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AS BEM-AVENTURANÇAS

As Bem-Aventuranças

O Quadro Do Progresso Espiritual De Uma Alma

 

Texto Bíblico: Mateus 5.1-12

INTRODUÇÃO: Bem aventurados, ou felizes, os descoroçoados, os que sofrem, os humildes, os deprimidos de espírito, os misericordiosos, os intimamente puros, os de ânimo pacífico e os perseguidos. É exatamente o oposto dos padrões do mundo, segundo parece. Estas não são qualidades que os homens teriam escolhido. Mas, em cada caso a felicidade não está propriamente no infortúnio, mas nas recompensas gloriosas do futuro. O céu, para Jesus que o conhecia, era tão infinitamente superior à vida terrena, que Ele considera uma bênção qualquer condição que tornasse mais vivo o desejo de entrar no céu.

A primeira palavra da boca do Grande Mestre, no Novo Testamento, é “bem-aventurados” em contraste com as últimas palavras do Antigo Testamento que Ele ferirá a terra com maldição.

Delitzsch chama o monte das Beatitudes de “O Sinai do Novo Testamento”

“A originalidade de Jesus acha-se em dar o devido valor a estes pensamentos, reunindo-os e tornando-os tão proeminentes quanto aos Dez Mandamentos. Não há maior serviço que se faça à humanidade do que resgatar da obscuridade os conceitos morais comuns que são menosprezados” – Alexander Balmain. Jesus repetia as suas declarações muitas vezes, como fazem os grandes mestres, mas este sermão tem unidade, progresso e acabamento. Não contém tudo que Jesus ensinou, mas se destaca como o maior sermão de todos os tempos em sua perspicácia, pungência e poder.

O QUE É BEM-AVENTURANÇA

O Sermão do Monte começa com uma série de exclamações com respeito à felicidade das pessoas que se colocaram sob o governo soberano de Deus. Albright-Mann chama as bem-aventuranças de “Carta Magna do Reino”, ou “A Constituição Espiritual do Reino”.

 

Fatos Preliminares:

Oi mathetai” gr. Seus discípulos. Aqui deve ser no sentido mais amplo (cf. 10.1-4), isto é, dentre o grupo de pessoas que o acompanhavam, todas aquelas que haviam decido segui-lo.

 

“Kathizõ”, kathisantous” gr” gr.: assentar-se para ensinar, de acordo com o costume contemporâneo.

 

Edidasken gr. (v.2) – ensinar: Ele sentou-se no lado do monte, à maneira dos rabinos judeus, em vez de ficar de pé. Era uma cena muito impressionante, enquanto Jesus falava suficientemente alto para ser ouvido pela grande multidão.

 

Enquanto os pregadores de hoje seguem o costume grego e romano de ficar em pé para falar, os mestres judeus sempre se sentavam enquanto ensinavam.

 

Quando Jesus se assentou a fim de ensinar, assumiu posição de autoridade. Nas sinagogas judaicas os mestres sentavam-se [1](cp. Lc 4.20). Ainda nos referimos a matérias como “cadeiras”, na Universidade, a professores universitários como “catedráticos”; de vez em quando o papa diz alguma coisa ex cathedra, “de sua cadeira”.

 

Os discípulos (v1): “Talmudim” (hb): (plural; singular talmid). A essência do relacionamento entre o talmid e o seu mestre, era a confiança em cada área da vida, e seu objetivo era fazer o talmid como seu mestre em conhecimento e comportamento ético. No grego é “mathetés”.

 

Definições:

Termo No Original:

Makarios gr. “feliz”, “abençoado”. É a felicidade do coração que está em paz com Deus. “Claro que bem-aventurança é algo infinitamente mais sublime e melhor que mera felicidade” – Weymouth

A palavra grega Makarios corresponde à hebraica Asher, que significa “abençoados”, “felizes” e “afortunados” em um mesmo termo, assim nenhuma palavra em português seria adequada. Para um exemplo, compare com Salmo 144.15: “Bem-aventurado/ abençoado/ feliz/ afortunado é o povo cujo Deus é Adonai”

 

Em Lucas 1.68b ocorre o termo eulogëtai “bendito”. Em Lucas 1.42, na saudação de Maria a Isabel usa-se eulogëmenos “bendita”.

 

Barclay observa que Chipre era chamada He Makaria, “a Ilha Feliz”, porque era tão fértil e bonita que tudo quanto a pessoa almejasse poderia ser encontrado nela. Assim, “bem-aventurado” descreve uma alegria cujo segredo está dentro da própria pessoa.

 

Outros tem observado que Homero chamava os deuses hoi makares “os felizardos”. A palavra era usada para caracterizar os deuses gregos e também os homens, na maioria das vezes em alusão à prosperidade externa.

 

Pena que não mantivemos a palavra felizes no patamar alto e santo onde Jesus a colocou.

 

“Já que vocês conhecem esta verdade, serão felizes makarioi se a praticarem” (Jo 13.17 NTLH).

 

“Felizes makarioi são os que não viram, mas assim mesmo creram!” (Jo 20.20 NTLH).

 

Paulo aplica esse adjetivo a Deus: “Conforme o evangelho da glória do Deus feliz makarioi (1 Tm 1.11). Ver também Tt 2.13.

 

Outras Definições:

Não quer dizer precisamente “feliz”, mas antes útil, prestável, bem-sucedido na vida espiritual.

 

A expressão “bem-aventurado” oferece a chave para a verdadeira felicidade oferecida pelo Mestre. A palavra no original grego, significa a bênção divina em contraste com a felicidade humana.

