho (At 17.16). Coisas insignificantes podem melhorar ou prejudicar a nossa vida! Entregue o crente a Deus as coisas insignificantes!
  4. O Assunto de Boaz como Tipo de Cristo.
  • Como senhor da seara (2.2)
  • Como provedor de pão (3.15)
  • Como parente redentor (2.20)
  • Como doador de descanso (3.1)
  • Como homem de riqueza (2.1)

 

  1. O Assunto do Sentido dos Nomes:
  • Elimeleque: “Meu Deus é Rei”.
  • Rute: “Satisfeita” ou “Amizade”.
  • Boaz: “Fortaleza”.
  • Malom: “Canção”.
  • Quiliom: “Perfeição”

A MENSAGEM DE RUTE

Este livro brilha com várias e importantes verdades com referência a todos os aspectos da nossa vida. Vem ainda com mais aceitação depois de Juízes. Passar da atmosfera pesada de Juízes para o ar puro de Rute é como passar de um bairro indigente para um à beira mar.

Mas devemos nos lembrar de que Rute pertence ao tempo dos juízes. É semelhante a uma linda flor num jardim abandonado, ou a uma luz clara que aparece na escuridão da noite têm estado sem alguma fragrância, algum raio de esperança, algum córrego cristalino, porque Deus nunca se deixa sem testemunho.

A mensagem principal deste livro parece ser as relações e propósitos de Deus para com os gentios. Rute era moabita, pertencente a um povo que se originou de um ato impuro e indigno relatado na história do Antigo Testamento (Gn 19), um povo que foi sempre inimigo ferrenho do povo escolhido, recusando-lhe pão e água quando saiu do Egito, e empregando contra ele Balaão, filho de Beor (Nm 22 a 25.3; 31.16; Dt 23.3,4). Foi uma mulher dessa nação má a escolhida para ser a bisavó de Davi, de cuja descendência havia de vir o Cristo. O povo escolhido bem compreendeu que Deus se revelara a ele, mas não entendeu porque Deus fez isso. Consideravam seus privilégios como direitos exclusivos, privilégios que não podiam ser gozados por qualquer outra nação. Mas, durante toda a sua história, Deus estava corrigindo esse erro. Mandou Melquisedeque, um gentio, para revelá-lo a Abrão, como o Deus Altíssimo (Gn 14). Empregou Raabe, a prostituta gentílica, para ajudar na destruição de uma fortaleza iníqua, para depois casar-se com um judeu e ser a mãe de Boaz, que neste livro se casa com Rute, a gentia.

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO DE RUTE

  1. A própria Rute demonstra que os gentios podiam crer no verdadeiro Deus.
  2. O livro fornece uma genealogia parcial de Davi, e mostra que havia sangue gentio na linhagem de Cristo. Aquele que Se tornou o Salvador de toda a humanidade.
  3. Boaz, como resgatador, fornece um belo tipo de Cristo, na medida em que:
  • Era um parente de sangue (Rm 1.3; Hb 2.14).
  • Tinha os recursos com que comprar a herança que fora perdida (1 Pe 1.18,19)
  • Estava disposto a resgatar (Hb 10.7)
  1. O livro é um exemplo tocante da maravilhosa soberania de Deus, exercida em Seu cuidado por Seu povo (Rt 2.12).

VALOR LITERÁRIO

O valor literário do livro de Rute é indiscutível. Ombreia-se com o melhor que a literatura mundial tem produzido. É conto rápido, mas escrito com consumada habilidade. No gênero, talvez não tenha igual dentro da Bíblia inteira. Damos a mão à palmatória. Aqueles antigos israelitas sabiam escrever. A melhor técnica de obra literária é ali observada, desde a introdução, passando por um cativante enredo, com sua crise quase insolúvel, até à solução mais feliz, que satisfez a todos os envolvidos.

TEOLOGIA DO LIVRO

Quando Abraão foi abençoado pelo Senhor Deus, o Senhor decretou: “... em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Essa promessa permanece de pé para os judeus, sempre que eles se conservam obedientes ao Senhor, e entendem sua missão na terra. É claro que a bênção mais definitiva chega a todos os povos por meio de Jesus Cristo, descendente de Boaz e Rute. No entanto, muitos judeus, em cada geração, mas especialmente em certos períodos de sua história, têm-se esquecido desse fato, e têm até sido exclusivistas e xenófobos “Porventura, a palavra de Deus se originou no meio de vós ou veio ela exclusivamente para vós, outros?” (1 Co 14.36). O livro de Rute, pois, ensina o erro desse exclusivismo judaico, sem dúvida uma das atitudes de defesa para a qual eles apelam quando muito perseguidos. O amor de Deus é universal, englobando todos os povos. A história de Rute, a moabita veio ilustrar exatamente isso. Ela foi um exemplo vivo da verdade que a participação no reino de Deus não depende de carne e sangue (pois ela era moabita, estando vedada a sua entrada na comunidade de Israel por dez gerações), e sim, em face da “obediência por fé” (Rm 1.5). “... Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável” (At 10.34,35), “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28). Ela aceitou de todo o coração ao povo de Deus e ao Deus do povo de Israel. Mas Deus a aceitou de tal maneira que ela se tornou antepassada não somente de Davi, mas do próprio Cristo!