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A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO

A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 15.36-18.22)

Um mundo sem Cristo clamava por luz, e as igrejas organizadas precisavam ser fortalecidas e corrigidas. (15.36). Depois do concílio de Jerusalém, onde as estacas da liberdade cristã foram fincadas e o jugo do judaísmo foi sacudido, era hora de alçar voos para uma nova jornada missionária. Lançadas as estacas da verdade, é hora de estender o toldo da obra missionária. A agenda missionária deveria contemplar os confins da terra.

 

Um lamentável episódio – discordância em Antioquia: Paulo e Barnabé têm forte desavença.

O motivo da desavença (15.35-38). Deveria João Marcos acompanhar a equipe durante a segunda viagem missionária?

Barnabé diz que sim (15.35-37).

Barnabé deve ter visto em Marcos algo que Paulo não pôde ver.

 

Por que Barnabé teve esta atitude?

Alguns pensam que Barnabé queria reaver sua liderança anterior, perdida a partir de Atos 13.13.

Também é provável que ele não quis, de modo algum, desfazer-se de Marcos, seu primo, que era um líder cristão com grande potencial.

Marcos, agora mudara de parecer e estava pronto para ir.

 

A importância de Marcos:

O fato é que Marcos acrisolou-se (aperfeiçoou-se espiritual e intelectualmente), e muitos anos depois Paulo teve de reconhecer a “utilidade” de Marcos (2 Tm 4.11).

Marcos também foi grande companheiro de Pedro (1 Pe 5.13).

E escreveu seu maravilhoso livro canônico – o Evangelho segundo Marcos.

 

Paulo diz que não (15.38).

 

Os resultados da desavença (15.39-41): Marcos ficou premido entre o rigor de Paulo e a brandura de Barnabé.

 

Barnabé e João Marcos navegam para Chipre (15.39)

 

Paulo e Silas partem para a Ásia Menor (15.40,41). Silas, companheiro de Paulo nesta viagem.

 

Pouca coisa se sabe sobre ele. O primeiro registro sobre ele o coloca entre os líderes da Igreja de Jerusalém (15.22, 27, 32).

Como Paulo era judeu e cidadão romano (16.21,37).

Foi enviado com a carta de Jerusalém para os gentios (15.27; 161.21, 37).

É chamado Silvano.

Era companheiro de Paulo quando as Epístolas aos Tessalonicenses foram escritas (1 Ts 1.1; 2 Ts 1.1).

Levou 1 Pedro aos seus primeiros leitores (1 Pe 5.12).

 

O Senhor estava controlando as coisas, mediante a Sua providência, nem sempre compreensível para nós. O Senhor tira proveito até de nossos erros e equívocos, para o bem de todos. Um caso típico foi o da venda de José por seus irmãos (Gn 50.20,21). E no caso que envolveu Paulo e Barnabé, agora havia duas equipes missionárias, e não somente uma. Com isso, ganhou a causa do evangelho. A providencia de Deus é maior do que nossos fracassos, e a graça de Deus, maior que os nossos pecados. Seja como for, Barnabé e Paulo, grandes amigos, separaram-se um do outro. Os obreiros podem erra, mas os propósitos de Deus jamais podem ser frustrados.

 

Esta separação, embora pungente, não foi colérica. Mais tarde eles trabalharam juntos (1 Co 9.6; Cl 4.10).

 

 

Barnabé e Marcos partiram para Chipre (v.39). Paulo, escolhendo Silas, partiu inicialmente para a Síria e a Cilícia (vs.40,41). As palavras “encomendados pelos irmãos à graça do Senhor” indicam que Paulo e Silas foram enviados sob os auspícios da igreja em Antioquia. E quanto a Barnabé? Deve ter continuado um profícuo ministério de evangelização e ensino. Mas Lucas, que não o acompanhava, nada mais nos relata sobre ele, daí por diante, em seu livro de Atos dos Apóstolos.

 

A mão orientadora do Senhor. Em Listra, Paulo encontra Timóteo e tanto se agrada deste que o leva consigo. Timóteo tornou-se seu companheiro constante, depois disso. Timóteo era filho de pai grego e mãe judia (16.1), ensinado nas Escrituras desde a infância por sua mãe Eunice e sua avó Lóide (2 Tm 1.5; 3.14,15), mas convertido a Cristo pelo ministério de Paulo (1 Tm 1.2), agrega-se à caravana missionária. Timóteo recebeu o leite da piedade desde sua infância. Cresceu na égide da Palavra de Deus, seu caráter provado era uma hipoteca moral de seu trabalho.

