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A VIAGEM A ROMA - PAULO NOVAMENTE EM LIBERDADE

A Viagem De Paulo A Roma

Texto Bíblico: Atos 21.17 – 28.31

INTRODUÇÃO

Essa fase da carreira de Paulo é historiada em Atos 21. 17 – 26.32, desde que ele chegou a Jerusalém, até que ficou decidido que seria enviado à Itália, para que a pedido dele fosse julgado perante o tribunal de César.

PAULO EM JERUSALÉM (At 21.17 – 26.32)

Paulo e os judeus cristãos (21.17-26)

 Teriam os apóstolos permanecido firmes ante as decisões do concílio de Jerusalém, conforme ficou historiado em Atos 15? Sabemos que Pedro mostrou-se hesitante, face à pressão exercida pelo partido judaizante (Gl 2). Mas Tiago, irmão do Senhor e pastor da igreja em Jerusalém, manteve boas relações de amizade com Paulo (21.17).

 

Paulo estava cônscio da situação de conflito que esperava por ele em Jerusalém. Estando ainda em Éfeso, planejara visitar Jerusalém (19.21). Ao escrever 1 Coríntios, pensou enviar a oferta por meio de mensageiros eleitos pela igreja (1 Co 16.3). Mas os “rebeldes” da Judéia foram um fator que determinou sua ida (Rm 15.31). Era expressiva aquela oferta, levantada nas igrejas da Galácia, da Ásia, da Macedônia e da Acaia (1 Co 16.1; Rm 15.26). Paulo queria evitar a crítica dos homens (2 Co 8,21; 12.7), pelo que representantes das igrejas o acompanharam até Jerusalém (At 20.4). Lucas o acompanhou desde Filipos (20.6); Trófimo desde a Ásia Menor (At 21.29). Na verdade, aquela foi a segunda oferta que Paulo levou aos crentes pobres da Judéia (At 11.30). Em Atos 15.28,29, nas decisões sobre o problema judaizante não consta a lembrança acerca dos santos pobres da Judéia; mas Paulo refere-se a isso em Gálatas 2.9. E cumpriu seu papel, com toda a sinceridade. Mas agora, que se aproximava de novo de Jerusalém (At 20.22,23 e 21.10-16), Paulo imaginava o temporal que o aguardava. Instado por todos os irmãos, chegou finalmente a Jerusalém.

Os irmãos de Jerusalém receberam-no com alegria (21.17).

Já no dia seguinte, com seus companheiros, foi visitar Tiago (21.18), e os presbíteros reuniram-se.

Paulo não apresentou relatório, pois Jerusalém não era sua igreja; mas deu testemunho do que Deus realizara entre os gentios, por seu intermédio (21.19).

Mas os importunos judaizantes já haviam propalado que Paulo ensinava desrespeito à lei de Moisés (21.21).

Tiago para fechar a boca do adversário, aconselhou Paulo a tomar voto, ordenado em Números 6. Paulo discordou? De modo nenhum. Paulo era judeu e estava em seu país, onde a lei de Moisés não tinha apenas cunho religioso, pois era também a lei civil, e até o ano 70 d.C., quando da destruição do estado judaico, qualquer judeu residente em Israel estava sujeito à lei civil, e até o ano 70 d.C. Quando da destruição do estado judaico, qualquer judeu residente em Israel estava sujeito à lei. Nesse tempo, um judeu cristão guardava o sábado de acordo com a lei, e o domingo por convicção.

 

Paulo e os judeus não cristãos (21.27-31)

O voto de Paulo (21.17-26): Fizera antes um voto (18.18), a que se refere Nm 6.2, 9, 18. Apesar de insistir tenazmente que não era necessário aos gentios, ele mesmo era extremamente meticuloso na observância de todas as ordenanças judaicas. Cumprindo esse voto e pagando pelos outros quatro, neutralizaria as notícias propaladas de que ele falava contra a Lei de Moisés. Paulo aqui ilustra o princípio que ensinou em 1 Co 9.20 “Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus”.

