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O SERMÃO DA MONTANHA - UMA INTRODUÇÃO

O SERMÃO DA MONTANHA

 

Introdução Ao Estudo Do Sermão Da Montanha

 

“O Sermão do Monte nesta estrutura deve ser entendido e estimado como o registro de como o chamado de Jesus, proferido por Ele com autoridade Messiânica, convocando homens para uma realidade escatológica do reino dos céus, é feito para determinar toda a existência do discípulo” Isto é, “Jesus está, no Sermão do Monte, moldando messianicamente a vontade do seu discípulo” – Franzmann

Esta ideia parece fornecer a chave adequada para se entender a natureza e o propósito desse grande discurso. O Mestre havia acabado de chamar os seus primeiros quatro discípulos. Agora Ele está lhes mostrando o que significa o verdadeiro discipulado. Ele está descrevendo o tipo de vida que seus discípulos devem viver.

 

O Que É O Sermão Da Montanha

É o manifesto do Rei, no qual se nos diz quem são os súditos do Reino, quais as suas verdades fundamentais, e como se entra nele.

 

Os súditos do reino, seu caráter e sua influência. Caráter e influência são intimamente ligados, pois a influência não pode ser melhor do que seu caráter. O que somos é sempre mais importante do que o que fazemos.

 

Não devemos imaginar que o Sermão do Monte é um discurso único pronunciado por Jesus num dia particular. Sem dúvida houve um sermão primitivo, real, mas esse sermão foi depois ampliado bastante por Mateus. Várias observações indicam essa conclusão:

 

Sendo verdadeiro Mestre, Jesus não esperaria que seus ouvintes fossem capaz de absorver tanta instrução ética de uma só vez. Essa concentração forte de conceitos anularia seu propósito didático.

 

Certas seções não têm conexão com o assunto precedente, nem com o que vem a seguir (p.e., 5.31, 32; 7.7-11).

 

Fato importante: 34 dos versículos do Sermão do Monte de Mateus (que tem 107 versículos) não se encontra no registro que Lucas faz desse sermão (Lc 6.20-49), mas encontram-se espalhados noutros contextos de Lucas. É muito provável que Mateus, tivesse organizado seu material em ordem, e em tópicos, ao compilar o sermão, e menos viável que Lucas houvesse espalhado seu material e, em seguida arranjado novos contextos históricos. Além do mais 47 dos versículos de Mateus não têm paralelo algum em Lucas.

 

Um Novo Pentateuco? O evangelho de Mateus tem um propósito didático. A ênfase especial vai para a mensagem de Jesus. Uma das características distintivas do Evangelho de Mateus é que o ensino de Jesus é dividido em 5 seções: O Sermão do Monte (cap. 5-7) é o primeiro desses blocos. Os outros são: Instruções aos Doze (Mt 10), as Parábolas do Reino (cap. 13), a Vida na Comunidade Cristã (cap. 18), e Julgamento Escatológico (caps. 23-25). Cada livro se encerra com uma fórmula semelhante a “Concluindo Jesus de proferir estas palavras” (7.28; 11.1; 13.53; 19.1; 26.1).

Com frequência se sugere que nos cinco blocos de ensinos de Mateus temos uma tentativa de apresentação de um novo Pentateuco. Jesus é retratado como o segundo Moisés, maior do que o primeiro (cp. Deuteronômio 18.15), que sobe à montanha, assume postura de autoridade (senta-se para ensinar, cp. Lucas 4.20, 21) e entrega uma nova Lei. Essa é uma ideia interessante, mas nada persuasiva.

 

Um monte anônimo, à beira do mar da Galiléia, é para com a Nova Aliança o que o monte Sinai era para com a Antiga Aliança. Mas notemos o grande contraste: O povo de Deus no Monte Sinai chegou “ao fogo palpável e ardente, à escuridão, e às trevas, e à tempestade e ao clangor de trombeta” (Hb 12.18,19). Ao contrário o povo da Nova Aliança chegou, não a um tremendo deserto (Dt 1.19), mas a uma ladeira verdejante em uma região habitada. O Senhor desceu sobre o monte Sinai em fogo, do qual a fumaça subiu como de uma fornalha, enquanto todo o monte tremia. Mas o Senhor Jesus subiu a um monte e assentou-se para falar face a face com Seu povo. Enquanto no monte Sinai, até um animal que tocasse no monte seria apedrejado e as palavras eram tais que o povo suplicou que não lhe falasse mais, os recém-convertidos subiram o monte, na Galiléia, e aproximaram-se de Jesus para ouvir as Suas palavras de graça.