 

“Bem-aventurados” quer dizer “felizes” ou “alegres”, indicando o transcendente alvo do reino dos céus; o de chamar os homens para uma vida verdadeiramente feliz. Não é uma vida de alegria superficial mas de gozo profundo e que perdura.

 

O termo “Beatitudes”. Os versículos 3 – 12 são conhecidos como as beatitudes porque a palavra “beatos” foi usada na mais conhecida versão latina, a “Vulgata” de Jerônimo (c. 410 d.C), para traduzir “Makarios”.

 

O Estilo Literário:

A forma literária [2]empregada por Mateus é comum no Antigo Testamento, especialmente nos Salmos e na literatura sapiencial (p.e. Salmo 1 “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios...”).

 

Paradoxo. Todas as bem-aventuranças de Cristo são paradoxos; todas são contrárias à opinião comum. O conceito dos homens é que são felizes os ricos, os honrados no mundo; os que passam sua vida aqui alegres; os que comem gulodices e vestem-se bem. Mas o Senhor veio corrigir esse erro fundamental; veio para chamar os homens à felicidade que é permanente e verdadeira.

 

Lenski comenta: “‘Bem-aventurado!’ entoado repetidas vezes, soa como sinos do céu, tocando neste mundo amaldiçoado, do alto da catedral do reino, convidando todos os homens a entrar”

 

OS HUMILDES (v.3)

Definição:

Análise Textual:

Na Linguagem hebraica, “pobre” não era apenas a pessoa em desvantagem econômica, mas todos quantos, em sua necessidade, apelam a Deus em busca de ajuda (Sl 69.32; Is 61.1).

 

No Grego:

A palavra grega para “pobres”, ptochos, possui uma tonalidade especial de “extrema pobreza”. Deriva de um verbo que significa “rastejar” ou “agachar-se” – a forma substantivada é usada para designar o mendigo, alguém em pobreza abjeta. Mendicante, dependente do auxílio alheio.

 

Em Lucas, consta apenas “os pobres” (Lc 6.20), mas ele quer dizer o mesmo que essa expressão em Mateus roi ptochöi toi pnemati (os pobres de espírito), diz respeito aos piedosos em Israel, a maior parte pobre, a quem os ricos irreligiosos menosprezavam e perseguiam.

 

“Toi pneumati” gr.: “no espírito” – Isto é, no que diz respeito à sua postura diante de Deus [e, desse modo, sua relação com ele]: Eles estão cientes de estar perante Ele de mãos vazias e, em consequência, depender inteiramente de seu auxílio.

 

Em Lucas 16.20, 22, a palavra ptochöi é usada em conexão ao mendigo Lázaro. Derivada de ptössö, “abaixar-se”, “agachar-se” a palavra grega denota privação espiritual.

 

O substantivo alternativo penes, é derivado de penomai, que significa “trabalhar pelo pão diário”. A referência aqui é àquele que trabalha para viver. O termo ptochos é mais frequente nas páginas do Novo Testamento e denota pobreza mais profunda que o termo grego penes.

 

“Auton estin” (v.3) “a eles pertence” – o reino dos céus, isto é, são eles que terão parte no domínio salvífico de Deus, que irrompe com a vinda de Jesus, o Messias, mas que se consumará no fim dos tempos; a repetição desse enunciado no v. 10b sublinha a unidade temática deste trecho.

 

 

Conceito Teológico:

Os verdadeiros humildes, não sendo a simples falta de bens materiais que produz a humildade.

O humilde de espírito não é aquele que se autodeprecia, porque aprendemos de Cristo o valor da personalidade: “Amados, agora somos filhos de Deus” (1 Jo 3.2).

Ser pobre ou humilde de espírito é ter modesta estimativa de si mesmo – seu caráter e realizações – com base no reconhecimento dos próprios pecados, necessidades e fraquezas.

Ser pobre de espírito significa depender totalmente de Deus para ajuda (cp. Salmo 34.6, “Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu: salvou-o de todas as suas angústias”).

Isto é, são felizes aqueles que reconhecem que estão falidos espiritualmente, sem recursos espirituais.

 

O Que É Humildade:

Ausência de orgulho ou soberba. Juízo que a pessoa faz de si mesma acerca de sua pequenez e deficiência. No campo teológico, a humildade é mais que essencial para se apropriar do conhecimento divino. Devemos reconhecer, antes de mais nada, que a base da teologia não é a nossa especulação, mas a revelação da parte do Pai das luzes. Sem humildade não há teologia; e sim, desvaneios.

 

Exposição: Talvez nem sempre fosse assim antes de ter conhecimento de Cristo, mas, tendo-se comparado com Ele, perdeu seu orgulho próprio, reconheceu seu pecado, e arrependeu-se. São os que, em vez de reagir quando o “eu” é ofendido, ocupam-se mais com a honra do Rei.

 

Aqueles que reconheceram a sua pobreza nas coisas espirituais e permitiram que Cristo suprisse suas necessidades tornaram-se herdeiros dos céus.

 

Talvez a melhor tradução de 5.3a seja a de Goodspeed: “Bem-aventurados são aqueles que sentem a sua necessidade espiritual”.

 

O Orgulho – A Antítese Da Humildade.

Definição:

Teologicamente foi o primeiro sentimento pecaminoso introduzido no Universo. Através dele, o ungido querubim exaltou-se sobremaneira, julgando-se já superior ao mesmo Deus (Ez 28). Na Igreja Católica, é o pecado que encabeça as transgressões capitais.