 

O voto tomado por Paulo durava sete dias (21.27). No último desses sete dias, foi ao templo. Judeus da Ásia viram-no, agarraram-no e gritaram confusamente. Paulo foi arrastado para fora da nave do Templo e foi espancado (21.32).

 

Paulo tinha ganho vastas multidões de gentios para a fé cristã, e por causa disto era odiado pelos judeus descrentes.

 

A prisão de Paulo (21.32-40)

A turba estava em cima de Paulo como uma matilha de cães. Os soldados romanos apareceram em cena em tempo para salvá-lo de ser morto às pancadas.

O comandante do destacamento romano interveio e levou Paulo para a fortaleza Antonia, ao norte do Templo. Então, da escadaria, o comandante permitiu que Paulo falasse à turba (21.28-49).

Então na escada do castelo romano, o mesmo onde Pilatos condenara Jesus à morte, Paulo com permissão do comandante fez um discurso à turba.

 

A defesa de Paulo perante os judeus e o resultado dela (22.1-30)

O trecho de 22.1-21 encerra o testemunho da vida, da conversão e das atividades missionárias de Paulo, proferido em língua hebraica (aramaico).

A certo ponto, ao ouvirem-no dizer que Jesus o enviara aos gentios, o populacho começou a clamar pela morte de Paulo (22.21 e 22).

O comandante romano, sem entender o que estava sucedendo, já dispunha-se a interrogar Paulo, sob açoites, julgando que ele poderia ser um elemento perigoso; mas recuou do intendo quando Paulo se declarou cidadão romano (22.23-30).

 

Paulo perante o concílio judaico (23.1-10)

No dia seguinte, Paulo foi enviado para ser ouvido pelo Sinédrio (23.1-10).

Foi o mesmo concílio que entregou Cristo para ser crucificado; o mesmo Concílio do qual Paulo fora membro; o mesmo concílio que apedrejara Estêvão, e que repetidos esforços fizera para esmagar a Igreja.

Parte do Sinédrio era constituído por saduceus, que não creem em ressurreição; e, sendo Paulo um ex-fariseu, declarou que estava sendo julgado por causa da ressurreição dos mortos. Fariseus e saduceus iniciaram uma discussão, e o comandante Cláudio Lísias arrebatou Paulo dentre o tumulto e o conduziu em segurança para a fortaleza.

 

A sua transferência para Cesaréia (23.4-35).

Com refinada sagacidade, Paulo tirou proveito da divisão interna do sinédrio. Sabendo que esse egrégio concílio era formado de saduceus e fariseus; sabendo que os saduceus eram teólogos progressistas e liberais que não acreditavam na ressurreição nem na existência dos anjos e de espíritos, posicionou-se como fariseu e disse que estava sendo perseguido por causa das crenças defendidas pelos fariseus. (23.1-5). A estratégia de Paulo funcionou.

 

No dia seguinte, o Senhor apareceu a Paulo, fortalecendo-o com a certeza de que pregaria o evangelho em Roma (23.11). Paulo muitas vezes acalentara a esperança de chegar em Roma (1.13). Em Éfeso, foi combinado que Paulo iria a Roma depois desta visita a Jerusalém (19.21), mas depois, Paulo nem teria certeza de sair vivo de Jerusalém (Rm 15.31,32). Mas agora, Paulo estava com absoluta certeza, pois o próprio Deus prometera que faria a viagem.

 

No dia seguinte, os judeus enredaram outra cilada contra Paulo. Fervia a fúria popular. Quarenta judeus armaram uma cilada contra Paulo (23.12-15). Mas um sobrinho de Paulo, sabedor do conluio, informou o comandante romano do intento dos judeus (23.16-22).

 

Paulo foi enviado ao governador Félix, com uma carta assinada por Cláudio Lísias (23.26-30), sob a proteção de duzentos infantes, setenta cavaleiros e duzentos lanceiros (23.23). Paulo foi tirado de Jerusalém, na escuridão da noite. Chegou assim a Cesaréia (23.33), e ficou detido no pretório de Herodes 23.35.

