POR QUE DEUS MATOU UZÁ?
Texto Bíblico: 2 Samuel 6.1-9
INTRODUÇÃO
Os filisteus usaram um carroção para transportar a arca (1 Sm 6.7). No entanto, a lei do Antigo Testamento exigia que a arca sagrada fosse carregada pelos filhos de Coate (Nm 3.30, 31; 4.15; 7.9), usando as varas de madeira prescritas (Êx 25.12-15). A arca e os vasos sagrados só deviam ser carregados sobre os ombros dos levitas (Nm 3.31; 7.9).
Carroção novo (v.3): O uso de um carroção novo era uma garantia de que não estaria ligado a nenhuma impureza ritual decorrente de usos anteriores (por ex.: se tivesse sido usado para transportar esterco ou animais mortos). O carroção foi um presente introduzido pelos filisteus. Muito já tinham sofrido os filisteus devido à desonra feita à arca. Contudo o expediente dos filisteus – o carro de vacas – para descobrirem, da melhor maneira que sabiam, se deveras foi a mão de Jeová que os ferira: esse é o modo que Davi adota para levar a arca a Sião! É verdade que Deus permitira aos filisteus aprender a sua lição desse modo, e isso talvez fosse o motivo de Davi adotar o mesmo meio, mas essa imitação não tinha desculpa. Deus falara sobre o assunto e a ignorância do que Ele determinara mostrava descuido, ou esquecimento culpável. Como podia Deus neste frisante exemplo, perante os olhos da nação inteira, estabelecer um precedente para os tempos futuros, e fazer pouco caso da sua própria honra? Como podia Deus aceitar o completo abandono da sua Palavra e a adoção dos meios dos filisteus, quando Ele tinha revelado a sua vontade? E vão atrás dos filisteus, como todos os imitadores costuma fazer. Os filisteus tinham pensado que, se Jeová era Deus, o gado havia de lhe obedecer sem qualquer direção humana, e até contra seus próprios instintos. Mas os israelitas, ao entregarem a arca ao carro, querem que Uzá e Aío guiem o gado. Não têm confiança no seu próprio expediente e já estão entregues à obra perigosa de contar com os próprios recursos no caso de aparecer qualquer dificuldade. O padrão do cristão não é o mundo, e sim a Bíblia!
O ato de irreverência (v.7): A procissão foi interrompida por uma tragédia: Na eira de Nacom (v.6), os bois que puxavam o carro tropeçaram, e Uzá supostamente tentou firmar e sustentar a arca com as suas mãos. Por mais inocente que tenha sido o ato de tocar a arca violou diretamente a lei de Deus e resultou em morte (Nm 4.15).
Uzá: Os bois tropeçam e Uzá, estende a mão e segura a arca. Uzá significa “força”, mas ele não se havia medido na presença de Deus, nem aprendido a verdadeira fonte da força. Seu ato revela o que a arca significa para ele – o ato de uma alma ignorante de Deus e de si mesmo. E ele é ferido.
Esse era um meio de preservar o sentido da santidade de Deus e manter o temor de alguém se aproximar dela sem uma preparação adequada. A Arca era considerada um objeto que exigia respeito e cuidado, e por isso mesmo era natural que fosse vista como algo perigoso (comparável à eletricidade). A palavra traduzida pela expressão “ato de irreverencia” ocorre apenas aqui no Antigo Testamento, mas essa mesma raiz, em línguas aparentadas, significa “desdém” (acadiano) ou “negligência” (aramaico).
Davi ficou contrariado (v.8):
Davi, embora quisesse ser um servo fiel, comete um grande erro que acarreta consequências graves. É bastante estranho que, num assunto como este, ele não indague nada de Deus nem se lembre da direção dada na Lei referente ao transporte da arca e vasos sagrados. Jesus disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras” (Mt 22.29). Ainda mais estranho é que, de todas as pessoas apartadas para o serviço do santuário, não tenha havido nenhum sacerdote ou levita para advertir o bem-intencionado rei sobre o modo prescrito de conduzir a arca.
Provavelmente tenha sido raiva dirigida a si mesmo, pois a calamidade havia sido resultado do próprio descuido de Davi. Ele estava confuso quanto a continuar o transporte da arca até Jerusalém (v.9), e não a moveria, temendo que mais mortes e calamidades pudessem recair sobre ele ou sobre o povo (v.10). É provável que, antes de mover a arca, ele tenha esperado que a ira de Deus se abrandasse. Davi denominou o lugar Perez-Uzá, a “Destruição de Uzá” ou “o quebrantamento da força” (Uzá significa força), e, abandonou seu projeto, levou a arca para a casa de Obede-Edom (v.10).
Odebe- Edom (10,12): Obede-Edom refere-se a um levita em Crônicas (1 Cr 15.17-25; 16.5,38; 26.4,5,8,15; 2 Cr 25.24). Durante os três meses em que a arca permaneceu com Obede-Edom, o Senhor abençoou sua família. Do mesmo modo, Deus abençoou Obede-Edom. Davi estava confiante de que, com a presença da arca, o Senhor abençoaria sua casa de uma forma que duraria para sempre (7.29).
Carregavam a arca (v.13): Na segunda tentativa de Davi de trazer a arca para Jerusalém, ela foi transportada da maneira prescrita pela lei do Antigo Testamento.
Tabernáculo (v.17): Davi fez uma tenda para a arca da aliança até que uma edificação permanente pudesse ser erguida. O Salmo 30 pode referir-se a essa tenda ou à própria casa de Davi (5.11,12).
CONCLUSÃO
É estranho que no serviço do santuário Davi fosse tão ignorante; mas casos semelhantes abundam entre nós hoje. O fato de ser bem-intencionado muitas vezes impede a pessoa de procurar indagar a vontade do Senhor, ou de verificar tudo pela Palavra. Se a coisa proposta for boa em si, por que tanto escrúpulo quanto a modos e métodos? Quão pouco compreendemos a falta de reverência que jaz sob uma aparência de devoção honesta, onde presume-se que a sabedoria humana é suficiente para tomar uma resolução sem consultar a Deus, ou a força humana suficiente para operar a sua vontade! Quantas vezes nossos “Uzá” são feridos, justamente quando imaginamos que nosso serviço deve ser bem aceitável a Deus!
BIBLIOGRAFIA
Comentário Histórico-Cultural Antigo Testamento VIDA NOVA
Bíblia Explicada – S. E. McNair CPAD
Comentário Bíblico Mac Arthur THOMAS NELSON