O PROCESSO DA SALVAÇÃO
Reconhecimento. O homem reconhecer que é pecador (Rm 3.23). Isso é efetuado pelo Espírito Santo, ao ouvir o pecador a mensagem da salvação.
Fé. O homem confiar em Jesus como seu Salvador (Jo 1.12; At 16.31). Fé não crer sem provas – ela é baseada na maior de todas as provas: a Palavra de Deus. A fé é um fato, mas também é um ato (Tg 2.17,26; Mt 17.20).
A fé salvadora: Proveniente da proclamação do Evangelho, esta fé leva-nos a receber a Cristo como nosso Único e Suficiente Salvador.
Dois aspectos da fé:
Fé ativa: Diz respeito a nosso viver, como agir, nosso trabalho para Deus.
Fé passiva: Se relaciona com a fidelidade do crente ao Senhor e sua firme perseverança.
Tipos de fé:
A fé natural: É a fé “da cabeça”, natural, que não resulta em salvação. A Palavra de Deus diz que até os demônios creem que há um só Deus e estremecem diante de tal fato (Tg 2.19). A fé natural – também chamada de “pensamento positivo” – é de grande utilidade nas relações humanas, mas inoperante e sem valor para a salvação.
A fé salvífica: A fé salvífica tem a ver com o pecador em relação a Deus (Ef 2.8,9; At 16.31). Pois “... sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). A pergunta que o jovem rico devia ter feito, em Mateus 19.16, seria: “Em quem devo crer para ser salvo?”, e não: “Que devo fazer para me salvar”. Salvação não é o que eu devo fazer, mas em quem devo crer para me salvar” (At 16.31).
Outras expressões da fé:
Em Gálatas 5.22, ela é uma das virtudes do fruto do Espírito, expressando fidelidade.
Em 1 Coríntios 12.9 – um dom do Espírito Santo.
Em 2 Timóteo 4.7: O evangelho completo.
Justificação.
“Nossa salvação é tão bem projetada, tão bem harmonizada, que Deus pode ter misericórdia dos pobres pecadores e estar em paz com eles, sem nenhum prejuízo em sua verdade e justiça” – Matthew Henry
“Justificação inclui mais do que perdão dos pecados e remoção da condenação, pois no ato da justificação, Deus coloca o ofensor na posição de justo” – Myer Pearlman
Definição:
Significa (para o pecador arrependido), a mudança de posição diante de Deus, de condenado para justificado (Rm 5.1; 8.33,34).
É o ato judicial de Deus, pelo qual Ele declara justo diante de Deus o pecador que põe sua fé para a salvação em Jesus, ficando assim isento de culpa e condenação (Rm 8.30).
É o ato de declarar justo. Através deste processo judicial, que se dá junto ao tribunal de Deus, o pecador que aceita a Cristo como o Único e Suficiente Salvador, é declarado justo. Ou seja: passa a ser visto por Deus como se jamais tivera pecado em toda a sua vida. A justificação é mais que um mero perdão. O criminoso perdoado, ou anistiado, continua criminoso. Mas se Deus o justificar, torna-se ele justo (Rm 8.1). A justificação é obtida única e exclusivamente pela fé no Filho de Deus.
Diferença entre justificar e perdoar: O perdão remove a condenação do pecado; a justificação nos declara justos diante de Deus; isto é, como se nunca tivéssemos pecado! Somente Deus pode perdoar e justificar ao um só tempo.
Justificação e regeneração:
Enquanto a regeneração é um ato, a justificação é um processo que tem lugar junto ao Tribunal de Deus.
Se por um lado, a regeneração é a expressão máxima da nova natureza que o homem recebe pela salvação em Cristo Jesus; por outro lado: a justificação remete à sua nova posição jurídica diante de Deus.
Os fundamentos da justificação:
O pecado, cuja prática constitui-se em injustiça (1 Jo 1.9). Se o homem comete injustiça, necessita ele da justificação que só Deus pode oferecer.