Portas Fechadas: “E percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar na Ásia” (16.1). Na região frígio-gálata havia cidades como Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe, que já haviam sido evangelizadas por Paulo e Barnabé. Paulo almejava Éfeso, a capital da província romana da Ásia Menor. Mas o Senhor impediu o avanço nessa direção. Então rumaram para Mísia, uma região que ficava a noroeste da Ásia, no extremo norte, entre o mar de Mármara e o mar Negro. Mas as portas também estavam fechadas para o evangelho. O Espírito Santo guiava os Seus obreiros através das circunstâncias, mas talvez não só por esse meio. O Senhor pode ter-lhes falado através dos dons espirituais. E apenas contornaram a Mísia, sem ali realizar qualquer trabalho. E assim chegaram em Trôade. Não é algo consolador para os crentes hesitantes o fato de até mesmo Paulo, tão íntimo que era do Espírito Santo, em alguns casos demorar a descobrir qual era a vontade de Deus a seu respeito? Considere também o discernimento espiritual que Paulo tinha, para distinguir, quando era Deus, quem não lhe permitia realizar um projeto, ou quando era Satanás que estava causando impedimentos (1 Ts 2.18). A agenda missionária é traçada no céu, e não terra. Deus não apenas chama e envia os missionários, mas norteia-lhe os passos. O campo é o mundo, mas as prioridades do campo são estabelecidas por Deus.

 

Portas Abertas: Trôade era porto de mar, uma cidade, fundada por Antígono um dos sucessores de Alexandre, o Grande. Lísimaco, rei da Trácia, após a morte de Antígono, mudou o nome da cidade para Alexandria Trôade. Ficava ao sul da antiga Tróia de Menelau. Situada no extremo noroeste da Ásia, de frente para o ocidente, ou seja, para a Europa. Ali, pois, ficaram os missionários, esperando pela voz de comando do Espírito, para tomarem rumo. Foi em Trôade que o grupo conheceu um médico grego, natural de Filipos (alguns preferem Antioquia da Síria), chamado Lucas. Este estava destinado a tornar-se o autor de Lucas-Atos.

 

Em uma daquelas noites, Paulo teve uma visão, na qual viu um varão da Macedônia, que lhe rogava: “Passa a Macedônia, e ajuda-nos” (v.9). A partir daquele momento Lucas passa a fazer parte do grupo, o que se depreende pelo uso do verbo “procuramos” (v.10). Ia começar a evangelização da Europa. Deus aponta o rumo, e o homem escolhe os melhores métodos. Deus apontou o rumo da ação missionária, impedindo Paulo de entrar na Ásia e direcionado seus passos para a Europa. Mas Paulo, ao entrar na Macedônia, escolheu a cidade mais estratégica para pregar o evangelho. Não podemos mudar o evangelho nem engessar os métodos. A mensagem precisa ser fiel, mas também relevante. Paulo era um obreiro estratégico. Ele tinha o cuidado e a habilidade de usar os obreiros, o tempo e os recursos de forma racional. Em virtude da exiguidade de tempo, dava preferência às cidades estratégicas, de onde o evangelho pudesse alcançar com mais rapidez outras regiões.

 

Foi um incidente importante. A história posterior inteira o confirma. O Espírito Santo guiou Paulo para o Ocidente, e não para o Oriente. Não para fora do Império Romano, cujas fronteiras orientais não ficavam tão longe; mas cada vez mais para o seu interior. O Cristianismo firmou-se dentro da civilização latina. Até os países anglo-saxões latinizaram-se. E o ciclo das Grandes Navegações ampliou essa civilização para o Novo Mundo, as Américas. A Europa e as Américas estão mais bem cristianizadas que a Ásia e a África. O mundo ocidental tem levado o evangelho a países como o Japão, a China, a Coréia, a Índia etc. Tivesse Paulo evangelizado as porções mais orientais do Império Romano, e seu trabalho teria sido reduzido a quase nada, ante o predomínio do islamismo, que ali debilitou o cristianismo. O movimento do Espírito Santo, no mundo sempre foi mais de leste para oeste, na vida de Paulo e até hoje. Claro que sempre houve exceções, mas essa tem sido a regra geral. A orientação do Espírito Santo é crucial no empreendimento evangelizador!

