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PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO

As Viagens Missionárias De Paulo

 

INTRODUÇÃO

A igreja prega e ensina a Palavra (At 13.1), mas quem a dirige na obra missionária é o Espírito Santo (At 13.2). O Espírito Santo é livre e soberano na condução dos destinos da igreja. A orientação do Espírito Santo é segundo a Palavra, e não à parte dela. O Espírito Santo se manifesta a uma igreja centrada na Palavra e a uma igreja que ora e jejua (At 13.2,3). O Espírito Santo não age à parte da igreja, mas em sintonia com ela. É a igreja que jejua e ora. É a igreja que impõe as mãos e despede, mas é o Espírito Santo quem envia os missionários (At 13.3,4).

 

PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 13 e 14)

A Expansão Da Igreja Por Chipre (13.4-12):

Os três – Barnabé, Saulo e João Marcos – desceram de Antioquia a Selêucida, um percurso de trinta quilômetros, e chegaram à beira-mar. A viagem teria sido mais direta por terra, passando por Tarso, a entrada sulina da Ásia Menor. Mas Paulo acabara de passar 7 ou 8 anos naquela cidade; preferia então, atravessar pela Ilha de Chipre, e da extremidade do oeste da Ilha, velejar ao norte para chegar bem no centro da Ásia Menor. Então tomaram um navio e zarparam para Chipre, uma ilha do Mediterrâneo Oriental. Primeiro visitaram Salamina, a suleste da ilha.

 

Ali pregaram aos judeus, em sua sinagoga (v.5). E por terra (v.6), foram a Pafos, no sudoeste. Paulo anunciava a Palavra de Deus (4,5), mas emprega os melhores métodos e os meios mais adequados de fazê-lo (13.5). Paulo não ousa mudar a mensagem, mas era sempre audacioso em usar os melhores métodos. Precisamos de pontes de contato para atingir com eficácia as pessoas. Precisamos ler a Bíblia e ler o povo. Precisamos conhecer o texto e o contexto. Precisamos ler a Escritura e também a cultura.

 

Encontraram o procônsul Sérgio Paulo (v.7), que apesar de inteligente, estava sob a influência de um falso profeta, judeu, de nome Elimas, o mágico (v.8). Elimas resistira à mensagem cristã, mas o procônsul diligenciava em ouvir a Palavra do Senhor. Paulo (pela primeira vez assim chamado), tomado pelo Espírito Santo, feriu o mágico com cegueira temporária. E o procônsul converteu-se a Cristo. A cegueira do mágico não foi ato de Paulo, mas de Deus.

 

Lucas fala de uma névoa e trevas que lhe sobrevieram (v.11) – mas no fim houve cegueira total. Depois, ele tinha dificuldade para encontrar (gr. “ele estava procurando”) alguém que lhe servisse de guia.

 

Foi aí em Pafos que Saulo assumiu a liderança espiritual.

Saulo passa a ser chamado de Paulo (v.9).

O comando fica com Paulo, segundo se vê no v.13: “Paulo e seus companheiros”.

 

 Perge (At 13.13): Partindo de Chipre, Paulo e seus companheiros cruzaram de navio o mar da Panfília, perigoso por causa de suas borrascas inesperadas, e chegaram a Perge, capital da Panfília. Perge ficava em um extremo e formoso vale, regado pelo rio Cestro. Essa era a cidade “catedral” de Artêmis, uma deusa pagã. Ali eram endêmicas certas doenças, e um grande número de piratas chegava ali por mar.

 

Foi de Perge que Marcos voltou a Jerusalém.

As palavras “apartando-se deles” isto é, de Paulo e Barnabé, mostram que houve algum atrito entre eles.

Por qual razão Marcos voltou à sua mãe? Não o sabemos. Alguns opiniões:

Por divergência com Paulo.

Por causa de sua timidez, ou medo(?)

Por saudades do lar.

Por receio dos perigos da cidade.

Por falta de maturidade espiritual.

Possivelmente não estivesse de todo convencido que fosse necessário evangelizar os gentios.

João Marcos era primo de Barnabé, e quando saíram de Antioquia da Síria, Barnabé era o líder da caravana; porém, a partir de Pafos, Paulo assume a liderança. Possivelmente, isso trouxe constrangimento e até insegurança na vida desse jovem.

Outra possível razão: A viagem missionária tomou um rumo inesperado, ao dirigir-se às regiões continentais em vez de concentrar-se apenas nas cidades costeiras. Isso implicava maiores riscos e mais dificuldades de uma retirada. O jovem Marcos, possivelmente, julgou um preço muito alto a pagar e inexplicavelmente, desistiu da viagem missionária.