A natureza justa de Deus (Dt 32.4): Se Deus é assim justo, como viveremos nós na injustiça? Mas como alcançar semelhante padrão? Com base na morte de vicária de Cristo, somos não somente justificados, mas também tidos como justos (Mt 5.20).
A impossibilidade do homem justificar-se a si mesmo perante Deus (Jó 9.2): Naquele momento, não sabia Jó como responder a esta pergunta de maneira adequada. Hoje, porém, temos a Cristo, cujo sacrifício leva-nos a ser justificados diante de Deus.
Verdades fundamentais da justificação pela fé: As verdades fundamentais da justificação pela fé em Deus são:
A sua origem, que é a graça de Deus (Rm 3.24; Tt 3.7)
A sua base, o sangue de Jesus (Rm 5.9).
O seu meio, a fé (Rm 5.1; 3.25).
O seu testemunho perante os homens são as obras (Tg 2.24).
A sua causa instrumental é a ressurreição de Jesus Cristo (Rm 4.25).
Benefícios da justificação:
Um novo relacionamento com Deus (1 Jo 2.29)
Um novo status diante de Deus e dos homens (1 Jo 3.7)
Uma nova disposição espiritual (Rm 5.1)
Uma nova posição jurídica (Rm 8.33)
Uma nova perspectiva quanto ao futuro (Tg 3.7).
Como obter a justificação:
Pela fé em cristo Jesus (Gl 2.16)
Pela fé demonstrada na prática (Tg 2.24; Rm 10.9)
A confissão:
Definição:
No original, o verbo homologeo (gr) e o substantivo homologia são os termos para confissão. Confissão é dizer de coração o que Deus diz sobre nós na sua Palavra (Rm 10.9,10; Lv 5.5; Sl 38.18; 1 Jo 1.9).
Declaração pública através da qual o penitente reconhece seus pecados, e diz aceitar plenamente os artigos de fé evangélica. A confissão pressupõe uma firme confiança nos méritos do sacrifício do Filho de Deus. Não é um mero assentimento intelectual.
O homem confessar que Cristo é o seu Salvador (Rm 10.10b). Significa, a decisão de seguir a Cristo. Confessar a Cristo é a pessoa declarar publicamente que aceitou-O como seu Salvador pessoal.
Jesus Cristo é o Sacerdote da nossa confissão (Hb 3.1). Isto é, a quem confessamos quanto à nossa salvação e tudo o mais pertinente. À fé (1 Jo 1.9).
Elementos da confissão: De acordo com o texto de 1 Jo 1.9, a confissão deve ser contrita e definida: “nossos pecados”. Outro elemento é a renúncia ao pecado (Pv 28.13). E, quanto for o caso, a confissão deve ser com restituição.
Tipos de confissão:
Confissão secreta: É a confissão feita somente a Deus. Confissão de pecados cometidos pelo crente e conhecidos somente por ele e Deus.
Confissão pessoal: É a confissão feita a pessoas contra quem pecamos. Nesse caso, antes de irmos a Deus contritamente, temos de tratar com o ofendido ou cúmplice, pois a comunhão espiritual é tanto vertical (comunhão com Deus) como horizontal (comunhão com o próximo) (1 Jo 1.7a).
Confissão pública: É a confissão feita à igreja, à congregação. São pecados conhecidos, cometidos contra a coletividade cristã.
Arrependimento:
A Natureza Do Arrependimento:
Definição: O vocábulo significa “mudança de mente”. Nas páginas do Novo Testamento, ele adquire muito mais o sentido de “mudança de alma”, o que se evidencia por meio de atitudes diárias.
Joseph Addison assim o define: “O arrependimento é o abandono de determinada ação, devido à convicção de que ela ofendeu a Deus”
Ambrósio: O arrependimento é parar de pecar”
Lutero: “Não voltar a fazer determinada coisa é a essência do mais verdadeiro arrependimento”
A Fonte Do Arrependimento: O arrependimento é um ato divino: é concedido pelo próprio Deus (At 11.18); torna-se realidade por operação do Espírito santo (Zc 12.10), e veio a lume através da missão de Cristo (Mt 9.13).