 

Filipos (Atos 16.1-40).

Colônia romana, foi fundada por Filipe II, da Macedônia, em 300 a.C. Mais tarde foi capturada pelos romanos. Nos dias de Paulo era cidade importante, posto que não a primeira da região. Tudo indica que não havia sinagoga na cidade. Esperaram pelo sábado. Então dirigiram-se ao rio Gangites. Se houvesse judeus na cidade, por certo estaria junto às águas, por causa de suas abluções. E ali conheceram Lídia, na Ásia Menor.

Filipos foi a primeira igreja de Paulo na Europa, uma das suas igrejas mais fiéis, a única, ao que saibamos, da qual recebeu paga pelo seu trabalho.

Deixou Lucas aí – “chegaram” (17.1), o qual tornou a juntar-se a ele seis anos depois – “navegamos” (20.6). Cinco anos mais adiante escreveu a Epístola aos Filipenses.

 

Lídia:

Cremos que outras mulheres que estavam com Lídia eram suas funcionárias; e moravam juntas, pois eram todas judias. Paulo lhes pregou a Palavra e se converteram. E, uma vez convertidas, instaram com os missionários a hospedarem-se na casa delas (16.15).

Foi nessa casa e com aquele núcleo que nasceu a igreja em Filipos, tão querida de Paulo. Filipos foi a primeira cidade da Europa a ser evangelizada.

Filipos – a porta de entrada da Europa:

Filipos era uma cidade estratégica tanto histórica como geograficamente:

Filipos era uma colônia romana.

Uma colônia romana era uma espécie de Roma em miniatura.

Seus cidadãos viviam sob os auspícios da capital do império.

Ali se fala a língua de Roma.

Ali se cultivavam os costumes de Roma.

Ali imperavam as leis de Roma.

Essa cidade ficava no entroncamento entre o Oriente e o Ocidente. Paulo entendeu que, se o evangelho alcançasse Filipos dali se espalharia tanto para o Ocidente como para o Oriente.

 

A jovem adivinha:

Paulo e Silas encontram-se com uma jovem que tinha um espírito de adivinhação. Eles expulsam o demônio dela, seus donos ficam irados contra eles, pois sua esperança de renda havia ido embora. Os missionários são agarrados e arrastados (Lucas e Timóteo são poupados do vexame) para a praça, à presença das autoridades, que mandaram que os dois fossem açoitados com varas. Após o espancamento, os dois foram presos. Não sabemos por que Paulo não optou por valer-se de sua cidadania romana, evitando assim a injustiça que sofreu.

 

A meia noite, Paulo e Silas oram e cantam, os presos ficam ouvindo-lhes. Um terremoto sacude o cárcere.

 

O carcereiro desesperado projeta se matar. Mas Paulo o impede. O apóstolo aproveita a ocasião, lhe prega o evangelho. O carcereiro e seus familiares aceitam a Jesus e logo são batizados (vs. 28-31)

 

No dia seguinte as autoridades mandam soltar a Paulo e Silas, agora sim Paulo declara sua cidadania romana, e eles vem pessoalmente pedir que Paulo se retire. Eles retornam para a casa de Lídia, confortam os irmãos e partem (v.40). Saíram de Filipos, é verdade, mas deixaram ali implantada uma igreja cristã muito estimada por Paulo. Valeu apena todo esforço e os sacrifícios pessoais dos obreiros do Senhor.

 

O sucesso da evangelização em Filipos não foi sem dor. O evangelho agiu livremente, mas os obreiros foram açoitados e presos. O sucesso da obra passou pelo sofrimento dos obreiros.

 

A igreja de Filipos tornou-se um exemplo vivo da eficácia e universalidade do evangelho. Três pessoas de diferentes classes sociais são alcançadas pelo evangelho:

 

A primeira delas foi Lídia, uma empresária, vendedora de púrpura, oriunda de Tiatira, cidade da Ásia Menor. A segunda pessoa foi uma escrava, uma jovem sem qualquer direitos sociais. A terceira pessoa foi o carcereiro, um servidor público, da classe média.

