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O PERFIL DE PAULO

O Perfil De Paulo

INTRODUÇÃO

Em Gálatas 1.15, disse Paulo: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça” ...  Essa declaração mostra ter sido ele um homem predestinado por Deus, como o foram Abraão, Moisés, Davi, Jeremias e tantos outros.

Paulo foi escolhido por Deus para um grande e poderoso ministério.

Ele foi chamado para realizar uma obra frutífera, cheia de vida e de vitórias.

 

 “Paulo foi um homem reclamado pela época” – James Stalker. Tal como Jesus nasceu na exata “plenitude” do tempo (Gl 4.4), assim também Paulo foi preparado, pela misericórdia de Deus, para uma conjuntura especial. Em Jesus havia cessado a Velha Dispensação, com figuras como Moisés e Elias (Mt 17.3-8); e agora tinha sido inaugurada a Nova Aliança, consumada no Calvário. Paulo, que foi intérprete fidedigno de Cristo, em Sua obra santa e perfeita, em suas treze epístolas deixou para nós o suprassumo da doutrina que Jesus viera ensinar. Ele soube mostrar como ninguém as relações entre a lei mosaica e a graça de Cristo, ponde ao alcance de todos o fragrante perfume de Cristo, as realidades eternas do cristianismo.

 

“O apóstolo Paulo foi, certamente, o maior evangelista, o maior teólogo, o maior missionário, o maior plantador de igrejas de toda a história do cristianismo... Nenhum homem exerceu tanta influência sobre a nossa civilização. Nenhum escritor foi tão conhecido e teve suas obras tão divulgadas e comentadas quanto ele. Embora tenha vivido sob fortes pressões internas e externas, não deixou jamais sua alma ficar amargurada” – Hernandes Dias Lopes

 

 

INTRODUÇÃO:

 

NOME: Saulo vem do hebraico, Shaul, “implorado”.  No mundo grego passou a chamar-se Paulo, “pequeno”. Esse último nome lhe é dado a partir de Atos 13.9.

 

TRIBO:

 

Era judeu:  Seus pais eram judeus. O sangue que corria em suas veias era o mesmo que corria nas veias do patriarca Abraão.

“Hebreu de hebreus” (Fp 3.4,5): Paulo era um judeu puro sangue.

 

Era de Benjamim, à qual também pertencia Saul, o primeiro rei de Israel (Fp 3.5; Rm 11.1).

 

Era dos judeus das “Dispersão” (At 22.3).

 

TERRA NATAL: Tarso (At 11.11,30). Essa era uma cidade importante às margens do rio Cidno, próxima ao mar. A cidade fora muito helenizada pelos selêucidas. Sob Trajano veio a ser capital da Cilícia, uma província romana. Paulo fez questão de dizer que era uma cidade de renome (At 21.39). William Ramsay ligou Tarso a Társis, de Gênesis 10.4. Era uma cidade populosa, com cerca de 500 mil habitantes nos dias de Paulo. Tarso era uma notável cidade universitária. Estrebão, um contemporâneo de Paulo, disse que havia em Tarso tanto apego às disciplinas filosóficas e às chamadas “encíclicas” que ela superava as escolas filosóficas de Atenas, Alexandria e de qualquer parte do mundo. Foi nessa grande cidade, nesse centro importante, que nasceu o “campeão da liberdade cristã”.

Paulo tinha cidadania romana:

Como Paulo adquiriu a cidadania romana:

Ele era cidadão romano de nascimento (22.25-28).

Benefício que herdara de seu Pai, o qual “deve ter recebido sua cidadania por ter prestado algum serviço relevante ao governo romano.

 

Privilégios da cidadania romana:

A garantia do julgamento perante César, se exigido (At 25.11) nos casos de acusação.

Imunidade legal dos açoites antes da condenação (ao contrário do caso do Senhor Jesus, Mt 27.24-26).

Imunidade em relação à crucificação, a pior forma de pena de morte no caso de condenação.