 

Paulo perante Félix (cap.24)

Cinco dias depois, liderados pelo sumo sacerdote Ananias, os judeus, acompanhados por um famoso advogado, Tértulo (cujo nome parece romano), acusaram a Paulo (24.1-9). Tecendo elogios rasgados ao governador, Tértulo tenta ganhá-lo para seu lado. Com retórica rebuscada, esse profissional da oratória, profere acusações pesadas e levianas contra o apóstolo, chamando-o de peste. Conspurca-lhe o caráter, denigre-lhe o nome, lança sobre sua honra os mais aviltantes insultos.

 

Cessada a verborragia desse paladino da mentira, Paulo tem a oportunidade de fazer sua defesa. Paulo defendeu-se das acusações infundadas dos judeus (24.10-21). No dizer de Tácito, Félix “praticava toda sorte de lascívia e crueldade”. Por isso, quando Félix mandava chamar Paulo para ouvi-lo, tremia ao falar do controle próprio e do juízo final (24.22-27).

 

Cesaréia fora o lugar onde antes Pedro recebera na igreja o primeiro gentio, Cornélio, oficial do exército romano. Possivelmente, foi esta a razão pela qual Félix conhecia alguma coisa a respeito do “Caminho”.

 

Paulo passou dois longos anos, mofando na prisão, em Cesaréia (24.27). Que teria feito ele naqueles dois anos? Sabemos que nada escreveu. Talvez tenha fornecido dados a Lucas, em suas investigações prévias para escrever o terceiro Evangelho.  Esta é a única visita de Lucas a Jerusalém de que se tem notícia. Sem dúvida aproveitou oportunidades de visitar Jerusalém muitas vezes, talvez também a Galiléia, para conversar com todos os apóstolos e primeiros companheiros de Jesus que pôde encontrar. Maria mãe de Jesus, podia ainda estar viva, de cujos lábios ele pode ter ouvido, diretamente, a história com que iniciaria o seu Evangelho.

 

Paulo já se tinha hospedado com Filipe, em Cesaréia, quando a caminho para Jerusalém (21.8). É provável que Filipe tenha socorrido ao apóstolo durante seu longo período de detenção em Cesaréia.

 

As acusações (v.5):

Era “uma peste” – acusação muito vaga.

“Promotor de sedições entre os judeus” – Absolutamente falso, porque Paulo invariavelmente ensinava obediência ao governo.

“Tentara profanar o Templo”, levando lá Trófimo (v.6) – o que não fez.

“Principal agitador dos Nazarenos” – O que ele reconheceu e que não era contra nenhuma lei, judaica ou romana. Paulo nunca deixou de mencionar a ressurreição.

 

Félix casara-se com uma judia, estava familiarizado com as praxes judaicas e conhecia algo a respeito de Cristo. Estava profundamente impressionado e mandou chamar Paulo para que lhe explicasse mais o Evangelho, com o que ficou aterrorizado. Sua cupidez, porém (v.26), impediu que ele aceitasse Cristo ou soltasse Paulo.

 

Paulo perante Festo (cap.25)

Após esses dois anos, Félix foi substituído por Festo no governo da Judéia (25.1). Foi no intervalo entre a partida de Félix e a chegada de Festo que as autoridades de Jerusalém se aproveitaram da ausência de um oficial romano do executivo e assassinaram Tiago, irmão de Jesus.

Três dias depois de chegar a Cesaréia, Festo subiu a Jerusalém (25.1). E os judeus valaram-se da oportunidade para pedirem que Paulo fosse julgado pelo Sinédrio, em Jerusalém (25.2,3).

Mas Festo indeferiu-lhes o pedido e exigiu que os judeus fossem acusar Paulo em Cesaréia (25.4,5). E os judeus vieram, rodearam o prisioneiro e o injuriaram, mas nada puderam provar contra ele. Vendo Paulo que Festo se inclinava por agradar aos judeus, enviando-o ao Sinédrio, apelou para César (25.9-12).

Dias depois, Herodes Agripa II, com Berenice, sua esposa, foram a Cesaréia cumprimentar a Festo pela investidura. Ora, Agripa muito desejava ouvir Paulo; e Festo queria que Agripa o ajudasse a colher dados, a fim de enviar o prisioneiro a César, em Roma.

