JESUS CRISTO, E ESTE CRUCIFICADO
Texto Bíblico: 1 Co 1.18-25; 2.1-5
INTRODUÇÃO
Cristo Crucificado – a centralidade da pregação de Paulo.
O impacto da mensagem da cruz na nossa vida espiritual e pessoal.
A CENTRALIDADE DA PREGAÇÃO DE PAULO
O Ministério De Pregação E O Cristo Crucificado.
Paulo recebeu seu ensino por revelação direta de Jesus (Gl 1.12). É uma referência a visão de Cristo no caminho para Damasco, seguida de muitas outras revelações através do Espírito como veremos nas epístolas.
O Cristo Crucificado é o único meio de salvação e de verdadeira sabedoria (1 Co 1.24). Sem a loucura e a fraqueza da crucificação, não poderia ter havido a sabedoria e o poder da ressurreição e os inumeráveis benefícios oriundos dessa.
A Palavra Da Cruz É A Loucura Da Pregação.
A palavra da cruz é loucura (1 Co 1.18).
A MORTE POR CRUCIFICAÇÃO:
A crucificação é o modo mais antigo de execução. O stauros (vocábulo grego) originalmente era um poste de ponta afiada. Em cima do qual as vítimas eram lançadas, para ficarem ali suspensas e torturadas.
A quem se destinava a crucificação: Era uma execução reservada aos criminosos mais vis.
Cruz – um nome repulsivo: O próprio nome da cruz era motivo de opróbrio, culpa e ignomínia. Cícero exclamou: “O próprio nome (da cruz) deveria ser excluído não só do corpo, mas também dos pensamentos, dos olhos e dos ouvidos dos cidadãos romanos”.
Era usado na Pérsia e em Roma dos tempos antigos. Os judeus suspendiam um criminoso, após a sua morte, com o propósito de servir de exemplo (Dt 21.22,23). O enforcamento, reconhecia que a maldição de Deus pesava contra aquele pecado,
Tipos de cruzes; Ao tempo de Cristo, três tipos de cruzes eram usadas – uma que se assemelhava à nossa letra X (chamada cruz de Santo André), outra parecida com nossa letra T (chamada cruz de Santo Antônio) e a cruz latina, de desenho bem conhecido +. Não há absoluta certeza sobre a modalidade de cruz que foi empregada quando da execução de Jesus, mas a maioria dos estudiosos acredita que tenha sido a de último tipo.
Modo:
A crucificação sempre tinha lugar fora dos muros da cidade.
A vítima carregava a sua cruz até o local da execução.
As mãos (provavelmente no pulso ou no metacarpo) eram cravadas, primeiramente a direita, e então a esquerda, enquanto o condenado jazia sobre a terra.
As autoridades diferem sobre o ponto dos pés serem cravados em separado ou se ambos eram cravados juntos.
A morte usualmente demorava muito, raramente exigindo menos de 36 horas, e ocasionalmente se prolongava por nada menos de nove dias.
As dores eram intensas, e as artérias da cabeça e do estômago ficavam grossas de sangue.
Às vezes declarava-se febre traumática e tétano.
Quando era desejável apressar a morte da vítima, as pernas eram despedaçadas com golpes aplicados com um pesado martelo.
Abolição da cruz: Constantino (Imperador Romano em cerca de 300 d.C), após sua conversão ao cristianismo, embora nominalmente apenas, aboliu essa prática.
PARA OS JUDEUS E GREGOS.
A mensagem da cruz para os judeus – escândalo.
Escândalo: Para os judeus, a mensagem de um Messias crucificado era o Escândalo Supremo.
Significa algo que ofende a ponto de despertar oposição.
Os judeus esperavam um Messias com poderes sobrenaturais (Jo 7.31), não alguém que seria amaldiçoado por Deus (Gl 3.13).
Para os judeus “um Messias crucificado” era uma contradição de termos, semelhante a “gelo frito”. Pode-se ter um Messias, ou pode se ter um crucificado; mas não se pode ter ambos – pelo menos não da perspectiva da compreensão humana.