 

“O orgulho é a própria essência do pecado... O orgulho é o pecado de um individualismo exagerado, o pecado do usurpador reivindicando um trono que não é seu, o pecado que enche o universo com apenas um ego, o pecado de destronar a Deus de sua soberania de direito” – Fitch

 

Um homem orgulhoso, em sua auto-estima, é como um porco-espinho enrolado na direção errada, a torturar-se com os próprios espinhos.

 

A primeira beatitude atinge diretamente o centro da necessidade do homem.  Fitch declara: “A pobreza de espírito é essencialmente o destronamento do orgulho”.

 

 

 

OS QUE CHORAM (v.4).

 

Análise Textual:

“Oi Penthountes” gr. Este é outro paradoxo. Esse verbo grego “ocorre muito frequentemente na LXX para aludir ao choro pelos mortos, e pelos infortúnios e pecados dos outros”. A tristeza deve nos fazer buscar o consolo e a mão de Deus para, assim, encontrarmos o consolo latente na aflição.

 

“Pentheo”: Lamentar, estar de luto, estar triste, prantear pelo morto. Entristecer-se com uma profunda tristeza que toma conta de todo ser de tal maneira que não pode ser oculta (aqui, provavelmente devido à sua penúria, incluindo a sua culpa).

 

Lágrimas.

 

Do hebraico “bâkout”: Significam a exteriorização da sensibilidade causada pela dor física ou espiritual, pela morte, pelas calamidades públicas ou provações pessoais, pelo arrependimento ou pelo castigo.

 

A manifestação das lágrimas:

As plantas vertem lágrimas, a seu modo, apesar de não terem olhos como os animais.

 

A natureza destila lágrimas durante a noite, colocando-as sob a forma de pérolas ou aljôfar sobre as folhas das plantas, fato que os poetas transportam com emoção e doçura para suas composições literárias.

 

Os animais irracionais também derramam lágrimas quando atingidos pelo castigo que lhes é imposto ou pelo sentimento de dor e de saudade.

 

A Quem Se Aplica Esta Bem-Aventurança: Mas todos que choram são felizes? É claro que não. A tristeza do mundo produz morte (2 Co 7.10). O inferno será repleto de choro e ranger de dentes (8.12).

A Quem Não Se Aplica:

O chorar por si mesmo não traz bênção, porque muitos há que choram sem consolação.

Não há bênção reservada aos que lastimam perdas egoístas.

Ou ambições frustradas.

Nem aos pessimistas deliberado.

E o chorar pelos entes queridos pode trazer, ao invés de bênção, amargura e desânimo.

O choro nascido do remorso também não pode canalizar benefícios: o inferno encher-se-á dele.

Nem toda tristeza é consolada. Ela pode ser permanente, ou por vezes esquecida na busca desenfreada de prazeres.

 

A Quem Se Aplica. Existe aqueles que têm por certa a consolação e a bênção:

Os que choram seu pecado, não meramente por causa da punição devida (Is 6.5,6; Rm 7.24,25).

Os que choram pelos pecados dos outros (Rm 9.1-3).

Os que se entristecem pela sua própria teimosia ou pela perversidade tão prevalecente neste mundo.

Os que “sabem o que significa a tristeza” – Phillips

Para tais pessoas, virá o tempo em que Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima (Ap 21.4).

 

Exposição:

Vai mais além: chora o mal, e então experimenta as consolações do Evangelho de Cristo. Os que lamentam, não tanto os prejuízos pessoais, mas a perversidade que há no mundo “Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei” (Sl 119.136). Pedro escreveu a respeito de Ló: “E livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis. (Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas)” (2 Pe 2.7,8).

 

Os que choram, lamentando seus próprios pecados “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados” (Lm 3.39).

 

Chorar os pecados não é sintoma de alma doente, é sinal de saúde espiritual. O pecador consciente e convicto há de ter disposição em buscar o Salvador. Os arrependidos desfrutam de uma consolação que os auto-suficientes desconhecem.

 

Um sentimento de angústia por causa do pecado caracteriza o homem bem-aventurado. Mas o arrependimento genuíno concede o conforto para o crente.

 

Quando alguém percebe que está falido de todos os bens espirituais que o tornariam aceitável a Deus, irá chorar. Sobre o fato, Lloyd Jones escreve: “‘Chorar’ é algo que vem logo depois da necessidade de ser ‘pobres de espírito’” e acrescenta: “Quando eu confronto Deus e a sua santidade, e contemplo a vida que devo viver, vejo a mim mesmo, o meu total desamparo e falta de esperança”.

 

“Serão consolados” é uma paráfrase semítica reverente. Enquanto no riso leviano e vão, o coração é triste, “os que choram em Sião” (Is 61.3) sentem um gozo escondido e desconhecido pelo mundo. Eles são como o “Homem de dores”, acerca de Quem nunca se ouviu que riu, mas diversas vezes que chorou; estão munidos contra as muitas tentações que acompanham a alegria leviana e vã e sentem grande gozo e paz no íntimo. Um Cristo compassivo está especialmente perto daqueles que choram.

 

Exemplos Dos Que Choram.

As lágrimas de um patriarca (Jó 16.20)

As lágrimas amargas de um filho rebelde (Hb 12.17).

As lágrimas de um rei (2 Rs 20.5).

As lágrimas de uma rainha (Et 8.3).

