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ÉFESO - A IGREJA AUTÊNTICA MAS SEM AMOR

ÉFESO

A IGREJA AUTÊNTICA MAS SEM AMOR

 

Texto Bíblico: Apocalipse 2.1-7

INTRODUÇÃO

 

Éfeso indica a pretensão eclesiástica e a separação do primeiro amor, caracterizando o término do período apostólico. Havia pura doutrina e ordem eclesiástica perfeita, mas também uma lamentável falta de amor. Não afirmou Paulo em 1 Coríntios 13 que o melhor dos cultos de pouco vale se faltar o amor?

QUEM ERA O ANJO DA IGREJA

Algumas Intepretações:

Há aqui certa alusão astrológica (1.16).

São grandes poderes espirituais associados às igrejas, visando a sua proteção e orientação. São instrumentos nas mãos de Cristo, seres angelicais literais, que ministram à igreja, controlando seus ministros. Essa linha de interpretação entende que cada igreja possui seu anjo guardião, assim como cada nação e cada pessoa individualmente (a doutrina do anjo da guarda). O ensinamento que aqui temos, pois, é profundo – a igreja cristã não fica sozinha. Conta com a ajuda de grandes protetores espirituais, guardiães e instrutores angelicais. Isso entretanto, não os transforma em mediadores da “salvação”, pois somente Cristo pode ser tal mediador (1 Tm 2.5). Contudo são mediadores de sua presença e de seu poder, enviados para ministrar às assembleias locais, bem como aos crentes individuais (Hb 1.14). Cada um desses anjos tem seus “representantes” nas igrejas locais, a saber, pastores, mestres, etc.

 

Seriam delegados especiais, enviados às sete comunidades cristãs, levando-lhes cópias do livro de Apocalipse. Mas isso é altamente improvável. Antes devem ser membros “fixos” das igrejas locais ou seres permanentemente vinculados a elas, e não visitantes ocasionais de qualquer espécie.

São os pastores humanos das igrejas, e não seres sobrenaturais.

O pastor desta igreja poderia ser Timóteo (?)

 

Os Anjos – Como Estrelas:

Estão nas mãos do Senhor. Por Conseguinte Cristo:

Segura-os, guia-os, controla-os, usa-os em ser serviço.

 

O DESTINATÁRIO:

A Cidade De Éfeso: Representa, historicamente, uma das mais vigorosas comunidades cristãs do Novo Testamento.

 

Significado Do Nome: Éfeso significa “desejável” ou “primeiro amor”, a igreja como objeto do amor de Cristo.

 

Informações Geográficas:

A igreja de Éfeso era, das sete, a mais próxima de Patmos, onde João recebeu as sete mensagens.

Era a principal cidade da província romana da Ásia.

Na época em que João a escreveu, essa cidade era um grande porto, situado perto da boca do rio Caister. Caravanas nas estradas romanas do norte, leste e sul convergiam aqui, para deixar suas cargas em navios que velejavam para o oeste em direção a Corinto ou mesmo até a Itália

 

Aspectos Religiosos:

A Religião De Éfeso: Era principalmente, o culto à deusa Diana, conhecida também como Ártemis.

Esse templo continha a “imagem” de Diana, a qual, mui provavelmente, era apenas um meteorito que foi esculpido para formar tal imagem.

Ali havia o templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Seu culto a Diana (At 19) espalhara-se por todo o mundo conhecido de então.

 

Fatos Históricos:

Éfeso, a renomada capital do Estado Jônico, era conhecida como “a luz da Ásia”. Contudo era uma cidade pagã, repleta de trevas da superstição pagã. Swete escreve: “A cidade era um canteiro de rituais e superstições, um local de encontro do ocidente e do oriente, onde gregos, romanos e asiáticos se acotovelavam nas ruas”; Era famosa por sua riqueza, sabedoria e impiedade.

Politicamente, Éfeso era uma cidade livre. Isso significava que ela desfrutava de uma medida considerável de autonomia. Nessa cidade também ocorriam os famosos jogos anuais.