Messias significava poder, esplendor, triunfo; Crucificação significava: fraqueza, humilhação, derrota.
Uma antiga literatura judaica diz: “Todos os que foram apedrejados têm de ser pendurados. Mas os sábios dizem: Ninguém é pendurado senão o blasfemador e o idólatra” – Sanh 6.4
A MENSAGEM DA CRUZ PARA OS GREGOS – LOUCURA.
Os gregos escarneciam de uma divindade que não tinha nem a sabedoria, nem o poder para se salvar de tal morte.
Os gregos procuram sabedoria: Essa também era uma característica nacional. Muito antes, Heródoto já havia dito: “Todos os gregos eram zelosos de todo tipo de conhecimento”.
Para os gentios. Aqui a palavra “gentios” incluem os romanos, que consideravam um messias crucificado algo totalmente sem sentido. A mensagem de “Cristo crucificado” era uma “superstição perniciosa” e “loucura absoluta”. “Uma superstição despropositada e extravagante” nas palavras de Plínio, o Jovem.
A mensagem da cruz para os crentes – poder de Deus (1 Co 1.18).
Poder (gr DUNAMIS) – O Evangelho não somente informa, mas transforma pela ação do Espírito Santo (At 1.8).
O tema desagradável de um Messias crucificado era na verdade a expressão máxima do “poder” e da “sabedoria” de Deus e como tal ele está disponível para aqueles a quem “Deus chamou, tanto judeus quanto gregos”.
Cristo crucificado como poder de Deus, e portanto, como sabedoria de Deus, em operação no mundo é a contradição suprema para maneiras meramente humanas de perceber a realidade.
OS EFEITOS DA CRUZ:
A cruz quebrou definitivamente o ciclo de alienação e violência crescentes porque absorveu o pior ato de violência do mundo – a morte do Deus encarnado.
Deus não reagiu a isso desferindo um contragolpe vingativo, mas sim com amor complacente, respondendo, assim, à raiz de uma sociedade violenta. O ato último de ódio foi respondido com o ato último de amor complacente como forma de comprometimento ao princípio da vida em toda sua plenitude.
Substituição pelos pecadores (Is 53.4-6; Mt 20.28; 2 Co 5.21; 1 Tm2.5,6; Hb 2.9; 1 Pe 3.18).
Sofrimento vicário (Hb 2.9; 1 Pe 3.18; 1 Jo 2.2; 4.10; Hb 2.17; Rm 3.25).
Mediação entre Deus e o homem (Cl 1.20). Ele estabeleceu a paz pelo sangue de sua cruz (1 Co 15.25-28; Jo 7.38; 16.7; 14.16; At 2.33 e Gl 3.13,14).
Base de intercessão em prol dos pecadores (1 Tm 2,5,6. 1 Jo 2.1,2; Ap 5.6; Fp 2.8-10).
Cristo pôs fim ao princípio da lei, tanto como uma base suposta de justificação como também como meio de santificação ou guia na vida cristã diária (Jo 1.17; Rm 4.4,14; 10.4; 11.6; Gl 3.3,10-13; 4.19-31; 5.1 e Atos 15.10).
Redenção da servidão ao pecado, seu julgamento e seu domínio sobre a vida do crente (Rm 6; Cl 1.1-3; Gl 2.20)
Reconciliação com Deus (Rm 5.1,10,11; 2 Co 5.18, 9,20; Ef 2.16).
Propiciação para com Deus e pelo pecado (Rm 3.25; 1 Jo 2.2; 4.10; Hb 9.5).
Julgamento contra o pecado, com a destruição do princípio do pecado e de seus frutos (Rm 5.15,17,18; 8.3; 6.14). A natureza pecaminosa, pois é, assim judicialmente destruída – agora é debilitada e então será eliminada (Rm 6.10; Cl 2.14,15; Jo 16.11; Rm 6. 1 – 8.13; Gl 5.22,23).
