O Livro De Ester
Os Judeus são Libertos do Extermínio
A Divina Providência em Ação na História.
Os judeus voltaram de Babilônia para Jerusalém, 538 a.C
O Templo foi reedificado 537-516 a.C
Ester, judia, tornou-se rainha da Pérsia 478 a.C
Ester livrou os judeus de serem massacrados 473 a.C
Esdras saiu de Babilônia para Jerusalém 458 a.C
Neemias reconstruiu o Muro de Jerusalém 445 a.C
Assim Ester entrou em cena uns 40 anos depois da reedificação do Templo, e uns 30 anos antes da reedificação do muro de Jerusalém. Cronologicamente, embora este livro venha depois do de Neemias, seus eventos anteciparam-se a ele por uns 30 anos. Ao que parece, Ester possibilitou o trabalho de Neemias. Seu casamento com o rei deve ter prestigiado muito os judeus. É impossível adivinhar o que teria acontecido à nação hebraica de Ester não existisse. Sem ela, Jerusalém jamais podia ter sido reedificada, e outra poderia ser a história a contar, em todos os séculos que se seguiriam.
Este livro de Ester gira em torno de um fato histórico muito importante, não simplesmente uma história com finalidades morais. O livramento da nação hebraica de ser aniquilada depois do cativeiro babilônico. Se a nação hebraica tivesse deixado de existir 500 anos antes de trazer Cristo ao mundo, isso alteraria o destino da humanidade; sem a nação hebraica não haveria Messias; sem Messias o mundo se perderia. Essa formosa judia de tempos idos, ainda que não o soubesse, contribuiu com sua parte na preparação do caminho para a vinda do Salvador do mundo.
“Ester” tem sido usado como título sem variações ao longo do tempo. Tanto esse livro como o de Rute são os únicos do Antigo Testamento que receberam o nome em homenagem a mulheres. Semelhantemente a Cânticos dos cânticos, Obadias, e Naum, o Novo Testamento não cita Ester, nem faz qualquer alusão a esse livro.
AUTOR. Desconhecido. Provavelmente Mardoqueu (9.20). Alguns acreditam que foi Esdras, Neemias, Joiaquim ou homens da Grande Sinagoga. Quem quer que tenha escrito o livro possuía um conhecimento minucioso dos costumes, da etiqueta e da história persa, além de estar bem familiarizado com o palácio em Susã (1.5-7). Ele também exibia grande conhecimento do calendário e dos costumes dos hebreus, ao mesmo tempo que demonstrava forte nacionalismo judaico. É possível que um judeu persa que, tendo-se mudado mais tarde para Israel, tenha escrito Ester.
ESTER
- “Hadassa” (2.7), que significa “murta”, era o nome hebraico de Ester, este último deve ter se originado da palavra persa para “estrela” ou, possivelmente, do nome da deusa babilônica do amor, Istar. Ester era filha de Abiail, que havia morrido; ela cresceu na Pérsia com seu primo mais velho, Mardoqueu, que criou a sobrinha órfã como se fosse sua própria filha (2.7,15)
- Ester não somente era formosa mas sábia. Admiramo-la não só por seu patriotismo e bravura, mas por seu tato e sagacidade.
- Ester surge como o 17º na cronologia literário do Antigo Testamento e encerra a sua parte histórica. Além de Ester, apenas Esdras 7 – 10, Neemias e Malaquias relatam a história posterior do Antigo Testamento.
DATA E OCASIÃO. O relato de Ester termina em 473 a.C, antes de Assuero morrer assassinado (por volta de 465 a.C). Ester 10.2 fala como se o reinado de Assuero estivesse concluído, portanto, a data mais antiga de sua redação seria depois do seu reinado, em meados do século V antes de Cristo. A data razoável mais recente seria antes de 331 a.C., quando a Grécia conquistou a Pérsia.
ESFERA DE AÇÃO. Entre os capítulos 6 e 7 de Esdras, antes de este partir para Jerusalém.
HISTORICIDADE. Apesar da habitual alegação dos críticos de que a narrativa é ficção lendária, a historicidade desse livro é sustentada:
- Por estar arraigado na história e situado especificamente (1.1,15; 2.1,10,20) no reinado de Assuero (Xerxes I – 486-465 a.C)
- Pela familiaridade do autor com a vida persa:
- O projeto arquitetônico do palácio e do pátio (1.5; 2.11, 21; 7.8).
- A etiqueta da corte (4.11; 8.11-17)
- Às intrigas do palácio (2.21-23; 7.9)
- Os costumes dos banquetes (1.6-8; 5.5)
- Pelos indícios exteriores de escavações em Susã etc., e textos cuneiformes que se referem a certo Marduka (Mardoqueu)., oficial de Susã no reinado de Xerxes.