Paulo discursou diante do rei e outros potentados (25.13-27). Com brilhantismo, eloquência e poder, num discurso rebuscado de rara beleza, Paulo abre o coração para narrar o que Jesus havia feito em sua vida.

 

Paulo perante Agripa (cap.26)

Paulo deu testemunho de sua conversão a Cristo (26.1-23).

 

O discurso de Paulo perante Agripa e o outro em Atenas, são geralmente considerados dois dos mais soberbos exemplos de oratória da literatura.

 

Foi na ocasião que Festo teve Paulo por louco (26.24)

 

E Agripa também desdenhou de Paulo (26.28). Esse Agripa era Herodes Agripa II, filho de Herodes Agripa I, que 16 anos antes, matara Tiago, o irmão de João (12.2); era neto de Herodes Antipas que matara João Batista e escarnecera de Jesus, e bisneto de Herodes, o Grande, que trucidara os meninos de Belém, ao tempo do nascimento de Cristo. Sua capital era Cesaréia de Filipe, próxima ao cenário da transfiguração de Jesus.

 

Berenice: Era irmã de Agripa, vivendo com ele como esposa. Fora casada com dois reis, voltara para ser esposa do próprio irmão, e mais tarde veio a ser amante de Vespasiano e Tito. Imagine-se Paulo a defender-se diante de um par de pessoas desse quilate.

 

Festo não pôde descobrir nenhuma acusação contra Paulo que, a seu juízo, fosse digna de ser relatada a Nero, e julgou que talvez Agripa pudesse ajudá-lo. Agripa, cuja família estivera tão intimamente relacionada com toda a história de Cristo, naturalmente estava curioso por ouvir um homem do calibre de Paulo, que tanta excitação causara entre as nações a respeito de uma Pessoa que sua própria família houvera condenado.

 

Essa audiência foi favorável ao apóstolo. As autoridades chegaram à conclusão que Paulo poderia ser libertado, não houvera ele apelado para César (26.30-32).

 

A única discordância que Festo pôde ver entre Paulo e seus acusadores era que aquele pensava ainda estar vivo Jesus, ao passo que os acusadores O julgavam morto (25.19).

A grande pompa (v.23) que Festo arranjou para a ocasião era testemunha da personalidade dominante de Paulo, porque certamente um preso comum não provocaria tal exibição de esplendor real.

Notar a cortesia uniforme de Paulo, do princípio ao fim, se bem que conhecesse o caráter dissoluto do rei.

Notar, outrossim, que ele reconheceu ser a ressurreição de Jesus a única causa da questão.

 

PAULO A CAMINHO DE ROMA (27 e 28)

Foi feita em três navios: Um de Cesaréia a Mirra; outro de Mirra a Malta; outro de Malta a Puteóli.

 

Cesaréia: Desse porto, onde fora prisioneiro por dois anos, Paulo embarcou para Roma. Tinha como companheiro Aristarco (27.2) e a Lucas (indicado pelo uso do pronome “Nós”).

Em Cesaréia, as autoridades romanas decidiram enviar Paulo ao tribunal de César, em Roma, segundo se lê em Atos 27.1. Outros prisioneiros tomaram o mesmo navio em que Paulo estava, além de Aristarco, macedônio de Tessalônica, e Lucas, de Filipos. William Ramsay lembra que Lucas e Aristarco só puderam acompanhar o apóstolo na qualidade de escravos.

Um centurião, chamado Júlio, da Coorte Imperial, ficou encarregado de Paulo e dos demais prisioneiros. O navio que tomaram era de Adramítio que estava de partida para costear a Ásia Menor.

 

Sidom: Aqui lhe foi permitido visitar os seus amigos.

O barco deixou Cesaréia e velejou até Mirra, aportando em Sidom.

Então passou ao norte da ilha de Chipre e defronte da Cilícia e da Panfília. Essa foi a primeira etapa da viagem, em um navio costeiro, em pleno verão.

 

Mirra: Uma cidade na costa sul da Ásia Menor, onde Paulo mudou de navio.