 

SEUS PAIS: Apesar de não sabermos os nomes dos progenitores de Paulo, sabemos que seu pai era judeu restrito, pois Paulo foi “instruído aos pés de Gamaliel, seguindo a exatidão da lei de nossos antepassados” (At 22.3). O pai de Paulo não era helenista, não estando afeito à cultura grega. Wiliam Ramsay assinala a existência de uma colônia judaica em Tarso, desde 171 a.C. Um pequeno número de judeus conseguiram o título de “cidadão romano” em Tarso. Os que o conseguiam, faziam-no por se terem arrolados em “alguma tribo de Israel” a fim dos romanos poderem controlar os cultos na sinagoga. Os judeus de Tarso gozavam de grande prestígio na sociedade. Nada é dito na Bíblia sobre a mãe de Paulo. Mas sabemos que quando Deus quer preparar um grande homem, via de regra prepara antes uma grande mãe. Em 2 Timóteo 1.3 há uma alusão indireta à mãe de Paulo: “Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura...”. Em 2 Timóteo 1.5, o lar de Timóteo espelha o lar de Paulo. Paulo era de família muito influente, tinha, portanto, uma herança judaica, grega e romana.

 

PARENTES: O trecho de Atos 13.16 registra, sem mencionar nomes, a irmã de Paulo e um sobrinho. Romanos 16.7 guarda os nomes de Andrônico e Júnias, parentes de Paulo, mas sem precisar o grau. E em Romanos 16.11 é mencionado um outro parente do apóstolo, Herodião.

 

MEMBRO DO SINÉDRIO: Através de Filipenses 3.34-6 sabemos que Paulo desempenhou cargos importantes no cenário de Jerusalém, incluindo até uma cátedra no sinédrio, pois lemos em Atos 26.10 que Paulo dava o seu “voto” contra os cristãos, o que os condenava à morte.

 

Três condições eram necessárias para alguém fazer parte do Sinédrio:

Não ter menos de trina anos de idade.

Ser casado. Logo, Paulo deve ter sido casado antes de converter-se. E antes de converter-se, deve ter enviuvado.

Ser doutor.

 

 

NACIONALIDADE: Um judeu, onde quer que nasça, será sempre um judeu. Paulo nasceu em Tarso, mas era judeu. Ele mesmo classifica-se assim:

Judeu (At 22.3).

Israelita (Rm 9.3,4; 11.1; 2 Co 11.22)

Hebreu de hebreus (Fp 3.5; 2 Co 11.22).

 

RELIGIOSIDADE: Paulo pertencera à mais rígida seita do judaísmo. Apegada às lei e às antigas tradições. Fariseu de três gerações (At 23.6). Os fariseus eram espiritualistas, contrastando com os saduceus materialistas, que também formavam a elite aristocrata.

Duas principais escolas farisaicas:

A de Shamai: Mais radical.

A de Hilel: Mais liberal. Hilel foi avô de Gamaliel, Hilel provinha da classe baixa e laboriosa.

 

Paulo era fariseu:

“quanto à lei, [eu era] fariseu (Fp 3.5) “vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião” (At 26.5). Paulo era extremamente zeloso pelas tradições de seus pais (Gl 1.14). Ele chega a afirmar que, quanto à justiça que há na lei, era irrepreensível” (Fp 3.6)

 

Paulo era membro do Sinédrio.

O que era o Sinédrio: Era o concílio maior dos judeus, composto de setenta homens maduros, cuja função era legislar e julgar a vida religiosa e moral do povo judeu.

Governado especialmente pelos sacerdotes, da seita dos saduceus, tinha nos fariseus seus membros mais zelosos da lei (At 23.6)

Ser membro do Sinédrio era ser considerado um dos principais dos judeus (Jo 3.1)

 

Paulo – como membro do Sinédrio:

Paulo era o maior embaixador do Sinédrio judaico no sentido de promover a fé de seu pais.

Ele era o braço estendido desse mesmo sinédrio para neutralizar ou desbaratar qualquer nova vertente religiosa que colocasse em risco sua tradição religiosa.

Este posto de honra dava-lhe projeção e grande destaque na sociedade. Era um homem respeitado pelo seu conhecimento, pela sua religiosidade e pelo zelo com que se devotava à causa do seu povo.

Quando Saulo se converteu, ele reputou seus predicados religiosos, nos quais confiava (circuncisão, fariseu, hebreu de hebreus, da tribo de Benjamim), com esterco (Fp 3.8 ARC). A nossa justiça aos olhos de Deus não passa de trapos de imundícia (Is 64.6).

