Criar um Site Grátis Fantástico
TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO

A TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 18.23- 20.38)

Em Atos 18.23 temos o fim da segunda e o começo da terceira viagens missionárias. A terceira viagem missionária viu Paulo voltando a regiões antes visitadas, desde a sua primeira viagem missionária. E Paulo assim fez a fim de fortalecer e talvez corrigir os crentes ganhos anteriormente.

 

Apolo: Logo após essa introdução, Lucas refere-se à chegada de Apolo e Éfeso (18.24-28) e os efeitos de sua permanência ali, porque não demoraria muito para Paulo também chegar a Éfeso, depois de Apolo ter rumado para Corinto. Logo, os dois não estiveram ministrando em Éfeso ao mesmo tempo. Lucas dá alguns traços biográficos de Apolo por um ângulo muito favorável:

Apolo era judeu nascido em Alexandria, no Egito.

Eloquente e poderoso nas Escrituras, só conhecia o batismo de João Batista.

E foram Priscila e Áquila quem melhor o instruíram no “caminho de Deus” (vs.24-26).

Agora melhor preparado partiu para Acaia. E ali tornou-se um grande auxiliar dos crentes que, “mediante a graça haviam crido” (v.27).

Ministrava especialmente entre os judeus, no que obteve êxito, “provando, por meio das Escrituras, que o Cristo é Jesus” (v.28).

E Paulo ajunta a isso, que Apolo chegou a tornar-se um “herói” cristão daquela comunidade cristã. Isso Paulo reputou um grave erro, pois somente Cristo é nosso Herói e Rei, e todos os demais são apenas “servos” (1 Co 3.1 – 4.13).

Mas podemos ter certeza de que não foi Apolo quem encorajou tais ideias por parte dos crentes de Corinto.

 

Éfeso: Porta Abertas E Muitos Adversários

Um sonho, uma realidade: saindo de Corinto, Paulo voltou para Jerusalém e Antioquia, e no caminho visitou Éfeso, visita que já havia muito queria fazer. Na sua primeira viagem missionária, é possível que estava visando chegar a Éfeso quando, na Antioquia da Psídia foi desviado de volta para o leste, por causa de seu espinho na carne (Gl 4.13; 2 Co 12.7). Assim ficou na área da Galácia. Na segunda viagem missionária, estava procurando chegar a Éfeso quando Deus o desviou para o norte, mandando-o a Trôade e à Grécia (16.6,7). E, finalmente, na sua terceira viagem missionária, a porta se abre para ir a Éfeso.

 

A grandeza de Éfeso:

População de 225.00. Era a metrópole da Ásia. Era importante e magnificente cidade, na estrada imperial de Roma para o Oriente, espinha dorsal do império romano, do qual Éfeso era o centro.

Era uma grande e linda cidade nos dias do Novo Testamento. Era a capital da província romana da Ásia Menor. Atualmente faz parte da Turquia asiática. Fora edificada em uma planície atrativa. Houve um tempo em que Éfeso disputou com Alexandria e Antioquia da Síria à supremacia sobre a parte oriental do mar Mediterrâneo. Através de Laodicéia, também no vale do rio Caister, comunicava-se facilmente com a Síria. Suplantou Mileto e se tornou o maior empório da Ásia, a oeste de Taurus. Os romanos fizeram de Éfeso, o centro administrativo e religioso da sua província da Ásia. Finalmente, em 41d.C., Cláudio converteu a cidade no grande centro político da Ásia Menor.

O “escrivão da cidade”, segundo se lê em Atos 19.35, era a “autoridade máxima” de Éfeso.

Sede do culto de Diana.

 

Éfeso – como um lugar estratégico de evangelização:

Éfeso atraía “toda a Ásia” (19.10). Por essa razão, Paulo, da cidade, fez toda a região ouvir a Palavra de Deus. Aí Paulo realizou o trabalho mais maravilhoso de toda a sua vida prodigiosa.