No início do segundo século, quando os cristãos estavam sendo enviados por navio para Roma para alimentar os leões, Inácio chamou Éfeso de a Rota dos Mártires.

Éfeso atualmente é somente ruínas. O rio Caister encheu o porto com lodo, de maneira que a cidade é somente um pântano de juncos.

 

Éfeso E Os Concílios Eclesiásticos: O lugar tornou-se a sede de longa sucessão de bispos orientais.

Concílio de 431 d.C.: Foi o terceiro concílio geral, teve como propósito específico condenar as heresias de Nestório. A igreja de Santa Maria, onde a conferência foi efetuada, conta com ruínas que podem ser vistas até hoje.

 

A Igreja De Éfeso:

É a igreja de amor decadente. O significado de seu nome “primeiro amor” descreve com bastante propriedade o primeiro século da história da Igreja, que geralmente se caracterizou por amor profundo e zelo ardente a Cristo, bem como por uma posição ferrenha a todos os mestres e doutrinas falsos. Éfeso retrata “o declínio primitivo do cristianismo vital no término do primeiro século”.

Éfeso era o centro de uma densa população cristã. A igreja de Éfeso (mãe das igrejas asiáticas) sobressai-se como a mais espiritual no registro sagrado. Entretanto “Os princípios da igreja aí são registrados em Atos 18 – 20, o ministério eloquente mas parcial de Apolo sendo suplementado e ampliado por Paulo. Na cidade de Éfeso, o apóstolo Paulo enfrentou o centro ativo do ocultismo e a magia negra. Ali ele fundou uma verdadeira igreja (At 19). Ele ficou ali cerca de 3 anos, o tempo em que Deus operou grandes milagres, salvou muita gente e o nome de Cristo se tornou conhecido em toda aquela região. Os feiticeiros também foram vencidos pela extraordinária operação do Espírito Santo. O capítulo 19 de Atos nos conta a história como “a Palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.20). Que avivamento de proporções tremendas!

A carta a Éfeso descreve o estado da igreja

A igreja de Éfeso foi muito bem estabelecida na doutrina bíblica. Paulo ensinou a Palavra de Deus ali durante três anos (At. 19.10 e 20.31) – foi um curso teológico. Todos os ensinos básicos foram ministrados: “Porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.27). “todo desígnio” ai, significa “toda a mensagem de Deus, todo o seu plano, todo o seu propósito”.

Pelo teor da Epístola de Paulo aos Efésios, observa-se que essa igreja era profundamente espiritual. Mas o juízo deve começar pela casa de Deus (1 Pe 4.17)

Paulo realizou um grande trabalho evangelístico e teológico nesta cidade. Seu filho na fé, Timóteo, ocupou a posição de pastor da igreja em Éfeso e daquela região por muitos anos. Éfeso foi a igreja que João pastoreava quando foi desterrado para a ilha solitária de Patmos, segundo a tradição cristã dos primeiros séculos.

Foi ali, talvez que Maria, a mãe de Jesus, acolhida na casa de João, morreu, ali há uma casa muito singela, que dizem ter sido de Maria.

 

Porque Éfeso Foi A Primeira A Receber A Carta De João: há três razões lógicas para João escrever primeiro para a igreja de Éfeso:

Ela era a principal igreja na Ásia e estava situada na principal cidade da província.

Ela era a cidade mais próxima de Patmos, a cerca de 100 quilômetros. Ela seria a primeira cidade a ser alcançada pelo mensageiro que levava essas cartas.

Ela era a igreja-mãe de João.

 

O CONSELHEIRO

Como Ele se apresenta para a igreja ortodoxa e sempre esforçada:

 

“Isto diz aquele que tem na sua destra” (v.1) É Jesus glorificado quem fala (1.12), o Sumo Pastor (1 Pe 5.4) de todo o Aprisco, o Supremo Bispo que reparte com o que quer e move e remove os castiçais como Lhe apraz.