Essas três pessoas representavam também diferentes convicções religiosas: Lídia uma mulher temente a Deus; a jovem vivia sob o cativeiro do Diabo e de seus senhores; o carcereiro tinha como deus o próprio imperador romano.

Essas três pessoas ainda tiveram experiências legítimas, porém muito distintas: Lídia foi convertida num ambiente espiritual, numa reunião de oração; a jovem escrava foi liberta num ambiente profundamente carregado, quando estava tomada por espíritos enganadores; o carcereiro, por sua vez, foi salvo nas ruínas de uma prisão abalada por um terremoto e à beira do suicídio.

Quando os homens pensam que estão no controle e se interpõem no caminho de Deus para impedir sua obra, Deus reverte as circunstâncias e revela sua soberania. Os evangelistas podem ser presos, mas o evangelho não pode ser amordaçado. O mesmo Deus que abriu o coração de Lídia numa reunião de oração, também abriu as portas da cadeia por meio de um terremoto e quebrou as resistências do coração do carcereiro. Jesus disse: “...tenho as chaves” (Ap 1.18).

Os obreiros foram embora da cidade, mas no coração daquela colônia romana, foi fincada a bandeira tremulante do evangelho. Aquela igreja haveria de se tornar uma das maiores parceiras no ministério de Paulo. Enviaria recursos para o apóstolo em Tessalônica, Corinto e Roma, além de socorrer os pobres da Judéia.

 

Tessalônica. O grande bandeirante do cristianismo saiu de Filipos com vergões no corpo, mas com entusiasmo na alma. Longe de retroceder diante dos perigos, marchou resoluto para alcançar a capital da província da Macedônia.

Situada às margens do golfo Termaico, atualmente chama-se Salônica. Mui antigamente seu nome foi Terma, por causa das fontes termais existentes na região em redor. Cassandro, casado com a irmã de Alexandre o Grande, em honra de sua esposa, mudou o nome da cidade para “Tessalonike”, Essa era a principal cidade da macedônia. Os romanos estabeleceram ali um posto militar e comercial, pois ficava na Via Ignatia.

 

Nessa cidade havia uma sinagoga, o que significa que ali residiam numerosos judeus. Conforme era seu costume, Paulo procurou a sinagoga, e por três semanas em seguida, dissertou para judeus e gentios, igualmente. Lucas diz que Paulo ficou por três semanas trabalhando na sinagoga, de onde podemos concluir que ele ainda permaneceu mais tempo que isso na cidade. Livre de agitadores, Paulo fez tudo com tranquilidade. O propósito do apóstolo não era falar sobre prosperidade, curas ou milagres, mas expor e demonstrar a necessidade da morte e ressurreição de Cristo. Paulo era um pregador cristocêntrico. Ele não era um mestre de banalidades. Sua mensagem tocava o âmago da questão. Paulo não anunciava um Jesus apenas de milagres, mas o Jesus da cruz e do túmulo vazio.

 

Mas os judeus incrédulos, vendo o sucesso dos missionários cristãos, tanto entre os judeus quanto entre os gregos, arrebanharam a ajuda de mulheres da alta sociedade e da malandragem (17.5), e caluniaram a Paulo. Tencionavam apresentar Paulo diante da autoridade máxima do distrito, o politárkas. Mas não achando a Paulo e seus companheiros, detiveram a Jasom, judeu importante que se convertera a Cristo, e a outros irmãos. E dentre as acusações feitas, houve uma que correspondia rigidamente à verdade dos fatos: “Estes, que têm transtornado o mundo, chegaram também aqui” (v.6), o que não foi pequeno elogio à magnitude de sua obra. Realmente, Paulo estava transtornando o mundo pagão com sua prédica contra o pecado, a escravidão ao Diabo, a idolatria, a imoralidade, a mentira, a desonestidade, os vícios... O império do Diabo via-se tremendamente ameaçado pelos pregadores da cruz! A obra de Deus é maior do que seus obreiros. Os obreiros podem ser expulsos, mas a Palavra de Deus não pode ser banida. Os obreiros podem ser presos, mas a Palavra não pode ser algemada. Os pregadores podem ser perseguidos, enxotados e mortos, mas a Palavra não pode ser detida.