As lágrimas de uma mãe (Jr 31.15 – uma profecia)

As lágrimas de um profeta. O Antigo Testamento registra o nome de um profeta que mereceu dos comentaristas o título de “profeta das lágrimas” ou “profeta chorão”, em razão dos muitos sofrimentos que padeceu, injustiçado pelos inimigos de Deus, na época do cativeiro babilônico (Jr 9.1). Ele viu a injustiça e viu o povo de Deus afastando-se dele. Jeremias se achava incompetente para profetizar àquele povo rebelde. Ele até escreveu um livro, que recebeu pelo seu conteúdo, o sugestivo título de “Lamentações” (Lm 2.11, 18).

As lágrimas de um salmista (Sl 6.6; 42.3; 80.5). No Salmo 56, aparece a palavra odre, que era um vaso de pele de animais para conter líquido precioso; Deus sabia tudo a respeito dos problemas da sua vida e das suas lágrimas; entesouradas no Céu, eram preciosas aos olhos de Deus.

As lágrimas de uma mulher pecadora (Lc 7.38,44)

As lágrimas de um apóstolo (At 20.19,31; 2 Co 2.4).

As lágrimas de um discípulo amado (2 Tm 1.4)

As lágrimas de um grupo de obreiros (At 20.37).

As lágrimas no céu (Ap 5.4-6)

As lágrimas no inferno (Mt 13.42).

As lágrimas de Cristo (Hb 5.7).

 

Promessas Aos Que Choram:

Serão consolados (Jr 31.16).

Deus enxugará toda lágrima (Ap 7.17).

Aquele que leva a preciosa semente... (Sl 126.5,6)

 

OS MANSOS (v.5).

Definição:

Definição Teológica:

O significado da verdadeira mansidão, infelizmente, tem sido com frequência mal-entendido. Por diversas vezes ele tem sido imaginado em termos de uma humildade modesta, negativa e quase falsa. Mas, na verdade, é algo muito diferente mesmo quando se trata de alguém em relação ao seu companheiro. O arcebispo Trench escreve a esse respeito: “A mansidão é uma graça lavrada na alma; e o seu exercício esta primeira e principalmente relacionado a Deus”. Ele acrescenta: É aquele estado de espírito em que aceitamos os seus tratos conosco como bons e, portanto, sem discussão ou resistência”. De acordo, com esta mesma opinião, Fitch diz: “A mansidão é a entrega a Deus, a submissão à sua vontade, o preparo para aceitar o que quer Ele possa oferecer, e a prontidão para assumir a posição mais baixa”

 

A mansidão é a virtude que oferece paciente gentileza em retribuição ao ódio, ofensa ou hostilidade. O coração verdadeiramente manso não reage à provocação; paga o mal com o bem; e dos outros, nada exige e pouco espera. Em relação a Deus, a mansidão é a concordância com todos os seus tratos, sem murmuração, rebeldia ou resistência. O mundo considera o manso covarde e vacilante; a alma tímida, moralmente débil ante as batalhas da vida. Mansidão, porém, não é fraqueza; é força tornada gentil. Moisés era manso (Nm 12.3), mas havia aço na sua estrutura moral, e raios e trovões no seu zelo (Êx 32.19). O Senhor Jesus era manso (Mt 11.29), mas basta-nos ver como expulsou os cambistas do templo e denunciou a hipocrisia dos fariseus (Mt 23)!

 

A mansidão é a graça que enfrenta o ódio, a calúnia e a inimizade com toda a cortesia. É o contrário da inveja, da ira, do interesse e da vingança.

 

Análise textual:

“Praus” (v.5):  Meigo, amistoso, manso. A atitude humilde e mansa que se expressa na submissão às ofensas, livre de malícia e de desejo de vingança. Refere-se a pessoas que renunciam a impor-se aos demais de modo inescrupuloso e violento.

Kleronoméo gr. “herdar” (v.5):  Herdar, receber como possessão. “Klero-nómos”: herdeiro, possuidor.

 

A Mansidão Do Senhor Jesus:

Jesus é apresentado no Evangelho de Mateus como “manso e humilde de coração” (Mt 11.28-30).

 

Jesus desempenhou seu ministério messiânico não como um zelote cujo objetivo seria estabelecer um reino político mediante a força, mas como alguém que viveu vida de serviço sacrificial e humilde, para Deus e para o ser humano.

 

 

Exposição:

Uma paixão profunda pela justiça pessoal. Tal desejo é evidência da insatisfação com o alcance espiritual atual (contraste com os fariseus (Lc 18.9).

 

Que se dobram à vontade de Deus. A mansidão para com Deus consiste em aceitar todas as Suas providencias sem murmurar, sem mostrar mau humor e nem dar lugar a qualquer ato de oposição.

 

Vemo-lo depois revestido de Cristo, e “manso e humilde de coração”. Cresce em graça e no conhecimento de Deus. Em vez de se ofenderem, sabem responder brandamente. Em Provérbios 15. 1 lemos “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”.

 

Pode parecer ridícula, ao homem mundano, a declaração de serem os mansos os herdeiros da terra. O presente é dominado por ferozes guerreiros, mas o futuro pertence aos mansos. O ideal do mundo, e dos crentes carnais, é na maior parte, inteiramente diferente do modelo ensinado e exemplificado por Cristo. Os homens preferem as virtudes mais conspícuas; querem o que julgam de mais heroísmo. Preferem o grande e deslumbrante girassol antes da pequena violeta que se descobre entre a erva somente por seu perfume. A ideia dos carnais é que a mansidão é o mesmo que fraqueza.  Os que andam no Espírito sabem que as duas são opostas. Moisés era o mais manso de todos os homens (Nm 12.3). Ao mesmo tempo era um dos maiores líderes e legisladores de todos os tempos; tinha caráter tão inflexível como o aço; em zelo é comparado ao trovão e ao relâmpago. Cristo era manso (Mt 11.29), porém, ao mesmo tempo demonstrou que era o Leão da tribo de Judá. Algumas pessoas possuem as coisas mas não têm prazer nelas. Os mansos, entretanto, livres de ganancioso desejo, podem realmente obter prazer nas coisas desta vida. “Grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento”.