“Na sua destra” (v.1). As verdadeiras igrejas estão na destra de Cristo (1.16), ao controle do “Deus em cuja mão está o teu fôlego” e em cuja “mão estão os meus dias” (Dn 5.23; Sl 31.5).

Todos os verdadeiros ministros de todas as igrejas estão nas mãos de Cristo... À medida que Cristo se move no meio das igrejas, Ele segura os ministros nas suas mãos.

 

Os Ministros Como Estrelas:

 

As “estrelas”, sem importar o seu simbolismo, não são aludidas apenas para ocupar espaço; não são meramente decorativas; elas têm a função de dar luz, ou seja, ou seja, orientação, visando o avanço espiritual da igreja.

 

“quem anda no meio dos sete castiçais” (v.1): A descrição de Jesus – mostra que ele sustenta a sua Igreja e está no meio dela (v.2). Declara-se que Cristo glorificado anda; está em movimento; o Sumo Pastor está constantemente em contato com todas as Suas igrejas. O Vinhateiro anda nas igrejas desejando e procurando frutos (Lc 13.6-9).

 

Os Candeeiros:

Os candeeiros podem servir de mero ornamento. Mas os verdadeiros e melhores candeeiros são os que são iluminados e realmente iluminam. Nada são sem o azeite que alimenta o pavio que dá a luz; e o azeite é o símbolo do Espírito Santo.

O poder da igreja, a sua excelência e o seu caráter geral não são determinados pelas belas edificações, pela riqueza e pela posição social; somente a sua função de candeeiro a torna digna como igreja local.

 

O fato de que Cristo “andava” entre os candeeiros simboliza as seguintes verdades:

 

A presença de Cristo e de seu poder, na igreja, o que tanto se verificou na era apostólica.

A sua cuidadosa vigilância sobre essa época e todas as épocas da igreja “conhecendo” suas fortalezas e fraquezas.

Esse andar é judicial. Cristo não está satisfeito com a condição da igreja e terá de baixar juízo, se não houver arrependimento.

Sem “a presença” de Cristo, a igreja é apenas uma pilha de pedras, frequentada por não espirituais. Mas com sua presença, a igreja se torna um templo vivo para habitação do próprio Deus (Ef 2.22; 1 Pe 2.5)

Temos aqui o “teísmo”, ao invés do “deísmo”. Este último ensina que há um Deus, um Criador, uma força superior, mas crê que ele deixou as leis naturais encarregadas do governo de sua criação, não tendo qualquer contato pessoal com a mesma; pelo que também não faz intervenção na história humana, para julgar ou galardoar. O teísmo, em contraste com isso, ensina que Deus está conosco, particularmente na pessoa de Cristo; que Deus faz interferência na história da humanidade; que recompensa e pune. Cristo é o exemplo supremo da presença de Deus entre os homens, pelo que é a maior prova do teísmo, embora existam outras provas.

É o “Senhor” quem assim guarda a sua igreja e a observa (Rm 1.4).

É cumprimento de sua promessa de que estaria conosco até o “fim do século” (Mt 28.20), e de que estaria conosco “onde dois ou três” se reunissem em seu nome (Mt 18.40).

A vigilância e a presença de Cristo não são “localizadas”. Ele anda por entre todas as igrejas e não meramente entre alguma de suas modernas denominações. Isso refuta o sectarismo e exalta o ideal da unidade de Cristo, por toda parte de todos os crentes regenerados, por toda a parte.

Cristo anda entre os candeeiros a fim de assegurar que todos estão em boas condições e dão boa iluminação. Os candeeiros exigem constante atenção, a fim de funcionarem corretamente, a fim de darem a luz apropriada, e Cristo dá essa atenção às igrejas. Se não fora assim, a lua da igreja desde há muito ter-se-ia apagado.

 

O ELOGIO: Deus aprova:

A cada igreja o Mestre repete solenemente “Sei...” Solene é o fato de que Jesus é sabedor de todos os detalhes de todos os membros de todas as assembleias de toda a terra.

