FILADÉLFIA
A IGREJA FIEL E MISSIONÁRIA
Texto Bíblico: Apocalipse 3.17-13
INTRODUÇÃO
Filadélfia está relacionada com o século dezenove e sua vasta expansão de atividades missionárias.
Foi a respeito desta cidade influente que o cético Gibbon escreveu: “Entre as colônias gregas e as igrejas da Ásia, Filadélfia ainda permanece em pé, uma coluna num cenário de ruínas, um exemplo agradável de que os caminhos da honra e da segurança, às vezes podem ser os mesmos”
É possível uma igreja ser irrepreensível? A igreja de Esmirna e a de Filadélfia o eram. Das sete, são as únicas que o Senhor não tinha de que as censurar. Nesta igreja, Deus nada condenou.
O DESTINATÁRIO:
A Cidade De Filafélfia:
Nome: A cidade recebeu o nome de seu fundador Atalo Filadelfo, rei de Pérgamo, na metade do II século a.C. (159-138). É famoso por causa de sua lealdade e amor para com seu irmão carnal, Eumênio, a quem constituiu rei de Filadélfia. Até as moedas da época levavam a efígie dos dois irmãos em trajes como se fossem gêmeos. Filadélfia quer dizer “amor fraternal”, e com esta acepção é usado no grego de Hebreus 13.1 “Permaneça o amor fraternal”. Atualmente seu nome é Allah Sher, ou “a cidade de Deus”.
Fatos Históricos E Geográficos:
Era uma cidade da Lídia, 40 quilômetros distante de Sardes.
Os turcos não veem a cidade (que contém muitos cristãos gregos) com grau algum de veneração.
Aspectos Religiosos: Adoravam Asclépio, deus da medicina, incluindo o símbolo da serpente e, bem assim, os próprios imperadores.
A Igreja De Filadélfia:
É a igreja avivada e missionária. Ramasay diz o seguinte dessa cidade: “A intenção dos seus fundadores era torná-la um centro da civilização greco-asiática e um meio de espalhar a língua grega e seus costumes na parte oriental da Lídia e da Frígia. Ela era uma cidade missionária desde o seu princípio (...) O seu ensinamento foi bem-sucedido. Antes de 19 d.C., a língua nativa tinha deixado de ser falada na Lídia e a língua grega era a única falada nesse país. A igreja em Filadélfia se torna um símbolo da grande iniciativa de missões mundiais, a próxima etapa na história do cristianismo depois da Reforma Protestante.
Representação Histórica: Representa a igreja cristã nessa fase, a partir de 1750, especialmente nos séculos XVIII, XIX e início do século XX. Filadélfia fala de “um período de ortodoxia e evangelização por líderes tais como Wesley e Whitefield, quando todas as nações do mundo estavam de portas abertas para receber o Evangelho”.
Diz Walter Scott: “A ausência de condenação na mensagem ao seu anjo é digna de nota em conexão com o fato de que teve maior duração do que qualquer uma das sete igrejas citadas” Aqui temos uma igreja verdadeira dentro da igreja professante.
O CONSELHEIRO
“que é Santo” (v.7): Literalmente, “o Santo”, um nome para a divindade.
“verdadeiro”(v.7): “o Verdadeiro”. A palavra grega para verdadeiro alethinos significa “verdadeiro, no sentido de real, ideal, genuíno”.
A Chave De Davi (3.7):
Quando a pessoa recebe a chave de uma cidade, este ato simboliza que lhe são entregues liberdade e privilégios. Aqui a chave ó símbolo do direito indiscutível de entrar e exercer toda a autoridade necessária.
Isso é uma alusão ao reino prometido por Deus a Davi (2 Sm 7.12,13), e que se cumprirá em Jesus – o descendente de Davi segundo a carne (Lc 1.32,33). Essas palavras são citadas de Isaías 22.22. A “chave de Davi” tem um significado messiânico.
No capítulo 1.18, Cristo disse a João: “Tenho as chaves da morte e do inferno”. No tempo do c.3.7, Ele tinha a “chave de Davi”. Enquanto aquelas palavras se referem a Sua vitória sobre a Morte e o mundo invisível, estas anunciam o Seu direito como Senhor e Cabeça da Casa de Davi, antecipando o Seu reinado aqui na terra.
O ELOGIO
“Tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar” (3.8). Certamente é uma alusão ao sempre crescente movimento missionário dos últimos tempos, iniciado por William Carey em 1793, quando partiu para a Índia.
Parece-nos que a igreja em Filadélfia, como a de Antioquia (At 13.1-3), ministrava perante o Senhor em jejum e oração, até Ele abrir a porta para uma grande obra missionária para a salvação de grande número de perdidos. Ninguém pode fechar a porta que Cristo abre.
Porta Aberta:
Filadélfia, devido à sua posição na “porta” geográfica para o leste, tornou-se a cidade que difundiu a língua e a cultura grega para toda aquela região.