Havia em Éfeso um grande mercado, onde eram expostas mercadorias vindas das mais diversas procedências. Isso atraía grande número de pessoas. Não admira que Paulo tenha escolhido Éfeso como um de seus centros evangelísticos.

Estradas bem conservadas e resguardadas, vindas de muitos pontos do Oriente, passavam pela cidade.

Também havia ali um centro médico, especializado na cura de doenças oftálmicas. Isso engrossava o número de pessoas que procuravam Éfeso.

Uma das atrações de Éfeso era o templo de Artêmis ou Diana, deusa pagã da fertilidade. Talvez esculpida a partir de um grande meteorito, dava margem a que dissessem que a imagem “caiu de Júpiter” (19.35). Um dos artigos mais procurados na época eram os pequenos nichos de prata representando a deusa. Após dois anos de pregação do evangelho na cidade, muitos efésios, tendo-se convertido a Cristo, não mais se interessavam pelas miniaturas. Essa foi a causa do levante dos ourives, encabeçados por Demétrio (19.23 ss.)

 

O templo de Diana:

Era uma das sete maravilhas do mundo.

Levou 220 anos para ser construído. “Feito do mais puro mármore, cintilava como um meteoro”.

O culto de Diana era “impuro e vergonhoso, perpétuo festival de vício”.

 

Também havia na cidade um teatro com capacidade para 25 mil espectadores. Ali ocorreu o tumulto incendiado por Demétrio e seus ourives.

O número de judeus em Éfeso era considerável. Porém, Atos 19.34 dá a entender que eles não eram benquistos.

 

Foi nesse centro estratégico de Éfeso que Paulo Ficou por três anos, no total (19.10 e 20.31). – o maior período de permanência de Paulo em um lugar, nas três viagens missionárias relatadas no livro de Atos. Foi estabelecido um poderoso trabalho cristão em Éfeso. A atuação de Paulo ali teve efeitos, foi retumbante. Vejamos:

A igreja de Éfeso contava com homens cheios do Espírito Santo e dotados de dons espirituais (19.1-7).

Paulo evitou contendas e polêmicas entre judeus e cristãos (v.9), ao apartar-se dos primeiros.

 

O ministério teológico em Éfeso:

Durante três meses Paulo ensinou na sinagoga (19.8)

 Por dois anos na escola de Tirano (v.9), diariamente – que curso teológico de altíssimo nível de excelência deve ter sido! Era a sala de aula de um filósofo, pequena, onde cabiam apenas umas doze pessoas sentadas. Daquela saleta Paulo abalou uma poderosa cidade até aos alicerces. Coisa espantosa: naqueles primitivos tempos, sem edifícios de igrejas, nem seminários, e a despeito de perseguições, a Igreja fazia mais rápido progresso do que em outra qualquer época depois. Paulo diz que sua permanência ali foi de “três anos” (20.31). Assim, deve ter ele ensinado poucos meses em algum lugar, além da sinagoga e da escola, provavelmente pelas casas (v.20).

 

A mensagem de Paulo não consistia em exibição de sabedoria humana, mas envolvia a demonstração do poder de Deus, com milagres e maravilhas (vs. 11 e 12). Foi esta a principal razão do êxito assinalado de Paulo. Sem os milagres o resultado, sem dúvida, teria sido apenas uma parte do que foi. Parece que Deus estava particularmente interessado em estabelecer o Evangelho em Éfeso.

Houve casos de libertação dos poderes demoníacos (vs.13-16). E alguns atrevidos, ao tentarem fazer o mesmo, foram desmascarados publicamente.

As artes mágicas entraram em nítido caminho descendente, abandonadas pelos novos convertidos (v.19). Uma classe de pessoas que se converteram, tão numerosa e tão radicalmente, que fizeram uma fogueira dos seus livros. Seus milagres falsos valiam nada perante os milagres operados por Paulo.

Vasta multidão de adoradores de Diana tornou-se cristã.

Fundaram-se igrejas em cidades situadas até 160 km ao redor.

Éfeso tornou-se rapidamente o principal centro do mundo cristão.