A cruz é a base do perdão: o perdão consiste na purificação do pecado. É o saldar ou pagar das antigas dívidas (Rm 3.25; 4.7; At 2.38; 3.19; 1 Jo 1.1 – 2.2).
Significará a salvação de nacional de Israel (Rm 11.25-27). Isso envolverá a possessão final das terras que lhes foram prometidas, as bênçãos terrenas e a restauração nacional (Is 66.22; Jr 31.36; 2 Sm 7.16; Jr 33.5,17,21).
Serve ela de base para as bênçãos milenares e eternas que sobrevirão a todas as nações (Ap 21.23; Mt 25.31-46; Is 60.3,12; 61.9; 62.2).
Significou igualmente a derrota dos poderes angelicais pervertidos, o despojamento dos principados e poderes (Cl 2.15; Ap 12.7; 20.10; Mt 25.41; Jo 12.31).
A cruz é a base da pacificação entre judeus e gentios, no seio da igreja cristã entre Deus e o homem, e por todo o universo no que atinge a todos os seres (Rm 5.1; Cl 1.20)
EXPRESSÕES-CHAVE NA DOUTRINA DE PAULO
“Evangelho De Cristo” (Rm 1.16).
O Evangelho (Rm 1.16,17)
Não nos envergonhamos dele.
O Evangelho é de Cristo. A salvação depende da revelação, não da razão somente.
O Evangelho é o Poder de Deus. Em 1 Coríntios 1.24, Cristo é chamado o “Poder de Deus”, indicando novamente que o evangelho é Cristo oferecido e recebido.
Na Antiguidade, o poder divino costumava ser associado aos operadores de milagres; na cultura coríntia, como na romana em geral, o poder social era muito valorizado.
O Evangelho é para Salvação.
O Evangelho é Universal.
O Evangelho deve ser recebido pela fé. Creem (1 Co 1.21) No grego é presente contínuo, isto é, fé habitual.
O Evangelho traz consigo a justiça de Deus.
“CRISTO CRUCIFICADO”.
O Texto de Gálatas 3.1.
Fascinou (Gl 3.1a). Tem a ideia, no original, de encantar pelo olhar e por meio de palavras, como um feiticeiro.
O termo traduzido por “enfeitiçou” (NVI) refere-se, naturalmente, ao maligno dos feitiços, ou ao “mau olhado”, isto é, o olhar invejoso com eficácia mágica.
Exposto (Gl 3.1b).
Os bons oradores era renomados pelos gestos dramáticos e pelas histórias vívidas; eles encenavam diante do público os acontecimentos narrados. Todos os antigos autores, ao tratar da arte de falar em público, enfatizavam a importância de falar de forma vívida, para que os eventos narrados parecessem figurar, de fato, diante dos “olhos” do público (NVI). É possível que Paulo, aqui esteja dizendo que encenava a crucificação por meio da própria vida (Gl 2.20).
Como num quadro ou cartaz. Deixando de contemplar a Cristo crucificado, foram seduzidos, pelo erro.
O contraste entre sabedoria e loucura (1 Co 2.6).
“Experimentados” gr. TELEIOIS: “Perfeitos”. São os espiritualmente maduros.
Os filósofos empregavam o termo aqui traduzido por “maduros” ou “perfeitos” para designar os indivíduos que haviam alcançado um estágio avançado de sabedoria.
A sabedoria dos poderosos:
Alguns estudiosos sugerem que a expressão “os governantes desta era” se refere aos poderes angelicais nos ares (15.24; Rm 8.38; Ef 1.21). Contudo, de acordo com o contexto, é uma provável referência aos governantes terrenos (Rm 13.1). Eles são os poderosos desta era segundo os padrões dos coríntios (1 Co 1.26-28).
Não são demônios mas autoridades romanas e judaicas (2.8; At 3.17; Mc 1;24,34).