A figura de uma porta aberta era familiar para os cristãos do primeiro século. Os missionários pioneiros, Paulo e Barnabé, relataram em Antioquia que Deus “abrirá aos gentios a parta da fé” (At 14.27). Em ralação à sua obra em Éfeso, Paulo escreveu: “Porque uma porta grande e eficaz se me abriu” (1 Co 16.9). Pouco mais tarde, ele diz: “quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo (...) abrindo-se uma porta no Senhor (2 Co 2.12). Ele pediu aos colossenses a orarem “para que Deus nos abra a porta da palavra” em Roma (Cl 4.3). Essas passagens das epístolas de Paulo parecem indicar o que significa uma porta aberta – ela significa uma boa oportunidade para a obra missionária. A igreja de Filadélfia adentrará a porta da oportunidade que ele tinha aberto.
“tendo pouca força”: Não é num sentido condenatório que Cristo fala de sua “pouca força”.
“Guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome” (v.8): A igreja em Filadélfia deixou dois exemplos eternamente indispensáveis a todos os crentes: o de guardar a Palavra de Cristo, a qualquer custo, e o de nunca negar o Seu bendito nome.
“Sinagoga de Satanás” (v.9): A adoração principal era a Dionísio (mais tarde chamado de Baco). Mas a carta indica que a principal oposição veio dos judeus e não dos pagãos. Em todas as épocas, o Diabo tem suas igrejas, seitas e grupos. Seus apóstolos se transfiguram em apóstolos de Cristo (2 Co 11.13,14)
“farei que venham e adorem prostrados a teus pés” (v.9): Os crentes em Filadélfia não se vingaram de seus inimigos, reconhecendo que a vingança pertence somente a Deus (Rm 12.19).
RECOMPENSA
“Também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro” (3.10). É uma das referências mostrando que a Igreja do Senhor nada tem com a Grande Tribulação (1 Ts 1.10). Observe que diz que serão guardados desse período de sofrimento, o qual precederá a vinda de Cristo, e não apenas conservados para suportar a tribulação, como alguns crentes ensinam.
Antes de romper a hora terrível da Grande Tribulação, haverá no mundo assembleias e crentes irrepreensíveis, como em Filadélfia, e que escaparão, sendo arrebatados para os céus.
O texto mostra ainda que a Grande Tribulação terá alcance mundial, tendo seu centro na Palestina.
O estudo dos tipos da Bíblia ilustram este argumento:
Enoque foi arrebatado antes do dilúvio (Gn 5.24)
José do Egito recebeu Asenate, uma noiva gentílica, antes dos sete anos de fome.
Moisés recebeu uma esposa gentílica depois de sua rejeição e antes de passar pela tribulação imposta por Faraó.
Tentação (v.10): O substantivo grego para tentação é peirasmos, e o verbo grego para tentar é peirazo. O significado é provação e provar, respectivamente.
Colunas (v.12):
Filadélfia muitas vezes foi sacudida por terremotos. Ela foi destruída em 17 d.C., junto com Sardes e dez outras cidades no vale de Lídia. O medo fez com que grande parte da população deixasse de morar no interior dos seus muros.
Os que vencerem serão feitos colunas no templo de Deus. Embora de pouca força na terra, devem ser transformados em colunas maciças e gloriosas no céu, e partilharão da vitória final de Cristo.
Enquanto a coluna dá estabilidade à construção que se apoia sobre ela, ela mesma está firme e permanentemente estabelecida; e esse lado do conceito frequentemente vem à tona... e é preeminente aqui.
Novo Nome: Ainda que na terra não tenham nome, deverão ter um nome novo e secreto no céu.
“E dele nunca sairá” (v.12): Por quê? Porque Cristo é a chave e desta forma conserva seus santos em segurança eterna. Todos os que são verdadeiramente salvos pela graça estão no registro dos vivos porque têm a vida eterna. O caráter dos santos glorificado será firmado para sempre.
O Meu Novo Nome: O nome de Deus, significando sua posse, era colocado sobre os israelitas (Nm 6.24-26) – “Assim, porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Nm 6.27) Swete sugere que o novo nome de Cristo é “um símbolo para a glória mais completa de sua Pessoa e Caráter que aguardam revelação na sua Vinda”.
CONCLUSÃO
Também nesta carta se usa a segunda vinda de Cristo como incentivo para a fidelidade.
“Eis que venho sem demora” (v.11). O significado principal de sem demora (cf.22.20) é que o Senhor não atrasará a sua vinda além do tempo fixado.
Como a cidade naquele tempo foi uma “missionária” da cultura grega, assim a igreja deve ser uma igreja missionária.
Filadélfia no sentido histórico e profético é um protesto contra a falta de vida no seio do Protestantismo oficial. Em Filadélfia há uma revivificação do ensino profético, e uma ardente expectação da vinda do Senhor (v.11).
Filadélfia inclui todos aqueles que procuram em tudo ser obedientes à Palavra de Cristo (v.10) e não admitem que palavras humanas lhe sejam acrescentadas. De fato, aquilo que se acrescenta a essa Palavra vem a tomar-lhe o lugar. Filadélfia importa a recusa de tudo isto, para guardar aquilo que é certamente a Palavra de Cristo.