 

Beréia: Diante do alvoroço em Tessalônica, Paulo e Silas foram retirados da cidade à noite, sem alarde, com absoluta discrição (17.10). Levados para Beréia não se intimidaram nem mudaram sua agenda.

Uma cidade da Macedônia, a oeste de Tessalônica. Distava desta 23 quilômetros. E ficava a 45 quilômetros da costa.

 

O trecho de Atos 17.10 diz que somente Paulo e Silas foram para Beréia; é concebível que Lucas e Timóteo tenham ficado em Filipos ou em Tessalônica.  Os beranos foram chamados de “nobres” por compararem as pregações de Paulo com as Escrituras, para ver se as coisas eram conforme o apóstolo lhes dizia. Ah, se todos os crentes fizessem como eles!

 

Aqui Paulo alcançou bom êxito. Em Beréia, pois, creu muita gente, tanto mulheres de alta posição como homens (v.12). Uma multidão creu e engrossou as fileiras da igreja nascente. Novamente os judeus causam transtornos (v.14).  O trecho de 17.14 atesta a presença de Timóteo em Beréia. Lucas parece ter-se ocultado por detrás de seu costumeiro anonimato.

 

Aqueles que sentiam responsáveis por Paulo levaram-no a Atenas, com uma ordem expressa: Silas e Timóteo (e Lucas também) deveriam ir ter com o apóstolo em Atenas, o mais depressa possível (v.15). No entanto, quando Timóteo foi ao encontro de Paulo, em Atenas, imediatamente foi enviado de volta a Tessalônica (1 Ts 3.1),

 

É lastimável que, apesar da nobreza dos Bereanos, nenhuma igreja foi organizada ali, na oportunidade, apesar da cidade ser um importante centro da Macedônia.

 

Atenas: Paulo chega a Atenas, a capital intelectual do mundo. O veterano apóstolo pisa na terra dos grandes corifeus da filosofia, dos homens que encheram bibliotecas com sua erudição.

 

Aqui foi onde Paulo teve a mais fria recepção.

 

Essa era a capital da Ática. Ficava a 8 quilômetros do mar Egeu, onde estava Pireu, porto de Atenas. Esta ficava ao sul de Tessalônica, a 32 quilômetros de distância. Entre Atenas e Tessalônica ficava Beréia, que Paulo acabara de visitar.

 

Cidade de Péricles, Sócrates, Demóstenes e Platão. Durante mil anos, de 500 a.C a 500 d.C., foi centro de Filosofia, Literatura, Ciência e Arte. Sede da maior Universidade do mundo. Lugar de encontro das classes cultas do mundo. Todavia, estava de todo entregue à idolatria.

 

Quando Abraão (em 1800 a.C) deixou Ur dos Caldeus, com destino à terra de Canaã, Atenas já existia, na Acrópole, como uma aldeia destinada a crescer grandemente, devido à sua invejável posição geográfica.

 

Codro, o último rei de Atenas, terminou seu governo vencido pelos dórios, descendentes de Dodanim (Gn 10.4), ao tempo em que Samuel, juiz e profeta do Senhor, ungiu Saul como primeiro rei de Israel.

 

Atenas era o berço da filosofia e das artes. Ao mesmo tempo, alio ficava o Partenon, templo de muitos deuses. Atenas estava eivada de deuses. Havia mais de 30 mil estátuas dedicadas aos deuses naquela meca da filosofia.

 

O evangelho em Atenas:

O espírito de Paulo revoltava-se ante a brutal idolatria de Atenas. J. Mackee Adams falou em 30 mil deuses ali. Paulo ficou revoltado com a idolatria reinante. O mesmo povo bafejado pelo mais refinado conhecimento filosófico estava também entregue à mais tosca idolatria. Cultura não é sinônimo de discernimento espiritual. O povo tinha a luz do conhecimento, mas estava cego espiritualmente. Paulo percorreu e agitou a cidade. Diagnosticou suas mazelas espirituais. Sua presença em Atenas tornou-se notória.

 

Em seu discurso, Paulo destacou a religiosidade dos atenienses (mas eles eram vazios de espiritualidade). Apolônio, filósofo contemporâneo de Paulo, vergastou os atenienses por causa de suas bacanais, nos festivais em honra a Dionísio. Além disso, até sem qualquer razão tiravam a vida do próximo.