 

“Os que têm espírito manso” (NEB), não ambiciosos e avarentos, recebem as recompensas mais satisfatórias da vida. Os agressivos são incapazes de usufruir os seus lucros mal-adquiridos. Só os humildes têm a capacidade de gozar a vida, todas aquelas coisas que proveem satisfação duradoura a genuína.

 

OS QUE ANSEIAM PELA JUSTIÇA (v.6).

A ideia quase geral é que as bem-aventurança são simplesmente uma coleção de ditados, sem conexão. Mas cada uma tem relação com a que precede. O Mestre não deixou essas joias caírem em uma pilha desordenada; todas, na ordem que foram pronunciadas, perfazem “um colar de graça para o teu pescoço”. Quem pode meditar seriamente sobre a promessa de Cristo aos mansos sem sentir sua pobreza abjeta dessa graça e desejar ardentemente ser justo.

 

Análise Do Texto:

“Hoi peinantes kai dipsontez dez dilaiosanen” (v.6): Jesus direcionam um dos instintos humanos ao uso espiritual. Há em todos os homens fome por comida, por amor, por Deus. Trata-se de uma fome e sede ardentes de bondade, de santidade. “Peinao”: “ter fome”, ter fome de, significa “ter um desejo/ ansiar por”.Dipsáõ”: “ter sede”. Fig. “estar sedento de, ter um desejo ardente, ansiar”.

 

Dikaiosýnen” (v6): “por justiça” - Isto é, em sua própria vida (a saber, de praticar toda a vontade de Deus) ou de modo geral (de que a justiça de Deus se imponha em toda parte, entre outros meios, por sua intervenção salvífica, ou (talvez, melhor) ambas.

 

“Serão fartos”: Um bom apetite demonstra vida saudável e normal; é o caminho para o crescimento (1 Pe 2.2). Perdê-lo é um sinal de alerta da natureza. Também é o bom apetite uma fonte de prazer. Deus valoriza as nobres aspirações: nos desejos mais íntimos revela-se o caráter do ser humano. O desejo é uma profecia da satisfação.

“Eles serão fartos”: A palavra grega é chortazo[3], de chortos, que é geralmente traduzida como “relva” no Novo Testamento. O quadro é o de gado que se alimenta até estar satisfeito.  O verbo também é traduzido como “satisfeito”, e isto se encaixa muito bem aqui. Fitch observa: “A plenitude é a resposta de Deus para o vazio do coração do homem”

 

Jeremias escreve sobre os que não apreciam a Palavra de Deus: “Eis que seus ouvis estão incircuncisos, e não podem ouvir; eis que a palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa, e não gostam dela” (Jr 6.10).

Porém muitos outros servos de Deus demonstraram um grande apreço pela Palavra de Deus:

Jeremias: “Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e a alegria do meu coração” (Jr 15.16).

 

O salmista Davi: “Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos” (Sl 19.10).

 

Porém muitos à semelhança dos hebreus, sentem repulsa pelo pão do céu (Nm 11.5,6), preferindo as iguarias do Egito.

 

“Eleëthësontai” gr. (v.7): “Eles alcançarão misericórdia”: “Uma lei automática do mundo moral. O que às vezes é verdadeiro acerca dos homens é a lei do Reino dos céus”.

 

 

Conceitos Gerais De Justiça:

Justiça de Deus: Atributo moral e básico de Deus, manifestado pela fidelidade com que o Supremo Ser trata seus propósitos e decretos. É ainda a fidelidade de Deus para com a própria natureza. A justiça de Deus entra em ação todas as vezes que a sua santidade é agredida. A justiça e a santidade divinas acham-se intimamente associadas.

 

Contexto Cultural:

Para todos quantos vivem num mundo em que lhes basta abrir a torneira, sempre que querem água, e que dispõem de algum tipo de comida, a experiência da fome e da sede lhes é estranha. Não acontecia isso no mundo antigo, com tantas pessoas vivendo constantemente à beira da fome, atravessando desertos às vezes sem provisão de água.

 

Exposição:

A sede como imagem de anseio espiritual é encontrada em passagens como Salmo 42.1-2: “Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus”.

 

Progride ainda na vida espiritual. Aprecia os valores verdadeiros; ambiciona, não prazeres, riquezas, comodidades, mas justiça na sua própria vida e em redor de si. “Consumida está a minha alma por desejar, incessantemente os teus juízos” (Sl 119.20 ARA).

 

É o que têm os que buscam a santidade que vem de Deus.

 

A justiça pela qual os seres humanos anseiam é a capacidade de viver de conformidade com a vontade de Deus. Inclui a vindicação final da missão redentora de Deus, abertamente reconhecida por todos os homens quando o Senhor voltar em triunfo (cp. Fp 2.10,11). A satisfação completa do povo de Deus é representada sob a forma de um banquete messiânico (cp. Is 25.6; Ap 2.17). Deus os satisfará de modo completo!

 

 

 

OS MISERICORDIOSOS

Definição:

Etimologia Do Termo:

Por trás do termo grego está a rica expressão hebraica hesed, “bondade”, ou “amor persistente”. Ser misericordioso significa manter um relacionamento de aliança. Não se trata de um ímpeto de emoção, mas de bondade intencional. É a “Bondade em ação”.