 

Por Que O Sermão Do Monte? É natural supor que, depois do Mestre passar algum tempo pregando a aproximação do reino dos céus, surgissem entre os israelitas muitas perguntas: Quais são as leis desse reino? Qual a sua relação com as leis de Moisés? Esse novo Mestre veio destruir a lei? Que é necessário fazer para entrar nesse reino? Para responder a tais perguntas, e para expor plena e claramente o padrão de conduta exigido dos súditos do novo reino espiritual, Cristo pregou o Sermão do Monte.

 

Havia, também, outra razão para o discurso: o povo devia compreender bem que o reino que Jesus pregava não era o reino esperado entre os israelitas; não seria um reino de encantos humanos, de conquistas carnais, baseado sobre uma vida de justiça da parte de todos os seus súditos.

 

O contraste entre o Sermão do Monte e a promulgação da Lei no Sinai está no seu ápice aqui. A Lei começa com os Dez Mandamentos, que estabelecem as leis fundamentais que governam o comportamento daqueles que começariam um relacionamento de aliança com Deus.

 

O sermão de Jesus não consiste de nova coleção de leis, senão de uma descrição de como devem viver as pessoas que entraram no reino de Deus. As exigências ética desse sermão não objetivam levas as pessoas ao desespero, de modo que se atirem às misericórdias de Deus, seu propósito é orientá-las e encaminhá-las como pessoas que querem agradar a Deus.

 

É verdade que as exigências estão definidas em termos absolutos (“sede vós perfeitos, como perfeitos é o vosso Pai que está nos céus” 5.48), entretanto, essa é a natureza de todos os grandes ensinos éticos. Embora não consigamos atingir as estrelas, ainda assim nos servem de orientação confiável em navegação.

 

Mateus coloca o Sermão do Monte no princípio da história do Ministério da Galiléia, embora pareça que foi proferido alguns meses depois, ao tempo da escolha dos doze (Lc 6.12-20), se com efeito em Lucas se relata ao mesmo sermão.

 

Podia ser que Mateus considerasse o Sermão do Monte um epítome do ensino de Jesus, do qual todo o Seu ministério foi uma ilustração.

 

O Estilo Do Sermão Do Monte: O Sermão assemelha-se a um aglomerado de declarações proverbiais sobre vários assuntos, cuja repetição constante era o método favorito do ensino entre os orientais.

 

O Local: Jesus achava-se em Cafarnaum, cercado por grandes multidões, num lugar que hoje é apontado como o Monte das Bem-Aventurança. O monte de onde este sermão foi proferido não se menciona pelo nome. Diz a tradição que foram os picos de Hatim. A área sob referência provavelmente era a encosta de um monte que se elevava para o norte e oeste do mar da Galiléia. Mateus menciona várias experiências que ocorreram em montanhas (a terceira tentação, 4.8; a transfiguração, 17.1; a Grande Comissão, 28.16). Não deve preocupar-nos o fato de Lucas colocar seu relato do sermão “num lugar plano”, depois de Jesus haver descido da montanha (Lc 6.17 ss.). O importante é o sermão em si, não seu ambiente topográfico.

 

 

Uma Comparação Com Lucas 6.20-49:

 

Admite-se geralmente que este é um resumo do mesmo sermão registrado em Mateus 5 a 7. Em Mt 5.1 se diz que ele “subiu ao monte e assentou-se”. Em Lc 6.17: “descendo com eles, parou numa planura”, isto é, desceu de um lugar mais alto. Pode ter feito as duas coisas, visto que os fatos envolvidos tomaram tempo considerável.

 

Dos 107 versículos citados por Mateus, Lucas menciona apenas 30.

 

Os dois registros são algo diferentes. Não temos certeza se se trata de dois registros diferentes do mesmo sermão, ou se é substancialmente o mesmo sermão pronunciado em ocasiões diferentes. Jesus ensinava, continuamente, e é provável que Ele proferisse algumas destas palavras sob variadas formas, centenas de vezes. Pode ser isto, então, uma coletânea de Suas expressões costumeiras, uma espécie de sumário dos Seus principais ensinos. Sua beleza literária, assim com seu ensino incomparável, não tem igual na literatura.