Em Mirra houve uma troca de navio, este último de Alexandria, que demandava a Itália.

Mas essa etapa da viagem foi de muitos dias (27.7) e dificultosa.

 

Cnido: Um porto na costa da Ásia Menor, não pôde entrar por causa de ventos contrários.

Avistaram a cidade de Cnido, mas os ventos impediram que o navio aportasse.

 

Creta: Uma ilha ao sul da Grécia.

Então rumaram para o sul da ilha de Creta, passando pelo cabo Salmona.

 

Bons Portos: Aqui permaneceu o navio por algum tempo.

Navegando rente à costa, chegaram a final a Bons Portos, perto de Laséia (27.8,9).

 

 

Laséia: Ficaram bastante tempo em Laséia.  Ficara para trás “o tempo do Jejum”, talvez o Yom Kipur dos judeus, ou seja, o mês de outubro. Aproximava-se o inverno, quando a navegação ficava difícil. Paulo avisou, devido à sua grande intuição, que a viagem ficaria perigosa e que haveria perda de vidas (27.10-12). O conselho de Paulo foi que escapassem a um perigo que ele previu. O comandante do navio, não aceitou o conselho, e preferiu ouvir o capitão e o proprietário do navio, e deste modo, procurou chegar à ilha de Malta.

Navegavam o mais perto possível de Creta (27.13). Mas eis que inesperadamente soprou da ilha um vento fortíssimo, usual naquela época do ano, o Euro-Aquilão. O vento desviou o navio para longe de sua rota. Ainda tentaram alguma coisa diante da ilhota Clauda. Temiam ir ter às costas da Líbia, na África. Arriaram as velas e deixaram o barco ao sabor do vento. Mas a tempestade continuou por muitas dias, não deixando aparecer nem o sol e nem as estrelas. Para evitar a possibilidade de naufrágio, tinham lançado ao mar a “armação do navio”, provavelmente móveis e utensílios – tudo quanto fizesse o navio tornar-se mais pesado. E chegaram a perder a esperança de sobreviver.

 

Por muitos dias, ninguém comeu. Estavam todos aterrorizados ou enjoados demais para alimentar-se. Mas Paulo, entre outras duzentas e setenta e cinco pessoas a bordo (27.37), animou-as, narrando a visão que tivera de Jesus e garantindo que nenhuma vida se perderia (27.21-26), mas somente o navio.

 

Podemos chegar como náufragos em uma ilha, tendo apenas a vida como despojo, mas Deus ainda estará nos guiando para realizarmos seus soberanos propósitos (27.26)

 

Desde que tinham deixado Laséia para trás, duas semanas se tinham passado, sempre batidos pelo tufão. Mas afinal, chegaram ao mar Adriático, uma parte do Mediterrâneo. Sentindo, pela experiência, a aproximação de terra, os marinheiros lançaram sondas e baixaram quatro âncoras. E todos ansiavam para que amanhecesse. Ao clarear o dia, os marinheiros tentaram fugir, mas o centurião os impediu. Paulo instou então que todos comessem, para que tivessem forças de chegar à terra. Finalmente, embora com dificuldade, todos puseram pé em terra (27.27-44), sem perde de uma vida se quer, conforme o Senhor revelara a Paulo (v.24).

 

Malta: Quanto tempo permaneceu Paulo nesta ilha? (28.11).

Acenderam uma fogueira. E foi quando juntava gravetos, que Paulo foi picado por uma víbora (28.1-6), o que pareceu um fato extraordinário para os circunstantes, pois Paulo nem inchou e nem morreu.

Os nativos trataram bem dos náufragos. Na ilha, Paulo operou várias curas, incluindo a do pai do governador da ilha, chamado Públio (28.7-10).

Passaram em Malta três meses, onde também enfrentaram o inverno. E terminaram por tomar um navio alexandrino que tinha por emblema, na proa, Dióscuro. Esse navio tocou primeiro em Siracusa.

 

Siracusa: Uma cidade na costa da Sicília. O navio permaneceu aqui três dias.

