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DEPRESSÃO

DEPRESSÃO

                     

E pouco a pouco se esvaece a bruma,

Tudo se alegra à luz do céu risonho

E ao flóreo bafo que o sertão perfuma.

Porém minh’alma triste e sem um sonho

Murmura olhando o prado, o rio, a espuma:

Como isto é pobre, insípido, enfadonho!

– Fagundes Varela

 

INTRODUÇÃO

Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas tem como elementos mais salientes o humor triste e o desânimo.

No que diz respeito a depressão, as mulheres são as mais afetadas.

Quando não tratada a depressão pode trazer limitações ou consequências importantes, como:

Sofrimento pessoal.

Absenteísmo. Ausência no processo de trabalho, dever ou obrigação, falta de motivação.

Abuso ou dependência de álcool e drogas.

Nas situações mais extremas, o suicídio.

 

O QUE É DEPRESSÃO

Vem do latim depressio, significando “apertar firmemente para baixo”. Traz a ideia de uma forma afundada como consequência natural ou por uma força exercida.

Antigamente era chamada de melancolia. É o mais patológico de todos os estados emocionais. A depressão é uma forma do que se conhece como um transtorno afetivo ou de humor porque está primariamente ligada a uma mudança de disposição de humor.

A depressão é chamada por muitos de “pântano do desânimo”, de “poço do desespero”.

A MANIFESTAÇÃO DA DEPRESSÃO

A depressão pode ser:

Um sintoma: Presente em várias condições clínicas, por exemplo: alcoolismo, pós-infarto do miocárdio.

Uma forma de reação: A uma situação estressante, como perda de uma situação financeira estável, rompimento de uma relação afetiva.

Uma síndrome: Constituída primariamente por alterações do humor, acompanhada de prejuízo no desenvolvimento intelectual, inquietação ou lentificação, alterações do sono e do apetite.

 

ESTADOS MENTAIS DISTINTOS DA DEPRESSÃO

Tristeza: Indica um estado de humor afetivo que pode estar presente, ou não na depressão.

Luto: Corresponde a um período necessário para a elaboração da perda de um objeto amado, que foi introjetado no ego sem maiores conflitos. Difere-se da depressão, no luto, os sentimentos de inferioridade, e culpa, ideias de suicídio, não costumam estar presentes. Os sintomas são mais leves e passageiros, em torno de dois meses.

Melancolia: A introjeção do objeto perdido, por morte, abandono, etc. processou-se de forma muito conflitada.

Posição depressiva: Refere-se a um estado mental que o paciente adquire no decurso da análise que, embora penoso, é bastante positivo porque denota que o analisando está integrando os aspectos dissociado de sua personalidade, assim como adquirindo condições para sentir gratidão e reconhecer seu quinhão de responsabilidade e de eventuais culpas.

Depleção: Refere à existência de faltas, de vazios existenciais, que estão à espera para serem preenchidos.

Desmoralização: Este nome está sendo dado para aqueles estados mentais nos quais, sobretudo, existe uma auto-estima baixa, com sensações de fraqueza e de humilhação.

 

TIPOS DE DEPRESSÃO

Atípica: Era mais conhecida com os nomes de “depressão neurótica” ou “depressão reativa”. Seu perfil é único e resulta de alguma forma de crise existencial, por razões predominantemente internas ou externas. Quando uma pessoa é diagnosticada com depressão reativa, significa que houve uma combinação de fatores, sobretudo, vindos do meio, que contribuíram para desencadear respostas que comprometeram sua saúde mental e física. Habitualmente não respondem bem à medicação.

Endógena: Resulta de causas orgânicas e manifesta-se com sintomalogia mais típica, adquirindo características “unipolares” (os sintomas são unicamente depressivos) ou “bipolares” (os sintomas tanto podem ser da esfera depressiva ou, em um pólo oposto, de natureza “maníaca”). Também pode ser causada por alguns fatores ambientais. O tratamento é feito com medicamentos e terapias. Os sintomas são piores no período da manhã, melhorando ao longo do dia.