 

 

A Natureza Do Sermão Da Montanha.

O mundo viveu tanto tempo com princípios egoístas, que os ensinos de Jesus só poderiam parecer-lhes estranhos, e anormal o seu modo de vida. Mas na realidade, excêntricos (literalmente, “fora do centro”) são os que adotam princípios mundanos em suas vidas.

 

Os eruditos entre os judeus criticam o sermão do monte dizendo que o padrão é demasiado alto para a natureza humana. Certo escritor israelita escreveu que somente anjos podem guardar tais preceitos. Outro escreveu: “Os ensinamentos de Jesus estão em tão alto grau que não produziram resultado permanente nem prático. O arco está entesado até arrebentar”. Ainda outro escritor judaico escreveu: “É contra a natureza humana, para um homem de juízo, amara ao próximo que aborrece por causa de sua conduta infame”. A súmula das críticas judaicas é que os ensinamentos de Cristo são demasiado elevados para os homens.

 

De fato, o padrão da justiça salientado no sermão do monte é tão elevado que mesmo alguns dos crentes o consideram como lei. Mas Deus não pode exigir menos. Mesmo sob a graça o padrão da justiça não é menos exigente.  “A graça de Deus se manifestou... ensinando-nos, a fim de que, ... vivamos... sóbria, reta e piamente” (Tt 2.11,12; Vede 1 Jo 3.10). Toda o Sermão do Monte está baseado sobre a graça: Há uma cláusula fundamental que dá entrada para todos nós (v.3). Há promessas para os que anelam (v.6). Há meio de receber perdão, cpa.6.12. É assegurado o recebimento de toda a dádiva e toda a bênção de que carecemos (cp 7.7-11) compare Hebreus 4.16. Verdade é que a graça de Deus se revela mais plenamente depois do sermão do monte, mas não para que possamos viver em um nível mais baixo, ou para que possamos evitar obedecer a Deus.  Para os que não sentem falta de nada na sua vida, para os que confiam na sua própria justiça, para os indiferentes, para os que não tem vontade de servir a Deus; para os insubordinados, o sermão do monte não oferece esperança ou bênção – nem qualquer outra Escritura as oferece. O sermão do monte não foi dirigido aos homens em geral, mas aos discípulos de Cristo, os quais receberam da Sua virtude e poder. Os ensinamentos são demasiado altos para a natureza humana, antes de ser regenerada, mas não o são para a natureza transformada pelo Espírito de Deus.  O que os homens não adquirem por força da vontade é efetuado nos crentes pelo Espírito Santo (Gl 5.22,23).

 

A Quem Foi Dirigido O Sermão Do Monte:

Alguém poderia deduzir do primeiro versículo do capítulo cinco que Jesus deixou a multidão (v.1) e entregou este “sermão” somente para os discípulos, mas parece que a multidão se reuniu em torno da parte externa do círculo interno e ouvir o discurso (cf. 7.28).

 

Frases Sobre O Sermão Da Montanha:

 

“Por si só, o Sermão da Montanha é demais para nossa fraca natureza” – Myer Pearlman

 

CONCLUSÃO

McArthur tece este comentário sobre o Sermão do Monte, ele começa comentando que se “um visitante imaginário de Marte” fosse visitar “uma típica comunidade cristã”, tendo lido o Sermão do Monte no caminho, ele ficaria perplexo pelo contraste. “O abismo entre o padrão do Sermão do Monte e o padrão da vida cristã convencional é tão grande que o visitante suspeitaria ter lido o Sermão errado ou visitado a comunidade errada”.

 

BIBLIOGRAFIA

Manual Bíblico H.H.Halley Vida Nova

Bíblia Explicada – S.E. McNair CPAD

Bíblia Shedd

Mateus O Evangelho Do Grande Rei Myer Pearlman CPAD

Novo Comentário Bíblico Contemporâneo Mateus – Robert H. Mounce VIDA

Espada Cortante Vol 1 – Orlando Boyer CPAD

Comentário Bíblico Beacon Vol 6 CPAD

Comentário Bíblico NVI VIDA