 

O fato é que voltou, deixando Paulo e Barnabé desolados, ao ponto de nem pregarem nesse importante centro. O que teria acontecido em Perge?

Têm-se suposto que Paulo teria ficado doente, razão por que se dirigiram às pressas para o continente em busca de um clima melhor.

Não existe evidências nem literárias nem arqueológicas de uma sinagoga nessa cidade; os missionários ainda não haviam pensado em iniciar uma aproximação direta aos gentios.

 

Antioquia da Psídia (At 13.14-52): a região Gálata, no centro da Ásia Menor, para onde se dirigiu, ficava uns 500 km ao nordeste de Antioquia. Era uma viagem considerável. Naqueles dias não havia transportes modernos, tais como trens, carros ou aviões: só cavalos, burros, camelos e navios a vela ou remo. Ou o caminhar a pé. Foram até ali por terra (At 13.14). As igrejas da Galácia são as do sul da província romana (da Galácia), nas cidades de Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe. Lucas usou aqui a linguagem de seus contemporâneos e do governo romano.

A Psídia era conhecida como região das Terras Altas, a leste ficava a Licaônia, ao sul a Panfília, ao norte a Ásia Menor, e a oeste a Frígia. Estava situada no extremo oeste da cordilheira do Taurus. Fazia parte do reino da Galácia, entregue por Antônio a Amintas, em 36 a.C. A cidade era chamada “da Psídia” para distingui-la da Antioquia da Síria.

Quando Paulo, posteriormente, viesse a escrever de perigos de rios (enchentes), de assaltantes (2 Co 11.26), nenhuma outra viagem poderia, talvez, encher-lhe a memória mais do que esta. As enchentes das planícies da Psídia são mencionadas por Estrabo, que escreveu a respeito dos rios Cestro e Eurimedo, que se precipitam de grandes alturas, a caminho do mar de Panfília; além disso, os romanos estavam longe de suprimir os clãs selvagens de ladrões psídios que faziam daquelas montanhas seu esconderijo.

 

Chegando na cidade, por quanto tempo ficaram em silêncio? Visto que ali havia uma sinagoga, era considerável o número de cidadãos judeus. E Paulo e Barnabé foram à sinagoga.

 

Após a leitura da Lei e dos Profetas, foi lhes franqueada a palavra. Paulo pregou livre e poderosamente, no Espírito Santo. O sermão de Paulo na sinagoga de Antioquia da Psídia é uma síntese extraordinária da história de Israel (At 13.16-41). O povo gostou da mensagem (At 13.43). A pedido, os dois voltaram no sábado seguinte. E encontraram quase a cidade inteira esperando para ouvir a Palavra de Deus (13.40). “No sábado seguinte, afluiu quase a toda a cidade para ouvir a Palavra de Deus” (13.45). Chamamos isso de avivamento! Mas os judeus incrédulos, ante o tal sucesso foram tomados de inveja, e blasfemaram, contradizendo a Paulo (13.45).

 

Em Antioquia da Psídia, os gentios acolheram a Palavra (13.48), mas os judeus a rejeitaram (13.45). Foi ali que, lentamente, Paulo foi-se voltando para os gentios (13.46). E cada vez mais ele tornou-se conhecido como “o apóstolo dos gentios”.

 

Os judeus ocupavam altas posições na cidade. Arregimentaram algumas mulheres religiosas e cidadãos notáveis, movendo forte perseguição contra Paulo e Barnabé, que foram expulsos da cidade (13.50). Na Frígia, as mulheres gozavam de prestígio considerável e às vezes chegavam a ocupar cargos administrativos. Entretanto, tais mulheres eram “devotas” das sinagogas, e talvez tenha sido por seu intermédio que os “principais da cidade”, e possivelmente seus maridos, entraram na questão.

 

Foi também em Antioquia da Psídia que começou a resistência dos judeus a Paulo, o que culminou com sua prisão em Jerusalém (21.27), depois em Cesaréia, e finalmente em Roma.

 

Diante da pregação de Paulo, os judeus dividiram-se em dois grupos:

Judeus (os que não se converteram a Cristo).

Judaizantes (convertidos, mas presos à lei mosaica). Atos 6.7 registra que “muitíssimo sacerdotes obedeciam à fé”. Talvez esses tenham sido os mesmos que se manifestaram em Atos 15.1.

 

Mas enquanto os judeus ardiam de cólera contra Paulo e Barnabé (13.50), os discípulos transbordavam de alegria no Espírito (13.52).