“Conheço” (v.2) É Selene o fato de Jesus saber o que fazemos para Ele.  O seu poder, que “tudo vê e tudo sabe”, é ao mesmo um tempo uma ameaça e um conforto. É uma ameaça aos hipócritas e pretensiosos; é uma ameaça para aqueles que brincam com a fé religiosa. Mas é um conforto aos fiéis, que são perseguidos e desprezados por outros, dentro ou fora da igreja. Consideremos os seguintes pontos:

É salientado assim a onisciência de Cristo.

O interesse de Cristo por sua igreja é focalizado, porque ele “conhece” as suas condições, a fim de louvar ou de repreender à mesma, tudo o que visa produzir modificações espirituais favoráveis.

 

Obras “Conheço as tuas obras” (v.2): Éfeso era uma igreja laboriosa. Jesus a elogia por isso. Mas o que Ele quer primeiramente de nós não é o nosso trabalho, e sim a nós mesmos, isto é, o nosso amor para com Ele, a nossa dedicação total. Deus mede a vida de um crente, não pelo que o crente anda fazendo na igreja para Ele, mas pelo que está sendo para Deus. O Senhor nada esquece do que fazemos para Ele, mas isto não substitui o amor.

 

Trabalho:  Não cansava no serviço de Cristo. Trabalho (Kopos) é um termo forte. Barclay diz que ele descreve: “trabalho até suar; trabalho até ficar exausto; o tipo de labuta que suga toda energia e mente que um homem possui”. Os cristãos de Éfeso eram obreiros incansáveis.

 

Kopos gr.: “labor até a exaustão”, “labuta”. A forma verbal “kopiao” significa “exaurir-se” “trabalhar arduamente”, “lutar”

 

“As ações de um homem são apenas um quadro pictórico de seu credo” – Ralph Waldo Emerson

 

“Os céus nunca ajudam ao homem que não trabalha” – Sófocles

 

Paciência “Hupomone” gr.: A perseverança foi altamente elogiada. Perseverantes no lidar (v.2) perseverantes no sofrer (v.3). A tradução mais correta é “persistência imperturbável”.

 

Barclay comenta: “Hupomone não é a paciência inflexível que resignadamente aceita as coisas, e que curva sua cabeça quando preocupações aparecem. Hupomone é a bravura corajosa que aceita sofrimento, privação e perda e os transforma em graça e glória”.

 

  1. N. Champlin também confirma esse conceito: “Significa bem mais do que se entende pela palavra ‘paciência’, isto é, ‘suportar tudo estoicamente’. Pelo contrário, significa ‘constância’ sob circunstâncias adversas.

 

 

 “Todos os homens louvam à paciência, embora poucos se disponham a praticá-la” – Thomas à kempis

 

“É na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas” (Lc 21.19)

 

“Suportou provas por causa do meu nome” (Nova Almeida Atualizada) (v.3): O termo grego “bastadzo” significa “carregar”, “suportar”, “tolerar”, ficando entendida qualquer coisa levada ou suportada.

 

“sem esmorecer” (v.3): kamno gr.: “labutar até a exaustão”, “adoecer”, “desmaiar de tanto trabalho” – “Cansados na lealdade, mas não cansados dela. “A igreja efésia podia suportar qualquer coisa, exceto a presença de impostores entre seus membros” – Moffatt

 

Zelo:

Os nicolaítas (v.6):

Era um partido dentro da igreja de Éfeso. Paulo pelo Espírito santo, avisara a igreja disso, conforme At 20.29,30. Eram seguidores de um certo Nicolau, que visa implantar dentro da igreja a lei da sucessão apostólica. Irineu (cerca de 180 d.C) diz que eles foram estabelecidos por Nicolau de Antioquia, mencionado em Atos 6.5. Mas Clemente de Alexandria questiona isso.

Parece-nos que os nicolaítas eram uns sectários pregadores da liberdade da carne. Podemos entender tal doutrina seria um tipo de fermento perigoso, estragaria por certo, toda a massa. Precisava ser eliminada.