O Arrependimento E A Salvação:
O arrependimento faz parte da “conversão”, e está vinculado ao problema do pecado (At 20.21). Quando nos convertemos, nos arrependemos. O arrependimento reconhece a natureza prejudicial do pecado, e se rebela contra o mesmo.
O Espírito Santo faz essa “rebelião” torna-se bem-sucedida. A alma passa odiar o pecado, embora não possa livrar-se inteiramente do mesmo, senão por ocasião da “parousia”.
O arrependimento nos conduz a uma santificação de natureza tal que é conseguida a vitória sobre o pecado de maneira que a alma é liberta da servidão a seus vícios (1 Jo 3.9).
O Arrependimento – A Participação Humana: Também é uma reação humana, porquanto os homens são convocados a se arrependerem (At 17.30)
O Genuíno Arrependimento: Quando genuíno, o arrependimento terá frutos patentes (Mt 3.8).
É necessariamente acompanhado pela fé (At 20.21)
O arrependimento nos leva à vida eterna, pois a conversão resulta na santificação, e a santificação resulta na glorificação e na salvação final (2 Ts 2.13).
Regeneração.
Definição:
No grego, temos o vocábulo grego palingesia, literalmente tem este significado: “gerar novamente”.
É a transformação interna operada no pecador pelo Espírito Santo. É a mudança de condição de servo do pecado, para filho de Deus (Jo 1.12; Tt 3.5).
É o ato de nascer de novo. Milagre que se dá na vida de quem aceita a Cristo como o único e suficiente Salvador. Através da regeneração, o homem passa também a desfrutar da natureza divina. Sem ela, o pecador jamais entrará no Reino de Céus. A regeneração não é um processo; é um ato revolucionário.
O termo regeneração tema ver com a nossa inclusão na família de Deus (1 Pe 1.3, 23; Tt 3.5). Em Gênesis 1.27, temos a criação natural do homem; em Efésios 2.10, temos a sua criação espiritual.
Regeneração e Conversão:
Regeneração é o ato interior da conversão, efetuada pelo Espírito Santo. Conversão é mais o lado exterior e visível da regeneração.
A regeneração somente pode ser constatada por Deus; é algo subjetivo e íntimo; visível apenas àquele que senda as mentes e os corações – por outro lado, a conversão é algo constatável: reflete o que realmente somos em nossa maneira de ser, falar e agir.
Uma pessoa verdadeiramente regenerada pelo Espírito Santo é também convertia (Lc 22.32). É claro que há falsas conversões; estas, entretanto, não resistem aos embates normais da vida cristã. A. A. Hodge declara: “A regeneração é um ato único, completo em si mesmo e jamais repetido; a conversão, como o início da vida santa, é o começo de uma série constante, infindável e progressiva”.
Sendo regenerados pelo Espírito Santo, o crente é declarado filho de Deus (Jo 1.12,13).
Regeneração e justificação: justificação tem a ver com o pecado do pecador; regeneração tem a ver com a natureza do pecador; justificação é imputada por Deus; regeneração é comunicada por Deus.
Adoção:
J.I. Packer realça a beleza da adoção que nos proporcionou Deus através de Jesus Cristo: “Adoção”. É o privilégio mais sublime que o evangelho oferece; mais ainda do que a própria justificação”
Definição:
Definição etimológica: A palavra adoção é representada pelo vocábulo huiothesia e significa literalmente “colocar em lugar de filhos”.
Definição teológica: “No Novo Testamento, o vocábulo descreve o ato pelo qual Deus recebe, como filho, alguém que, legal e espiritualmente, não goza do direito de tê-lo como Pai. A partir desse momento, passa esse alguém, mediante o sacrifício de Cristo no Calvário, a desfrutar de todos os privilégios que Deus preparou àqueles que aceitam a Cristo como único e suficiente Salvador.