O cristianismo tomou notável impulso em Éfeso (v.20).

Mais tarde, Paulo escreveu aos crentes dali uma de suas mais notáveis epístolas, a Epístola aos Efésios.

Aí oito dos livros do Novo Testamento foram escritos pela primeira vez: O Evangelho de João, suas três Epístolas, 1 Coríntios, 1 e 2 Timóteo, e o Apocalipse. E provavelmente também 1 e 2 Pedro e Judas.

Depois de Paulo, o apóstolo João fez de Éfeso seu grande centro evangelizador, conforme a História Eclesiástica nos informa.

Finalmente, o Senhor Jesus dirigiu àquela igreja uma das sets cartas do Apocalipse (Ap 2.1-7).

 

As marcas do avivamento em Éfeso:

Os novos convertidos recebem um derramamento do Espírito (19.1-7): Era a dispensação da graça estendendo seus horizontes para um campo totalmente gentílico. Éfeso, era uma cidade cosmopolita. O evangelho de Cristo é multirracial, multicultural e internacional.

Os que vivem distante ouvem a Palavra de Deus (At 19.8-10): Um avivamento que não transpira para fora dos portões não é genuíno. Quando a igreja é impactada com o poder do Espírito Santo, ela sai das quatro paredes e, como fermento, penetra em todos os setores da sociedade.

Os enfermos são curados (19.11,12).

Os cativos são libertos (19.13-17). Paulo era um homem conhecido tanto no céu como no inferno (19.15). Até os demônios sabiam quem era ele.

Os crentes confessavam e denunciavam publicamente suas obras (19.18). Onde há avivamento, há confissão de pecados. Onde o pecado é encoberto, as chuvas do céu são retidas. Onde o pecado é escondido, o derramamento do Espírito não é revelado.

Os laços com o ocultismo foram decisivamente rompidos (19.19). Eles não apenas denunciaram suas obras más, mas também queimaram em praça pública seus livros de artes mágicas.

A Palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente (19.20).  Não podemos oferecer ao povo um caldo venenoso para mitigar-lhe a fome. Precisamos dar às multidões trigo verdadeiro, e não palha.

Uma perseguição implacável (19.21-40). Sempre que a obra de Deus avança, o Diabo contra-ataca.

 

O tumulto (19. 23-41):

Foi causado por invasão nos interesses comerciais de Diana, tão gigantesco era o movimento popular que abandonava o culto dessa deusa.

Acabou num tumulto furioso, no teatro de 24.000 assentos, no qual por pouco o Apóstolo não perdeu a vida (2 Co 1.8).

Se esse Alexandre (v.33), é o mesmo que se menciona em 2 Tm 4.14, também de Éfeso, então de amigo de Paulo tornou-se mais tarde inimigo.

 

Paulo aportou em Éfeso em fins de 54 ou começos de 55 d.C. Permaneceu ali por três anos (At 20.31). E deixou a cidade na primavera de 57 d.C.

As “regiões mais altas” de Atos 19.1 talvez sejam a “Galácia do Norte”, Os ourives de Éfeso acusaram Paulo dizendo que “não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente” (19.26). Lucas havia dito que a atuação de Paulo deu “ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos” (19.10).

 

Mais tarde, Paulo escreveu aos crentes de Colossos e de Laodicéia (Cl 4.16). Quem pregou em Colossos foi Epafras (Cl 1.7). Daí o evangelho pode ter ido para Laodicéia.

 

Timóteo foi instado por Paulo a ficar em Éfeso e superintender a obra cristã dali, quando o apóstolo planejou viajar para a Macedônia (1 Tm 1.3).

 

 

Os planos de Paulo:

Paulo havia planejado deixar Éfeso, partir para Corinto e chegar à Macedônia. Daí voltaria a Corinto, e por esses crentes seria encaminhado a Jerusalém (2 Co 1.6).

Mas abandonou esse plano quando escreveu a primeira epístola aos Coríntios (1 Co 16.5), e planejava continuar em Éfeso até à festa de Pentecoste.