Refere-se ao começo da noção de uma ordem sacerdotal na Igreja. Um “clero”, que mais tarde dividiu uma irmandade igual (Mt 23.8) em “clero” e “leigos”.

 

Doutrina:

“Não podes sofrer os maus” (v.2): Louvável é suportar as fraquezas dos fracos (Rm 15.1), mas não ao ponto de ser sócio do erro. O permitir os maus permanecerem na comunhão da igreja é trair a Cristo.  Aqueles crentes podiam “suportar” condições e testes difíceis, mas se recusavam a mostrar “tolerância” em favor de homens que tentavam mudar a natureza “moral” da igreja, tirando do evangelho “seu imperativo moral”.

 

A igreja de Éfeso pôs os maus à prova (Leia 1 Co 5 e 2 Ts 3.6,14; Gl 1.8,9; 2 Jo 10). Diferentemente de Corinto, ela não tolerava o pecado dentro da igreja.

 

“achastes mentirosos” (v.2): Como podemos distinguir entre os verdadeiros mestres e os falsos se nos não dedicarmos a conhecer as Escrituras? (1 Pe 3.15). Um dom especial do Espírito Santo veio a ser conferido, para ajudar os crentes na luta contra tais homens, o dom de “discernimento de espíritos” (1 Co 12.10). Inácio, um dos pais da igreja, escreveu acerca desses homens, no tocante à comunidade cristã de Éfeso: “Fiquei sabendo que certas pessoas estiveram entre vós com uma doutrina ímpia, mas que não lhes permitistes que semeassem a sua semente entre vós”.

 

Os Falsos Apóstolos (v.2): Os falsos mestres afirmavam ser apostoloi num sentido mais amplo, mestres itinerantes com uma missão que os colocava num nível mais elevado do que os anciãos locais (1 Co 12.28; Ef 4.11). Esses apóstolos itinerantes se tornaram um problema na Igreja primitiva. Evidentemente, era requerido que levassem “cartas de recomendação” de alguma igreja estabelecida (2 Co 3.1 – ler 1 Jo 4.1).

 

Disposição para sofrer: “Sofreste... trabalhaste pelo meu nome e não te cansaste” (v.3); Os maiores vultos na Igreja de Cristo, através dos séculos, são aqueles que se esforçam dia após dia, ano após ano, até ao fim da carreira, sem jamais se cansarem.

 

“Não é demais dizer que uma igreja pode ter todas essas virtudes mencionadas e mesmo assim estar destituída de vida espiritual” – Smith

 

A REPREENSÃO“deixaste o teu primeiro amor” – O amor a Deus tinha diminuído. As flores haviam caído do pessegueiro. A primeira luz declinara para a escuridão. O primeiro amor de compromisso de noivado com Cristo caíra no esquecimento. A devoção daqueles crentes se debilitara no período de teste por que passavam. É verdade que a lealdade deles não se diminuíra; suas doutrinas não se tinham modificado; suas obras continuavam grandes como antes; mas sua devoção a Cristo empalidecera. A edificação parecia tão boa quanto antes, mas fora atacada por térmitas espirituais que a tinham esburacado.

 

“Os calorosos sentimentos deles tinham dado lugar a uma ortodoxia sem vida” – Fausset

 

“A religião cristã pode tomar o lugar da devoção pessoal ao Noivo” – Newell

 

“O aspecto externo da árvore continuava belo e bem proporcionado como sempre, mas mofo e decadência se tinham instaurado no âmago” – Seiss

 

Quão importante, pois, é a devoção a Cristo, inspirada pelo ministério do Espírito Santo em nossas vidas!

 

“Tenho, porém, contra ti” (v.4): A situação era uma completa tragédia, requerendo um remédio drástico.

 

“abandonaste o teu primeiro amor”: O amor que 30 anos antes era uma constante entre eles, mas agora, o amor havia esfriado. Mostra que Ele vê nossos corações, o nosso interior, tão bem como o nosso exterior (v.2 e3). Lembremo-nos: Deus vê nossos corações e não somente nossas obras (1 Sm 16.7).