Depressão psicótica: Ideias delirantes: de ruína, miséria, culpa, negação dos órgãos, alucinações auditivas, ilusões auditivas e visuais.

 

Distímica: É a depressão crônica. O quadro de tristeza persiste por pelo menos dois anos consecutivos, associado a outros sintomas, como perda de interesse em atividades normais, falta de esperança, baixa-auto estima, falta de apetite, baixa energia, alterações no sono, e falta de concentração.

Estupor depressivo: É um estado depressivo grave, no qual o paciente permanece dias na cama ou sentado, em estado de catalepsia (imóvel; em geral rígido), com negativismo que esse exprime pela ausência de respostas às solicitações ambientais, recusando alimentação, muitas vezes urinando e defecando no leito.

Depressão agitada: É a depressão com forte componente de ansiedade e inquietação psicomotora.  O paciente não pára quieto; insone; irritado; anda de um lado para outro; desespera-se.

Depressão secundária ou orgânica: É causa por alguma doença: lúpus, doença de Parkinson, AVC.

A depressão maior: os sintomas persistem por mais de dois meses.

 

 

SINTOMALOGIA GERAL DA DEPRESSÃO

Sentimento de tristeza, vazio e autodesvalorização.

Choro fácil e/ ou frequente.

A irritabilidade pode substituir a tristeza em alguns casos, principalmente em crianças e adolescentes.

Anedonia: Perda da capacidade de sentir prazer ou alegria. Incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida.

Pessimismo em relação a tudo.

Ruminações com mágoas antigas.

Desânimo: Diminuição da vontade. Hipobulia: “Não tenho pique para mais nada”.

Sentimentos culposos sem causa definida.

Apatia. Indiferença afetiva; “Tanto faz como tanto fez”; Perda de sentido da vida, onde tudo parece fútil e sem importância. O que antes era um prazer, agora é apenas uma obrigação.

Exacerbada intolerância a perdas e frustrações.

Tendência a permanecer na cama por todo o dia (com o quarto escuro, recusando visitas).

Diminuição da fala, redução da voz, fala muito lenta.

Sentimento de falta de sentimento: “É terrível: não consigo sentir mais nada!”

Alterações do sono: Vários despertares no meio da noite, com dificuldade de voltar a dormir, ou acordar cedo demais, e não conseguir dormir novamente.

Hipersonia: dormir demais.

Alterações no apetite: Com perda de peso, ou exagero da vontade de comer.

Diminuição do interesse sexual. Diminuição da resposta sexual, disfunção erétil, orgasmo retardado.

Sensação de peso nos braços e pernas.

Um alto nível de exigências consigo próprio.

Extrema submissão ao julgamento dos outros.

Baixa auto-estima.

Autodenegrimento.

Sentimento de perda do amor por parte de todos; O indivíduo deprimido se julga um peso para aqueles com quem convive, podendo chegar a desejar morrer para livrar os outros desta carga.

Sensação de ser um fracasso e de que nada mais vale a pena.

Perda de energia, fadiga, lentidão para executar tarefas cotidianas.

Diminuição da capacidade de pensar, se concentrar ou tomar decisões.

Permanente estado de que existe um desejo que jamais será alcançado.

Fisicamente, a depressão ainda pode causa: tonturas, palpitações cardíacas, dificuldades respiratórias, pressão no peito, acidez estomacal, e sensação de estreitamento no esôfago.

 

PRINCIPAIS CAUSAS DA DEPRESSÃO

Genética: A depressão pode ter causas genéticas, então é bem comum que diversas pessoas da mesma família, desenvolvam quadros depressivos.

Depressão anaclítica: Resulta de um primitivo “vazio de mãe”.

Identificação com o objeto perdido: Um luto mal-elaborado. “A sombra do ente querido recai sobre o ego ferido”, causando a instalação de quadros de melancolia.