 

O evangelismo de Paulo em Atenas:

O que ele viu em Atenas: Os muitos deuses do panteão ateniense eram uma afronta ao Deus Verdadeiro. A religiosidade dos atenienses bafejados de cultura não passava de tosca ignorância espiritual.

 

O que ele sentia em Atenas: Seu espírito se revoltou diante da idolatria. A revolta de Paulo estava no fato de ver o nome de Deus sendo escarnecido no meio de uma religiosidade profusa, mas sem discernimento.

 

O que Paulo fez em Atenas: Ele aproveitou seu tempo em Atenas para ensinar, pregar e arrazoar com os atenienses acerca do evangelho.

 

O método que Paulo usou em Atenas: Paulo ficou revoltado com a idolatria da cidade, mas dirigiu-se aos atenienses com cortesia.

 

Disse-lhes que eles eram acentuadamente religiosos.

Chegou até mesmo a citar o filósofo Aratos, criando uma ponte cultural para levar-lhes o evangelho.

Paulo não ficou preso a questões periféricas; ao contrário, falou aos atenienses acerca da pessoa de Deus.

 

William Ramsay pensa que Paulo foi levado ao Areópago, perante o concílio da cidade, não para ser processado, “mas para constatarem se tinha o direito a um certificado de professor, para ser devidamente aceito como mestre de religião e filosofia, junto aos estóicos e epicureus”,

 

James Stalker, referindo-se ao discurso de Paulo, no Areópago, disse: “Em parte alguma foi tão completo o seu fracasso”. Pensamos de outro modo, pois o sermão de Paulo em Atenas:

 

Testificou do poder e do amor de Cristo na capital intelectual do mundo da época;

 

Mostrou aos orgulhosos e prepotentes atenienses o caminho da salvação em Cristo;

 

Alguns homens converteram-se, entre eles o próprio areopagita Dionísio;

 

Dâmaris e outras mulheres da elite converteram-se o Senhor;

 

Ao chegar em Corinto, Paulo recordou a nulidade da sabedoria humana, sem Cristo (1 Co 1.17, 26-29).

 

O discurso de Paulo no Areópago é uma das obras primas de oratória de todos os tempos, e revela sua competência no pensamento grego. Entretanto, os atenienses escarneceram da ressurreição, embora, alguns cressem!

 

Todavia, tal como em Beréia, o trabalho de Paulo em Atena não resultou em alguma igreja cristã. E ele também não foi perseguido ali. Parece que é o sangue dos obreiros e mártires que rega o canteiro da Igreja. A bandeira do evangelho foi fincada no topo da montanha do mais tosco paganismo.

 

Corinto (18.1-17):

A primitiva Corinto, da época pré-helênica, chamava-se Epira. Foi fundada no século IX a.C., talvez pelos fenícios, no istmo de Corinto. Era banhada por dois mares: ao oriente, pelo mar Egeu, no porto de Lichaeum; e ao ocidente, pelo mar Jônico ou Adriático. No primeiro havia o porto de Cencréia, e no segundo, o de Corinto.

 

A distância entre Atenas e Corinto é de cerca de 80 quilômetros. Paulo poderia escolher entre ir de Atenas a Corinto por mar, desembarcando nesse caso, em Cencréia, distante ligeiramente mais de onze quilômetros, ou então por terra, pelo caminho de Eleusis.

 

Essa era uma cidade estrategicamente importante, uma vez que em suas cercanias ficava o porto de Cencréia. Corinto era banhada pelo mar Jônico e também pelo mar Egeu. Era uma cidade cosmopolita. Caravanas do mundo inteiro passavam pela cidade. Navios procedentes de diversas partes do mundo ancoravam todos os dias naquela febricitante cidade. Os jogos ístmicos de Corinto só perdiam em importância para os jogos Olímpicos de Atenas. A cidade tinha uma economia forte, uma atividade esportiva invejável e também uma intensa agenda religiosa.

 

 

Alguns fatos importantes:

Paulo chegou a Corinto talvez no final do ano 49 d.C., no decorrer de sua segunda viagem missionária.

Encontrou com Áquila e Priscila, um casal de judeus, expulsos de Roma pelo imperador Cláudio (vs.2)

Hospedaram Paulo em Corinto (vs.2,3).