O verbo grego para “deixaste” é “aphiemi” que significa “deixar ir, mandar embora, desistir, abandonar, partir, dispensar, relaxar”. A mesma palavra era usada para indicar o “repúdio” ou “divórcio”. Os crentes efésios se tinham divorciado do seu primeiro e nobre amor. Tudo isso sugere uma negligência voluntária.

É possível a um crente ter sido cheio do Espírito Santo, mas no entanto, gradualmente, ir cedendo aos apelos da carne, do orgulho pessoal e dos desejos mundanos.

 

“o teu primeiro amor” (2.4): É Cristo ter a primazia em tudo em nosso ser. O que pode ter ocasionado o abandono do primeiro amor?  Porventura o zelo da igreja de Éfeso na sua defesa pela ortodoxia contribuiu para a perda do amor? Isso é bem provável. Ao defender a verdade e disciplinar membros instáveis, é fácil desenvolver um espírito severo e crítico que acaba destruindo o amor. E, com frequência, quando o calor do amor divino desaparece, as pessoas tornam-se mais zelosas na lua por doutrinas e padrões ortodoxos. Esse é um perigo contra o qual todos devem vigiar.

 

“Pois limites de pedra não podem conter ao amor,

E o que o amor pode fazer, isso ousa tentar” – “Romeu e Julieta”, Shakespeare

 

“As muitas águas não poderiam apagar este amor, nem os rios afoga-los” (Ct 8.7)

 

“O amor é um símbolo da eternidade. Elimina todo o senso de tempo, destruindo toda a memória de um começo e todo o temor do fim” – Corine, Madame de Stael

 

“O amor concede em um momento

O que o labor dificilmente obtém em um século” – Torquato Tasso

 

“Os estóicos definem o amor como a tentativa de estabelecer uma amizade inspirada pela beleza” – Cícero

 

Cristo mencionou vários característicos destacados e louváveis que achou na igreja em Éfeso. Mas nem por isso podia desculpá-la da falta de amor. Apesar de quaisquer esforços, ou de qualquer grau de sinceridade, gravíssimo é o nosso estado espiritual se nos faltar o amor (1 Co 13)

 

Quais Os Que Tem Deixado Esfriar O Primeiro Amor?

Os que servem a Deus só exteriormente. O amor interior não pode esfriar sem a vida exterior ruir.

Os que não mais sentem temor, ao pecar em coisas consideradas insignificantes.

Os que nada sentem ao ausentar-se dos cultos (Hb 10.25)

Os que voltam para a convivência dos companheiros de outrora quando ainda eram descrentes (1 Co 15.33)

Os que não oram em secreto e descuidam-se do culto doméstico.

Os que não se esforçam para levar o próximo a Cristo.

Os que não se sacrificam em prol da cause de Cristo (Rm 12.1)

 

O CONSELHO

“Lembra-te, pois, de onde caíste” (v.5).

Exortação à memória piedosa acerca dos dias anteriores, quando a devoção intensa a Cristo era a força motivadora de uma vida piedosa e de um imenso serviço.

 

É boa coisa lembrar dos tempos passados, das lutas e vitórias, e nos dispormos a continuar no mesmo ardor de combater contra as trevas.

 

Lembra-te dos dias passados de benção espiritual. Essa igreja tinha caído, não meramente tropeçado.  É no ponto onde caímos que Ele nos espera. Em Lc 2.46 vemos que Jesus foi achado por seus pais exatamente onde fora deixado, isto é, no templo. Ainda que nos custe os maiores esforços e a mais profunda angústia de espírito, contudo, o primeiro passo é o de recordar os momentos da mais íntima comunhão, e das horas em que reconhecíamos mais vividamente o Seu amor para conosco. Assim somos impelidos ao arrependimento.

 

Lembremo-nos de nosso plano mais elevado de realização espiritual. Que tal é a comparação entre aquela condição e a condição atual da vida espiritual? Como primeiro passo de recuperação, procuremos reter a altura antes obtida, e então subamos dali para uma realização espiritual totalmente nova.