Depressão por perdas: para a psicanálise a depressão seria resultado de um processo caracterizado pela dificuldade de elaboração, pelo aparelho psíquico, das angústias relacionadas à perda. Essa dificuldade levaria à impossibilidade de o indivíduo continuar investindo energia psíquica nas suas relações pessoais e nos seus projetos em geral. Causando assim a depressão por perda – tanto de objetos importantes – especialmente quando foram perdas prematuras, traumáticas e significativas, perdas de emprego, de uma estabilidade econômica, – como também de partes do ego, tal como acontece nas “depressões involuntárias”, quando a pessoa que está entrando em idade mais avançada sente estar perdendo o vigor físico, a concentração, a memória, capacidades motoras e intelectuais.

Depressão por culpas: Neste caso, a depressão é determinada pela ação punitiva de um superego tirânico. Quando a pessoa se sente punida pelas exigências rigorosas do seu próprio senso de certo e errado. Por culpas que foram imputadas pelos outros, muitas vezes de forma injusta e indevida.

Identificações patógenas: Identificação com a vítima. Tomar a dor do outro para si. Às vezes as pessoas se identificam com pais que tiveram uma vida muita sofrida, e assim elas agem, imitando este estilo de vida, procurando reproduzir o mesmo sofrimento que deles, e se privando de ter uma vida melhor.

Algumas doenças podem causar depressão: como por exemplo: demência, AVC, distúrbios da tireoide, artrite reumatoide, entre outras. Do outro lado, alguns medicamentos também podem causar depressão, daí o alerta para que você não se automedique.

Ruptura com os papéis designados.

A depressão provém da ação de um “ego ideal” – que obriga o indivíduo a corresponder aos inalcançáveis ideais que seu narcisismo original exige.

Bem como de um “Ideal do ego”, que resulta das expectativas grandiosas que os pais e o ambiente circundante depositaram no sujeito, desde bebezinho, atribuindo-lhe papéis que ele deverá executar pelo resto da vida, caso contrário, despertam nele uma sensação de traição, vergonha e humilhação.

Depressão decorrente do fracasso narcisista: É consequente de algum tipo de fracasso que a pessoa – quando fortemente fixada na “posição narcisista” – sofre diante das suas enormes demandas de obtenção de êxitos sucessivos, dinheiro, poder, prestígio, etc. O sujeito narcisista tem uma ânsia tão vital de ser permanentemente reconhecido como sendo uma pessoa especial e um vencedor em tudo que faz, que algum insucesso, às vezes mínimo, lhe deixa prostrado em uma depressão.

Pseudodepressões: É muito comum que determinadas pessoas atravessem a vida inteira aparentando desvalia e pobreza que não correspondam à sua realidade, assim procedendo por razões tais como:

O medo de atrair a inveja retaliadora dos demais.

O receio de provocar uma depressão naqueles que o invejarem.

O medo de vir a ser considerado pelos outros como uma inesgotável fonte de provimento das necessidades deles, e daí o risco de vir a ser exigido, cobrado e sugado.

Uma forma de parecer ser um, sacrificado, sofredor, o que lhe representa ser uma espécie de “passaporte” para merecer o amor dos demais.

CONCLUSÃO

O tratamento da depressão é, na maioria das vezes, eficaz, e baseia-se na psicoterapia e no uso de medicamentos antidepressivos.

 

BIBLIOGRAFIA

Manual De Técnica Psicanalítica David E. Zimerman ARTMED

Transtornos Mentais E Espiritualidade – Arival Dias Casimiro & Roseli Gedanke Shavitt GRUPOZ3

Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – Paulo dalgalarrondo ARTMED

Psicanálise Em Perguntas E Respostas – David E. Zimerman ARTMED

Psicoteologia Geral Vol 1 Samuel Costa

 

Wilson De Jesus Alves – Psicanalista Em Formação