O termo “adoção” encontra-se apenas nas epístolas paulinas (Rm 8.15,23; 9.4; Gl 4.5; Ef 1.5).
Os privilégios da adoção:
O crente como filho de Deus (1 Jo 3.2)
O crente como irmão de Jesus (Hb 2.11)
O crente como herdeiro dos céus (Rm 8.17).
Libertação do medo (Rm 8.15).
Segurança e certeza de vida eterna (Gl 4.5,6).
Santificação.
Teorias errôneas sobre a santificação:
Erradicação: Erradicação do pecado inato. Se a erradicação da natureza pecaminosa se consumasse, não haveria a morte física, pois esta é o resultado da natureza pecaminosa (Rm 5.21-21) – a erradicação é contrária a experiência.
Legalismo: Ou a observância de regras e regulamentos. Paulo ensina que a Lei não pode santificar (Rm cap.6).
Ascetismo: É a tentativa de subjugar a carne e alcançar a santidade por meio de privações e sofrimentos.
Definição.
É a mudança total interna e externa, de vida. É a salvação do domínio e influência do pecado. É progressiva, no sentido subjetivo (Lv 20.7,8,26; v 20.7,8,26; Rm 8.2; 2 Co 7.1; 1 Ts 5.23; 2 Ts 2.13)
Separação do mal e do pecado, e dedicação ao serviço do reino de Deus. É desta forma que o filho de Deus aperfeiçoa-se à semelhança do Pai Celeste.
A santificação é dúplice; Ser santo não é somente evitar o pecado, mas também servir ao Senhor.
Os tempos da santificação:
Santificação passada e instantânea (1 Co 6.11; Hb 10.10,14; Fp 1.1; 1 Co 1.2; Jo 15.4): É aspectual e posicional, isto é, o crente estando “em Cristo” (Cl 1.20; Fp 1.1). O crente posicionalmente “em Cristo” não pode ser mais santo do que é no momento da sua conversão, pois a santidade de Cristo é a sua santidade (1 Jo 4.17). A igreja de Corinto é um exemplo da santificação posicional. Eles são chamados de “santos” (posição), porém no transcorrer da carta, observa-se que muitos eram os problemas que aquela igreja enfrentava, inclusive morais.
Santificação presente e progressiva (2 Co 7.1): É temporal, vivencial. É a santificação experimental, ou seja, na experiência humana, no dia-a-dia do crente (1 Ts 5.23; Hb 13.12). A santificação é um processo: Se a regeneração é um ato instantâneo, a santificação é um processo, através do qual o homem, a cada dia que passa, torna-se, pela ação do Espírito Santo, mais parecido com Deus (Pv 4.18; Fp 3.12-14; 2 Co 3.18b).
Santificação futura e completa (Ef 5.27; 1 Ts 3.13): É plena; trata-se da santificação final do crente (1 Jo 3.2). Ela ocorrerá à Segunda Vinda de Cristo (1 Jo 3.2; Ef 5.26,27; 1 Co 15.52).
Os meios divinos de santificação:
Deus, o Pai (1 Ts 5.23), Deus, o Filho (Hb 10.10; 13.12; Mt 1.21), Deus, o Espírito Santo (1 Pe 1.2).
A correção divina (Hb 12.11).
A Palavra de Deus: Lida, crida, estudada, ouvida, amada, meditada, pregada, ensinada, obedecida, vivida, memorizada (Sl 119.11; Jo 15.3; 17.17; Sl 119.9; Ef 5.26).
A paz de Deus em nós. Seu cultivo, sua busca, sua promoção (Hb 12.14; 1 Ts 5.23a).
A fé em Deus. Esta, baseada na sua Palavra (Rm 4; Hb 11.33; 2 Ts 2.13b; At 26.18; 15.9).