 

“A percepção de que tem havido declínio, a administração de que tem havido um lapso, é o primeiro passo de volta ao estado original” – João Bunyan

 

“Sempre haverá aguilhões na memória sobre um passado melhor e mais nobre, a espicaçar-nos quando nos temos adaptado a coisas piores e inferiores, a impulsionar-nos a retomar aquilo que perdemos” – Arcebispo Trench

 

“de onde caíste” (5): Consideremos estes pontos:

Aqueles crentes tinham caído de sua primeira ardente devoção a Cristo.

Tinham caído de maiores elevações espirituais.

Tinham caído do serviço motivado pelo princípio do amor.

Tinham caído apesar de sua ortodoxia.

Tinham caído a despeito de continuarem a defender a verdade.

Tinham caído apesar de seus labores prodigiosos.

Tinham caído apesar de sua lealdade debaixo da perseguição.

 

 

“Arrepende-te” (5):

Éfeso era a igreja autêntica; ensinava a verdadeira doutrina de Cristo, e punha à prova todos os homens que se desviavam da fé uma vez para sempre entregue aos santos. Mas devia arrepender-se de uma falta grave deixar o primeiro amor.

É necessário arrepender-se da falta de interesse, da frieza, do comodismo, da apatia, e da perda do primeiro amor.

A mensagem de arrependimento não é somente para os filhos de Deus. Feliz e vitorioso é o crente que sabe sempre se arrepender.

 

 

A Natureza Do Arrependimento:

 Definição: O vocábulo significa “mudança de mente”. Nas páginas do Novo Testamento, ele adquire muito mais o sentido de “mudança de alma”, o que se evidencia por meio de atitudes diárias.

 

A Fonte Do Arrependimento: O arrependimento é um ato divino: é concedido pelo próprio Deus (At 11.18); torna-se realidade por operação do Espírito santo (Zc 12.10), e veio a lume através da missão de Cristo (Mt 9.13).

 

O Arrependimento E A Salvação:

 

O arrependimento faz parte da “conversão”, e está vinculado ao problema do pecado (At 20.21). Quando nos convertemos, nos arrependemos. O arrependimento reconhece a natureza prejudicial do pecado, e se rebela contra o mesmo.

O Espírito Santo faz essa “rebelião” torna-se bem-sucedida. A alma passa odiar o pecado, embora não possa livrar-se inteiramente do mesmo, senão por ocasião da “parousia”.

O arrependimento nos conduz a uma santificação de natureza tal que é conseguida a vitória sobre o pecado de maneira que a alma é liberta da servidão a seus vícios (1 Jo 3.9).

 

O Arrependimento – A Participação Humana: Também é uma reação humana, porquanto os homens são convocados a se arrependerem (At 17.30)

 

O Genuíno Arrependimento: Quando genuíno, o arrependimento terá frutos patentes (Mt 3.8).

 

É necessariamente acompanhado pela fé (At 20.21)

O arrependimento nos leva à vida eterna, pois a conversão resulta na santificação, e a santificação resulta na glorificação e na salvação final (2 Ts 2.13).

 

 

“pratica as primeiras obras” (v.5):

O verdadeiro arrependimento sempre conduz a uma vida de boas obras (Dn 4.27; Mt 3.8; At 26.20) “Lembra-te, arrepende-te e pratica” obedecem aos três estágios na história da conversão.

 

Essas obras espontâneas no amor a Deus e ao próximo. Obras que não visam nenhum agradecimento ou reconhecimento especiais. São as obras genuínas.

 

“Quando não... (v.5): A opção nos pertence. A graça divina pode ser acolhida ou repelida. Não podemos subestimar o caos que a vontade pervertida poderá efetuar nas nossas vidas, tal como não podemos subestimar tal atitude da parte dos incrédulos, quanto ao evangelho. Podemos desviar-nos, esfriar-nos na fé, tornar-nos indiferentes, inúteis, ser rejeitados, naufragar e tornar-nos incrédulos e apóstatas. A experiência humana comprova tal possibilidade.