- Algumas Objeções Quanto a Historicidade de Ester:
- A história secular não menciona nem Vasti nem Ester como rainha durante o reinado de Xerxes. Contudo, Heródoto, que frequentemente omite personagens importantes (como Belsazar, Dn 5), relata que Xerxes buscou consolo em seu harém depois de sua derrota perante os gregos em Salamina, o que ocorreu no mesmo ano em que Ester foi feita rainha (Ester 2.16; Heródoto 7.7).
- Alega-se, com base em Ester 2.5-6 que o livro indica ter sido Xerxes sucessor imediato de Nabucodonosor, já que a referida passagem parece dizer que Mardoqueu fora deportado por Nabucodonosor em 597 a.C., e ainda vivia no reinado de Xerxes. Entretanto, o antecedente do pronome relativo que no versículo 6 não é Mardoqueu, mas Quis, seu bisavô.
- A matança de 75.000 inimigos dos judeus em um só dia, sem intervenção aparente dos persas (Et 9.16,17) tem recebido objeções. Todavia, embora incomum, tal feito não seria jamais impossível, devido à conhecida indiferença persa para com a vida humana e à preparação e ao armamento prévio dos judeus (8.13)
SINTESE: Tanto Ester como Êxodo relatam como forças estrangeiras buscaram eliminar o povo judeu e como a soberania de Deus preservou esse povo de acordo com a promessa de aliança a Abraão 2.100-2075 a.C., aproximadamente (Gn 12.1-3; 17.1-8). Como resultado do fato de Deus ter prevalecido, Ester 9 – 10 registra o início de Purim – uma nova festa anual no 12º mês (fevereiro/março) para celebrar a sobrevivência nacional. Purim se tornou uma das duas únicas festas dadas fora da legislação mosaica a ser celebrada ainda hoje em Israel (“Hanukkah”) a Festa da Dedicação, ou Festa das Luzes, é a outra (Jo 10.22).
O caráter do livro é mais pérsico do que semítico: dão-se pormenores referentes ao império persa e ao procedimento pérsico na corte. O rei persa é referido cerca de 30 vezes, e muitos costumes pérsicos são explicados.
O livro de Ester representa um parêntese na história de Israel. Não ocorre dentro dos limites geográficos da nação, mas no exílio, a partir da capital do império persa, Susã. O rei Assuero, conhecido na história como Xerxes, reinou de 485 a 465a.C., e, dentro desse período que se insere, que foram escritos o livro e a história de Ester.
O livro de Ester pode ser comparado a jogo de Xadrez; Deus e Satanás, (como jogadores invisíveis) movimentam reis, rainha e nobres de verdade. Quando Satanás colocou Hamã em jogo, foi como se ele anunciasse “xeque”. Então, Deus posicionou Ester e Mardoqueu a fim de colocar Satanás em “Xeque-mate!”.
Desde a queda do homem (Gn 3.1-19), Satanás vem tentando romper o relacionamento de Deus com sua criação humana, destruindo as promessas da aliança de Deus com Israel. Por exemplo:
- A linhagem de Cristo, por meio da tribo de Judá, foi mortalmente reduzida apenas a Joá, que foi salvo e preservado (2 Cr 22.1-22).
- Posteriormente, Herodes matou os bebês de Belém, pensando que Cristo estaria entre eles (Mt 2.16).
- Satanás tentou a Cristo para que este renunciasse a Deus e o adorasse (Mt 4.9).
- Pedro, ante a insistência de Satanás tentou impedir a jornada de Cristo ao Calvário (Mt 16.22).
- Por fim, Satanás entrou em Judas, que, por sua vez, entregou Cristo aos judeus e aos romanos (Lc 22.3-6)
Ainda que Deus não seja citado em Ester, Ele está presente por toda parte como aquele que se opôs aos planos diabólicos de Satanás e os frustrou mediante sua intervenção providencial. Deus está aqui em mistério e não em manifestação. Seus feitos são evidentes, mas Ele fica oculto. Contudo, tem sido observado que as letras Y H V H, que no hebraico representam Jeová, ocorrem na narrativa quatro vezes em forma acróstica (1.20; 5.4, 13; 7.7).
Em Ester, todas as promessas da aliança incondicional de Deus a Abraão (Gn 17.1-8) e a Davi (2 Sm 7.8-16) foram ameaçadas. Entretanto, o amor de Deus a Israel não pode ser mais evidente do que nesse dramático resgate do seu povo de uma eliminação iminente.
Indubitavelmente 4.14 é o versículo mais conhecido do livro, enfatizando o tema do controle divino sobre todos os acontecimentos.
CURIOSIDADES NO LIVRO DE ESTER
- Mardoqueu é chamado “o judeu”, e os judeus são sempre referidos na terceira pessoa.
- Não há no livro nenhuma referência à Palestina, a Jerusalém, ao Templo, à Lei, nem a Deus. Estes fatos diferenciam-no de todos os livros, e lhe dão um interesse especial.