 

Conceito Teológico:

É uma disposição da alma, de ser semelhante a Cristo ao encarar amigos, inimigos, repudiados e pecadores. É uma manifestação da conduta. O misericordioso usa de bondade ao julgar os outros; procura o melhor, não o pior; é lento para condenar, rápido para recomendar.

 

 (Do lat, miser, miséria + cordis, coração). Literalmente, significa ter o coração voltado à miséria de outrem. É a compaixão de Deus voltada para o ser humano. Através deste sentimento, que em Deus é imensurável, o Senhor mostra que, no juízo, sua misericórdia sempre triunfa.

 

O Dom Da Misericórdia: Dom sobrenatural concedido pelo Espírito Santo para que a Igreja possa demonstrar a Seus membros e ao mundo a compaixão que só Deus possui. Através desse a Igreja ama de maneira extraordinária (Rm 12.8).

 

Análise Textual:

“Eleemon” (v.7): “Os que mostram empatia e compreensão para com os demais e estão sempre dispostos a perdoar a culpa e mitigar a penúria.

 

Exposição:

Ainda mais: Pratica o bem, é misericordioso, é altruísta como era Cristo.

 

Compadecem do seu próximo.

 

Aqueles que põem a piedade em ação podem esperar a mesma misericórdia tanto da parte dos homens como de Deus.

 

Como Tornar-Nos Misericordiosos? Lembrando nossas próprias falhas e de como dependemos da misericórdia de Deus, a ninguém trataremos duramente (Mt 7.1-5; Gl 6.1-3).

 

A ilustração mais vívida de como é irracional se recusar a perdoar os outros, é apresentado na parábola do credor incompassivo (Mt 18.23-25). A parábola do Bom Samaritano (Lc 10.30-37), dá um excelente exemplo de misericórdia a alguém necessitado.

 

OS LIMPOS DE CORAÇÃO

Definição:

Conceito Teológico:

Sobre esta condição Whedon diz: “Aqui está um traço de caráter que só o Espírito de Deus pode produzir. Isto é santificação”.  McLaughlin escreve: “Um coração puro é um coração que não tem, em si nada que seja contrário ao amor de Deus”.

 

A referência primária não é à pureza sexual, embora esta seja mencionada em 5.28, mas à retidão, a pessoa ser liberta da “tirania do eu dividido”.  Aqueles cujo ser moral está livre da contaminação do pecado, sem interesses ou lealdade divididos. Eles, na possessão da natureza pura de Deus, possuem a visão límpida de Deus, que atingirá o seu clímax na volta de Cristo (1 Co 13.12; 1 Jo 3.2).

 

Análise Textual:

Kardia: Coração. O coração é o centro da vida interior da pessoa, onde tem sua origem todas as forças e funções espirituais.

 

“Oi katharoi te kardia” - “os que são puros de coração”: os que estão isentos de hipocrisia e baixeza moral.

 

Katharos Gr.:

 

No Grego Clássico:

Começou com Homero com o significado simples de “fisicamente limpo”, assim como o corpo ou as roupas de um homem estão limpos.

Passou a significar “puro” no sentido de livre de qualquer mistura. Frequentemente é usado a respeito da água limpa; às vezes é usada a respeito da luz do sol e do vento limpo; é a palavra para pão “branco”; é usada regularmente para o grão que foi peneirado para os metais que não tem liga e para os sentimentos que não são confusos. Cada um destes significados contribui com alguma coisa para o pleno significado da palavra.

É usada no sentido de “livre de dívidas”. O homem que pagou todas as suas contas e impostos e contra quem ninguém tem uma reivindicação é katharos. Tornar alguém katharos é exonerá-lo de uma dívida ou inocentá-lo de uma acusação.

Significa “livre de toda a culpa e contaminação”. É usada a respeito de mãos inocentes, do corpo e alma moralmente limpos.

Significa “cerimonialmente puro”, ou seja, apto para aproximar-se de Deus ou para adorar a Deus. Assim, é usada a respeito do altar ou dos sacrifícios, ou do adorador que cumpriu o ritual correto, ou dos dias em que o sacrifício pode ser oferecido. Descreve algo digno do serviço de Deus.

Significa “de sangue puro” ou “genuíno”.

 

Nos Papiros:

É usada a respeito de coisas de todos os tipos no sentido de “puro”, “limpo”. “sem mácula”. Certo homem escreve: “Examinei o cabrito e certifico com meu selo que é katharos, sem defeito, fisicamente perfeito”.

É usada para um documento corrigido e “livre de erros”. Seria a palavra para uma prova corrigida.

É usada a respeito das “condições de entrada para um templo”.

 

No Novo Testamento:

É usada para a limpeza física. O pano de linho em que depositaram o corpo de Jesus era katharos (Mt 27.59; 23.56; Ap 19.8);

É usada no sentido de “limpo” quando é usada para pessoas, significando que são aptas para o serviço de Deus e para cultuá-Lo, e quando é usada para coisas, no sentido de serem apropriadas ao uso dos cristãos (Jo 13.10; Lc 11.41; Rm 14.20; Tt 1.15).

É usada no sentido de “inocente de qualquer crime” (At 18.6; 20.26).

É usada a respeito “do coração e da consciência” serem puros e limpos (1 Tm 1.5; 3.9; 2 Tm 1.3; 2.22; 1 Pe 1.22).

É usada a respeito de um culto digno de ser prestado a Deus (Tg 1.27).

 

Termos Que Se Relacionam Com Katharos:

Alethinos: Que significa “verdadeiro”, “genuíno”, em contraste com aquilo que é irreal e, conforme diríamos, uma falsificação.