 Esse itinerário concorda com Atos 19.21. Mas ao invés de ir a Corinto, mandou Timóteo, como portador da epístola (1 Co 4.17), o que ensejou que alguns o tivessem por inconstante (1 Co 4.18). E Paulo continuava na Ásia Menor quando Timóteo retornou de Corinto (At 19.22).

Os planos de Paulo em Éfeso incluíam a Macedônia, a Acaia, Jerusalém e Roma (At 19.21). E mais tarde incluiu, no seu roteiro planejado, a Espanha (Rm 15.24-28). Havia terminado a evangelização da Ásia Menor e Grécia (Rm 15.19), e estava pronto para avançar na direção Oeste.

 

Estando em Éfeso, escreveu 1 Coríntios, perto da época da Páscoa (1 Co 5.7), onde ficou até o Pentecoste (1 Co 16.8). Continuar em Éfeso ser-lhe-ia como combater com feras (1 Co 15.32), tendo de enfrentar a morte a cada minuto. Escreveu 2 Coríntios, quando na Macedônia. Gálatas, mais ou menos ao mesmo tempo, segundo tradição aceita geralmente. Romanos, quando estava em Corinto.

 

Paulo torna a visitar a Grécia (20.1-4): Deixou Éfeso em junho (1 Co 16.8); e saiu de Filipos em abril seguinte (At 20.6); passando quase um ano na Grécia, três meses na Acaia (vs. 2,3), e o resto na Macedônia. Provavelmente, desta vez é que foi ao Ilírico (Rm 15.19)

 

O trecho de Atos 20.1 adianta que, após o incidente dos ourives, Paulo deixou Éfeso e partiu para a Macedônia. Fortaleceu as igrejas dali e dirigiu-se à Grécia (At 20.2), onde se demorou por três meses. Pretendia embarcar para a Síria. Mas uma conspiração forçou-o a voltar, atravessando a Macedônia (At 20.3). Foi na Macedônia que escreveu 2 Coríntios (2 Co 7.5).

 

Em Trôade: Aqui, uns sete ou oito anos antes, tivera a visão que o levou à Macedônia. Fazia um ano que passara por lá (2 Co 1.12). Paulo navegou para Trôade, onde encontrou Sópatro, de Beréia; Aristarco e Secundo, de Tessalônica; Gaio e Timóteo, de Derbe; e Tíquico e Trófico, da Ásia Menor (20.4). Esse encontro deu-se logo após os pães amos (20.6).

O grupo passou uma semana em Trôade (20.6). Ali houve o incidente com o jovem Êutico (20.7-12).

Paulo seguiu por terra para Assôs, enquanto seus companheiros foram por mar (20.13). Em Assôs, Paulo embarcou no mesmo navio de seus companheiros, e todos rumaram para Mitilene (20.4). Passaram assim defronte de Quios e de Samos, e finalmente, chegaram a Mileto (20.15). E Paulo planejava chegar a Jerusalém antes da festa de Pentecoste (20.16).

 

Mileto:

Era um grande porto, no Mediterrâneo, a 30 quilômetros ao sul de Éfeso. Paulo visitou Éfeso, talvez para demorar-se com os irmãos de Mileto (20.16).

Estando Paulo em Mileto, mandou chamar os presbíteros de Éfeso (201.17), também chamados de pastores e bispos (20.28). Foi então que proferiu a poderosa exortação registrada em Atos 20.18-35. A despedida foi comovente (20.36,37). Paulo sentia instintivamente ser aquela a última vez que se veriam (vs.38). Foram palavras de grande ternura. Não tinha a mínima expectativa de tornar a vê-los (v.25). Mas parece que, depois de sua prisão em Roma, ainda teve mais um ministério no local, depois do fim da narrativa de Atos.

 

Este foi o final do período das três viagens missionárias, um total de uns doze anos. Poderosos centros cristãos tinham sido implantados em quase cada cidade da Ásia Menor e da Grécia, no coração do mundo civilizado de então.