 

EDUCAÇÃO:

Estágios:

Durante a infância, ministrada em casa, pela mãe e pelo rabino (Dt 6.4-6; 11.19-21). A mãe de um menino tinha a responsabilidade de ensinar-lhes “as sagradas letras” (2 Tm 3.15). Paulo foi criado dentro da fé judaica. Seus pais o educaram na fé judaica, uma vez que foi circuncidado ao oitavo dia (Fp 3.5). “Desde a sua infância, bebeu o leite da piedade e aprendeu os preceitos da lei de Deus”

 

Após esse estágio, vinha a “universidade”. Ali havia dois cursos básicos, sistema que continuou vigorando durante a Idade Média:

Trivium – gramática, teórica e lógica.

Quadrivium – Aritmética, geometria, astronomia e música.

 

A julgar pelos escritos de Paulo, podemos supor que ele estudou o trivium.

 

Paulo deve ter brilhado como estudante. Dominava com grande desenvoltura o conhecimento da lei e as opiniões mais importantes dos grandes mestres de sua época. Ele se destacava dentro do judaísmo (Gl 1.14). Não estaria ele entre os expoentes do saber, mencionado em Atos 6.9? Entre eles estavam os da Cilícia, de onde Paulo era natural.

 

Paulo era um erudito.  Tinha uma vasta cultura secular. Seu conhecimento transcendia o campo religioso. Estava familiarizado como o conhecimento mais refinado de sua época. Paulo era um poliglota. Trafegava com desenvoltura pelos corredores do passado e citava com precisão os grandes pensadores e filósofos dos tempos antigos. Quando pregou na capital intelectual do mundo, a Atenas de Péricles, Sócrates, Platão e Aristóteles, não hesitou em citar alguns poetas atenienses (At 17.28). Quando escreveu a Tito, na ilha de Creta, fez referência a Epimênides, um filósofo cretense, do século 6º a.C (Tt 1.12). Paulo tinha uma cultura enciclopédica. Festo, mesmo fazendo troça do apóstolo, precisou se curvar à realidade insofismável de que Paulo era um homem de muitas letras (At 26.24). O próprio apóstolo Pedro faz referência à sabedoria de Paulo (2 Pe 3.15,16).

 

SEMINÁRIO TEOLÓGICO: Em Jerusalém – Terminada a faculdade, Paulo ingressou no Seminário Teológico. Estudou com Gamaliel, um conceituado mestre (Atos 5.34; 22.3; 26.4). Ali, aprofundou-se na interpretação da lei, para ser irrepreensível na justiça (Fp 3.6), e tornou-se zeloso na guarda dos mandamentos (At 8.3; 9.1,2; 22.3; 26.9; Fp 3.6; Gl 1.14). Com tal bagagem, tornou-se um fanático intolerante, galgando posições dentro do sistema religioso de sua gente, até tornar-se “doutor” na teoria e na prática.

Paulo foi educado em Jerusalém aos pés de Gamaliel:

Jerusalém transpirava religião – tudo girava em torno do sagrado:

Era a cidade santa.

Lá estavam os escribas e doutores da lei.

Lá estavam o templo e os sacrifícios.

Lá estavam a lei as cerimônias.

Lá estavam os sacerdotes e os rabinos.

Lá estava o Sinédrio.

 

Gamaliel: O maior e o mais ilustre rabino daquela época, homem culto, sábio e piedoso.

 

OFÍCIO: Entre os judeus, a par com sua formação cultural, ensinava-se também alguns ofícios, de natureza manual. Paulo aprendeu a fabricar tendas (At 18.3). Essa profissão lhe garantiu o alimento, sobrando lhe para sustentar até companheiros, durante sua penosa carreira missionária (1 Ts 2.9; 2 Ts 3.8; 1 Co 9.12; At 20.34).

 

“Assim, estamos diante do gigante do saber, o mestre de três culturas: a hebraica, a grega e a latina” – A. T. Robertson. O homem Saulo estava preparado, pela providencia divina, para sua grande missão: desfraldar o pavilhão de Cristo em três continentes.