 

Icônio (At 14.1-5): Era cidade da Ásia Menor, descrita por Xenofonte como “a última cidade da Frígia, para quem vai para o Oriente”. Por muito tempo foi a principal cidade da Licaônia. Foi incluída no reino da Galácia. Não distava muito de Antioquia da Psídia. Aí ficou “muito tempo” (v.3)

Ali Paulo e Barnabé foram diretamente à sinagoga. Pregaram com ousadia. Os missionários não pregaram apenas aos ouvidos, mas também aos olhos. Não apenas falaram, mas também demonstraram 914.3). Deus operou sinais e prodígios. Paulo veio a ser o assunto de discussão da cidade. Resultado “grande multidão, formada por judeus e gentios, foi salva”. Mas os judeus incrédulos, provavelmente vindos de Antioquia, incitaram os gentios contra os “irmãos”, ou seja, os que tinham se convertido a Cristo (14.2).

 

Apesar da oposição, Paulo e Barnabé demoraram-se ali por muito tempo; e o Senhor confirmou Sua Palavra com sinais e prodígios (14.3).

 

Mas o povo da cidade dividiu-se: parte em prol dos judeus, parte em prol dos apóstolos. Os judeus associados às autoridades, ultrajaram os apóstolos e ameaçaram apedrejá-los (14.5). Ele fugiu para Listra, uns 32 km ao sul.

 

A confiança em Deus, não dispensa prudência e cuidado: Paulo e Barnabé, não ignoraram os perigos. Não desafiaram a fúria e a astúcia dos adversários. Não nutriam uma desconfiança irresponsável, ignorando os perigos. Deus age por meio do bom senso.

 

Listra (At 14.6-19): Era cidade da Licaônia e colônia romana, pertencente à província da Galácia. Encravada nos montes do sul. Era um local obscuro, uma espécie de praça-forte. Listra era a cidade de Timóteo (16.1), talvez ele presenciasse a ocorrência (2 Tm 3.11). Ao fugirem de Icônio, Paulo e Barnabé rumaram para Listra (14.6). Parece que ali não havia sinagoga, pelo que o evangelho foi pregado nas praças e ruas da cidade (14.7).

Quando o céu se manifesta, o inferno se enfurece: Em Listra havia um homem, aleijado desde o nascimento, que jamais pudera andar (14.8). Ao ouvir ele a Palavra, Paulo ordenou-lhe: “Apruma-te direito sobre os pés” (14.10). E o aleijado saltou e andou. O povo gritou: “os deuses, em forma de homens baixaram até nós” (14.11). A Barnabé chamaram Júpiter, e a Paulo, Mercúrio (14.12). Talvez Barnabé fosse alto e vigoroso, e Paulo, menor. Daí as identificações. Ademais, o milagre tivera defronte do templo de Júpiter (14.13), cujos sacerdotes logo vieram oferecer sacrifícios de animais aos dois apóstolos. E foi com dificuldade que Paulo e Barnabé impediram a imolação (14.14-18). Se o milagre do paralítico foi obra do céu, o alvoroço idólatra foi ação do inferno. Onde Deus realiza um milagre, o Diabo causa um tumulto. Sempre que o vaso chama mais atenção do que o tesouro nele contido, algo está errado. Os obreiros que gostam da bajulação da multidão roubam a glória que pertence somente a Deus.

 

Os judeus incrédulos de Antioquia e Icônio chegaram a Listra. Sua tática de instigar as multidões repetiu-se. O povo arrastou Paulo (Barnabé conseguiu escapar) para fora da cidade. Apedrejaram-no (14.19). Os milagres abrem portas para o evangelho e também atraem perseguição. A cura do paralítico em Listra abriu portas para o testemunho do evangelho naquela cidade pagã, mas também despertou ferrenha oposição dos judeus de Antioquia e Icônio. O mesmo milagre que abriu portas ao testemunho do evangelho trouxe ao apóstolo o duro golpe do apedrejamento. Talvez, Paulo sentisse no corpo o que infligiu a Estêvão, o protomártir do evangelho. Deus dissera em Damasco: “Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (9.16).

 

Para a turba, em um dia Paulo era um deus, e, em outro, um demônio indesejável. O ânimo popular é por demais inconstante. Deram Paulo como morto;

 

Mas os discípulos (Timóteo estaria entre eles?) rodearam-no. E Paulo levantou-se e partiu para Derbe, em companhia de Barnabé (14.20).

 

Derbe (Atos 14.20,21): Expulso de Listra, Paulo dirigiu-se a Derbe, 48 km a sudeste, onde fez muitos discípulos. Era uma cidade da Galácia romana, no extremo oriental da região visitada por Paulo e Barnabé.

Um dos companheiros de Paulo, Gaio, era natural de Derbe (At 20.4).