 Tal como Paulo, eles eram fabricantes de tendas (v.2)

Quando Priscila e o marido se converteram a Cristo, em Corinto, pela influência de Paulo, deram-se logo totalmente ao trabalho da igreja.

Foram com Paulo a Éfeso (18.18), onde mais tarde a casa deles foi lugar de reunião de uma igreja (1 Co 16.19).

Poucos meses depois voltaram a Roma, onde novamente ofereceram a casa para a reunião de uma igreja (Rm 16.3-5).

Alguns anos adiante estavam outra vez em Éfeso (2 Tm 4.19).

Foram sempre amigos leais e devotados de Paulo.

Há inscrições, nas catacumbas que dão a entender ter sido Priscila de família distinta, de categoria elevada em Roma, a qual, se desclassificou por se ter casada com um judeu.

Sempre é mencionada primeiro. Sem dúvida, era mulher de talento excepcional.

 

Paulo pregava na sinagoga todos os sábados.

Quando Silas, Timóteo e Lucas chegaram a Corinto, Paulo deixou as tendas, dedicando-se à Palavra de Deus (v.5);

Os judeus começaram a blasfemar de Cristo, opondo-se à mensagem de Paulo (v.6).

Paulo retirou-se da sinagoga e foi para a casa de Tício Justo, um crente (v.7).

Crispo, um dos principais da sinagoga, com toda a sua família, além de muitos coríntios, creram no Senhor e foram batizados (v.8).

Diante da pecaminosidade da cidade, Paulo desanimou e resolveu deixar a cidade. Mas o Senhor lhe apareceu em visão, dizendo: “Não temas; pelo contrário, fala, e não te cales... pois tenho muito povo nesta cidade” (v.9 e 10).

Obedecendo ao Senhor, Paulo ficou na cidade por dezoito meses (v.11).

No trecho de 1 Coríntios 2.2, Paulo recorda aos irmãos dali que estivera entre eles com temor e grande fraqueza.

A Palavra de Deus, expandindo-se de Corinto, chegou a Cencréia (Rm 16.1) e a toda Acaia (2 Co 1.1).

Paulo elogiou a prontidão dos crentes da Ásia em socorrem os crentes pobres da Judéia (2 Co 9.2).

Parece que a igreja em Corinto era constituída por um misto de gente de condição humilde (1 Co 1.26-29) e de elevada posição social (1 Co 1.16; 11.17-34).

Os judeus incrédulos acusaram Paulo, diante de Gálio, procônsul da Acaia, como se o apóstolo fosse acusado de crime contra o imperador e as leis. Gálio, porém, não deu atenção aos judeus e libertou Paulo (vs.12-17).

Através de 1 coríntios 1.12 e 3.5, ficamos sabendo que, com o tempo, formaram-se partidos na igreja dali.

A igreja de Corinto deu muito trabalho a Paulo, com suas desavenças, seus partidos, seus exageros.

Em Corinto, Paulo planta uma igreja vibrante, mas também uma igreja que vai trazer muitas lágrimas ao apóstolo.

Nenhuma igreja recebeu mais do apóstolo quanto Corinto, mas também nenhuma o fez sofrer tanto quanto ela.

Em Corinto, Paulo foi perseguido. Foi chamado de impostor. A igreja não pagou seu salário. Ele precisou trabalhar, fazendo tendas, e receber ajuda das igrejas pobres da Macedônia para pastorear essa igreja.

Muitas pessoas da igreja duvidaram das suas motivações, questionaram seu caráter, atacaram sua honra e macularam seu nome.

A igreja de Corinto, embora fosse um canteiro fértil, onde floresciam todos os dons espirituais, era desprovida de maturidade.

A igreja estava dividida em vários grupos e partidos.

Havia imoralidade tal dentro da igreja que nem mesmo no mundo se via coisa semelhante. Os crentes, em vez de disciplinarem o faltoso e chorar por causa de sua prática ensandecida, aplaudiam seu pecado.

Havia brigas e contendas entre os crentes e, em vez de esses conflitos serem resolvidos domesticamente, eram levados aos tribunais seculares, produzindo enfraquecimento do testemunho da igreja na sociedade.

A igreja de Corinto revelava a fragilidade dos relacionamentos familiares e não sabia administrar com sabedoria a liberdade cristã.