 

“tirarei o teu castiçal” (v.5): Isto é, a igreja de Éfeso deixaria de existir como congregação cristã. É um fato histórico que o testemunho cristão antes tão poderoso em Éfeso, desapareceu. Qual o mistério de tantas igrejas que não mais ardem com o fogo divino e não mais iluminam os arredores com a glória dos céus? Cristo já deve ter removido o castiçal. Porém aquela comunidade original, ouvi a mensagem de Cristo. Eis o testemunho de Inácio, em sua epistola, na qual ele os tacha de: “dignos de serem bem-aventurados”. Em outro trecho, ele expressou o desejo de que ele mesmo se achasse “na companhia dos crentes Éfeso, os quais outrossim, tinham a mesma atitude mental dos apóstolos, no poder de Cristo”. Essa atitude, entretanto não se manteve, pelo que tiveram lugar as condições acima descritas.

 

“Infelizmente, o candeeiro foi removido! O inigualável privilégio de exibir o Cristo, perante este mundo moribundo, perdeu-se para sempre – atual cidade de Éfeso – um arco arruinado... um castelo inatingível, em meio a colinas desoladas. Nenhum candeeiro em favor de Cristo, onde Cristo trabalhara por três anos, dia e noite, com lágrimas!”

 

“Tirarei” (v.5): Swete observa que a palavra grega para “tirarei” pode ser entendida como indicando “ponderação e calma judicial; não haveria um extermínio em um momento de raiva, mas um movimento que acabaria na perda do lugar que a Igreja tinha sido chamada a cumprir; a não ser que houvesse uma mudança para melhor, as primeiras sete lâmpadas da Ásia desapareceriam”.

 

O DESAFIO

“Ao Vencedor” (2.7): São só duas classes, a dos vencedores e a dos vencidos (2 Pe 2.20). A vida cristã está situada num campo de batalha, mas o cristão está do lado vencedor.

 

Os vencedores comerão da árvore da vida no paraíso de Deus. No Éden, aos vencidos foi vedada a oportunidade de comer dessa árvore, para que não vivessem para sempre na miséria. Mas aos vencedores, na maior felicidade, será concedido o anelante ensejo de comer da árvore e viver eternamente. A árvore da vida pode significar isenção da deterioração corporal. “Comer da árvore da vida é desfrutar de tudo o que a vida futura tem a oferecer para a humanidade redimida” – Swete

 

Paraíso:

 

O vocábulo vem do persa, e tem o sentido de “jardim”, terreno ou celestial, ou seja, um “lugar de deleite”, e de “descanso”, de “refrigério”.

Significa “jardim agradável” e representa a soma de todo o gozo espiritual.

 

“O Espírito diz às igrejas”: O Espírito é o administrador dos assuntos da igreja por toda esta era, como indica a repetição por sete vezes de “O Espírito diz às igrejas”.

 

CONCLUSÃO

Nossas igrejas têm muito menos coisas boas do que Éfeso, imaginemos quanto falta para agradar a Deus. E nossa vida individual?

 

Temos nós tanto ardor por Cristo hoje quanto o tínhamos nos primeiros dias de nosso testemunho, quando o nosso ser inteiro estava no altar?

 

Que falta faz o primeiro amor! Só ele produz aquela disposição de testificar de Jesus, de sofrer perseguições, de clamar em oração, de cuidar dos novos convertidos, de orar sem cessar dias e noites em vigílias, e de buscar o batismo no Espírito Santo.

 

Uma igreja pode ter tudo – prestígio, grande número de membros, recursos financeiros, vida intelectual, ortodoxia e tudo – mas se faltar o primeiro amor, está faltando o elemento essencial para o seu progresso.

 

Embora talvez ainda teologicamente são, dar-se-ia o caso de nosso coração já não pulsar com o amor de Jesus que manifestamos nos primeiros anos de nossa vida cristã?