 

Os perseguidores não chegaram em Derbe. Os missionários puderam pregar livremente ali, fazendo muitos discípulos (14.21).

 

Em Derbe, Paulo e Barnabé deram por encerrada a primeira viagem missionária.

 

Fazia cerca de um ano que tinham iniciada, desde que tinham estado em Jerusalém para entregar a ajuda aos crentes pobres dali. Era tempo de voltarem.

 

O Espinho na carne de Paulo: Mencionado em 2 Coríntios 12.7, deve tê-lo acometido durante a visita à Galácia, porque isso aconteceu catorze anos antes de escrever 2 Coríntios, que foi mais ou menos o tempo de sua entrada na Galácia (Gl 4.13).

 

O retorno.

Porque Paulo e Barnabé decidem retornar? (14.22)

Para fortalecera a alma dos discípulos. Paulo e Barnabé não eram apenas missionários itinerantes, mas também pastores do rebanho. Não apenas geravam filhos espirituais (evangelismo), mas também cuidavam desses neófitos (discipulado). Sabiam que aqueles novos convertidos precisavam de encorajamento para viver uma vida cristã numa sociedade pagã e hostil.

 

Para exortar os discípulos a permanecerem na fé (14.22): Paulo tinha a plena consciência da imperiosa necessidade do discipulado.

 

Para mostrar que a vida cristã não é uma colônia de férias (14.22): A vida cristã não é ausência de luta. Não há amenidades no cristianismo.

 

Para fazer a eleição de presbíteros na igreja (14.23): Paulo entendia que a igreja é um organismo e também uma organização. Toda comunidade precisa de uma liderança. Os líderes da igreja devem ser escolhidos na total dependência de Deus.

 

O trabalho de Paulo e Barnabé, iniciado em Chipre e que se ampliou por Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe, foi como as pescaria com pesca de arrastão. Pregaram a judeus e a gentios, nas sinagogas, nas ruas, nas praças... Chegou, porém, o tempo de selecionar os peixes, isto é:

Reunir os convertidos;

Organizá-los em igrejas;

Discipulá-los e treiná-los.

Eleger presbíteros para eles. E assim fizeram os dois varões de Deus (14.22,23).

 

Quem eram esses “presbíteros”? Oficiais da igreja, mencionados pela primeira vez em Atos 11.30. O termo é usado em conexão com a sinagoga judaica e também com as assembleias populares no Egito. Estes mesmos oficiais mais tarde foram chamados bispos e pastores (At 20.17,28). O método usado por eles foi sempre o mesmo; pregavam, e então organizavam igrejas compostas pelos convertidos.

 

Chocados com a desistência de João Marcos, Paulo e Barnabé não pregaram em Perge; e só o fizeram na volta (14.23). Um homem como Paulo, jamais deixaria de realizar a obra do Senhor em uma cidade como Perge.

 

Cumprida a missão, Paulo e Barnabé, passando por Atália, navegaram para Antioquia da Síria, onde tinham sido inicialmente recomendados à graça de Deus (14.26).

 

Os missionários prestaram relatório à igreja, que se reuniu com esse objetivo (14.27). Gostaria de ter estado presente a essa reunião. Que testemunho! Que poder! Quantas maravilhas da graça de Deus! E uma nota soou mais forte naquele relatório: Com Deus “abrira aos gentios a porta da fé” (14.27). Isso mexeu em um nervo sensível dos crentes judeus, mormente dos que tinham vindo de Jerusalém e da Judéia em geral.

O testemunho é algo legítimo e necessário para encorajar a igreja (14.27).

O sucesso da obra missionária não foi devido ao poder itinerante dos missionários nem de seus métodos. A obra de Deus é feita por Deus, mas mediante instrumentos humanos.

 

Atos 14.28 afirma que Paulo e Barnabé ficaram “não pouco tempo com os discípulos”, afirmação essa que nos permite deduzir que ficaram relatando incidentes entre os gentios, daqueles dois anos de atuação missionária. Não há trabalho missionário desconectado da igreja local. Não há ministério itinerante sem a ligação com a igreja. Paulo e Barnabé precisam da igreja, e a igreja precisa dos missionários. Eles se abastecem na comunhão da igreja e também encorajaram a igreja a ser ainda mais comprometida com a obra missionária.

 

A reação: E isso provocou uma forte reação contra Paulo e Barnabé, por parte dos “judaizantes” – judeus convertidos, mas que insistiam ser mister o crente observar a lei mosaica. E Paulo e Barnabé, por sua vez, rebateram esse “outro evangelho” dos judaizantes. Qual foi o final da controvérsia?