 

Régio: Uma cidade na extremidade da península italiana.

 

Puteóli: Um dos portos principais da Itália. Aqui encontrou Paulo alguns irmãos, com quem passaram sete dias

 

A praça de Ápio, as Três Vendas: Duas aldeias onde os irmãos romanos vieram encontra-se com Paulo.

 

A ilha de seu naufrágio pode ser a terra da sua oportunidade (28.10).


PAULO NOVAMENTE EM LIBERDADE

Finalmente, Paulo estava “em Roma” (28.16). Estava cumprido o seu sonho. Não como pretendia, em liberdade, mas como “embaixador em cadeias”. Consolou aos irmãos e foi consolado.

 

A justificativa de Paulo diante da comunidade judaica em Roma: A primeira coisa que Paulo fez ao chegar a Roma, foi convocar os líderes judeus para poder justificar-se das acusações contra ele, e para obter uma audiência amigável. É este o último registro de sua tentativa de ganhar os judeus. Observemos o resultado da sua pregação (28.24-28; compare com Mt 13.13-15; Jo 12.40; Mt 21.43).

Os judeus vieram no dia marcado, em grande número, e Paulo lhes pregou a Cristo.

Alguns creram no Senhor, mas a maior parte deles O rejeitou (28.23-29).

Em uma casa por ele alugada, preso por uma corrente a um soldado romano, Paulo passou dois anos em Roma, ou seja, durante os anos de 59 e 60 d.C.

 

A providencia de Deus na prisão de Paulo em Roma:

 

Estava a salvo de todos os judeus.

Chegou a ser manifesto a todos (Fp 1.12,13).

Teve oportunidade para testificar aos soldados que o aguardavam. Em Roma, Paulo estava na relativa liberdade de prisão domiciliar, e pregava a Palavra de Deus a quem quisesse vir ouvi-lo. Foi assim que ele pôde anunciar Cristo à guarda pretoriana, ganhando para o Salvador alguns da casa de César.

Foi visitado por amigos das diferentes igrejas (Fp 2.25; 4.10).

Teve oportunidade de escrever algumas de suas epístolas mais excelentes: Filipenses, Filemom, Colossenses, Efésios.

 

A liberdade de Paulo: As informações, daqui em diante, são baseadas principalmente sobre o testemunho da história antiga e sobre informes colhidos em várias epístolas de Paulo:

Paulo, finalmente foi julgado diante do tribunal de César. Nessa oportunidade, muitos fatos houve que o favoreceram:

O centurião Júlio deve ter testemunhado a favor de Paulo.

A decisão de Gálio, irmão de Sêneca, em Corinto, também deve ter tido peso considerável nesse julgamento.

Sem dúvida, Paulo conseguiu mostrar que o Cristianismo é o verdadeiro judaísmo. Ora, o judaísmo era considerado “religião lícita” pelas autoridades romanas. Isso posto, por que Paulo seria condenado por motivos religiosos? Ele nada ensinava que fosse detrimente ao governo romano. É verdade que Popéia, mulher de Nero, era judia, e pode ter querido influenciar o imperador e outros juízes contra o apóstolo. Mas se isso sucedeu, ela não prevaleceu, pois Paulo foi posto em liberdade.

 

Deduz-se da tradição e de algumas referências, que Paulo foi posto em liberdade por mais ou menos 2 anos (Fp 1.24-26; 2.24; Fm 24; 2 Tm 4.17) de 63 a 66 d.C.

Nesse período de liberdade provavelmente escreveu as epístolas a Timóteo e a Tito.

Que teria feito Paulo durante esse período? – a quarta viagem missionária:

Encetou a sua “quarta viagem missionária”, que pode ser reconstituída com bastante precisão, através do testemunho dos pais e de dados colhidos nas Epístolas Paulinas.

 

Clemente de Roma, escrevendo da capital do império para os crentes de Corinto, disse que Paulo foi solto de sua prisão domiciliar em Roma, e que, em sua última viagem, chegou ao extremo ocidente. Para um romano, isso significava Espanha, que na época era constituída pelos atuais países de Espanha e Portugal.