- Pelo que foi dito, é muito difícil pensar que o desconhecido autor de Ester fosse um israelita, e é inútil tentar saber o nome dele.
- Seu livro é essencialmente histórico, e parece carecer de qualquer pensamento religioso.
- Entre os judeus havia um rabino chamado Meir, ele pronunciava e escrevia o livro de Ester de cor, sem errar uma única letra. Era famoso pelas suas fábulas, e dele se dizia: “Aquele que toca o bastão de Meir se torna sábio” – Enciclopédia Estudo de Teologia Vol 2, pág.157
CLASSIFICAÇÃO HEBRAICA DO LIVRO DE ESTER
Junto com Cântico dos cânticos, Rute, Eclesiastes e Lamentações, Ester faz parte dos livros do Antigo Testamento chamados de Megilote ou “Cinco Rolos”. Os rabinos leem esses livros na sinagoga em cinco ocasiões especiais durante o ano – Ester é lido no Purim. Na Bíblia, Purim não é mencionado nem mais uma vez, embora tenha sido celebrado em Israel ao longo dos séculos. Ester é o último dos cinco rolos (Megillõt) da terceira seção da Bíblia, chamada Ketûbim ou “Escritos”.
CANONICIDADE E ACRÉSCIMO A ESTER.
- Canonicidade de Ester. Todos os 167 versículos de Ester foram aceitos como canônicos, embora a ausência do nome de Deus tenha provocado algumas dúvidas desnecessárias sobre a sua autenticidade.
- Acréscimo à Ester.
- A Septuaginta, versão grega da Escritura acrescentou mais 107 versículos apócrifos que supostamente compensariam essa ausência (do nome de Deus).
PERSONAGENS PRINCIPAIS
- Tornou-se rainha da Pérsia em lugar de Vasti; salvou os judeus contra o plano perverso de Hamã (2.7 – 9.32)
- Adotou e criou Ester, e foi conselheiro dela enquanto rainha; mais tarde, substituiu Hamã como segundo em comando sob o rei Xerxes.
- Rei Xerxes I. Rei da Pérsia; casou-se com Ester; planejou exterminar os judeus.
TEMA. O livro de Ester tem uma peculiaridade que o distingue de qualquer outro livro da Bíblia: não contém uma única menção ao nome de Deus, nem tampouco há referência à lei ou à religião judaica. Apesar de não se mencionar o nome de Deus, há abundantes sinais de que ele estivesse operando e cuidando de seu povo. O livro registra o livramento por Deus do seu povo, de uma ameaça de destruição.
Assim como Deus salvou o seu povo do poder de Faraó, ele livrou Israel da mão do malvado Hamã. No primeiro caso o livramento foi efetuado por uma manifestação de seu poder e uma revelação de si mesmo; mas no último caso, Deus permaneceu invisível ao seu povo e a seus inimigos, efetuando a salvação por intermédio de instrumentos humanos e meios naturais.
“É a ausência do nome de Deus que constitui a beleza principal do livro e não deve ser considerada como uma mancha sobre ele. Matthew Henry disse: ‘Se o nome de Deus não está aqui, está o seu dedo’”. Este livro é, como o chama o Dr. Pierson, “O Romance da Providência”.
“Por providência queremos dizer que em todos os assuntos e acontecimentos da vida humana, individuais e nacionais, Deus tem uma parte e uma porção. Mas essa influência é secreta e oculta. Assim, nesta admirável história, que ensina a realidade da divina providência, o nome de Deus não aparece e só o olho da fé vê o fator divino na história humana. Para o observador atento toda a hitória é uma sarça ardente, acesa pela presença divina. A tradição judaica cita Deuteronômio 31.18 como outra razão por que não se menciona o nome de Deus. Por causa de seu pecado, Deus tinha escondido seu rosto a Israel. No entanto, embora tenha escondido o rosto, não se esqueceu de seu povo nem deixou de interessar-se por ele apesar de que fazia sob um véu” – Lee. Podemos resumir a mensagem do livro da mesma maneira seguinte: a realidade da providência divina.
O livro de Ester foi escrito para contar a origem da festa do Purim e mostrar como os judeus foram salvos, nessa época, de serem completamente destruídos pelas maquinações de Hamã. Foi a primeira tentativa de genocídio judaico.
BIBLIOGRAFIA
Através da Bíblia, Livro por Livro – Myer Pearlman.
Manual Bíblico H.H.Halley
Manual Bíblico MacArthur
Manual Bíblico Unger
Enciclopédia – Estudos de Teologia Vol II
Bíblia Explicada – S. E. Mcnair
Bíblia de Referência Thompson
Bíblia Anotada.
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia – R. N. Champlin, Ph. D Vol III, V
Wilson de Jesus Alves
Bacharel em Teologia