O CASAMENTO DE OSÉIAS FOI
LITERAL OU FIGURADO?
Texto Bíblico: Os 1.2,3
INTRODUÇÃO
O casamento de Oséias é um assunto que tem gerado muita polêmica e controvérsia entre os cristãos.
O PROBLEMA: Deus ordenou a Oséias: “Vai, toma uma mulher de prostituições”. Entretanto, de acordo com Êxodo 20.14, o adultério é pecado; e, de acordo com 1 Coríntios 6.15-18, ter relações sexuais com uma prostituta é imoral (Lv 19.29). A pergunta é: Se o casamento de Oséias era literal, como podemos aceitar que um Deus Santo possa orientar um profeta a casar-se com uma prostituta, algo que ele mesmo proibira em sua Palavra? (Lv 21.7)
Casamento alegórico:
Alguns eruditos tentaram contornar essa dificuldade, declarando que se trata de uma alegoria. Entretanto, já que Deus obviamente pretendia fazer disso uma ilustração dramática para Israel de sua infidelidade para com Ele (cf. 1.2), nada há no texto que nos possa dar a entender que essa situação não seja literal. Se assim não fosse, ela não teria efeito algum como ilustração da infidelidade do povo de Israel.
Casamento literal:
A proibição de casar com prostituta não era dirigida ao profeta, mas ao sacerdote (Lv 21.7.
Deus não mandou o profeta Oséias se prostituir, mas casar-se com uma prostituta. Com essa ordem, além de valorizar o casamento ele valorizou a prostituta, mulher discriminada e rejeitada pela sociedade, sem, no entanto concordar com os seus atos.
Quando Deus ordenou que Oséias tomasse Gômer como sua esposa, pode até ser que ela ainda não tivesse se prostituído. A linguagem da ordem de Deus no texto original fornece certo respaldo para a castidade de Gômer no momento em que ela se casa com Oséias. As palavras: “Vá, tome uma mulher adúltera” (1.2) podem ser entendidas profeticamente (olhando para o futuro). Entretanto, Deus sabia o que se achava no coração dela, e sabia que ela acabaria sendo infiel a Oséias. Isso é semelhante à quando o anjo do Senhor chamou Gideão de “homem valente” antes de ele ter lutado sequer uma batalha (Jz 6.11-12). Deus ordenou que Oséias tomasse como mulher alguém que ele sabia que se tornaria uma prostituta porque queria ilustrar o adultério espiritual que Israel cometeu contra o Senhor. Assim, Gômer teria adotado o comportamento adúltero após o casamento. O poder moral por trás do ato de Oséias em receber Gômer de volta depois do adultério (cap. 3) depende da pureza da união original, que ela violou.
Esta passagem não desconhece a prostituição como pecado. De fato ela é uma forte condenação da prostituição, tanto física como espiritual (idolatria). O fato de o grave pecado de idolatria ser descrito como uma prostituição revela a desaprovação de Deus quanto a essa prática.
Oséias recebeu a ordem para casar-se com uma prostituta, e não para adulterar com ela. Deus não lhe disse que fosse cometer fornicação com ela. Pelo contrário, disse-lhe que se casasse com ela, que fosse fiel a ela, mesmo que ela lhe viesse a ser infiel. Isso não apenas não viola o compromisso do casamento, mas na verdade o valoriza.
Na própria linhagem do Senhor Jesus, temos algumas mulheres de caráter duvidoso (Ex.: Tamar, Raabe, Rute e Batseba). E ao permitir a inclusão dessas mulheres na genealogia do seu Filho, bem como, o casamento de Oséias, não era aprovar o erro, mas mostrar a universalidade da salvação e a grandeza infinita do seu amor (Jo 3.16).
O mandamento de 1 Coríntios 6.16, de não se unir a uma prostituta, não é um mandamento para não se casar com alguém que tenha sido uma prostituta. Não, o mandamento é dirigido àqueles que vinha tendo relações sexuais fora do casamento. Mas Oséias não teve relações sexuais fora do casamento. Deus ordenou que ele se casa-se com Gômer e que sempre fosse fiel a ela.
Deus já utilizou de outros expedientes semelhantes a esse de Oséias como parábola e ilustração para os reinos de Judá e Israel. Pois “a palavra profética, muitas vezes, é proclamada por meio da vida do profeta” (Bíblia da Mulher).
Por exemplo: O celibato do profeta Jeremias tinha um caráter ilustrativo de Deus contra Judá. Deus falava à nação através da vida do profeta. Pois, como ele, a nação ficaria solitária (Jr 16.1,2; Lm 1.1).
À semelhança de Jeremias, a vida do profeta Ezequiel serviu como um sinal; como uma profecia contra a nação de Israel (Ez 24.15-24).
Do mesmo modo, como Jeremias e Ezequiel, o casamento do profeta Oséias ilustrava o amor in condicional de Deus e a infidelidade do seu povo (Os 14.1; 2.2 a 3.5).
Deus, por meio do casamento de Oséias, estava denunciando a situação espiritual do seu povo, e mostrando, ao mesmo tempo, que ele continuava sendo alvo do seu amor.
Exemplos semelhantes a esse estão na carta dirigida à igreja de Laodicéia. Das sete igrejas do Apocalipse a única que não tinha nada de bom para dizer era a de Laodicéia (Ap 3.15-17). Não obstante, Jesus concluiu a carta dizendo: “Eu repreendo e castigo todos quantos amo...” (Ap 3.19,20).
Do mesmo medo que a igreja de Laodicéia era alvo do amor de Jesus, assim era a nação na época do profeta Oséias.
BIBLIOGRAFIA
Manual bíblico MacArthur THOMAS NELSON
Manual Popular De Dúvidas, Enigmas E Contradições Da Bíblia – Norman Geisler & Thomas Howe MC
Perguntas Difíceis De Responder – Elias Soares De Moraes BEIT SHALOM