 

Amiges: Que significa “puro”, “sem mistura”. Esta palavra é usada, por exemplo, a respeito do prazer puro e genuíno. E é usada para um rolo que contem exclusivamente a obra de um só autor.

 

Akratos. Esta palavra descreve o vinho ou leite puros que não foram adulterados com água. É puro no sentido de “não-diluído”, completamente isento de falsificação.

 

Akeratos: Palavra que descreve o ouro sem liga, os cabelos que nunca foram cortados, um prado que nunca houve ceifa, uma virgem sobre cuja castidade nunc houve dúvida.

 

“Autoi ton theon opsontai” gr. “Eles verão a Deus” (v.8): Sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). A visão beatífica somente é possível aqui na terra para os limpos de coração. Hoje, ninguém pode ver o Rei. O pecado confunde e anuvia o coração, de forma que não podemos ver a Deus.

 

Exposição:

No íntimo da sua vida, ele é puro em desejo, pensamentos e palavras e podem esperar mais clara compreensão de Deus.

 

Tem uma santidade no íntimo.

 

De acordo com Tiago, o hipócrita precisa “purificar o coração” (4.8). Motivos ulteriores dividem o coração. Escritores judeus entendiam que essa inclinação para a esquizofrenia moral resulta de um yeser ou impulso mal. O que Deus exige do que deseja subir ao santo monte do Senhor, senão que seja “limpo de mãos e puro de coração?”

 

Aplicação: O pecado é como poeira nos olhos. Ele obscurece a visão e distorce a vida.

Como É Possível Ver A Deus? Podemos vê-lo a partir do momento em que Ele se torna uma experiência real em nossa vida. No porvir, os fiéis terão uma gloriosa e transcendente revelação de Deus, inacessível à vida presente: a vida beatífica (Jó 19.26; Sl 17.15).

A recompensa da integridade interior, é que eles verão a Deus. João escreve que “ninguém nunca viu a Deus” (Jo 1.18), e Paulo nos dá a razão disso é que Deus “habita na luz inacessível” (1 Tm 6.16). Em Apocalipse 22.4 os bem-aventurados “verão a sua face”.

 

Embora a promessa seja primordialmente escatológica, pode ser concretizada num sentido espiritual também no presente tempo. A pureza genuína provê uma experiência imediata e profunda da presença e do poder de Deus. Os puros verão a Deus.

 

Não se entenda por condição para ver a Deus a perfeição sem pecado. Neste caso, só Cristo seria digno. Mas pureza de coração aqui significa simplicidade, cristalina sinceridade diante de Deus e firme resolução em cumprir a sua vontade (Jo 7.17).

 

“Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; satisfar-me-ei da tua semelhança quando acordar” (Sl 17.15).

 

 

OS PACIFICADORES

Contexto cultural:

“Aquele que pratica a paz” diz o comentário judaico Sifra (a respeito de Números 6.26), “é filho do mundo vindouro”.

 

Análise Exegética:

“Hoi eirënopoioi” (5.9): Não meramente “homens pacíficos” (Wycliffe), mas “as pessoas que trabalham pela paz” NTLH; cf. BJ). Os discípulos de Jesus, o “Príncipe de Paz” (Is 9.5), difundem a sua paz, entre outras maneiras, levando adiante a sua mensagem de paz com Deus, mas também prevenindo divisões, amargura e discórdia e, sempre que possível, promovendo a paz.

 

A paz que devemos estabelecer é (neste contexto) a que deriva de relacionamentos corretos entre os membros da família humana.

 

“Hoi diögmenoi heneken dikaiosunës” (v.10): Os que sofreram/suportaram perseguição, e agora como que carregam consigo as feridas dessa experiência. Às vezes, as pessoas tentam ganhar atenção e simpatia agindo como se estivessem sendo perseguidas. O Reino dos céus pertence aos que sofrem, porque eles estão seguindo a Cristo sem fazer concessões de qualquer tipo; são pessoas que não são culpadas de erro.

 

Kaléo gr.: (v.9): Chamar, dar nome, receber um nome.

 

“Pseudomenoi heneken emou” (v.11): “Mentindo [...] por minha causa. O códice Beza muda a ordem dessas duas últimas beatitudes, mas esse fato é irrelevante ao significado.  Dois critérios são estabelecidos para recebermos no céu a coroa de mártir e o “galardão”. As coisas ruins ditas a respeito dos seguidores de Cristo têm de ser inverídicas e eles devem suportar a calúnia pela causa de Cristo. Não há recompensa para quem mereça a opinião más dos outros.

 

Exposição:

Além disso, é ativo em promover a harmonia entre seus semelhantes, não olhando apenas os interesses próprios, mas cuidando dos interesses de Deus. São os que sabem acalmar as contendas.

 

Têm paz com Deus e a semeiam.

 

Assim como Deus é “o Deus da paz” (Hb 13.20) e Cristo, “o Príncipe da paz” (Is 9.6), os pacificadores no Reino serão reconhecidos como participantes da natureza divina, e serão devidamente honrados.

 

A paz ordenada por Jesus não é uma aceitação passiva de qualquer coisa que surja, mas um envolvimento ativo que confronta o problema e o resolve de todo, alcançando reconciliação satisfatória. “Procura a paz e segue-a” é a admoestação do salmista (Sl 34.14).

 

“Serão chamados filhos de Deus” (Ef 5.1). Os que vivem conforme descrito nestas palavras receberão a aprovação divina e sentirão, pelo testemunho do Espírito, que são filhos de Deus e agradam o Pai (Mt 3.17; Rm 8.16). Quem são os filhos de Deus? (Rm 8.14; Gl 5.22,23).