Entretanto, o “Senhor da glória” é o verdadeiro poderoso.
Jesus Cristo – Crucificado (1 Co 2.2).
Um paradoxo, um resumo da mensagem cristã (15.3,4) cuja exposição é o Novo Testamento todo.
“Cristo Ressurreto”.
Se Cristo não houvesse ressuscitado (1 Co 15).
A pregação seria inútil (v.14).
A fé seria inútil (v.14).
Seriamos falsas testemunhas de Deus (v.15).
Ainda permaneceríamos nos nossos pecados (v.17).
Os que dormiram em Cristo estariam perdidos (v.18).
Seríamos os mais infelizes deste mundo (v.19).
OS EFEITOS DA MENSAGEM DA CRUZ
Uma Vida No Poder De Deus.
Poder que liberta (Mc 16.15-18). Entre os sinais da era messiânica, Isaías predisse que os enfermos seriam curados, a língua dos mudos falaria (Is 35.5,6 – contudo, a ideia de língua poderia ser uma referência aos eventos descritos em Atos 2.4 e 1 Co 12-14) e o povo de Deus testemunharia a seu respeito (Is 43.10). Os poderes aqui atribuídos aos que creem são os mesmos que caracterizavam os profetas do Antigo Testamento.
Poder que Transforma (Rm 10.17). A mensagem de salvação não é outra senão a mensagem proclamada de Cristo.
Uma Vida De Humildade.
A verdadeira sabedoria (1 Co 1.20).
A sabedoria deste mundo (1 Co 1.19): Aqui, Paulo cita Isaías 29.14 para mostrar que a sabedoria de quem vive segunda as tradições humanas (incluindo a tradição judaica) e, não segundo a revelação de Deus, haveria de perecer (Jr 8.9). Não, todo o conhecimento secular, como tal, mas somente as ideias filosóficas e religiosas que negam a verdade de Deus serão anuladas.
HAVIA TRÊS TIPOS DE SÁBIOS (1.20). E estes não podem pregar a mensagem da cruz:
O sábio – o filósofo; o intelectual
Aqueles que acreditam única e exclusivamente no conhecimento humano, nas lógicas do saber racional.
Acreditam que a sabedoria humana é autosuficiente.
O sábio não entende a palavra da cruz.
O escriba: Intérprete da lei judaica.
Doutor da lei entre os judeus.
Conhecedor das línguas originais.
Liam em hebraico, e traduziam, em seus ensinamentos orais nas sinagogas.
Era meramente religiosos.
Era defensores de um evangelho “teológico-centrico”.
O inquiridor: O filósofo grego, o questionador, ou pensador.
Uma possível referência ao orador instruído na arte da retórica, às vezes desprezada pelos filósofos que consideravam esses indivíduos desprovidos de conteúdo genuíno.
O revolucionário
Que questiona tudo.
Rebelde.
UMA VIDA NA DEPENDÊNCIA DO ESPÍRITO.
Nossa dependência de Deus (1 Co 2.4)
Palavra:
Na retórica, a “demonstração” era uma forma de argumento comprovado com base em premissas certas e incontestáveis. Paulo não oferece meros silogismos (forma de argumentação lógica, mas possível de se basear em premissas inadequadas), argumentação dialética (que, segundo Platão, servia para definir e classificar as informações) ou artifícios retóricos.
Linguagem persuasiva. Argumentos racionais, oratória, pressão psicológica, emocionalismo, convicção baseada apenas em argumentos racionais, fica à mercê de melhores argumentos. Mas são necessários para captar o ouvido do não crente (At 171.2,17; 18.28; 1 Pe 3.15).
Também se poderia falar em “poder” retórico, mas o poder de Paulo vem de uma fonte diferente: o poder de Deus que reside na pregação da fraqueza da cruz (1.18,24). Esse “poder” talvez implicasse confirmações milagrosas (1.22,24; 2 Co 12.12; 13.4; Rm 15.19).
Wilson de Jesus Alves