 

O Cânon Muratoriano afirma que Paulo esteve na Espanha, e que pode ter chegado à Britânia, atual Inglaterra. Não podemos aceitar esse testemunho com o se fossem informes bíblicos; mas que Paulo foi posto em liberdade, e que visitou vários lugares como pregador cristão é fora de dúvida, pois tem a chancela de suas próprias epístolas.

 

Da Espanha, Paulo partiu novamente para o Oriente, tendo estado em Creta, na Ásia Menor e na Macedônia. Foi em algum ponto da Macedônia que ele então escreveu 1 Timóteo. E não muito depois, estando em Nicópolis, também na Macedônia, escreveu sua epístola a Tito (Tt 3.12), que fora deixado por Paulo em Creta (Tt 1.5).

 

A 19 de julho de 64 d.C., Nero mandou incendiar Roma. Premido pela revolta popular, acusou os cristãos de incendiários.  São de A. T. Robertson essas palavras: “Sente-se náuseas perante os detalhes horripilantes dessa perseguição que Nero dirigiu contra os crentes de Roma. Derramava-se azeite sobre suas roupas, eles eram amarrados a postes ou árvores, e ateava-se fogo neles à noite, para que servissem de iluminação, enquanto Nero furiosamente dirigia pelas ruas o seu coche”.

 

Nero começou a procurar o apóstolo Paulo, ao mesmo tempo em que este procurava evitar Roma. Mas parece que o Alexandre de 2 Timóteo 4.14 seja o mesmo referido em Atos 19.33. Por motivo de vingança, Alexandre pode ter denunciado Paulo ao Imperador.

 

Nova prisão:

Novamente foi preso. Paulo acabou sendo preso em Roma, ficando encarcerado na prisão Mamertina. E foi ali que ele escreveu a sua derradeira epistola 2 Timóteo.

 

Houve duas fases nesse segundo julgamento de Paulo:

Na Primeira fase, ele foi “liberto da boca do leão” (2 Tm 4.17). Isso aponta para o fato que, como cidadão romano que era, não podia ser lançado no covil das feras, como execução. No trecho de 2 Timóteo, porém Paulo queixa-se de solidão, por haver sido abandonado por seus amigos. Mas Lucas não o tinha abandonado; outros crentes ou estavam ausentes, ou tinham mesmo abandonado o apóstolo, com medo de serem considerados seus cúmplices.

Deveria ser a primavera de 67 d.C Paulo sabia que seu fim neste mundo aproximava-se célere. Ele mesmo escreveu “estou sendo oferecido em libação, e o tempo da minha partida é chegado” (4.6).

Nem por isso seu tom é de amargura ou derrotista “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quanto amam a sua vinda” (vs. 4.7 e 8). Tudo em Paulo era triunfo, o senso de uma vida realizada, por meio da graça divina.

 

Os últimos momentos de Paulo:

Uma auto análise do seu ministério:

Paulo olhou para o passado com gratidão (2 Tm 4.7): Paulo está passando o bastão a seu filho Timóteo.

Paulo olhou para o presente com serenidade (2 Tm 4.6): O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que vai tirar-lhe a vida; é ele quem vai oferecê-la a Deus. Assim escreve Paulo: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado”. Numa linguagem eufêmica, Paulo fala da sua morte como uma partida.  A palavra grega ANALYSES, “partida” era usada em três circunstâncias:

Aliviar alguém de uma carga: A morte para Paulo era descansar de suas fadigas (Ap 14.13).

Levantar acampamento e deixar a tenda temporária para voltar para casa: A morte para Paulo era mudar de endereço. Era deixar o corpo e habitar com o Senhor (2 Co 5.8). Era partir e estar com Cristo, o que é, incomparavelmente melhor (Fp 1.23).

Desatar o barco e singrar as águas do rio e atravessar para o outro lado: A morte para Paulo era fazer a última viagem da vida, e esta rumo à Pátria celestial (Fp 1.21).

Paulo olhou para o futuro com esperança (2 Tm 4.8).