A igreja havia feito alguns avanços espirituais, mas ainda estava tímida no progresso da generosidade.

Era uma igreja remissa quanto à prática da comunhão interna e do amor externo. Tinha um coração trancado para amar e o bolso fechado para contribuir.

Se não bastasse tudo isso, a igreja ainda cometia muitos desvios na sua maneira de cultuar a Deus.

Havia deficiências na sua teologia, bem como na sua liturgia.

Os filhos que mais fizeram o apóstolo sofrer foram os mais amados.

Paulo muitas vezes regou o solo duro com suas lágrimas. Mas suas lágrimas não foram em vão: Em Corinto, Paulo deixou uma igreja que irradiou sua influência para muitos outros recantos do Império Romano.

 

Terminado seu tempo em Corinto, Paulo resolveu ir para Macedônia (At 20.1). Atravessou aquela região e rumou novamente para a Grécia (At 20.2), a fim de fortalecer e exortar as igrejas, trabalho esse que lhe consumiu três meses. Mas quando estava prestes a embarcar para a Síria, houve uma conspiração dos judeus contra ele, e, por esse motivo, voltou a Macedônia (At 20.3).

 

Archibald T. Robertson diz: “A chegada de Gálio, irmão de Sêneca, à Acaia, como procônsul... teve uma influência importante na carreira de Paulo, no sentido de que se desenvolveu uma atitude imparcial na sua relação para com Paulo e sua pregação”, e isso nas cidades da Ásia e também em Filipos, Tessalônica e Beréia. Os adversários de Paulo recorreram às autoridades, na Acaia em seu conflito com Paulo, ao passo que em outros lugares tinham recorrido à ralé, apelando à baderna. Por isso, enquanto nesses lugares, Paulo era forçado a fugir quando lhe moviam perseguição, em Corinto pôde permanecer e vencer, e os conspiradores tiveram que aplicar em Sóstenes as bofetadas que pretendiam dar em Paulo. A recusa de Gálio em punir Paulo injustamente garantiu ao evangelho uma posição favorável perante às leis romanas.

Timóteo e Tito foram ao encontro de Paulo, que estava em Corinto. Trouxeram notícias animadoras das igrejas por eles supervisionadas. Nesta ocasião, o estado geral de Paulo, era excelente, segundo se depreende de 1 Tessalonicenses 2.2, 8, 9, 13; 2 Tessalonicenses 2.14; 3.4, 6, 10, 12, 14.

 

Retorno a Antioquia da Síria (At 18.18-22):

Essa fase da segunda viagem missionária de Paulo teve lances de menor importância, em seu início. Depois de permanecer “ainda por muitos dias” Paulo “navegou para Síria”. Nessa viagem, levou Priscila e Áquila em sua companhia. Mas não viajou enquanto não cumpriu um voto que fizera, rapando a cabeça em Cencréia (v.18). Silas e Timóteo teriam ido com ele? Não sabemos dizer, pois Lucas silenciou a respeito.

 

A viagem não foi feita em uma única etapa. Pois, chegando em Éfeso, na Ásia Menor, Paulo desembarcou e chegou a pregar na sinagoga dos judeus. Apesar da insistência dos judeus que ficasse com eles por algum tempo. Paulo tornou a embarcar e partiu de Éfeso (vs.19-21). Mas Priscila e Áquila ficaram em Éfeso.

 

Nessa segunda etapa da viagem, Paulo chegou a Cesaréia, à beira-mar, sede do governo romano da Judéia. Daí, por terra, foi a Jerusalém. Mas sem tardança, prossegui viagem, até chegar em Antioquia (vs.22).

 

Lucas faz uma transição rápida desse final da segunda viagem missionária para a terceira. Mas em suas palavras “havendo passado ali (em Antioquia) por algum tempo”. Lucas deixa entendido que o apóstolo teve tempo de prestar relatório à igreja e de preparar-se para sua terceira viagem missionária.

 

O fato mais notável da segunda viagem missionária, que agora chegara ao fim, foi que o apóstolo dos gentios atendeu ao “chamado da Macedônia”, quando mudou totalmente o itinerário que tinha planejado, passando a rumar para oeste, levando o evangelho de Cristo, pela primeira vez, à Europa. Estava dado o primeiro passo da cristianização do Império Romano.