 

Aplicação. O desafio para o Cristão é: “Será que sou um pacificador – na comunidade, na igreja, em casa?”. Este último local é o teste mais difícil de todos.

 

 

 

OS PERSEGUIDOS

Exposição:

E, mesmo quando mal-entendido, perseguido pelos maus, ele não deixa de ser bem-aventurado; e se a perseguição chegar ao extremo e ele for morto, conta que o resultado será “uma melhor ressurreição” (Hb 11.35), a qual será a consumação da sua bem-aventurança. São os que nada têm aqui, mas esperam um futuro galardão.

 

Que sofrem qualquer sacrifício para permanecer dentro da vontade de Deus.

 

Como os discípulos serão tratados pelo mundo.

 

A Verdadeira Bondade Atrai Oposição (2 Tm 3.12). Os cristãos são diferentes do mundo. E são-lhe suspeitos aqueles que seguem caminhos a ele estranhos. Espúrio é o cristianismo que não torna as pessoas diferentes do que eram. Para fracassarmos como crentes, não carecemos ser piores que os mundanos; basta sermos iguais a eles. Além disso, o cristão consistente é, por si só, viva repreensão ao pecado reinante (1 Jo 3.12). Finalmente, o verdadeiro cristão interfere no mundo ao desmascarar seus pecados e baixeza (Jo 7.7).

 

A Verdadeira Bondade Traz Galardão. Quando vem a perseguição sobre o crente fiel, isto significa que o poder do diabo está sendo sacudido: ele não ataca o cristão inativo. A perseguição favorece o crescimento espiritual. Os cristãos tornam-se fortes e arraigados na fé ao enfrentarem os ventos das dificuldades. Consideremos a alegria do caminho difícil.

 

Porque A Perseguição Deve Ser Motivo Para Regozijo.

Porque há uma alegria inerente no sofrer por amor ao bem. Somente o homem que luta conhece as alegrias da vitória.

 

Porque Há O Consolo De Se Estar Em Boa Companhia. Os antigos profetas andavam por caminhos de mal-entendidos e repreensões, e veja como são honrados hoje (Hb 12.1).

 

A reação à perseguição é a alegria incontida.

 

Sentimos pena dos perseguidos, mas eles alegram-se com grande júbilo. Certo crente foi sentenciado à tortura de um torno usado para apertar os dedos polegares das vítimas. Observou um amigo: “Não sei como o Senhor sofreu tanta agonia sem gritar”. Replicou o crente: “Quase desmaiei de gozo!”

 

  1. H. Jowett relata como visitou certo homem no leito de morte, sofrendo de câncer. Ao ver o rosto pálido e o vulto definhado, disse-lhe profundamente comovido: “Irmão, estarás brevemente no céu”. O moribundo não podia mais falar, mas em um pedaço de papel escreveu: “Faz sete anos que estou no céu”.

 

Rutherford, encerrado em Aberdeen, escreveu para um amigo: “O Senhor está comigo; não me importa o que façam os homens. Ninguém é melhor abastado do que eu. As minhas cadeias são de ouro. Não há pena, não há palavras, não há nada que sirva para descrever a beleza de Cristo”.

 

Madame Guyon escreveu da prisão de Vincennes: “O gozo do meu coração é tal que brilha os objetos em redor de mim. As próprias paredes da prisão são, diante de meus olhos, como rubis.”

 

Quando se estabelecer o reino Messiânico, essas injustiças serão sanadas.

 

 

CONCLUSÃO

“Antes de enunciar os preceitos do reino, Jesus aponta os que poderão gozar do seu governo. ‘Bem-aventurado’ não é o mesmo que ‘feliz’, como o versículo 4 nos mostra. Significa ser enriquecido por Deus, e esse enriquecimento é no caráter, não nas possessões. É ‘o que sou’, e não ‘o que tenho’, que me torna verdadeiramente enriquecido ou bem-aventurado” – Goodman

 

Alguém já disse que as Beatitudes são uma autobiografia de Cristo.

 

BIBLIOGRAFIA

Manual Bíblico H.H.Halley VIDA NOVA

Bíblia Explicada – S.E. McNair CPAD

Bíblia Shedd – VIDA NOVA

Mateus O Evangelho Do Grande Rei Myer Pearlman CPAD

Novo Comentário Bíblico Contemporâneo Mateus – Robert H. Mounce VIDA

Espada Cortante Vol 1 – Orlando Boyer CPAD

Dicionário Teológico – Claudionor De Andrade CPAD

Comentário Bíblico Moody Vol 2 EBR

Comentário Bíblico Beacon Vol 6 CPAD

Comentário Mateus & Lucas À Luz Do Novo Testamento Grego – A. T. Robertson CPAD

Chave Linguística Do Novo Testamento Grego – Fritz Rienecker/ Cleon Rogers VIDA NOVA

 

[1]  Em Mateus 23.2 lemos “Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus”. Isto é, seriam os intérpretes autorizados da lei mosaica. “Cadeira de Moisés” é mais do que simples metáfora; era um banco de pedra existente na plataforma da sinagoga, perto da qual estavam os rolos sagrados.

 

[2] A forma também aparece em parte da literatura grega, mas é mais comum em fontes judaicas.

[3] “Chortasthëssontai”  significa alimentar ou engordar o gado. É derivada das palavras referentes a forragem ou erva verde usadas em Marcos 6.39 “Chloros”, “chortos”.