 

As lutas finais de Paulo: Paulo certamente foi a maior expressão do cristianismo. Viveu de forma superlativa e maiúscula. Pregador incomum, teólogo incomparável, missionário sem precedentes, evangelista sem igual. Viveu perto do Trono, mas ao mesmo tempo, foi açoitado, preso, algemado e degolado. Tombou como mártir na terra, mas levantou-se como príncipe no céu. Ele não foi poupado dos problemas, mas triunfou no meio deles.

Paulo enfrentou a solidão (2 Tm 4.9,11,21):  Paulo estava numa vela fria, precisando de um ombro amigo. Sua espiritualidade não anula sua humanidade. Ele roga a Timóteo que venha depressa ao seu encontro. Pede a seu filho na fé para vir antes do inverno e trazer também João Marcos. O gigante do cristianismo está precisando de gente amada ao seu lado. Dentro de seu peito, batia um coração sedento por relacionamento.

Paulo enfrentou o abandono (2 Tm 4.10): Paulo passou a vida investindo na vida das pessoas, e na hora que mais precisou de ajuda, foi abandonado e esquecido na prisão. Caminhou sozinho para o Getsêmani do seu martírio, assistido apenas pela graça de Deus.

Paulo enfrentou a ingratidão (2 Tm 4.16): Paulo se arriscou pelos outros; mas ninguém compareceu em sua primeira defesa para estar ao seu lado ou falar em seu favor. Mais perturbador do que o frio gelado que se avizinhava pela chegada do inverno, era a geleira da ingratidão que Paulo tinha de suportar no apagar das luzes de sua jornada na terra.

Paulo enfrentou a perseguição (2 Tm 4.14):  Alexandre era um inimigo do mensageiro e d a sua mensagem.  Foi esse Alexandre, quem delatou Paulo, resultando em sua segunda prisão.

Paulo enfrentou privações (2 Tm 4.13). Paulo precisava de amigos para a alma, livros para a mente e capa para o corpo. As prisões romanas eram frias, insalubres e escuras. Os prisioneiros morriam de lepra e outras doenças contagiosas. O inverno se aproximava, e Paulo precisava de uma capa quente para enfrentá-lo. Paulo também precisava de livros e dos pergaminhos. Paulo estava no corredor da morte, mas queria aprender mais.

 

A execução de Paulo:

Foi executado durante a perseguição que Nero promoveu contra os cristãos.

 

Nero continuava no poder. Só se suicidaria a 9 de julho de 68 d.C., com um golpe de espada na garganta. Sua desgraça pública ainda estava longe. Sem dúvida acompanhou de perto o julgamento de Paulo.

 

O processo foi lento. Finalmente veio a terrível sentença: Paulo seria decapitado. No dia marcado, longe do bulício popular, mas entre soldados e o carrasco que levava o machado afiado, lá ia Paulo, carregando, ele próprio, o cepo. O pequeno grupo marchava na direção da Via Óstia. Chegaram a um lugar semi-deserto. O cepo foi posto no chão. Os soldados forçam Paulo a dobrar o corpo, até seu pescoço encostar no cepo. O carrasco ergue o machado e, com um golpe firme e súbito, separa a cabeça do corpo. O sangue esguicha, molhando a terra. Restava um corpo mutilado, inerte.

 

Terminara a carreira terrena de Paulo, a estrela brilhante que o Senhor Jesus colocara no mundo para iluminar a levar muitos à vida eterna, mediante a pregação do evangelho da graça de Deus.

 

Uma tradição afirma que uma dama, chamada Lucina, sepultou o corpo de Paulo no próprio terreno dela, que ficava à margem da Via Óstia.

 

CONCLUSÃO

Às vezes Deus o ajudou com milagres. Em quase cada cidade foi perseguido. Muitas e muitas vezes foi acometido pelas turbas, que procuraram matá-lo. Foi surrado, açoitado, encarcerado, apedrejado, expulso de cidade em cidade. Além disso, havia seu “espinho na carne” (2 Co 12). Seus sofrimentos são quase incríveis. Deve ter tido uma disposição de ferro. Só por intervenção de Deus é que Paulo podia sobreviver a tudo isto.